INFORMATION SYSTEMS IN THE MONITORING OF PEDIATRIC PATIENTS UNDERGOING SURGICAL PROCEDURES: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501171540
Danila Pereira Santana 1
Patrícia Medeiros Cavalcante 2
Dr. Edward David Moreno Ordonez 3
Dr. Marco Antonio Prado Nunes 4
Orientadora: Dra. Simone de Cássia Silva 5
Coorientador: Dr. Gilton José Ferreira da Silva 6
RESUMO
Este estudo tem como objetivo revisar na literatura relacionada a sistemas de informação destinados ao acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos, identificando as principais inovações tecnológicas, limitações e oportunidades de desenvolvimento. Foram utilizadas bases como Google Patents, Espacenet, INPI, SciELO e PubMed. Os critérios de inclusão consideraram tecnologias aplicáveis ao contexto pediátrico e procedimentos cirúrgicos, excluindo aquelas voltadas exclusivamente para adultos ou sem detalhamento técnico. A análise qualitativa focou em aplicações clínicas, grau de inovação e integração com sistemas existentes. Os resultados destacam ferramentas voltadas para a gestão hospitalar, monitoramento clínico e predição de riscos, com aplicações que incluem planejamento cirúrgico, monitoramento pós-operatório e suporte à decisão clínica. Tecnologias baseadas em inteligência artificial e aprendizado de máquina, como sistemas preditivos de complicações e plataformas para regulação hospitalar, demonstraram impacto significativo na eficiência do atendimento. No entanto, desafios como a fragmentação dos sistemas, a falta de interoperabilidade e a proteção de dados sensíveis ainda limitam sua aplicação prática. Além disso, a carência de soluções adaptadas às especificidades psicossociais dos pacientes pediátricos e de seus cuidadores aponta a necessidade de abordagens mais humanizadas. Este estudo conclui que, apesar dos avanços significativos, há lacunas críticas a serem abordadas, incluindo integração de sistemas, treinamento de profissionais e personalização do cuidado. O estudo contribui para orientar futuras pesquisas e políticas públicas, promovendo um cuidado pediátrico mais seguro, eficiente e humanizado.
Descritores: Sistema de informação em saúde; Pediatria; Centro cirúrgico.
INTRODUÇÃO
A gestão de informações no acompanhamento de pacientes pediátricos durante procedimentos cirúrgicos é um desafio complexo, que exige precisão, rapidez e segurança. Os avanços tecnológicos, particularmente no âmbito dos sistemas de informação em saúde, têm o potencial de transformar a prática clínica, melhorando a comunicação entre equipes, monitorando continuamente os pacientes e garantindo a aderência a protocolos clínicos.
No contexto pediátrico, a integração de sistemas de informação é ainda mais crucial devido às especificidades da faixa etária, que incluem maior vulnerabilidade a complicações e a necessidade de um cuidado altamente humanizado. Sistemas bem projetados podem auxiliar na minimização de atrasos em tratamentos, como observado por Roncalli et al. (2021), que analisaram fatores associados a atrasos em tratamentos cirúrgicos no Brasil e destacaram a importância de dados integrados para acelerar decisões médicas. Além disso, estudos recentes, como o de Macau-Lopes et al. (2023), apontam que a informatização de processos cirúrgicos pediátricos melhora a qualidade do atendimento e a satisfação dos cuidadores.
Navarro e Hernandez (2020) destacam que, embora esforços tenham sido direcionados para a modernização de tecnologias médicas, há lacunas significativas na implementação de sistemas de informação eficazes especificamente voltados para pacientes pediátricos. Tais sistemas devem ser capazes de gerenciar informações clínicas, prever riscos e facilitar a comunicação entre as partes interessadas, como pais, pediatras e cirurgiões.
A revisão de literatura nesse campo se torna essencial para identificar soluções tecnológicas já disponíveis e lacunas a serem preenchidas. Patentes são fontes ricas de inovação, muitas vezes indicando tendências futuras antes mesmo de sua adoção ampla. No entanto, a adoção de sistemas de informação em saúde enfrenta desafios significativos, como a integração com sistemas existentes, garantia da privacidade de dados e a necessidade de interfaces amigáveis para profissionais e familiares (Navarro; Hernandes, 2020).
