SYSTEMATIZATION OF NURSING CARE FOR PATIENTS WITH STROKE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8305902
Angra Camila Alves Pereira Andrade1, Ednalva da Silva Ferreira1, Flaviane Mello Lazarini2, Lucas Faustino de Souza1, Lunny Anelita Pereira Souza3, Aline Gonçalves Ferreira4, Adriana Ramos da Rocha3, Diego Barbosa Rocha1, Maria Alice de Freitas5, Eduardo Ferreira Moura Ribeiro3, Lamonielly Gomes Versiani1, Bruna Lira Santos Ribeiro1, Larissa Bianca Leite Batista6, Anna Theresa Faria de Almeida1, Ticiane Dias Prado1
RESUMO
O acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença que acarreta alguns déficits neurológicos importantes que interferem na manutenção da saúde e na qualidade de vida, por esse motivo torna-se fundamental o desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para programar medidas que promovam a qualidade de vida a pessoas acometidas por AVC. Diante disso, o presente estudo buscou compreender a importância da SAE e de sua aplicabilidade na assistência ao paciente com AVC. Trata-se uma revisão integrativa de literatura, em que foram encontrados 32 artigos e após realizar a leitura dos títulos e resumos foram selecionados 08 artigos para compor a amostra final. Por meio dos resultados encontrados pôde-se verificar que os enfermeiros reconhecem a importância da SAE aos pacientes acometidos por AVC, necessitando ser compreendida como uma atividade assistencial, não menos importante do que as questões técnicas, pois é o que dá sustentação para a tomada de decisão na definição dos cuidados a serem aplicados ao paciente. Conclui-se que SAE deve ser entendida como facilitadora da assistência, pois favorece a escolha de ações adequadas para cada caso específico e serve para nortear o enfermeiro em todas as etapas do processo de reabilitação. Cabe as instituições de saúde e aos profissionais que prestam cuidados a esses pacientes reconhece-la como aliada na recuperação do paciente.
Palavras Chave:sistematização da assistência de enfermagem; acidente vascular cerebral; pesquisa em enfermagem clínica.
ABSTRACT
Stroke is a disease that causes some important neurological deficits that interfere in the maintenance of health and quality of life, for this reason it is essential to develop the Systematization of Nursing Care (SAE) to program measures that promote quality of life for people affected by stroke. Therefore, the present study sought to understand the importance of SAE and its applicability in the care of patients with stroke. This is an integrative literature review, in which 32 articles were found and after reading the titles and abstracts, 08 articles were selected to make up the final sample. Through the results found, it was possible to verify that nurses recognize the importance of ASS to patients affected by stroke, needing to be understood as a care activity, no less important than technical issues, because it is what supports decision-making in the definition of care to be applied to the patient. It is concluded that SAE should be understood as facilitating care, as it favors the choice of appropriate actions for each specific case and serves to guide nurses at all stages of the rehabilitation process. It is up to health institutions and professionals who provide care to these patients to recognize them as an ally in patient recovery.
Keywords: systematization of nursing care; stroke; clinical nursing research.
Introdução
De acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser definido como o surgimento de um déficit neurológico súbito causado por uma disfunção nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Classicamente o AVC é dividido em 2 subtipos: AVC isquêmico: ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular. Ele é responsável por 85% dos casos de AVC e AVC hemorrágico: o acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide) (COSTA et al., 2015).
Caracteriza-se ainda como um problema de saúde pública que se situa entre as três maiores causas de morte em muitos países, e, a principal causa de incapacidade neurológica grave, acarretando custos, medidas tanto em gastos com os cuidados de saúde como com a produtividade perdida, pois aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho após um AVC devido às sequelas e 50% ficam dependentes de outras pessoas (SBDC, 2017; COSTA et al., 2015).
Ao contrário da doença coronariana, na qual há quatro grandes fatores de risco envolvidos, as quais incluem a dislipidemia, hipertensão, tabagismo e diabetes, a doença cerebrovascular tem a hipertensão como principal fator de risco, não somente para os casos de hemorragia parenquimatosa, mas também para os eventos isquêmicos cerebrais. Por essa razão, a identificação, o tratamento e o controle da hipertensão arterial devem ser considerados determinantes principais para a redução da mortalidade, primeiro, por diminuir a incidência da doença, segundo, por alterar a história natural da doença, reduzindo a letalidade (LOTUFO et al., 2017).
