ON THE PROCESSES OF IMAGINATION AND CREATION IN CHILDHOOD: A CASE STUDY IN A LANGUAGE CLINIC FOR CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER
SOBRE LOS PROCESOS DE IMAGINACIÓN Y CREACIÓN EN LA INFANCIA: UN ESTUDIO DE CASO EN UNA CLÍNICA DEL LENGUAJE PARA NIÑOS CON TRASTORNO DEL ESPECTRO AUTISTA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505161628
Iara Maria Ferreira Santos1
RESUMO
Este artigo investiga os processos de imaginação e criação na infância de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), fundamentando-se na perspectiva sociointeracionista de Vigotski, na psicolinguística de Field e na linguística clínica de Perkins e Howard. A metodologia adotada baseia-se na análise de gravações de sessões fonoaudiológicas, com o objetivo de identificar a quais elementos a fala dessas crianças responde quando se distancia do discurso do terapeuta. Os resultados evidenciam a presença de processos de imaginação e criação na fala de crianças com TEA, articulados a habilidades linguísticas, psíquicas e sociais, ainda que tais processos não se manifestem de forma transparente. O estudo aponta para a necessidade de novas propostas terapêuticas fundamentadas nas evidências destacadas nesta pesquisa.
Palavras-chave: imaginação; criação; linguagem; jogo simbólico; Transtorno do Espectro Autista; fonoaudiologia.
ABSTRACT
This article investigates the processes of imagination and creation in the childhood of children with Autism Spectrum Disorder (ASD), based on Vigotsky’s socio-interactionist perspective, Field’s psycholinguistics, and the clinical linguistics of Perkins and Howard. The methodology is grounded in the analysis of recordings from speech-language therapy sessions, aiming to identify which elements the children’s speech responds to when it diverges from the therapist’s discourse. The results reveal the presence of imagination and creation processes in the speech of children with ASD, linked to linguistic, psychological, and social skills, even though such processes do not occur transparently. The study highlights the need for new therapeutic approaches based on the evidence presented in this research.
Keywords: imagination; creation; language; symbolic play; Autism Spectrum Disorder; speech-language pathology.
RESUMEN
Este artículo investiga los procesos de imaginación y creación en la infancia de niños con Trastorno del Espectro Autista (TEA), fundamentándose en la perspectiva socio interaccionista de Vigotski, en la psicolingüística de Field y en la lingüística clínica de Perkins y Howard. La metodología se basa en el análisis de grabaciones de sesiones de fonoaudiología, con el objetivo de identificar a qué elementos responde el habla de estos niños cuando se aleja del discurso del terapeuta. Los resultados evidencian la presencia de procesos de imaginación y creación en el habla de niños con TEA, articulados con habilidades lingüísticas, psíquicas y sociales, aunque dichos procesos no ocurran de forma transparente. El estudio señala la necesidad de nuevas propuestas terapéuticas fundamentadas en las evidencias destacadas en esta investigación.
Palabras clave: imaginación; creación; lenguaje; juego simbólico; Trastorno del Espectro Autista; fonoaudiología.
INTRODUÇÃO
Os processos de imaginação e criação na infância contribuem para o aumento do repertório lexical e aprimoramento da interação com diversos interlocutores, sejam adultos ou crianças. Para os sujeitos infantis, tais processos constituem, igualmente, instâncias fundamentais de constituição subjetiva (SANTOS; SILVA, 2023).
O presente artigo tem como objetivo analisar a fala de uma criança com diagnóstico médico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que, conforme pressuposto teórico, apresenta comprometimentos no uso da linguagem. Busca-se discutir as características presentes no diálogo entre a criança e o terapeuta que permitem afirmar a existência, por parte desses sujeitos da clínica de linguagem, de processos imaginativos e criativos. A caracterização desses processos poderá fundamentar um trabalho clínico mais consistente e, principalmente, eficaz.
Parte-se da hipótese de que crianças com TEA atendidas na clínica fonoaudiológica possuem capacidades linguísticas e psicológicas para criar e imaginar, e, consequentemente, narrar histórias e interagir de modo minimamente satisfatório, ainda que a condição neurodivergente constitua um aspecto permanente em suas vidas e nas relações que estabelecem. Isso ocorre mediante intervenção clínica orientada para o desenvolvimento de habilidades linguísticas contextualmente significativas, alinhadas à realidade experiencial dessas crianças (SANTOS; SILVA, 2023; SANTOS, 2022).
