SÍNDROMES DEMENCIAIS: OVERVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7890712


Ana Paula Lima da Silva1; Arielly Catarina Cibeiro de Queiroz2; Caroline Costa Raimundo3; Cinthia Dias de Brito Costa4; Deuber Peres Castilho5; Graciane Batista da Silva Farias6; Fábio Gonçalves Lima7; Janaína Santos Costa Lopes8; Jardel Pereira Ribeiro9; Juliana Balla Lucena10; Juliana Schneider Machiti11; Kassio Luiz Gilioli Schuh12; Kecyani Lima dos Reis13; Layene Alves dos Santos Madalena14; Larissa dos Santos Brandão15; Natália Duarte Silva16; Neyvaldo da Silva Lopes17; Raphael Alexandre Galletti18; Rayssa Barros Miranda19; Yanne Thais de Almeida Martins20


RESUMO

INTRODUÇÃO: Os problemas de saúde dos idosos são importantes. Referem-se a prejuízos, principalmente, de visão, audição e os de demências; estas, por sua vez, podem comprometer seriamente a autonomia dos indivíduos. As demências hoje acometem parte da população pré-senil e senil de todo o mundo; além disso, sua incidência vem crescendo assustadoramente. É de extrema importância conhecer melhor essas patologias, no sentido de buscar novas formas de tratamento visto que as demências não dispõem de uma terapêutica de cura. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo exploratório qualitativo, descritivo realizado por meio de revisão bibliográfica. Realizou-se uma busca na literatura referente às Síndromes Demenciais. Em sendo um artigo de revisão bibliográfica, que aborda e descreve as demências a partir das evidências obtidas em publicações científicas, procura-se aqui oferecer, de forma simplificada e compreensiva, algumas diretrizes a respeito do assunto. DESENVOLVIMENTO: A Demência por Corpos de Lewy pode ser confundida e/ou associada à Parkinson. O que deve ser de extrema importância é a diferenciação no diagnóstico do paciente. A demência Frontotemporal é caracterizada por uma síndrome neuropsicológica marcada pela disfunção dos lobos frontais e temporais, associada geralmente à atrofia destas estruturas e com uma parcial preservação das regiões cerebrais posteriores. O termo Demência Vascular tem ampla conotação, referindo-se a quadros demenciais causados pelas Doenças Cerebrovasculares, que podem ser aceitos como fatores desencadeantes para a evolução das demências. A Doença de Alzheimer é representada por respostas cognitivas desadaptadas, devido a seu comprometimento cerebral extenso. O comprometimento cognitivo é responsável pela perda da autonomia e capacidade decisória, além de afetar o funcionamento ocupacional e social de cada indivíduo. CONCLUSÃO: O presente trabalho realizou uma revisão de literatura acerca das principais demências que acometem o idoso, abordando os aspectos clínicos, diagnóstico e conduta terapêutica. As demências possuem origem multifatorial e são consideradas um problema de saúde pública com grande impacto nos gastos de saúde.

Palavras Chaves: Idosos, Demências, conduta terapêutica.

1 INTRODUÇÃO

É crescente a atenção dada ao idoso. A World Health Organization – WHO (Organização Mundial da Saúde – OMS) estabelece a idade de 65 anos como sendo o início da senescência, para os países desenvolvidos, e 60, para os em desenvolvimento (CANÇADO,1994).

 Proporcionalmente, a faixa etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce. As projeções estatísticas destacam que o número de idosos brasileiros no período de 1950 a 2025 terá aumentado em quinze vezes, enquanto o restante da população, em cinco, embora essa mudança nem sempre seja acompanhada de uma melhora na qualidade (CERQUEIRA,2002).

Nesse sentido, há uma crescente preocupação dos profissionais da área da saúde com a qualidade de vida (QV) de seus pacientes (SCHLINDWEIN,2007).

