SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM LUXAÇÃO CONGÊNITA DE QUADRIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10095805


Ícaro Soares de Carvalho Pinheiro¹
Lísia Andrade Probo²
Lívia Maria Ramos de Carvalho³
Luciano Sousa Veloso4
Gabryelli de Sousa Oliveira5
Darliany Rebecca de Souza Silva6
Lara Beatriz Pereira Lima7
Laiane Maria dos Santos8
Roberta Fortes Santiago9


RESUMO

Introdução: A luxação no quadril é uma condição que pode afetar bebês, especialmente recém-nascidos. Essa condição pode ter várias consequências para a criança, tais quais dor e desconforto na região da virilha; limitação do movimento de uma perna ou ambas, causando a imagem de uma perna mais curta ou direcionada para fora, resultando em uma marcha anormal; desenvolvimento anormal causando posteriormente claudicação e osteoartrite. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos quanto a Sistematização da Assistência de Enfermagem, a luz da teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta, no contexto da luxação congênita de quadril. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência, vivenciado pelos autores da graduação, durante o estágio curricular de saúde da criança, em um hospital de grande porte, referência em pediatria, localizado no município de Teresina, Piauí, no período de agosto de 2023. Resultados: Após o diagnóstico médico, o lactente recebeu cuidados hospitalares, com administração de medicamentos prescritos pela equipe médica, além dos curativos diários de cateter venoso central e nas feridas operatórias enfermeiros. Com o intuito de assegurar uma assistência digna, respeitosa e segura ao paciente, os discentes implementaram o plano de enfermagem conforme a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Discussão: Os acadêmicos de enfermagem, após uma avaliação criteriosa feita a paciente, puderam detectar alguns problemas de enfermagem, que resultaram nos seguintes diagnósticos de enfermagem: Integridade da pele prejudicada, Risco de trauma vascular, Risco de infecção, Nutrição desequilibrada, Constipação, Dor aguda e Sono e repouso prejudicados, conforme a Taxonomia NANDA (2021-2023). Conclusão: A partir do relato descrito, foi possível compreender o papel de extrema importância assumido por um enfermeiro frente à assistência direta a um cliente, capaz de melhor planejar e direcionar os cuidados.

INTRODUÇÃO

A luxação no quadril é uma condição que pode afetar bebês, especialmente recém-nascidos. Esta condição é conhecida como “luxação congênita do quadril” (LCQ) ou “displasia do desenvolvimento do quadril”. Ela ocorre quando a articulação do quadril do bebê não se forma adequadamente durante o desenvolvimento fetal ou se desloca de sua posição normal logo após o nascimento (Pires; Regina, 2023).

Essa condição pode ter várias consequências para a criança, tais quais dor e desconforto na região da virilha; limitação do movimento de uma perna ou ambas, causando a imagem de uma perna mais curta ou direcionada para fora, resultando em uma marcha anormal; desenvolvimento anormal causando posteriormente claudicação e osteoartrite (Alassaf, 2020).

O tratamento pode envolver o uso de dispositivos ortopédicos, como um arnês de Pavlik, que mantém o quadril do bebê em uma posição correta para permitir o desenvolvimento adequado da articulação. Em casos mais graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica (Ramwadhdoebe, 2023).

Nesse contexto, é maiúsculo a importância do diagnóstico precoce e um tratamento adequado. O diagnóstico geralmente é feito por meio de exame clínico e, em alguns casos, exames de imagem, como ultrassonografia ou radiografia. É fundamental que os pais estejam atentos aos sinais de luxação congênita do quadril e busquem orientação médica imediatamente se suspeitarem dessa condição, pois o tratamento precoce é essencial para garantir um desenvolvimento saudável da articulação do quadril do bebê (Pires; Regina, 2023).

Diante o exposto, pode-se aplicar o princípio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que consiste em um processo necessário na prática profissional dos enfermeiros, sendo um método organizado e sistemático de planejamento, implementação, avaliação e documentação do cuidado de enfermagem prestado aos pacientes, essas etapas resultam em um Plano de Enfermagem (PE) (Fernandes; Bockos, 2023).

É fundamental a ampliação de conhecimentos científicos acerca da assistência de enfermagem a pacientes com luxação no quadril, visando a mitigar as dificuldades existentes no processo de cuidado. Dessa maneira, o presente estudo pretende proporcionar um panorama acerca do papel do profissional de Enfermagem. Portanto, por meio da concatenação de conhecimentos, associada a experiência vivenciada pelos autores, pretende-se subsidiar novos estudos e qualificar os profissionais de enfermagem nesse campo, ainda pouco explorado.

Definiu-se como objetivo deste estudo relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem na sistematização da assistência de enfermagem ao lactente com luxação no quadril.