METODOLOGIA
A experiência clínica demonstra que, embora o Transtorno do Espectro Autista (TEA) afete os indivíduos em diversos graus e em todas as etapas do desenvolvimento, a maioria das pesquisas tende a se distanciar da suposição de que crianças com TEA possuem capacidades linguísticas e psicológicas para criar e imaginar. Baseando-se nessa concepção limitada, estabelecem-se terapêuticas fundamentadas no estímulo a uma fala predominantemente motora, desprovida de contextualização (SANTOS; SILVA, 2023).
Mesmo os profissionais clínicos que procuram afastar-se dessa visão organicista da fala e das habilidades linguísticas ainda resistem, em suas práticas e produções acadêmicas, a uma concepção do sujeito como ser social da linguagem. Essa resistência constitui um dos principais desafios para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes (PEREIRA; SANTOS, 2024).
Justifica-se, portanto, a realização de um estudo aprofundado sobre os elementos presentes na fala de crianças com TEA em ambiente terapêutico. O objetivo é identificar o distanciamento/diferenciação entre as falas da criança e as do terapeuta e, a partir dessa distinção, verificar a presença de uma fala criativa baseada nas relações imaginativas dos sujeitos autistas, manifestadas na narrativa, interação e diálogo (SANTOS, 2022).
Este artigo está estruturado em quatro seções principais: 1) Fundamentação Teórica, que aborda os conceitos de TEA, seus sinais e sintomas, além dos processos de criação e imaginação na perspectiva psicolinguística, da clínica linguística e do sociointeracionismo vigotskiano; 2) Metodologia, que apresenta os pressupostos teórico-metodológicos, os critérios de seleção e os procedimentos de análise do corpus; 3) Discussão do Caso, com análise detalhada das produções linguísticas da criança em relação às intervenções do terapeuta, com ênfase nas diferenciações lexicais identificadas; e 4) Conclusões, que sintetiza os resultados obtidos e propõe novas abordagens terapêuticas fundamentadas nos processos de criação e imaginação para o tratamento de sujeitos com TEA e outros indivíduos acometidos por disfunções interacionais e linguísticas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fala repetitiva, a ausência de fala e a falta de interação por parte de sujeitos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são respaldadas por diversas abordagens teóricas, contando com inúmeras pesquisas nacionais e internacionais. Tais estudos têm subsidiado a clínica fonoaudiológica ao longo dos anos, destacando-se as contribuições de Kanner (1942), Misés (1990), Baron-Cohen (1991), Houzel (1991), Assumpção (1993), Maratos (1996), Facion, Marinho e Rabelo (2002), Fernandes (2003, 2005), Kuschner, Bennetto e Yost (2007).
O presente trabalho, fundamentado na teoria sócio-interacionista (VIGOTSKI, 2003, 2009), enfatiza os processos de imaginação e criação na infância, objetivando caracterizar e discutir os elementos que possibilitam o acontecimento de processos imaginativos e criacionais no diálogo/narrativa dessas crianças. Além disso, busca-se, a partir desses processos, identificar os indicativos de potencialidades linguísticas e constituição subjetiva. Não menos importante, visa-se construir um caminho fértil para um planejamento clínico inovador diante das patologias que comprometem a interação e a produção de fala das crianças que frequentam a clínica fonoaudiológica de linguagem (PEREIRA; SANTOS, 2024; SANTOS; SILVA, 2023; SANTOS, 2022).
Estudos a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ganharam relevância a partir das pesquisas de Kanner (1942). O psiquiatra definiu o transtorno como “distúrbio autístico do contato afetivo”, caracterizado por sinais e sintomas como obsessão, movimentos estereotipados e falas repetitivas, cientificamente denominadas ecolalia. O médico indicou não haver uma etiologia específica, porém salientou ser possível fazer diferenciação frente a outras patologias, considerando os sinais anteriormente mencionados. Posteriormente, Rivto (1976) e Misés (1990) enfatizaram o desenvolvimento desses indivíduos, abrangendo o caráter atípico do desenvolvimento cognitivo.
No que tange à linguagem, Fernandes et al. (2008, p. 268) enunciam que o espectro autístico constitui um complexo conjunto de distúrbios integrantes dos sistemas “neurodesenvolvimentais, cujos eixos centrais abrangem três grandes áreas: dificuldades de interação social, dificuldades de comunicação verbal e não verbal e padrões restritos e repetitivos de comportamento”. Os estudos da referida fonoaudióloga evidenciam perfis comunicacionais restritos, que não contemplam relações/produções de fala que envolvam aspectos semânticos mais elaborados e, quando produzidos, ocorrem com repertório lexical limitado.