Os problemas de saúde dos idosos são importantes. Referem-se a prejuízos, principalmente, de visão, audição e os de demências; estas, por sua vez, podem comprometer seriamente a autonomia dos indivíduos (IZQUIERDO,2002).

As síndromes demenciais podem ser classificadas em duas categorias: degenerativas e não degenerativas. As demências não degenerativas são decorrentes de acidentes vasculares, processos infecciosos, traumatismos, deficiências nutricionais, tumores, dentre outras patologias. Já as demências degenerativas têm sua origem predominantemente cortical, como a Doença de Alzheimer (DA); e subcortical, como a doença de Huntington. Esta divisão entre demência cortical e subcortical é baseada na localização da lesão da enfermidade (ALLEGRI, 2001) e (GORZONI, PIRES, 2006).

As perdas cognitivas decorrentes das demências são mais prevalentes na população feminina, entre indivíduos com baixa escolaridade que não praticam atividade física, aqueles de baixa condição econômica com idade avançada e em situação de fragilidade. Outros fatores de risco associados à demência são: hipertensão arterial, diabetes mellitus, depressão e a baixos níveis de vitamina D, sendo o último um fator modificável (MACÊDO,2012).

A depressão é uma doença de alta incidência no idoso, devido à própria percepção de sua crescente incapacidade física, do enfraquecimento de seus poderes cognitivos (especialmente o da memória) e das perdas concretas, como amigos, parentes, condição econômica e possibilidades de trabalho. No Brasil, em idosos que vivem na comunidade, a prevalência de demência varia de 1,6%, entre as pessoas com idade de 65 a 69 anos, a 38,9%, naqueles com mais de 84 anos. Assim, nota-se a importância de estudos sobre este tema (HERRERA,1998).

O desenvolvimento dos sintomas traz limitações importantes para a vida diária do paciente; no entanto, as dificuldades cognitivas não são as únicas causas do sofrimento de tais pacientes e de seus cuidadores. Distúrbios emocionais e de comportamento são observados concomitantemente, incluindo sintomas, como alteração de humor (sintomas depressivos, euforia, labilidade emocional), delírios, alucinações, apatia, irritabilidade, desinibição, ansiedade, reações catastróficas, agressividade verbal e física, comportamento estereotipado, andar incessante, insônia, alterações no apetite, e do comportamento sexual (CARAMELLI, BARBOSA, 2002).

 Os critérios para o diagnóstico incluem o comprometimento da memória e, ao menos, outro distúrbio cognitivo como: apraxia, agnosia, e afasia, que interferem diretamente na autonomia do indivíduo. O diagnóstico diferencial de demência exige a constatação da deterioração ou declínio cognitivo em relação à condição prévia do indivíduo (ABREU, FORLENZA, BARROS, 2005). 

A abordagem do paciente com demência inclui uma avaliação e monitoramento das habilidades cognitivas, além da capacidade de desenvolver atividades diárias, devido às alterações de comportamento e da gravidade global do quadro (ABREU et al., 2005) e (SMITH, 1999). 

O diagnóstico etiológico se baseia em exames laboratoriais, de neuroimagem, sendo importante contar com a constatação do perfil neuropsicológico característico. Esses aspectos são importantes para o diagnóstico diferencial das demências, do qual fazem parte a Demência do Corpo de Lewy (DCL), Demência Frontotemporal (DFT), Demência Vascular (DV) e Doença de Alzheimer (DA) (CARAMELLI, BARBOSA, 2002) e (GALLUCCI, TAMELINI, FORLENZA, 2005).