Na prática clínica, os pacientes chegam à emergência com a sintomatologia de AVC, porém sem o diagnóstico diferencial entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico. Após a realização dos exames complementares como a tomografia computadorizada, é que se define o diagnóstico e, muitas vezes, esse paciente já foi transferido para a unidade de internação ou de terapia intensiva (RIBEIRO et al., 2016).
As sequelas do AVC podem causar grande incapacidade psicomotora exigindo, cada vez mais, uma rápida intervenção dos serviços de saúde e uma capacidade de resposta eficiente por parte dos profissionais, o qual se inclui o enfermeiro. É uma doença para a qual o tratamento e recuperação dependem da capacidade do indivíduo recorrer ao serviço de urgência, no menor intervalo de tempo possível (PEREIRA et al., 2017). Tais sequelas implicam em algum grau de dependência, sobretudo no primeiro ano após sua ocorrência (MOREIRA et al., 2014).
Nesse sentido, o AVC é uma doença que acarreta ao paciente alguns déficits neurológicos importantes e que interferem na manutenção da saúde e na qualidade de vida, por esse motivo torna-se fundamental o desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para programar medidas que promovam a qualidade de vida a pessoas acometidas por AVC (SOARES et al., 2015). A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método científico utilizado pelos enfermeiros para planejamento da assistência, sendo dividido em fases para sua melhor execução e avaliação de sua eficácia (COSTA et al., 2015).
A resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº 358 de 15 de outubro de 2009 dispõe sobre a SAE e implementação do processo de enfermagem em ambientes públicos ou privados. O processo de enfermagem constitui-se de cinco etapas que se inter-relacionam, são elas: coleta de dados (obtenção de informações sobre a pessoa, familiares e respostas em um dado momento do processo saúde doença), diagnóstico de enfermagem (processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados que proporcionam a realização de um diagnóstico que os representem), planejamento de enfermagem (determinação dos resultados que se espera alcançar e intervenções que serão realizadas frente ao diagnóstico realizado), implementação das ações planejadas na etapa anterior, avaliação de enfermagem (identificação dos resultados das ações implementadas quanto à satisfação ou não dos resultados esperados e avaliação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem realizado) (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).
Assim, justifica-se a realização desse trabalho para uma possível reflexão por parte dos enfermeiros e das instituições de saúde sobre a importância da SAE no cuidado ao paciente com AVC, dado que a mesma deve ser entendida como facilitadora da assistência. Diante disso, o objetivo do estudo é compreender a importância da SAE e de sua aplicabilidade na assistência ao paciente com AVC.
Métodos
Trata-se uma revisão integrativa de literatura que é considerada uma ferramenta importante no processo de comunicação dos resultados de pesquisas, facilitando a utilização desses na prática clínica, uma vez que proporciona uma síntese do conhecimento já produzido e fornece subsídios para a melhoria da assistência à saúde (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Para realização dessa revisão integrativa, foram percorridas quatro etapas, respectivamente: identificação do tema e questão de pesquisa; estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão/ busca na literatura; interpretação dos resultados e síntese do conhecimento (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
A busca pelos artigos aconteceu por meio de acesso on-line as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na Base de Dados da Enfermagem (BDENF), no segundo semestre de 2022. Os descritores utilizados foram: sistematização da assistência de enfermagem e acidente vascular cerebral.
Quanto aos critérios de inclusão, foram selecionados artigos que abordassem a temática sistematização da assistência de enfermagem ao paciente com AVC, publicados no período de 2013 a 2022 e que estivessem disponíveis eletronicamente em português, ingles ou espanhol. Foram excluídos deste estudo artigos que não abordavam o tema e que não se enquadram como artigo científico. Ao usar os descritores citados acima, foram encontrados 32 artigos, sendo 16 no Scielo, 07 no LILACS, 05 no BDENF e 04 no BVS. Após realizar a leitura dos títulos e resumos, foram excluídos 24, sendo que 10 não se enquadravam na proposta do estudo, 08 eram artigos repetidos, e 06 eram resumos de congressos. Logo, a amostra final foi constituída por 08 artigos.
Para facilitar a condução do estudo foi elaborado um instrumento para coleta dos dados, a fim de expor as seguintes características: dados de identificação do artigo (título, autores, nome do periódico, ano de publicação, volume e número), tipo de estudo, local de estudo, objetivo do estudo, e considerações conforme o estudo.
Em um primeiro momento foram lidos todos os títulos e os resumos dos artigos encontrados para pré-seleção, posteriormente, a amostra final, contida por oito artigos foram lidos na íntegra em busca dos dados necessários. Os resultados encontrados foram organizados e apresentados em forma de quadro (Quadro 1.) o qual traz características relevantes retiradas do instrumento proposto, o que facilita a visualização e a compreensão da revisão integrativa elaborada.