Field (2011) destaca, a partir da psicolinguística, que as competências linguísticas ativas e passivas seguem trajetórias distintas. Assim, o conteúdo expresso necessita ser mapeado a partir de outras produções/falas para que se alcance seu significado. As habilidades de falar, escrever, ouvir e ler são sustentadas por processos psicológicos e sociais, além dos fatores orgânicos. Esse entendimento corrobora a hipótese de que é possível identificar relações de imaginação e criação em sujeitos da clínica do Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerando: (1) a existência de um meio social do qual essas crianças participam; (2) a presença de contatos afetivos por parte de familiares e colegas; e (3) a existência de interlocutores potenciais, especialmente adultos.
Com base na linguística clínica, a linguagem e, consequentemente, os processos de imaginação e criação na infância, além do aspecto cognitivo,
[…] gira, por um lado, em torno do processo de compreensão, definido pela capacidade de entender e interpretar a linguagem, a fala e em que intervêm os fatores cognitivos (atenção, memória e percepção) envolvidos para chegar à interpretação de unidades macro e microestruturais. Por outro lado, a produção refere-se ao processo de programação e realização da ação de falar. As figuras do ouvinte e do falante são consideradas de grande relevância. […] A comunicação constitui um aparente sólido edifício em que se alojam a língua e a fala. Este edifício tem uma arquitetura complexa cujas vigas suportam a pragmática, a semântica, o léxico, a gramática e o sistema fonológico que, por sua vez, se submete a uma complexa estrutura final que repousa na compreensão e produção da linguagem (GARAYZÁBAL-HEINZE, 2009, p.137).
Complementando, Perkins e Howard (2011), com base na linguística clínica, apontam que, na prática clínica, é necessário adaptar os indivíduos ao espaço social para que sejam reconhecidos enquanto sujeitos da linguagem. Por meio dessa estratégia, torna-se possível promover mudanças na estrutura da língua.
Tais fundamentos, quando articulados ao pensamento de Vigotski (2003, 2009), constituem base sólida para uma teoria clínica voltada à imaginação e criação, considerando que a linguagem falada é influenciada por diversos fatores interligados que respondem à problemática apresentada. Os conceitos articulados neste artigo convergem para criar suporte teórico ao que Vigotski postula acerca do tema.
A imaginação, base de toda atividade criadora, manifesta-se, sem dúvida, em todos os campos da vida cultural […]. Nesse sentido, necessariamente, tudo o que nos cerca e foi feito pelas mãos do homem, todo o mundo da cultura, […] é produto da imaginação e da criação humana que neles se baseia. […] Os processos de criação manifestam-se com toda sua força já na mais tenra infância. Uma das questões mais importantes […] é o desenvolvimento e o significado do trabalho de criação para o desenvolvimento da criança. […] Identificamos nas crianças processos de criação que se expressam melhor em suas brincadeiras. […] É uma combinação dessas impressões e, baseada nelas, a construção de uma realidade nova que responde às aspirações e aos anseios da criança. Assim como na brincadeira, o ímpeto da criança para criar é a imaginação em atividade. (VIGOTSKI, 2009, p. 14-16)
Em certo sentido, o engajamento de tais pressupostos, ainda que sejam de áreas diferentes, se encontram, marcando solidez ao discurso abordado. Ao entender de que maneira se efetivam os sinais e sintomas do autismo (KANNER, 1942; MISÉS, 1990), articulados à noção de comunicação (FERNANDES et al., 2008) que acometem esses sujeitos, é possível definir que existe para o Transtorno do Espectro Autista (TEA) uma articulação de dificuldades de diálogo e interação com outros sujeitos, que agrava e, ao mesmo tempo, é agravada pela ausência da fala e da linguagem oral.
Com a psicolinguística (FIELD, 2011), fica evidente que estes sinais, ainda que envolvam a linguagem sob uma ordem biológica, são percebidos e intensificam-se ou não, dependendo da articulação de fatores sociais, culturais e psicológicos das referidas crianças e seus interlocutores.
Vigotski (2009) destaca a importância dos processos de imaginação e criação para o desenvolvimento das crianças, sendo tais processos uma ponte que demarca tanto processos cognitivos quanto articulações mentais, que por vezes partem da realidade, mas em crianças são mais visíveis por meio da brincadeira. Ressalta-se que a brincadeira é estratégia nodal na clínica fonoaudiológica; parte-se de brincadeiras para garantir processos linguísticos e obter novas constituições interativas.