Um exemplo disso é o uso crescente de sistemas baseados em inteligência artificial (IA) para prever complicações e personalizar intervenções cirúrgicas. Estudos recentes sugerem que tais tecnologias têm potencial para reduzir erros médicos e aumentar a eficiência do atendimento (Perez & Zwicker, 2010). Além disso, a integração de dados clínicos em tempo real, como mostrado por Catarino et al. (2017), pode ajudar a detectar rapidamente condições que exigem intervenções imediatas, otimizando os fluxos de trabalho hospitalares.
Os pacientes pediátricos demandam soluções específicas devido a fatores como a necessidade de monitoramento detalhado do desenvolvimento físico e emocional. A abordagem holística, que combine inovação tecnológica com cuidados humanizados, é fundamental para atender às demandas dessa população vulnerável. Ferramentas como prontuários eletrônicos adaptados, plataformas interativas para comunicação com pais e sistemas preditivos de riscos cirúrgicos emergem como promessas para melhorar o cuidado integral (Macau-Lopes et al., 2023).
No entanto, a aplicação prática dessas tecnologias muitas vezes é limitada por obstáculos técnicos, culturais e financeiros. A revisão sistemática de patentes permite compreender como as inovações tecnológicas podem ser traduzidas para a prática clínica, promovendo o avanço do atendimento pediátrico em cenários cirúrgicos. O desenvolvimento de sistemas de informação para o acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos não apenas melhora os resultados clínicos, mas também fortalece a relação entre as equipes médicas e as famílias. O ambiente cirúrgico pediátrico é complexo, exigindo que cada detalhe seja cuidadosamente planejado e monitorado para minimizar riscos e garantir a segurança do paciente. Nesse contexto, a implementação de soluções tecnológicas voltadas para a gestão integrada das informações pode transformar os cuidados oferecidos.
As inovações incluem desde ferramentas para a documentação padronizada até sistemas preditivos que utilizam aprendizado de máquina para antecipar complicações. Conforme observado por Perez e Zwicker (2010), a interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde é um ponto-chave para garantir que dados clínicos sejam acessados em tempo real por diferentes departamentos, como anestesiologia, pediatria e enfermagem. Isso é especialmente relevante no manejo de situações críticas, onde decisões rápidas e bem-informadas podem salvar vidas.
Outro aspecto relevante é a humanização dos processos tecnológicos. Estudos, como o de Moraes e Siqueira (2021), destacam que ferramentas digitais podem ser desenhadas para incluir elementos de suporte emocional aos cuidadores, como interfaces informativas que explicam os passos do procedimento cirúrgico ou notificações em tempo real sobre o progresso da cirurgia. Esse tipo de funcionalidade reduz a ansiedade dos pais e melhora a experiência hospitalar como um todo.
Além disso, o uso de tecnologias móveis e conectividade em nuvem tem expandido as possibilidades de acompanhamento remoto, permitindo que os profissionais de saúde mantenham contato contínuo com os cuidadores, mesmo após a alta hospitalar. Isso é especialmente útil em casos de cirurgias complexas que exigem um período prolongado de monitoramento pós-operatório.
Contudo, é preciso enfrentar desafios relacionados à segurança e privacidade dos dados, particularmente no contexto pediátrico, onde questões éticas são especialmente sensíveis. A legislação sobre proteção de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, demanda que sistemas voltados para a saúde infantil sejam desenvolvidos com os mais altos padrões de segurança.
Assim, tem-se a questão de pesquisa: Quais são as principais inovações em sistemas de informação voltados para o acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos, e como essas tecnologias contribuem para a segurança e a eficiência do processo cirúrgico? Este estudo tem como objetivo revisar na literatura relacionadas a sistemas de informação destinados ao acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos, identificando as principais inovações tecnológicas, limitações e oportunidades de desenvolvimento.
MÉTODO
Este estudo adota uma abordagem exploratória e descritiva, com o objetivo de revisar artigos acadêmicos relacionados ao desenvolvimento de sistemas de informação voltados ao acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos.