As demências hoje acometem parte da população pré-senil e senil de todo o mundo; além disso, sua incidência vem crescendo assustadoramente. É de extrema importância conhecer melhor essas patologias, no sentido de buscar novas formas de tratamento visto que as demências não dispõem de uma terapêutica de cura. O presente trabalho busca realizar uma revisão da literatura pertinente acerca das Síndromes Demenciais do idoso e sua avaliação neuropsicológica, especialmente relacionados à demência, sugerindo procedimentos úteis no atendimento deste paciente.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo exploratório qualitativo, descritivo realizado por meio de revisão bibliográfica. Realizou-se uma busca na literatura referente às Síndromes Demenciais. Em sendo um artigo de revisão bibliográfica, que aborda e descreve as demências a partir das evidências obtidas em publicações científicas, procura-se aqui oferecer, de forma simplificada e compreensiva, algumas diretrizes a respeito do assunto. O raciocínio embasou-se em assertivas e evidências publicadas em periódicos científicos especializados na temática. Realizou-se pesquisa eletrônica na base da Biblioteca Virtual de Saúde, onde foram levantados artigos científicos e resumos de livros, assim como tratados publicados nos últimos dez anos.

Foi utilizado, como expressão de busca, o termo “Demência”, palavra essa que foi consultada no DeCS (Descritores em Ciência e Saúde), vocabulário estruturado para uso na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos e outros tipos de materiais, assim como para utilização na pesquisa e recuperação de assuntos da literatura científica na base da Biblioteca Virtual de Saúde.

Por tratar-se de uma pesquisa que utilizou dados secundários disponíveis em bases de domínio público, não foi necessário a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, contudo, assegura-se por parte dos pesquisadores aspectos éticos, garantindo a autoria dos artigos pesquisados, sendo utilizado para citações e referências dos autores as normas da Associação Brasileiras de Normas Técnicas – ABNT.

2 DESENVOLVIMENTO

Demência por Corpos de Lewy (DCL) 

Está associada à terceira causa mais frequente de demência. É caracterizada por quadros em que ocorrem flutuações dos déficits cognitivos em questão de minutos ou horas, alucinações visuais bem detalhadas ou claras, vividas e recorrentes; com sintomas parkinsonianos leves, sintomas esses que não respondem bem à medicação antiparkinsoniana, já que os pacientes normalmente não apresentam tremor, mas apresentam rigidez e distúrbio na marcha (CARVALHO, 2000).Dentre as manifestações acima citadas, pelo menos duas devem ocorrer para haver o diagnóstico provável de DCL (CARAMELLI, BARBOSA, 2002).

 No entanto, nas fases iniciais ocorre relativa preservação da memória que, com a progressão da doença, acabará comprometida. Os eventos patológicos que acontecem nesse tipo de demência são os corpúsculos de Lewy, sendo inclusões intracitoplasmáticas e osinofílicas hialinas, encontradas no córtex cerebral, no tronco encefálico, espaços neocorticais. Podem ocorrer outros eventos patológicos relacionados à Doença de Alzheimer, como as placas senis e uma menor extensão de emaranhados neurofibrilares (MACHADO, 2006) e (GALLUCCI et al., 2005). 

A Demência por Corpos de Lewy pode ser confundida e/ou associada à Parkinson. O que deve ser de extrema importância é a diferenciação no diagnóstico do paciente (CARAMELLI, BARBOSA, 2002).

Demência Frontotemporal (DFT) 

É caracterizada por uma síndrome neuropsicológica marcada pela disfunção dos lobos frontais e temporais, associada geralmente à atrofia destas estruturas e com uma parcial preservação das regiões cerebrais posteriores. A DFT tem início insidioso e caráter progressivo, com um discreto comprometimento da memória episódica, mas com importantes alterações comportamentais, de personalidade e alterações na linguagem. As alterações comportamentais podem ser: isolamento social, apatia, perda de crítica, desinibição, impulsividade, irritabilidade, inflexibilidade mental, sinais de hiper oralidade, descuido da higiene corporal, sintomas depressivos, estereotipias motoras, exploração incontida de objetos no ambiente, distrabilidade (GALLUCCI et al., 2005).O início dos sintomas ocorre antes dos 65 anos, havendo a presença de paralisia bulbar, acinesia, fraqueza muscular e fasciculações, que dão suporte ao diagnóstico diferencial da DFT.