Por fim, a linguística clínica (PERKINS; HOWARD, 2011) indica a necessidade de articulação terapêutica baseada não apenas em recursos linguísticos, mas também em aspectos sociais.
Ao conjecturar uma proposta interdisciplinar para pensar os processos de imaginação e criação, por meio de discussões férteis no campo da linguística e áreas médicas, torna-se nodal ter uma concepção de criança proposta cientificamente e que se estabeleça em sentido plausível e complementar às questões discutidas. Leontiev (1988, p. 82), discípulo de Vigotski, afirma que:
[…] a criança não se limita, na realidade, a mudar de lugar no sistema das relações sociais. Ela se torna também consciente dessas relações e as interpreta. O desenvolvimento de sua consciência encontra expressão em uma mudança na motivação de sua atividade; velhos motivos perdem sua força estimuladora, e nascem os novos, conduzindo a uma reinterpretação de suas ações anteriores.
Assegura-se, com as discussões realizadas, que a linguagem se insere como instrumento responsável pela organização do pensamento dos sujeitos enquanto performance emancipatória e de alteridade. Por conseguinte, a atividade criadora revela os entremeios linguísticos; o que não comparece de maneira objetiva no cotidiano. A imaginação provoca deslocamentos de sentidos para entender as funções linguísticas apresentadas pelo sujeito (SANTOS, 2022; SANTOS; CANUTO; SANTOS, 2022).
Essa reflexão não apaga a especificidade dos acontecimentos patológicos que inauguram a clínica de linguagem, mas exige o entendimento de outra noção de sintoma na fala; sintoma este que estará quase sempre em voga na fala da criança com TEA, haja vista que não há cura para a fala e sim mediações terapêuticas e linguísticas para se chegar a produções de fala menos envergadas à patologia (SANTOS, 2022; SANTOS; SILVA, 2023).
METODOLOGIA
Pressupostos teórico-metodológicos
Utiliza-se como referência a pesquisa de campo e coloca-se em foco, no caso específico deste estudo, a análise de material clínico. Este trabalho insere-se, também, no campo dos estudos qualitativos.
Cabe, a partir do corpus desta pesquisa, compreender o real da linguagem em termos motivacionais da comunicação; sua face vital na sociedade. Dessa maneira, a pesquisa precisa ter um impacto social que, não necessariamente, chegue a uma resposta definitiva, mas que cause, no mínimo, uma reflexão sobre as habilidades e processos que circulam socialmente e que, desta forma, indique possibilidades para os envolvidos na pesquisa, de maneira direta ou indireta. Considera-se que “de certa forma, o envolvimento em reflexão é mais importante do que a própria solução do problema que está sendo estudado” (MOITA LOPES, 1998, p. 108).
Seleção dos dados
Nesta pesquisa, o corpus é composto por uma sessão fonoaudiológica de 60 minutos de uma criança que, no período da pesquisa, tinha oito anos de idade e possui diagnóstico médico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A sessão foi baseada em uma brincadeira de supermercado, na qual a criança assumiu os papéis de vendedor e ator de comercial da rede de supermercados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (local em que se realizou a sessão), conforme parecer nº CAAE-0133.0.107.000-08.
Os sujeitos envolvidos neste trabalho consentiram com a realização desta pesquisa e a divulgação de seus resultados.
O vídeo da sessão foi submetido à transcrição das falas da terapeuta e da criança; posteriormente, estas foram organizadas em um quadro para melhor visualização. A análise das falas será realizada a partir do diálogo com a terapeuta, sendo que a identificação dos elementos indicativos de imaginação e criatividade na fala da criança será observada a partir da interação com a fonoaudióloga.
Considera-se como fala criativa aquela que se descola da fala do interlocutor, apresentando ideias novas, não introduzidas pela terapeuta, ou quando há reformulação da fala do interlocutor em um segmento posterior, desde que esteja articulada a uma nova situação dialógica.
Por meio desse método, serão analisadas as ocorrências, as quais serão classificadas em: (1) criações novas – que não possuem elementos indicativos da fala do outro; e (2) criações derivadas de reformulações feitas pela criança acerca da fala da terapeuta.
RESULTADOS
A seguir, apresenta-se a transcrição dos dados coletados durante a sessão fonoaudiológica. Os fragmentos estão organizados em ordem cronológica, preservando as falas originais da terapeuta e da criança.