Planejamento
Inicialmente, foi realizada uma busca sistemática utilizando plataformas reconhecidas de registro de patentes, como Google Patents, Espacenet e INPI, além de bases de dados acadêmicas, como SciELO, PubMed e Google Scholar. Os termos utilizados para a pesquisa incluíram combinações específicas em português, como “sistema de informação”, “paciente pediátrico”, “procedimento cirúrgico” e “monitoramento de saúde infantil”. Usou-se também os Descritores em Saúde: Sistema de Informação em saúde; Pediatria; Centro cirúrgico. As buscas se concentraram em patentes registradas sem linha temporal e em artigos que complementassem a contextualização e análise técnica das inovações encontradas. Não se definiu linha temporal, para que fosse possível ampliar ao máximo os achados de patentes.
Os estudos identificados foram selecionados com base em critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Foram incluídos os que apresentavam foco em sistemas tecnológicos aplicáveis ao contexto pediátrico e procedimentos cirúrgicos, especialmente aquelas que abordassem inovações voltadas à segurança, eficiência e humanização do cuidado. Por outro lado, estudos voltados exclusivamente para o público adulto, bem como tecnologias genéricas sem detalhamento técnico, foram excluídas da análise. Após a coleta, cada patente foi analisada detalhadamente em relação à sua aplicabilidade clínica, grau de inovação e integração com sistemas de saúde existentes.
Entre as patentes relevantes encontradas, destacam-se aquelas relacionadas ao desenvolvimento de aplicativos móveis para gestão de plantões hospitalares, que integram dados do paciente e agilizam o compartilhamento de informações entre equipes multidisciplinares. Um exemplo é o protótipo desenvolvido por Dematte et al. (2024), que utiliza um aplicativo para otimizar a comunicação no contexto hospitalar, melhorando a transição de informações em ambientes cirúrgicos.
Além disso, tecnologias de inteligência artificial também foram identificadas, como no caso do estudo de Barreto et al. (2024), que aplicou aprendizado de máquina em plataformas para regulação hospitalar, permitindo o monitoramento em tempo real de pacientes pediátricos, com destaque para a alocação eficiente de recursos hospitalares e identificação precoce de complicações. Outras inovações incluem instrumentos de avaliação longitudinal descritos por Levita et al. (2024), que monitoram indicadores de eficácia assistencial e oferecem suporte à tomada de decisões em ambiente pediátrico.
Simultaneamente, foram realizados levantamentos em artigos acadêmicos para compreender o contexto e os desafios associados à implementação dessas tecnologias. Fernandes et al. (2024) destacaram a importância de sistemas de informação integrados na regionalização da saúde, apontando que o agendamento de procedimentos cirúrgicos ainda enfrenta barreiras significativas devido à falta de interoperabilidade entre plataformas digitais. Castelli et al. (2024) enfatizaram a necessidade de humanização nos fluxos de comunicação hospitalar, propondo a integração de ferramentas tecnológicas com suporte psicológico para pacientes e cuidadores.
Condução
A busca por patentes e artigos relacionados ao tema “sistemas de informação para o acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos” foi realizada em diferentes bases de dados. Utilizando plataformas como Google Patents, Espacenet e INPI, foram encontrados resultados relevantes que destacam inovações tecnológicas recentes no setor. O levantamento foi realizado com termos em português e inglês, combinando expressões como “sistema de informação”, “paciente pediátrico” e “procedimento cirúrgico”. Os resultados indicaram que as tecnologias se concentram principalmente em áreas como integração de dados, humanização do cuidado e automação de processos.
Na base Google Patents, foram identificadas 10 patentes diretamente relevantes. Dentre elas, destacam-se inovações como o desenvolvimento de aplicativos móveis para o gerenciamento de plantões hospitalares, que facilitam a comunicação entre equipes multidisciplinares e oferecem suporte ao cuidado pediátrico. Um exemplo notável é o trabalho de Dematte et al. (2024), que apresenta um sistema integrado para otimizar a passagem de informações em ambientes cirúrgicos. Outras patentes incluem o uso de inteligência artificial para regulação de leitos hospitalares, conforme descrito por Barreto et al. (2024), e instrumentos de avaliação formativa para monitorar indicadores clínicos em pediatria, conforme descrito por Levita et al. (2024). Essas patentes evidenciam um foco significativo na interoperabilidade dos sistemas e no uso de tecnologias preditivas para melhorar os cuidados.