O importante na DFT, é que fazem parte desta patologia a doença de Pick, a degeneração dos Lobos Frontais, a demência associada ao neurônio motor (esclerose lateral amiotrófica) e também a Demência Semântica (MACHADO, 2006) e (CARAMELLI, BARBOSA, 2002). 

Nestes três primeiros tipos, ocorre o comprometimento de funções executivas, com relativa preservação da memória. Já no último, caso da Demência Semântica, há perda progressiva do reconhecimento visual, esquecimento do significado das palavras, com anomia (incapacidade de lembrar alguns nomes de objetos), comprometimento em testes de nomeação, na fluência verbal e categorização semântica. Os diagnósticos diferenciais das formas desse tipo de demência baseiam-se na história clínica, no exame neurológico, e na identificação do perfil característico à avaliação neuropsicológica (CARVALHO, 2000). 

O que determina a diferenciação da degeneração dos lobos frontais com a da doença de Pick, é que esta é uma forma de degeneração cerebral envolvendo massa cinzenta e branca, com áreas de atrofia ocorrendo predominantemente nos lobos frontal e temporal, tem curso variável, acomete principalmente pessoas de 45 a 65 anos, sendo para seu diagnóstico necessária a aplicação dos seguintes critérios: o da demência progressiva, da predominância de características frontais como euforia, deterioração do comportamento afetivo e social, apatia ou inquietação, podendo ainda ter precedente de comprometimento da memória (CARVALHO, 2000). 

Os exames de neuroimagem estrutural costumam revelar a localização da atrofia frontotemporal, e participar amplamente do diagnóstico deste tipo de demência (BOTTINO,2003).

Demência Vascular (DV)

 O termo Demência Vascular tem ampla conotação, referindo-se a quadros demenciais causados pelas Doenças Cerebrovasculares, que podem ser aceitos como fatores desencadeantes para a evolução das demências. Estão associados a lesões tromboembólicas, estados lacunares em lesões únicas de locais cerebrais, demências associadas a lesões extensas da substância branca, angioplastia amilóide e demência por acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos (ENGELHARDT et al., 2001).

DV pode ser classificada como a segunda maior causa de quadros demenciais. Tipicamente, a doença apresenta um início mais agudo que a DA, com curso de deterioração em degraus, com períodos abruptos seguidos de períodos de estabilidade. É importante saber que os pacientes que apresentam essa demência possuem lesões do tipo subcortical, ou seja, degenerativas, nos quais os sintomas primários são os déficits nas funções executivas ou focais múltiplas (GALLUCCI et al., 2005). 

A apresentação clínica da DV depende da causa e da localização do infarto cerebral, sendo que os fatores de riscos para ela são os mesmos relacionados aos processos de aterogênese e doenças relacionadas à: idade, hipertensão, diabetes, tabagismo, doenças cardiovasculares e cerebrais, dislipidemias, dentre outros (MACHADO et al., 2006).

Os infartos lacunares frequentemente ocorrem com disartria, disfagia e labilidade emocional, marcha de “petits pas” (marcha característica dessa demência) e bradicinesia. Por outro lado, os pacientes com lesões vasculares no córtex cerebral apresentam afasia, apraxia e distúrbios visuoespaciais (CARVALHO, 2000). 

O diagnóstico da DV se baseia em história clínica, avaliação neuropsicológica e exames de neuroimagem. É difícil diferenciar a DV da doença de Alzheimer. Os principais determinantes desta diferença entre a DA e a DV são que nesta última deve haver história prévia de DVE, sintomas neurológicos focais (hemiparesia, ataxia, hemianopsia, e/ou alterações como afasia e heminegligência) (CARAMELLII, BARBOSA, 2002). 

Durante o curso da doença existe a preservação da personalidade até os estágios avançados. Ressalva importante pode ocorrer na Demência Mista, que é uma entidade nosológica caracterizada pela ocorrência simultânea de características e sintomas da Doença de Alzheimer e da Demência Vascular (GALLUCCI et al., 2005).