Resultados
Dentre os artigos selecionados de acordo com os critérios de inclusão, 4 deles foram realizados em hospitais, sendo 3 em Unidades de Terapia Intensiva – UTI, 01 realizado com os enfermeiros das Estratégias de Saúde da Família de um município da região central do estado do Rio Grande do Sul (RS) e 3 são revisões de literatura. Em relação à categoria profissional todos eram enfermeiros assistenciais ou que trabalhavam na gestão.
Quadro 1. Artigos selecionados para análise.
Artigo | Autor/ Ano | Tipo de Estudo | Objetivo |
Artigo 1. Diagnósticos de Enfermagem em pacientes com acidente vascular cerebral: revisão integrativa | (LIMA et al., 2016) | Revisão integrativa de literatura | Verificar os diagnósticos de enfermagem presentes nos pacientes acometidos por AVC. |
Artigo 2. Intervenções de enfermagem aos pacientes com acidente vascular encefálico: uma revisão integrativa de literatura | (CAVALCANTE et al., 2011). | Revisão integrativa da literatura | Analisar o conhecimento sobre as intervenções de enfermagem aos pacientes hospitalizados por acidente vascular encefálico. |
Artigo 3. Cuidado de Enfermagem ao Paciente Vítima de Acidente Vascular Encefálico | (NUNES; FONTES; LIMA, 2017). | Revisão de literatura | Investigar as intervenções de enfermagem aos pacientes com acidente vascular encefálico no âmbito hospitalar. |
Artigo 4. Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente vítima de Acidente Vascular Cerebral | (CARVALHO; BONNFIM; DOMICIANO, 2017). | Estudo qualitativo com abordagem descritiva e caráter exploratório. | Artigo. Identificar os principais problemas de enfermagem em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral e qual a sistematização da assistência de enfermagem indicada para eles |
Artigo 5. Trabalho de enfermagem em unidade de terapia intensiva e sua interface com a sistematização da assistência | (MASSAROLI et al., 2015). | Pesquisa qualitativa | Compreender as vivências de enfermeiros de uma unidade terapia intensiva adulto no desenvolvimento da SAE. |
Artigo 6. Atuação do Enfermeiro em pacientes vítimas do Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico na Unidade de Terapia Intensiva | (BARCELOS et al., 2016). | Estudo qualitativo do tipo descritivo | Analisar a assistência de enfermagem prestada pelos enfermeiros aos pacientes vítimas do acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) em unidade de terapia intensiva (UTI) |
Artigo 7. Gestão da atenção a usuários com dependência de cuidados por sequelas de acidente vascular cerebral | (BANDEIRA et al., 2016). | Pesquisa Qualitativa e descritiva | Identificar as ações de gestão dos enfermeiros das Estratégias de Saúde da Família com os usuários com dependência de cuidados de AVC |
Artigo 8. Sistematização da assistência de enfermagem: facilidades e desafios do enfermeiro na gerência da assistência | (SOARES et al., 2015). | Estudo qualitativo, fundamentado no referencial da Hermenêutica- Dialética | Analisar as facilidades e os desafios do enfermeiro na gerência da assistência instrumentalizado pela SAE |
Discussão
A SAE não é estanque e está sempre em processo de aperfeiçoamento, logo, cabe à equipe de enfermagem fazer um levantamento dos principais diagnósticos de enfermagem e suas intervenções para pacientes com AVC (SANTOS; LACERDA; OLIVEIA-JÚNIOR, 2015).
O artigo 1 refere-se a uma revisão de literatura que apresenta diagnósticos de enfermagem encontrados em pacientes vítimas de AVC. A partir desse estudo, percebeu-se um enfoque das publicações nos diagnósticos de enfermagem relacionados aos distúrbios motores, como risco de quedas e mobilidade física prejudicada, porém foram evidenciados também diagnósticos relacionados à comunicação, risco de aspiração e psicossociais. Destacaram-se ainda aqueles relacionados à segurança/proteção e ao sono/repouso, pois estiveram presentes na maior parte das publicações avaliadas (LIMA et al., 2016). Por meio desse julgamento diagnóstico, busca-se alternativa viável emergencial ao paciente neurológico, com suas respectivas intervenções, visando-se a melhores resultados (LIMA; SANTOS; GUEDES, 2013).