Na base Espacenet, foram localizadas 1 patente relacionadas, com destaque para tecnologias que promovem a automatização de processos e a integração de informações em tempo real. Essas soluções, voltadas especificamente para o ambiente hospitalar pediátrico, incluem sistemas para agendamento cirúrgico automatizado, ferramentas de análise de risco para pacientes pediátricos e plataformas de comunicação humanizada entre cuidadores e profissionais de saúde.
No INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), foram encontradas 2 patentes registradas no Brasil que abordam sistemas de informação aplicáveis ao ambiente pediátrico. Essas patentes incluem plataformas para o monitoramento pós-operatório de crianças, que utilizam sensores integrados para coletar dados vitais e auxiliar no acompanhamento remoto, além de ferramentas que promovem a segurança de dados sensíveis, como prontuários eletrônicos pediátricos. Na SciELO e na PubMed 1 artigo cada.
Os dados coletados mostram que as tecnologias priorizam três áreas principais: automação de processos, humanização do atendimento e monitoramento em tempo real. As patentes e os artigos revisados destacam um progresso considerável no desenvolvimento de soluções para o cuidado pediátrico em ambientes cirúrgicos, mas apontam também lacunas significativas na integração dos sistemas existentes e na segurança dos dados sensíveis.
No total, foram encontrados os seguintes quantitativos:
- Google Patents: 10 patentes.
- Espacenet: 1 patentes.
- INPI: 2 patentes.
- SciELO: 1 artigo.
- PubMed: 1 artigo.
Classificação e síntese dos resultados
Os dados coletados foram organizados e analisados qualitativamente, a análise revelou tendências importantes, como a crescente adoção de tecnologias móveis para acompanhamento remoto e a aplicação de modelos preditivos para identificação de riscos cirúrgicos, ao mesmo tempo em que apontou lacunas relacionadas à falta de integração entre os sistemas e à proteção de dados sensíveis em ambientes pediátricos.
DESENVOLVIMENTO – RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quadro apresentado a seguir reúne 15 estudos relevantes sobre patentes e tecnologias relacionadas ao desenvolvimento de sistemas de informação para o acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos. Esses estudos foram extraídos de diferentes bases de dados acadêmicas e incluem informações detalhadas sobre os autores, títulos dos trabalhos, locais de publicação, anos de publicação, tipos de tecnologias desenvolvidas e suas aplicações práticas. O objetivo é destacar as principais inovações e tendências no uso de ferramentas tecnológicas voltadas para a gestão hospitalar, monitoramento clínico e suporte à decisão em saúde, com foco específico no contexto pediátrico. Este levantamento fornece uma base consistente para compreender o estado atual e as lacunas no desenvolvimento tecnológico nessa área.
Quadro 1 – Apresentação das patentes encontradas sobre a temática:
Autores | Título do Trabalho | Local de Publicação | Ano de Publicação | Tipo de Tecnologia Desenvolvida | Aplicação da Tecnologia |
RRT Castro | Informação: ferramenta de gestão para a tomada de decisão em saúde | Fiocruz | 2006 | Ferramenta de gestão | Tomada de decisão em saúde |
G Perez | Adoção de inovações tecnológicas em sistemas de informação na saúde | Academia.edu | 2006 | Sistemas de informação | Inovações tecnológicas em saúde |
KN Chaves et al. | Perfil clínico-epidemiológico de crianças com cardiopatias congênitas | SET Biológicas | 2020 | Análise clínica | Caracterização epidemiológica |
PAM Gouvêa, CF Bernardes | Anestesia combinada e extubação precoce em paciente pediátrico | Revista Brasileira de Anestesiologia | 2001 | Anestesia pediátrica | Aprimoramento de anestesia |
ÁFL Sousa | Monitoramento de pacientes cirúrgicos no pós-alta: Avaliação de riscos | USP | 2020 | Monitoramento pós-alta | Identificação de riscos |
JIA Silva | Análise do perfil sociodemográfico de pacientes submetidos a imunoterapia | UFERSA | 2021 | Perfis clínicos | Planejamento imunoterapêutico |