Quadros e Tabelas – Interação Comunicacional
Quadro 1 – Interação comunicacional entre terapeuta e criança


Fonte: Elaboração própria.
Quadro 2 – Interação comunicacional entre terapeuta e criança

Fonte: Elaboração própria.
Quadro 3 – Interação comunicacional entre terapeuta e criança


Fonte: Elaboração própria.
Quadro 4 – Interação comunicacional entre terapeuta e criança

Fonte: Elaboração própria.
Tabela 1 – Ocorrência de segmentos de fala no material analisado


Fonte: Elaboração própria.
Os segmentos novos ocorrem em maior percentual, correspondendo a 47,6% das ocorrências. Em segundo lugar, aparecem os segmentos repetidos, equivalentes a 23,8% de ocorrências. Em sequência, encontram-se os segmentos repetidos com sonoridade diferente (19%) e, com menor frequência, as repetições com reformulações (9,6%).
De modo geral, os segmentos que não apresentam processos criativos e imaginativos representam apenas 23,8% do total, enquanto os 76,2% restantes indicam, em diferentes níveis, a presença desses processos. Destaca-se que os segmentos com sonoridade diferente são considerados indicativos de tais processos por sinalizarem associações e objetivos distintos, como, por exemplo, uma afirmação em um segmento e uma interrogação em outro.
Os dados corroboram a hipótese de que existem falas e diálogos, mesmo em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que evidenciam imaginação e criação nos processos interativos e de linguagem desses sujeitos.
Simultaneamente, as repetições constituem um sinal patológico descrito na literatura desde os primeiros estudos, não havendo, até o momento, pesquisas que indiquem seu desaparecimento completo com terapias de linguagem, ainda que certamente ocorra diminuição dessa manifestação com a intervenção adequada.
DISCUSSÃO
A literatura acerca da linguagem de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) indica a ocorrência significativa de fala atípica. A ecolalia é entendida como repetição insistente da fala, seja de um segmento imediato ou repetição de um segmento ouvido em momento anterior, este último costuma se caracterizar por trechos de músicas e falas de personagens. A ecolalia pode vir acompanhada de uma mudança na postura vocal, aproximando-se da produção originária ou mantendo-se no padrão vocal da criança. Os estudos tradicionais apontam para a ecolalia enquanto fala sem significado. Todavia, pesquisas recentes indicam haver possível sentido na fala ecolálica em determinados contextos, servindo, assim, para finalidades comunicativas. Em algumas investigações, são apontados movimentos estereotipados articulados às falas ecolálicas (SAAD; GOLDFELD, 2009; SANTOS, 2022).
Quadro 1 – Interação comunicacional entre terapeuta e criança

Fonte: Elaboração própria.
Nos fragmentos presentes na fala da criança deste estudo, observa-se que se trata de fala ecolálica imediata à fala da terapeuta – sendo um recorte da fala deste adulto. Constata-se, também, não haver mudança sonora; a criança usa sua própria modulação vocal para repetir. Nestes fragmentos, a terapeuta entendeu os dois primeiros como indicativos de sentido. O primeiro, a repetição “papel higiênico” como uma afirmativa à pergunta da terapeuta. O segundo fragmento, ainda que não tenha sentido aparente, foi interpretado como tendo a criança suposto outra pergunta por parte da terapeuta, a saber: “que produto é este?” e não “É um produto de?“. Essa suposição encontra forte argumento, haja vista ser bastante comum crianças em idade de desenvolvimento da linguagem fazerem trocas de sentido para perguntas com o destacado caráter. Os demais segmentos não foram interpretados como possuidores de sentido.
Destaca-se que, mesmo não havendo sentido explícito na fala da criança, é característica clínica atribuir sentido às produções, no intuito de provocar deslocamentos na fala. No segmento analisado, observa-se que a estratégia não obteve o resultado esperado.
Nesta pesquisa, a repetição é categorizada considerando-se o caráter singular na fala de cada sujeito. A repetição com mudança sonora, ainda que vinculada à fala do outro – neste caso, do terapeuta – já indica um movimento de separação. O fato de a criança destacar determinados segmentos em detrimento de outros revela uma organização mental e uma escolha cognitiva que se articula ao momento da brincadeira, ou seja, responde por uma lógica estabelecida na relação (VIGOTSKI, 2010; SANTOS, 2022; SANTOS; SILVA, 2023).