Doença de Alzheimer (DA)

 A Doença de Alzheimer é a causa de maior prevalência no grupo etário pré-senil e senil, e seu aumento gradual é observado com o envelhecimento da população (ENGELHADDT et al., 2001).

A DA é representada por respostas cognitivas desadaptadas, devido a seu comprometimento cerebral extenso. (Luzardo, Gorini & Silva, 2006). O comprometimento cognitivo é responsável pela perda da autonomia e capacidade decisória, além de afetar o funcionamento ocupacional e social de cada indivíduo (DOURADO, 2006) & (FORLENZA, 2005). 

Quanto ao curso clínico, a DA tem um início insidioso e de deterioração progressiva. O prejuízo de memória é o evento clínico de maior magnitude inicialmente (ALLEGRIl, 2001). 

Pode ser dividida em três estágios: inicial, com duração de dois a três anos, com sintomas vagos e difusos, em que há perda de memória episódica e grande dificuldade de aprendizagem de novos eventos (GALLUCCI et al., 2005). 

Evoluindo gradualmente, levando a prejuízos mais sérios em outras funções cognitivas: como o julgamento, raciocínio, habilidades visuoespaciais (CARVALHO, 2000) e (TEXEIRA & CARAMELLI, 2006). 

Nos estágios intermediários, com duração de dois a dez anos, ocorrerá progressivamente uma afasia fluente (alteração ou perda da capacidade de falar ou de compreender a linguagem falada e/ou escrita), agnosia (dificuldade na nomeação de objetos e na forma de expressar ideias e palavras), e apraxia (incapacidade de executar movimentos voluntários coordenados, embora as funções musculares e sensoriais estejam conservadas). Sintomas extrapiramidais podem ocorrer como: alterações na postura, aumento no tônus muscular, comprometimento da marcha e desequilíbrio (ALMEIDA, 1997).

 Nos estágios terminais, de oito a doze anos, todas as funções cerebrais estão amplamente afetadas, verificando-se alterações marcantes no ciclo sono-vigília, alterações comportamentais, irritabilidade, agressividade, sintomas psicóticos, incapacidade para deambular, falar e realizar cuidados pessoais, ou seja, com progressiva deterioração da memória e da execução das atividades de vida diária (AVD), o que insere a DA entre os quadros progressivos irreversíveis. Podem aparecer sinais e sintomas neurológicos grosseiros, como hemiparesia espástica, rigidez importante e deterioração corporal que é surpreendentemente rápida, apesar do apetite preservado (MANSUR et al., 2005).

É importante ressaltar que o tempo de progressão da demência é variável de acordo com cada indivíduo, podendo muitas vezes não preencher as medianas temporárias acima citadas nos estágios iniciais, intermediários e terminais. De acordo com a idade do paciente e dos fatores de riscos, existem diferentes tipos de neurodegeneração que acometem regiões cerebrais distintas. As principais alterações cerebrais características da DA são: placas senis ou neuríticas e os emaranhados neurofibrilares (FORLENZA, 2005). 

Uma característica dessa demência é o declínio da memória decorrente da depleção da acetilcolina nos núcleos basais de Meynert e da atrofia do lobo temporal, principalmente na formação hipocampal (CHRISTOFOLETTI et al., 2006).

Diagnóstico das Demências

O diagnóstico diferencial das demências se baseia na história clínica, exames laboratoriais e de imagem, exame neuropatológico, diferenciação do perfil característico à avaliação neuropsicológica.

O diagnóstico das demências é pautado em bases clínicas, devendo os profissionais atentar para os critérios de uma classificação da doença, podendo estar estes dentro dos seguintes parâmetros: 

– POSSÍVEL – de curso atípico ou associado a outros fatores causais para demência.