ÁFL de Sousa | Monitoramento de pacientes cirúrgicos no pós-alta | ProQuest | 2020 | Monitoramento pós-alta | Supervisão de complicações |
CC Mussi, AJ Balloni | Avaliação de sistemas de informação em hospitais de Santa Catarina | Dialnet | 2014 | Avaliação de sistemas | Gestão hospitalar |
MS Greenberg | Manual de Neurocirurgia | Books.Google | 2019 | Guia clínico | Planejamento neurocirúrgico |
RF Locali et al. | Tratamento da persistência de canal arterial em recém-nascidos | SciELO | 2008 | Tratamento clínico | Correção de canal arterial |
AA Conde | Perfil de apresentação das cardiopatias em crianças e adolescentes | UFMG | 2010 | Perfis clínicos | Planejamento cirúrgico |
AGG de Sousa | Projeto e desenvolvimento de protótipo de instrumento cirúrgico | Vassouras | 2023 | Protótipo cirúrgico | Desenvolvimento de ferramentas |
RM Silva | SisCir-HUGG: desenvolvimento e implementação de sistema cirúrgico | UNIRIO | 2023 | Sistema de gestão cirúrgica | Melhoria de processos cirúrgicos |
TAR Pereira | Definição de uma biblioteca para avaliação de orelhas proeminentes | IPP | 2016 | Biblioteca de avaliação | Suporte à decisão clínica |
HR Fernandes | Preditores clínicos de broncoaspiração em crianças com cardiopatias | USP | 2019 | Preditores clínicos | Riscos pediátricos |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Os principais achados do quadro indicam que a maior parte dos estudos está centrada em tecnologias voltadas para a gestão hospitalar e o monitoramento clínico, destacando ferramentas que otimizam a tomada de decisões em saúde e a supervisão de complicações cirúrgicas. Tecnologias como o SisCir-HUGG e análises de monitoramento pós-alta são exemplos notáveis desse foco. Além disso, os dados predominantes revelam que muitas das tecnologias descritas envolvem ferramentas para planejamento cirúrgico, como bibliotecas para avaliação, protótipos cirúrgicos e suporte à decisão clínica, todas voltadas para melhorar a precisão, segurança e eficiência nos procedimentos pediátricos.
Outra observação relevante é a diversidade nas áreas de aplicação, que abrange desde a neurocirurgia até o tratamento de doenças cardíacas congênitas, evidenciando o amplo impacto dos sistemas de informação em diferentes especialidades médicas pediátricas. Além disso, destaca-se a ênfase em tecnologias que personalizam os cuidados em saúde infantil, como sistemas de monitoramento pós-alta, preditores de risco e bibliotecas para avaliação estética pediátrica.
A exploração de ferramentas de suporte à tomada de decisão, como descrito nos estudos de Castro (2006) e Perez (2006), demonstra a importância de soluções que impactem diretamente a eficiência e segurança dos procedimentos. A maioria dos estudos foi publicada na última década (2010–2023), refletindo um aumento no interesse por inovações tecnológicas em saúde pediátrica e pela integração de sistemas de informação.
Os tipos predominantes de tecnologia são ferramentas de gestão e monitoramento clínico, representando cerca de 40% das inovações descritas, além de tecnologias voltadas para predição de riscos clínicos e desenvolvimento de protótipos cirúrgicos. As aplicações mais comuns incluem planejamento cirúrgico, monitoramento pós-operatório e suporte à decisão clínica, alinhando-se às necessidades críticas do cuidado pediátrico.
Por fim, as publicações estão concentradas em bases acadêmicas renomadas, como SciELO, USP e UNIRIO, reforçando a qualidade e relevância das fontes utilizadas. Esses achados refletem o estado da arte em sistemas de informação voltados para o cuidado pediátrico, apontando avanços significativos, lacunas e tendências futuras no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para essa área específica.
Embora muitas das tecnologias descritas, como as relatadas por Castro (2006) e Perez (2006), destaquem a importância de ferramentas de suporte à decisão em saúde, os desafios de implementação e integração continuam sendo barreiras substanciais.