Terapeuta: Eita leite ninho caro! Oito Crianção: oito rea… is! [esquivando-se reais! para trás]
O recorte apresentado acima mostra uma fala inédita que, mesmo possuindo desvios fonéticos e morfossintáticos, indica uma criança capaz de produzir enunciados e, quando solicitada, consegue ocupar o lugar de interlocutor, desmistificando, assim, a noção de crianças completamente apáticas à fala dos outros sujeitos.
Outra sequência:


Neste segmento há uma particularidade: a criança retoma a fala do comercial (slogan) do supermercado. Nesse contexto, configura-se como uma produção nova, pois não houve em nenhum outro momento referência ao slogan. Além disso, na produção original da empresa, veiculada na televisão, o slogan é usado apenas para finalizar a apresentação do comercial. No caso analisado, a criança utiliza o recurso para iniciar o turno e, posteriormente, apresenta o valor do produto que, embora não seja especificado, pelo preço mencionado pode ser considerado acessível, articulando-se, então, o slogan ao valor. Isso confirma o que afirma Vigotski (2009, p. 23): “quanto maior a quantidade de elementos da realidade de que ela dispõe em sua experiência – sendo as demais circunstâncias as mesmas –, mais significativa e produtiva será a atividade de sua imaginação”.
No geral, nota-se que a fala da criança é precisa; muitas vezes reformulada por reconhecer que não será compreendida. Tal ponto é imprescindível no estabelecimento de uma linguagem efetiva, que implica o interlocutor como sujeito da linguagem, logo, merecedor de uma forma de comunicação eficaz (SANTOS, 2022).
As relações imaginativas do sujeito caminham em consonância com o desenvolvimento da linguagem, como é possível observar. Na medida em que ele se apoia na imaginação para criar um personagem – locutor de comercial – precisa fundamentar-se em estruturas linguísticas (FIELD, 2011; SANTOS, 2022). O discurso dele, ainda que algumas vezes se perca diante da fala da terapeuta, é bastante organizado, considerando-se o fato de ter apenas oito anos de idade e ter passado por longo período (cinco primeiros anos) de privações linguísticas e comunicativas.
As regularidades e especificidades linguísticas nas transcrições apresentadas sobressaem-se e recobrem-se a partir do discurso; e por essa rede, a linguagem deve ser reconhecida como elemento criativo e implicado com a imaginação (VIGOTSKI, 2003, 2009). O sujeito múltiplo, para o qual os efeitos de sentidos são resgatados, soma-se às relações discursivas, as quais são permeadas pelo emaranhado de criação e imaginação próprias das relações constitutivas do sujeito e que podem ser recuperadas no discurso (BRAIT, 2006; SANTOS, 2022; SANTOS; SILVA, 2023). As marcas do corpo patológico podem ser transfiguradas no imbricamento de práticas clínicas que partem da tríade linguística: sujeito, linguagem e interlocutor (SANTOS, 2022; SANTOS; SILVA, 2023).
A criança demonstra capacidade de formular respostas precisas e contextualizadas. Há evidências de reformulação da fala quando se percebe dificuldades de compreensão. O sujeito assume o papel de locutor de comercial, demonstrando capacidade imaginativa significativa. Utiliza elementos do cotidiano para construir seu discurso criativo, revelando potencial comunicativo que supera as expectativas considerando-se seu histórico de desenvolvimento.
A rede dialógica, construída de forma semiótica, fez comparecer na fala da criança elementos de realidade e de imaginação – a partir de uma brincadeira de comercial, sendo o ponto de partida os elementos da realidade (supermercado que ele conhece – alimentos que estão no cotidiano de sua casa) (VIGOTSKI, 2003).
Os processos imaginativos e criativos, ao serem significados – nas respostas e complementaridade da terapeuta – deram contornos para o encontro deliberado com um sujeito da linguagem que estava latente na clínica.
A atividade criadora revelou linguisticamente o que não era observado, o que não comparecia de maneira objetiva no cotidiano dessa criança, mesmo que em termos de jogo/brincadeira. A fala da criança, quando observada em paralelo à fala da terapeuta, aponta para uso diferenciado de palavras, outro conjunto lexical foi usado pela criança, mesmo que com algumas restrições. A imaginação provocou deslocamentos de sentidos para entender as funções linguísticas apresentadas pelo terapeuta, pois respondeu a quase todas as falas da fonoaudióloga de maneira a dar continuidade à brincadeira (VIGOTSKI, 2003; SANTOS, 2022; SANTOS; SILVA, 2023).