Com o objetivo de definir as principais intervenções de enfermagem, o artigo 2, evidencia em seus resultados que identificou-se um maior número de intervenções de enfermagem assistenciais, seguidas das educacionais, gerenciais e de pesquisa. Sendo que as intervenções assistenciais estão mais relacionadas aos aspectos biológicos dos pacientes (CAVALCANTE et al., 2011). Vale ressaltar que é necessário compreender a importância de elaborar planos de cuidados que englobe não somente necessidades biológicas, mas sim a compreensão do indivíduo como o ator mais importante no processo de saúde-doença (GRANDO; ZUSE, 2014).
Nos resultados encontrados no artigo 3 as principais intervenções de enfermagem estão relacionadas a: reabilitação motora e funcional, administração de medicamentos, monitoramento das funções fisiológicas, planejamento para alta do paciente, cuidado emocional, cuidados para a prevenção de complicações e traumas, triagem na emergência, cuidados com a pele, avaliação de elementos clínicos e neurológicos, cuidados relacionados às atividades de autocuidado, cateterismo urinário, administração de oxigênio nasal, cuidado oral, posicionamento correto do paciente no leito e orientações familiares (NUNES; FONTES; LIMA, 2017).
Os pacientes com AVC possuem necessidades especiais que os enquadram como pacientes que requerem cuidados variados. Por ser uma doença de início súbito, necessita de uma maior atenção profissional nos primeiros momentos, seguida de uma maior responsabilização do indivíduo pelo seu próprio cuidado (MORAIS et al., 2015).
Segundo a Academia Brasileira de Neurologia, para que o tratamento do AVC alcance os melhores resultados o paciente deve ser atendido por uma equipe multidisciplinar treinada e coordenada pelo neurologista com experiência em AVC. Esse serviço deve funcionar vinte e quatro horas por dia durante os sete dias da semana. Esse centro deve possuir laboratório de emergência, serviço de tomografia computadorizada ou ressonância magnética e um apoio de uma unidade de tratamento intensivo (UTI) (ABN, 2018).
O artigo 4 foi realizado com enfermeiros (as) que já atuaram na UTI de um hospital da Zona da Mata Mineira que possui a SAE implantada. Eles (as) associam como benefícios proporcionados pela SAE aos pacientes vítimas de AVC: o favorecimento na melhora nos cuidados individualizados, uma evolução favorável para recuperação no quadro clínico, uma reabilitação mais rápida, o condicionamento do trabalho da enfermagem focado nas necessidades do paciente, evitar agravos, favorecimento da implementação de cuidados específicos em horários determinados, promoção de interação entre a equipe e detecção de problemas e determinação cuidados que evitam complicações (CARVALHO; BONNFIM; DOMICIANO, 2017).
Nesse contexto, foi realizado um estudo com 08 enfermeiras em um Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, que ao serem questionadas sobre os benefícios da implementação da SAE para a prática assistencial, 71,4% das enfermeiras salientaram que a SAE proporciona diversos benefícios. Entre os principais estavam: melhoria na qualidade da assistência prestada, melhoria quanto à interação com o paciente, uma maneira de atualização profissional, além de ser uma forma de legitimar a assistência prestada (SANTOS; LACERDA; OLIVEIA- JÚNIOR, 2015).
A rotina diária da UTI é pautada em inúmeras questões técnicas, exigindo competências e habilidades profissionais específicas. O enfermeiro é responsável, junto com os demais membros da equipe de enfermagem, pela maioria dessas ações de cuidados contínuos aos pacientes. Esta característica própria da profissão de desempenhar múltiplas tarefas (assistenciais, administrativas e de ensino da equipe de enfermagem) contribui para que a SAE seja compreendida como um processo burocrático (MASSAROLI et al., 2015).
Ao enfermeiro que atua em unidade de terapia intensiva com pacientes com AVC exige-se alta vigilância ao paciente, pois tal doença apresenta sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica, logo cabe aos profissionais responsáveis dominarem com perspicácia o conhecimento, para que consigam reconhecer a gravidade do caso e prestar cuidados de forma resolutiva (BARCELOS et al., 2016).
Pacientes que necessitam de cuidados classificados como semi-intensivo ou intensivo apresentam maior instabilidade hemodinâmica, por isso têm maior dependência do cuidado de enfermagem. Sendo assim, é necessário estrutura organizacional relativamente adequada aos recursos humanos, materiais e físicos, a fim de proporcionar uma assistência adequada às exigências que esses pacientes demandam, ao qual requerem de nove a dezessete horas em média de cuidados dos profissionais de enfermagem por dia. Portanto, quanto mais o cliente manifesta necessidades, maior a urgência de planejar a assistência, visando à organização, assistência de qualidade e eficiência do serviço (GROSSI et al., 2011).