Primeiramente, a predominância de ferramentas de gestão e monitoramento clínico, como as descritas por Silva (2023) e Mussi e Balloni (2014), aponta para um foco claro em aprimorar a eficiência hospitalar. No entanto, a eficácia dessas soluções depende diretamente da interoperabilidade entre sistemas, um ponto frequentemente negligenciado na prática clínica. Sistemas fragmentados podem gerar redundâncias, atrasos e, em última instância, comprometer a segurança do paciente pediátrico. Este problema é especialmente preocupante em situações críticas, como no manejo de doenças cardíacas congênitas descrito por Chaves et al. (2020), onde decisões rápidas e integradas são essenciais.
Outro ponto de discussão é a escassez de tecnologias explicitamente projetadas para atender às especificidades pediátricas. Embora ferramentas como o SisCir-HUGG, relatadas por Silva (2023), e os preditores de risco descritos por Fernandes (2019) avancem na personalização do cuidado, ainda há uma lacuna considerável em soluções que considerem as dimensões emocionais e sociais do paciente pediátrico e de seus cuidadores. Este aspecto é destacado por Silva (2021), que enfatiza a necessidade de considerar fatores psicossociais na implementação de tecnologias clínicas.
Além disso, os estudos de Castro (2006) e Perez (2006) evidenciam que o sucesso das inovações tecnológicas em saúde está intrinsecamente ligado ao treinamento e à aceitação dos profissionais. Ferramentas altamente complexas, sem o devido suporte educacional, podem levar à subutilização ou uso inadequado, comprometendo os benefícios esperados. Nesse contexto, a abordagem educacional de tecnologias, como as descritas por Sousa (2023) no desenvolvimento de protótipos cirúrgicos, representa uma prática que deveria ser amplamente adotada.
A fragmentação nas áreas de aplicação também merece destaque. Embora os estudos abarquem áreas variadas, como neurocirurgia (Greenberg, 2019) e cardiologia pediátrica (Locali et al., 2008), há uma ausência de uma abordagem holística e integrada que unifique as diversas especialidades e permita um fluxo de informações mais eficiente. Essa falta de integração é ainda mais evidente no contexto das emergências cirúrgicas pediátricas, onde as barreiras tecnológicas podem significar a diferença entre o sucesso e o fracasso clínico.
Por fim, os estudos analisados ressaltam a necessidade de uma regulamentação robusta e adaptada às novas tecnologias. Ferramentas como as descritas por Sousa (2020) e Pereira (2016) enfrentam desafios éticos e legais, especialmente em relação à privacidade e proteção de dados sensíveis de crianças, um tema ainda pouco explorado na literatura é essencial para a aceitação e adoção ampla dessas tecnologias.
Dessa forma, embora os avanços tecnológicos representem um marco importante na saúde pediátrica, os desafios relacionados à implementação, interoperabilidade, personalização e treinamento permanecem como questões cruciais a serem resolvidas. Esses aspectos devem ser o foco de futuras pesquisas e políticas públicas para garantir que os sistemas de informação realmente contribuam para melhorar os cuidados com pacientes pediátricos submetidos a procedimentos cirúrgicos.
O primeiro gráfico, apresentado no formato de barras, demonstra a evolução do número de publicações sobre tecnologias em saúde pediátrica ao longo do tempo. Observa-se que há uma concentração de estudos publicados em anos recentes, como 2020 e 2023, refletindo um interesse crescente no desenvolvimento de inovações tecnológicas nessa área. Este aumento coincide com a expansão da adoção de ferramentas digitais e da inteligência artificial no setor de saúde.
Gráfico 1 – Evolução tempo das publicações relacionadas com a temática:
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Esse gráfico está diretamente relacionado ao objetivo do estudo, pois evidencia a tendência de crescimento na produção acadêmica e tecnológica, indicando que o tema está em ascensão. Isso sugere que há um reconhecimento cada vez maior da importância de sistemas de informação no contexto pediátrico. No entanto, o gráfico também aponta períodos de menor produção (como entre 2001 e 2010), indicando possíveis lacunas históricas que podem ter atrasado o avanço dessas tecnologias.
O segundo gráfico, no formato de barras agrupadas, explora a frequência de utilização de diferentes tipos de tecnologia em relação às suas áreas de aplicação. As ferramentas de gestão e monitoramento são as mais frequentemente associadas à tomada de decisão e ao monitoramento pós-operatório, enquanto protótipos cirúrgicos e bibliotecas clínicas estão mais ligados ao planejamento cirúrgico e treinamento clínico.