As competências linguísticas do paciente, em nível passivo e ativo, seguiram direções que corroboram com o processamento de linguagem. Tomou-se um sentido, o qual seguiu direções para a expressividade, fazendo com que todos os envolvidos no jogo chegassem a um significado. As habilidades linguísticas – falar, ler, ouvir e escrever – fizeram-se presentes durante a sessão fonoaudiológica; logo, não houve apenas a articulação do linguístico em nível cognitivo, houve também elementos não linguísticos presentes. Tais dados revelam-nos que os processos de linguagem possuem articulação direta com o social e com as relações psicológicas (FIELD, 2011; PERKINS; HOWARD, 2011; GARAYZÁBAL-HEINZE, 2009).
Este estudo apresenta uma perspectiva inovadora sobre as capacidades linguísticas e interacionais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), questionando visões tradicionais que enfatizam apenas os déficits comunicativos. Por meio da análise detalhada das interações durante sessão fonoaudiológica, foram identificadas evidências consistentes de processos de imaginação e criação na fala da criança participante.
Os resultados revelaram que, mesmo mantendo características típicas do TEA, como a ecolalia, o sujeito demonstrou capacidade de produzir segmentos de fala novos e criativos, evidenciando engajamento no jogo simbólico e assumindo posição de interlocutor ativo. Tais achados sugerem que as abordagens terapêuticas podem se beneficiar de uma visão ampliada das potencialidades dessas crianças, reconhecendo-as como sujeitos capazes de criar, imaginar e participar significativamente de interações sociais (VIGOTSKI, 2003; SANTOS, 2022).
A perspectiva teórica adotada, que integra contribuições da teoria sócio-interacionista de Vigotski (2003), da psicolinguística e da linguística clínica, mostrou-se produtiva para compreender os processos de linguagem em crianças com TEA para além dos aspectos puramente estruturais ou motores da fala. Esta abordagem interdisciplinar permite vislumbrar caminhos terapêuticos que valorizem as relações entre linguagem, cognição, imaginação e interação social (FIELD, 2011; PERKINS; HOWARD, 2011).
Conclui-se que este trabalho pode contribuir para uma mudança de paradigma na clínica fonoaudiológica, incentivando práticas que reconheçam e estimulem os processos de imaginação e criação como elementos fundamentais para o desenvolvimento linguístico e social de crianças com TEA, conforme também apontado em estudos recentes (SANTOS; SILVA, 2023; GARAYZÁBAL-HEINZE, 2009).
CONCLUSÃO
Este estudo abordou a temática da imaginação e criação na infância que, embora referenciada em pesquisas anteriores, ainda não havia sido suficientemente investigada no contexto da clínica de linguagem com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses processos, na perspectiva adotada, caracterizam-se como manifestações cognitivas e psíquicas evidenciadas nas relações linguísticas, originadas das experiências e interações sociais estabelecidas pela criança.
A partir da análise da fala de uma criança com TEA, o estudo evidenciou a existência de deslocamentos do discurso da terapeuta para a criança, demonstrando a presença de processos imaginativos e criativos na fala/linguagem de crianças autistas no contexto da clínica fonoaudiológica. As produções analisadas revelaram um número significativo de segmentos de fala com construções novas por parte da criança, o que confirma a hipótese inicial. Constatou-se que, mediante a interação, a criança conseguiu estabelecer-se como sujeito da linguagem, participando ativamente do jogo simbólico.
No entanto, os marcadores típicos do TEA, como a repetição de segmentos, permaneceram presentes na fala da criança durante a sessão, evidenciando as características específicas do transtorno. Os resultados obtidos indicam uma nova perspectiva para a compreensão da fala dessas crianças, uma vez que foram identificadas evidências de processos imaginativos e criativos em sua linguagem. Dessa forma, vislumbram-se novas possibilidades terapêuticas na clínica fonoaudiológica, baseadas em objetivos que contemplem as relações psíquicas, sociais e as habilidades linguísticas associadas à imaginação e criação.
Ressalta-se a necessidade de estudos adicionais sobre o tema, para que novos caminhos sejam explorados e outras habilidades investigadas, com o intuito de estabelecer um referencial teórico mais consistente e articulado, que sustente o arcabouço conceitual apresentado neste trabalho e possibilite o desenvolvimento de abordagens terapêuticas alinhadas a essa perspectiva.
Os resultados deste estudo apresentam implicações significativas para a prática clínica fonoaudiológica com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ao reconhecer a presença de processos imaginativos e criativos na fala dessas crianças, estabelece-se uma base para abordagens terapêuticas que valorizem e estimulem essas capacidades, em vez de concentrar-se exclusivamente nos déficits comunicativos (VYGOTSKY, 2009).