– PROVÁVEL – com distúrbio de memória associado a uma ou mais funções cognitivas afetadas. Cujos achados clínicos são confirmados com o exame anatomopatológico, conforme a topografia da demência (MANSUR et al., 2005). 

O diagnóstico diferencial das demências se baseia na história clínica, nos exames laboratoriais e de imagem, no exame neurológico, na diferenciação do perfil característico à avaliação neuropsicológica (CARAMELLI, BARBOSA, 2002).

 Exames laboratoriais realizados são geralmente os seguintes: hemograma completo, concentração sérica de ureia, creatinina, tiroxina (T4) livre, hormônio tireóideo-estimulante (TSH), albumina, enzimas hepáticas (TGO, TGP, Gama – GT), vitamina B12 e cálcio, reações sorológicas para sífilis e HIV.O exame do LCR (líquor céfalo-raquidiano) é indicado na investigação de demência no início pré-senil (antes do 65 anos), apresentação ou curso clínico atípico, hidrocefalia comunicante, e quando houver suspeita inflamatória ou infecciosa do SNC.

A Tomografia Computadorizada (TC), ou preferencialmente a Ressonância Magnética (RM), deve ser realizada com a finalidade de excluir outras possibilidades diagnósticas, além de comorbidades. O SPECT (Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único) não é recomendado rotineiramente, mas pode auxiliar no diagnóstico de outras demências, em especial as de forma degenerativa, como Doença A,Demência FrontoTemporal, Demência Corpos Lewy e Degeneração córtico-basal. (Nitrini et al., 2005). 

A Eletroencefalografia (EEG) é recomendada como método auxiliar, principalmente quando o diagnóstico permanecer em aberto após avaliações clínicas iniciais, situação essa em que o EEGq (quantitativo) pode ser útil. (NITRINI et al., 2005) e (BAZZARELLA, 2003). 

No caso de demências degenerativas, os exames laboratoriais são normais e os de neuroimagem revelam atrofia cortical, embora inespecífica, podendo apresentar topografia sugestiva (CARAMELLI & BARBOSA, 2002).

Tratamento

O tratamento da demência depende da sua causa. A maioria das demências é progressiva e culmina na morte (e.g. doença de Alzheimer), não havendo atualmente cura ou tratamento que impeça a sua progressão. Existem tratamentos farmacológicos que permitem estabilizar temporariamente e atrasar o declínio cognitivo, especialmente em fases mais iniciais da síndrome. Existem também medicamentos destinados a aspetos como a agitação ou sintomatologia depressiva (ESCHER, JESSEN, 2019).

 Contudo, mudanças positivas na sintomatologia psicológica e comportamental resultam com maior frequência de tratamentos não-farmacológicos. Efetivamente, existem diferentes abordagens psicossociais destinadas a promover o bem-estar físico, psicológico e social do doente e seus familiares e cuidadores. Estas podem promover o relaxamento e tranquilidade do doente, a estimulação das suas capacidades para atrasar o declínio associado à síndrome, assim como podem facilitar o desempenho diário do doente e prestação de cuidados através do aconselhamento e sugestão de modificações ambientais. A promoção da formação, apoio constante e descanso do cuidador é também um aspecto fundamental para melhorar a qualidade de vida de todos os afetados pela demência (World Health Organization,2012).

O tratamento para demências inclui a administração de medicamentos que atuam aumentando alguns neurotransmissores no cérebro, como acetilcolina, serotonina e noradrenalina. Também há benefícios relacionados a sintomas neuropsiquiátricos da doença, como ansiedade, depressão e insônia. No entanto, este uso varia conforme o tipo de demência, pois algumas delas podem ter seus efeitos agravados pelo uso de certas substâncias, como é o caso da Doença de Parkinson e da Demência de Corpos de Lewy. Por exemplo, o uso de antipsicóticos nessas duas doenças podem piorar os sintomas parkinsonianos e o quadro cognitivo (CARAMELLI, P et al., 2022).