Esse gráfico contribui para identificar como as inovações tecnológicas estão sendo aplicadas na prática clínica pediátrica. Ele revela um alinhamento entre os tipos de tecnologia desenvolvidos e suas aplicações específicas, mas também evidencia lacunas. Por exemplo, ferramentas como preditores de risco ainda são subutilizadas em áreas críticas como o planejamento cirúrgico. Essa análise aponta para a necessidade de maior integração entre as inovações tecnológicas e as demandas clínicas, um aspecto central para o aprimoramento da segurança e eficiência dos procedimentos cirúrgicos pediátricos.
Gráfico 2 – Relação das tecnologias e suas aplicações:
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Os dois gráficos complementam-se ao fornecer perspectivas diferentes sobre o mesmo tema. O primeiro evidencia tendências temporais na produção acadêmica e tecnológica, enquanto o segundo explora a funcionalidade e aplicabilidade das inovações desenvolvidas. Ambos reforçam o objetivo do estudo ao destacar as áreas de maior desenvolvimento, as lacunas existentes e a relevância crescente do tema na saúde pediátrica. Juntos, eles oferecem uma base sólida para direcionar futuras pesquisas e políticas públicas voltadas para a integração eficaz de tecnologias nos cuidados pediátricos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo abordou o tema do desenvolvimento de sistemas de informação voltados para o acompanhamento de pacientes pediátricos em procedimentos cirúrgicos, com o objetivo de mapear inovações tecnológicas e identificar lacunas no campo. A análise dos estudos e patentes revelou avanços significativos na criação de ferramentas de gestão hospitalar, monitoramento clínico e preditores de risco, destacando o impacto dessas tecnologias na melhoria da segurança, eficiência e qualidade do cuidado pediátrico.
Apesar do progresso, o estudo apontou desafios persistentes. A fragmentação de sistemas de informação, a falta de interoperabilidade entre plataformas e a subutilização de tecnologias preditivas em áreas críticas, como planejamento cirúrgico, são obstáculos que comprometem a aplicação prática e ampla dessas inovações. Além disso, a ausência de soluções adaptadas às especificidades psicossociais do paciente pediátrico e de seus cuidadores indica a necessidade de uma abordagem mais humanizada no desenvolvimento tecnológico.
Os resultados apresentados demonstraram tendências temporais de crescimento na produção acadêmica e tecnológica, bem como a relação entre tipos de tecnologias e suas áreas de aplicação. Esses resultados reforçam a relevância crescente do tema e a necessidade de direcionar esforços para superar as barreiras identificadas.
Como implicações práticas, o estudo destaca a importância de investimentos em tecnologias integradas, treinamento de profissionais para uso adequado dessas ferramentas e a criação de políticas públicas que promovam a interoperabilidade e a segurança de dados sensíveis no contexto pediátrico. Futuras pesquisas devem focar em soluções personalizadas, que considerem as dimensões clínicas e emocionais do cuidado infantil, além de explorar novas aplicações de inteligência artificial e análise preditiva no contexto cirúrgico pediátrico.
Em síntese, o avanço de sistemas de informação voltados para o cuidado pediátrico representa um marco na transformação da saúde, mas ainda exige esforços coordenados para garantir sua plena eficácia. Este estudo contribui para ampliar o entendimento sobre o tema e aponta caminhos para pesquisas e iniciativas futuras, visando um cuidado mais seguro, eficiente e humanizado para pacientes pediátricos.
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1 (ORCID 0000-0001-6321-6528), graduação em Enfermagem, vinculada à Universidade Federal de Sergipe;
2 (ORCID 0000-0001-6366-358X), graduação em Enfermagem, vinculada à Universidade Federal de Sergipe;
3 (ORCID 0000-0002-4786-9243), graduação em Engenharia Elétrica, vinculado à Universidade Federal de Sergipe;
4 (ORCID 0000-0001-5244-5843), graduação em Medicina, vinculado à Universidade Federal de Sergipe;
5 Orientador: (ORCID 0000-0001-6076-9071), graduação em Engenharia Metalúrgica, vinculada à Universidade Federal de Sergipe;
6 Coorientador: (ORCID 0000-0002-2281-9426), graduação em Sistemas de Informação, vinculado à Universidade Federal de Sergipe.