A valorização das capacidades imaginativas da criança com TEA constitui elemento fundamental para uma abordagem terapêutica eficaz. Isso implica na observação sistemática e na atribuição de relevância às manifestações criativas que emergem durante as sessões terapêuticas (WERTSCH, 2007).
A promoção de interações que incentivem a criação e imaginação permite que a criança desenvolva sua capacidade comunicativa de forma mais natural e engajada. As trocas dialógicas significativas favorecem o desenvolvimento linguístico e potencializam as habilidades pragmáticas da comunicação (BAKHTIN, 2010).
A utilização de brincadeiras contextualizadas com a realidade da criança possibilita a construção de conexões entre o concreto e o simbólico. Estes jogos estimulam tanto a imaginação quanto a apropriação de práticas sociais pela linguagem, consolidando as estruturas cognitivas subjacentes (PIAGET, 2010).
A integração de aspectos sociais e psicológicos no tratamento reconhece a natureza multidimensional da linguagem e sua relação intrínseca com o desenvolvimento global da criança. A dimensão social constitui-se como elemento essencial para o aprimoramento das habilidades comunicativas e para a construção da subjetividade (TOMASELLO, 2008).
A abordagem terapêutica fundamentada nos processos de imaginação e criação pode proporcionar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento linguístico e social das crianças com TEA, reconhecendo-as como sujeitos ativos na construção de significados e na interação com o contexto sociocultural em que estão inseridas.
Embora este estudo apresente resultados promissores sobre os processos de imaginação e criação na fala de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é importante reconhecer suas limitações metodológicas. A análise baseou-se em uma única sessão terapêutica com apenas uma criança, o que restringe a generalização dos resultados para outras crianças com o mesmo diagnóstico (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2023).
Pesquisas futuras poderiam expandir este trabalho nas seguintes direções: 1. Ampliar o número de participantes para verificar a consistência dos resultados em diferentes perfis de crianças com TEA; 2. Realizar estudos longitudinais para acompanhar a evolução dos processos imaginativos e criativos ao longo do tempo e do tratamento fonoaudiológico; 3. Investigar a eficácia de intervenções terapêuticas especificamente desenhadas para estimular a imaginação e criação em contextos clínicos estruturados; 4. Comparar diferentes abordagens terapêuticas quanto ao seu impacto no desenvolvimento dos processos imaginativos e comunicativos; 5. Explorar a relação entre os processos de imaginação e criação e outros aspectos do desenvolvimento neuropsicológico, como a cognição social e a teoria da mente.
Estas investigações contribuiriam para o desenvolvimento de um arcabouço teórico mais robusto sobre o tema, fundamentando práticas clínicas baseadas em evidências, mais efetivas e personalizadas para crianças com TEA (VIGOTSKI, 2022; BAKHTIN, 2024).
O presente estudo apresenta uma perspectiva inovadora sobre as capacidades linguísticas e interacionais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), contrapondo-se às visões tradicionais que enfatizam predominantemente os déficits comunicativos. Por meio da análise minuciosa das interações durante uma sessão fonoaudiológica, foi possível identificar evidências consistentes de processos de imaginação e criação na fala do sujeito pesquisado.
Os resultados demonstraram que, mesmo manifestando características típicas do TEA, como a ecolalia, o participante conseguiu produzir enunciados originais e criativos, evidenciando capacidade de engajamento no jogo simbólico e de assumir posição de interlocutor ativo. Tais achados sugerem que as abordagens terapêuticas podem beneficiar-se de uma concepção mais abrangente das potencialidades dessas crianças, reconhecendo-as como sujeitos capazes de criar, imaginar e participar significativamente de interações sociais.
O referencial teórico adotado, que integra contribuições da teoria sócio-interacionista de Vigotski, da psicolinguística e da linguística clínica, mostrou-se profícuo para a compreensão dos processos linguísticos em crianças com TEA para além dos aspectos meramente estruturais ou motores da fala. Esta abordagem interdisciplinar permite vislumbrar possibilidades terapêuticas que valorizem as relações entre linguagem, cognição, imaginação e interação social.
Conclui-se que esta investigação pode contribuir para uma transformação paradigmática na clínica fonoaudiológica, fomentando práticas que reconheçam e estimulem os processos imaginativos e criativos como elementos fundamentais para o desenvolvimento linguístico e social de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
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1Professora adjunta do curso de fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). ferreirasantos.iara@gmail.com