OBJETIVO

Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos quanto a Sistematização da Assistência de Enfermagem, a luz da teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta, no contexto da luxação congênita de quadril.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, acerca da implementação do Processo de Enfermagem a um lactente com luxação no quadril, guiado à luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta, que tem como princípios: a Enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do indivíduo; a Enfermagem é prestada ao indivíduo, e não à sua doença ou desequilíbrio; todo cuidado de enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação; e a Enfermagem reconhece o indivíduo como membro de uma família, de uma comunidade e como elemento participante ativo do seu autocuidado (Horta, 1979).

O presente estudo ocorreu em um hospital público de grande porte, especializado em pediatria, que dispões de uma equipe multiprofissional, funcionando como ambulatório e unidade de internação, seja convencional ou intensiva, localizado em uma capital do Nordeste.

A SAE e o PE foram estruturados e implementados por responsabilidade dos discentes do curso de enfermagem, sendo supervisionados por um enfermeiro docente. Os discentes cumpriam 6 horas diárias na instituição, a SAE e o PE descritos nesse estudo, eram executados apenas nesse período, com eles e com os profissionais de enfermagem, medicina, fisioterapia, nutrição e psicologia. A experiência se deu ao longo do mês de agosto do ano de 2023. O estudo se baseou na vivência de discentes do curso de bacharelado em Enfermagem, de uma instituição pública de nível superior, localizada em uma capital do Nordeste, durante a disciplina de Estágio Supervisionado em Saúde da Criança.

RESULTADOS

Após o diagnóstico médico da LCQ, o lactente recebeu cuidados hospitalares, com administração de medicamentos prescritos pela equipe médica, além dos curativos diários de cateter venoso central e nas feridas operatórias enfermeiros. Com o intuito de assegurar uma assistência digna, respeitosa e segura ao paciente, os discentes implementaram o PE conforme a Teoria das Necessidades Humanas Básicas

Wanda Horta é uma renomada enfermeira brasileira conhecida por sua contribuição à enfermagem, especialmente no desenvolvimento de um PE baseado nessa teoria. Seu modelo de enfermagem se baseia na ideia de que as necessidades humanas podem ser divididas em seis categorias principais (Horta, 1979):

Necessidade de Respirar: Nesta etapa, o enfermeiro avalia a função respiratória do paciente, observando a frequência respiratória, padrão respiratório, saturação de oxigênio e outros indicadores relacionados à respiração. O plano de enfermagem pode incluir ações para melhorar a ventilação, como administração de oxigênio, mobilização do paciente, ensino de técnicas de respiração, entre outros (Cavalcante, 2022).

Nutrição: a equipe de enfermagem avalia a ingestão de alimentos e líquidos do paciente. O plano pode incluir orientações sobre a dieta, monitoramento da ingestão alimentar, administração de alimentos ou líquidos por via intravenosa ou enteral, se necessário (Amante; Rossetto; Schneider, 2009).

Eliminações fisiológicas: Nesta etapa, a equipe de enfermagem se concentra nas funções de eliminação, como urinar e defecar, incluindo intervenções para ajudar o paciente a urinar ou defecar, monitorar a frequência e a quantidade, e tratar problemas relacionados à eliminação, como constipação ou incontinência (Santos et al,. 2022).

Movimentar e Manter a Postura: avalia-se a mobilidade do paciente e sua capacidade de manter uma postura adequada buscando estratégias para promover a mobilidade, prevenir úlceras de pressão, realizar exercícios de fisioterapia (Santos et al,. 2022).

Dormir e Descansar: nesta etapa, a equipe de enfermagem checa os padrões de sono do paciente e sua qualidade de descanso, implementando intervenções para melhorar o ambiente de sono, proporcionar conforto ao paciente e ajudá-lo a relaxar (Amante; Rossetto; Schneider, 2009).

Vestir e se Proteger: aqui, o enfermeiro avalia a capacidade do paciente de cuidar de sua própria higiene pessoal e proteção contra elementos adversos. O PE pode incluir assistência na higiene pessoal, fornecimento de roupas adequadas e medidas para proteger o paciente contra fatores externos, como frio ou calor excessivo (Santos et al,. 2022).

Essas seis etapas da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta servem como um guia para a prática de enfermagem centrada nas necessidades fundamentais do paciente, ajudando a garantir um cuidado abrangente e holístico (Cavalcante, 2022).

DISCUSSÃO

Frente aos conceitos abordados nos resultados, os acadêmicos de enfermagem, após uma avaliação criteriosa feita a paciente, puderam detectar alguns problemas de enfermagem, que resultaram nos seguintes diagnósticos de enfermagem: Integridade da pele prejudicada, Risco de trauma vascular, Risco de infecção, Nutrição desequilibrada, Constipação, Dor aguda e Sono e repouso prejudicados, conforme a Taxonomia NANDA (2021-2023)

Os diagnósticos elencados ao caso indicam as intervenções que são necessárias, conforme a Nursing Interventions Classification (NIC): fazer rodízio de punções e coletas, trocar acessos dentro do prazo estabelecido, monitorar e incentivar a aceitação da dieta, fazer curativos de forma asséptica em cateteres e feridas operatórias, monitorar a presença de sinais flogísticos na inserção de cateteres, promover conforto e monitorar o padrão de sono, incentivar a ingesta de fibras e hidratação, administrar remédios conforme a prescrição.