A SAE precisa ser compreendida como uma atividade assistencial, não menos importante do que as questões técnicas na terapia intensiva, pois é o que dá sustentação para a tomada de decisão na definição dos cuidados a serem aplicados ao paciente. A dificuldade do profissional em desenvolver um raciocínio clínico e relacionar a situação vivenciada pelo paciente com os cuidados a serem prestados faz com que o conhecimento de técnicas seja mais valorizado (MASSAROLI et al., 2015).
Ressalta-SE a necessidade de protocolos clínicos sobre AVC na instituição de saúde, pois observa-se que o uso do mesmo, diminui margens de erros por conta da padronização do cuidado, o que gera maior segurança da assistência. As intervenções de enfermagem devem ser baseadas no julgamento e no conhecimento clínico do enfermeiro, executadas com base científica, buscando assim os melhores resultados (BARCELOS et al., 2016).
A presença de protocolos de atendimento ao AVE direciona os profissionais, facilitando o manejo clínico da doença, principalmente nos quadros mais graves, que necessitam de intervenção imediata e eficaz para um melhor prognóstico do paciente (MOURA; CASULARI, 2015).
No processo de cuidado ao paciente com AVC, o enfermeiro deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no estado físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve identificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de cuidados individualizado e garantir que o mesmo seja implementado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
A gestão da atenção a usuários com dependência de cuidados de AVC por parte dos enfermeiros mostra-se fragmentada e pouco sistematizada, ainda que existam estratégias de apoio e profissionais que auxiliem no desenvolvimento dessas ações. A impossibilidade de manter a sistematização, seja ela estrutural ou de gestão, demonstra lacunas em relação à atenção aos usuários com sequelas de AVC dependentes de cuidado, como a ausência de um tempo exclusivo de gestão de atenção para esses usuários, considerando o impacto na sua saúde e de sua família (BANDEIRA et al., 2016).
Existem mais desafios do que facilidades que perpassam no cotidiano do enfermeiro frente à operacionalização da SAE, tais como: implementar a SAE de maneira correta, a falta de impressos, protocolos, escassez de enfermeiros, o que gera a falta de tempo, a ausência de conhecimento, ou seja, a não capacitação dos profissionais, a falta de um ambiente para a passagem dos plantões, bem como os registros de enfermagem incompletos (SOARES et al., 2015). Estudos apontam que a sobrecarga de trabalho do enfermeiro, associada ao número reduzido de profissionais de enfermagem nas instituições de saúde, tem interferido diretamente na aplicação do processo de enfermagem. Os enfermeiros exercem muitas atribuições nem sempre ligadas à sua área de atuação profissional, fato que os distancia da assistência, acarretando uma carga excessiva de trabalho. Em consequência, a execução do processo de enfermagem deixa de ser prioridade (MEDEIROS; SANTOS; CABRAL, 2013).
Conclusão
Diante dos resultados, o estudo confirma os benefícios que a SAE oferece aos pacientes com o AVC e deve ser entendida como facilitadora da assistência, pois favorece a escolha de ações adequadas para cada caso específico e serve para nortear o enfermeiro em todas as etapas do processo de reabilitação.
Os benefícios advindos da efetivação da SAE são descritos frequentemente pela literatura e por meio desse estudo, em que o foco é a SAE ao paciente com AVC, também apresenta subsídios para sua implementação como método de trabalho e cabe as instituições de saúde e aos profissionais que prestam cuidados a esses pacientes, principalmente o (a) enfermeiro (a), reconhece-la como aliada na recuperação do indivíduo como um todo.
Porém, observa-se que desafios como a sobrecarga de trabalho e a falta de recursos são empecilhos para a efetivação da SAE, entretanto, observa-se também todos os benefícios que a mesma proporciona, portanto a SAE não deve ser entendida como um obstáculo e sim como uma metodologia de trabalho que agrega valor a assistência prestada.
Por se tratar de uma das principais causas de morte e principal causa de incapacidade neurológica, o AVC traz diversas mudanças no cotidiano das pessoas, com isso torna-se necessário a realização estudos que visam colaborar para a recuperação desses pacientes e a SAE é uma ferramenta que auxilia nesse processo. Por fim, espera-se que essa revisão possa contribuir para uma possível reflexão sobre os benefícios advindos da efetivação da SAE aos pacientes acometidos pelo AVC.
REFERÊNCIAS
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1Faculdades Unidas do Norte de Minas Gerais (FUNORTE).
2Universidade Estadual de Londrina (UEL).
3Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna (FASI).
4Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).
5Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
6Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).