Por conseguinte, a implementação dessas intervenções implica em uma melhora dos problemas de enfermagem, os cuidados de enfermagem aplicados no caso refletiram em uma evolução, conforme o Nursing Outcomes Classification (NOC

Portanto, PE é essencial para a evolução positiva do paciente, pois fornece uma estrutura organizada para a prestação de cuidados de enfermagem de alta qualidade, garantindo que as necessidades individuais do paciente sejam atendidas de maneira eficaz e segura. Isso resulta em melhores resultados clínicos, maior satisfação do paciente e uma experiência de cuidado global mais positiva (Fernandes; Bockos, 2023).

CONCLUSÃO

A partir do relato descrito, foi possível compreender o papel de extrema importância assumido por um enfermeiro frente à assistência direta a um cliente acometido pela LQ, capaz de melhor planejar e direcionar os cuidados.

Nesse sentido, o enfermeiro é um profissional da saúde habilitado para o cuidado sistematizado, o que reforça ainda mais a necessidade de que seu cuidado esteja pautado, constantemente, nas melhores evidências científicas. Cumpre salientar ainda que o cumprimento das seis fases do PE, por intermédio dessa teoria, permitiu aos acadêmicos uma experiência muito enriquecedora, pelo fato de ter contribuído não apenas com a evolução satisfatória do paciente assistido, mas também com o fortalecimento do trabalho em equipe e da Enfermagem enquanto ciência aplicada.

REFERÊNCIAS

ALASSAF, N. Treatment of developmental dysplasia of the hip (DDH) between the age of 18 and 24 months. Eur J Orthop Surg Traumatol, p. 637–641, 2020.

AMANTE, L. N; ROSSETTO, A. P; SCHNEIDER, D. G. Sistematização da assistência de enfermagem em unidade de terapia intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 43, p. 54-64, 2009.

CAVALCANTE, F. P. et al. Sistematização da assistência de enfermagem à pessoa em pré-operatório de colecistectomia pautado em wanda horta. Os profissionais de saúde durante a pandemia de covid-19: atitudes e barreiras, v. 1, n. 1, p. 184-195, 2022.

‌FERNADES, A. S; BOCKOS, J. R. Vantagens da sistematização da assistência de enfermagem (sae) eletrônica. Anais de Eventos Científicos CEJAM, v. 1, 2023.

HORTA, W. A. Enfermagem: teoria das necessidades humanas básicas. Rev. enferm. novas dimens, p. 133-6, 1979.

PIRES, K. A.; REGINA, M. Luxação congênita do quadril: uma abordagem inicial. Medicina (Ribeiräo Preto), p. 143–149, 2023.

‌RAMWADHDOEBE, S. et al. Evaluation of a training program for general ultrasound screening for developmental dysplasia of the hip in preventive child health care. Pediatr Radiol, p. 1634–9, 2023.

SANTOS, L. S. C. et al. Wanda de Aguiar Horta: revisão histórica e influência científica no período de Consolidação da Enfermagem como Ciência no Brasil, 1960 a1999. Research, Society and Development, v. 11, n. 12, 2022.


¹ Discente do Curso Superior de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí. Campus Poeta Torquato Neto (CCS-UESPI).
Email: icaropinheiro@aluno.uespi.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3051-223X

² Discente do Curso Superior de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí. Campus Poeta Torquato Neto (CCS-UESPI).
Email: lisiaprobo@aluno.uespi.br
Orcid: https://orcid.org/0009-0001-1754-3306

³ Discente do Curso Superior de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí. Campus Poeta Torquato Neto (CCS-UESPI).
Email: liviacarvalho@aluno.uespi.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9890-9113

4 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Maurício de Nassau -Aliança. Campus Redenção Teresina.
Email: luke.veloso@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0001-1754-3306

5 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário UNINOVAFAPI
Email: gabryellisousaoliveira@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0003-8607-0826

6 Discente do Curso Superior de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí. Campus Poeta Torquato Neto (CCS-UESPI).
Email: darlianyrdessilvabatista@aluno.uespi.br
Orcid: https://orcid.org/0009-0006-0579-0728

7 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Maurício de Nassau -Aliança. Campus Redenção Teresina.
Email: lara_blima@outlook.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0003-8607-0826

8 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Maurício
de Nassau -Aliança. Campus Redenção Teresina.
Email: Laiane10maria@gmail.com

9 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí
Email: robertafortes@ccs.uespi.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3642-9648