Um ponto fundamental do tratamento para demências é realizado por intervenções não farmacológicas que ajudam na reabilitação cognitiva dos pacientes. Elas são realizadas por meio de estratégias de compensação, isto é, estímulo das regiões não afetadas, exercícios de aprendizagem e conscientização. Também envolve a psicoeducação da família e cuidadores para lidar com algumas dificuldades que podem estar presentes no convívio, como agressividade, agitação, irritabilidade e outros. Este tipo de tratamento, quando realizado com frequência e iniciado no começo da doença, costuma apresentar bons resultados. Isto proporciona mais autonomia ao paciente e melhora significativamente sua qualidade de vida (CARAMELLI et al., 2022).

3 CONCLUSÃO

O presente trabalho realizou uma revisão de literatura acerca das principais demências que acometem o idoso, abordando os aspectos clínicos, diagnóstico e conduta terapêutica. As demências possuem origem multifatorial e são consideradas um problema de saúde pública com grande impacto nos gastos de saúde. Neste estudo os fatores associados à demência foram: a vitamina D, depressão, hipertensão arterial e idade acima dos 80 anos. Conhecer e entender esses fatores auxiliam na clínica médica, no diagnóstico e no tratamento de idosos dementados.

Atualmente não há tratamento curativo específico para as demências neurodegenerativas ou para a demência vascular, mas algumas intervenções farmacológicas e não farmacológicas podem contribuir para aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. As abordagens terapêuticas atuais são baseadas na etiologia, no perfil dos sintomas e no estágio da demência. Considerando que os efeitos dos tratamentos disponíveis são modestos e que não existem terapias medicamentosas específicas aprovadas até o momento, a prevenção da demência é um princípio fundamental.

As demências ainda precisam ser muito estudadas e conhecidas pela sociedade; afinal, por mais que existam estudos em vários âmbitos dessas patologias, a grande maioria deles ainda não se apresenta de forma inteiramente completa a respeito do assunto.

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1discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
2discente do curso de medicina pelo centro universitário faculdades integradas aparício carvalho-fimca
3discente do curso de medicina pela faculdade metropolitana de manaus – fametro
4discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
5discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
6discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
7graduado em direito e advogado, oab/ma, desde o ano de 2007. atualmente está trabalhando com foco em direito público. discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa.
8enfermeira graduada pela universidade do estado do pará – uepa com habilitação em médico cirúrgica, saúde pública e obstetrícia (1999).especialização em administração dos serviços de saúde – (unaerp – 2000). especialização em epidemiologia para a gerência dos serviços de saúde/ marabá (uepa -2001). especialização em auditoria, planejamento e gestão em saúde – (faculdade laboro -2019). enfermeira concursada pela prefeitura municipal de marabá desde 2001. atualmente atuando como enfermeira auditora em saúde. discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa.
9discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa, vice-presidente da liga acadêmica da dor e cuidados paliativos do sul e sudeste do pará, lador– facimpa- pa, e monitor do eixo de habilidades e atitudes médicas, ham ii, facimpa- pá.
10discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
11discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa
12discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa
13enfermeira mestra pelo mestrado em cirurgia e pesquisa experimental pela universidade do estado do pará – cipe (uepa-2018), graduação em enfermagem pelo instituto de ensino superior do sul do maranhão (2008). atualmente é enfermeira assistencial da prefeitura municipal de marabá. discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa, diretora científica da liga acadêmica de diagnóstico sindrômico ladis – facimpa e diretora de iniciação científica da liga acadêmica de crescimento e desenvolvimento infantil na amazônia – lacdia- facimpa.
14graduação em enfermagem pelo instituto tocantins presidente antônio carlos (2006). pós – graduação em enfermagem obstétrica e neotologia -inesul (2009). enfermagem do trabalho – são camilo (2012). atualmente é enfermeira obstetra do hmi do município de marabá -pa. discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
15discente do curso de medicina pela faculdade metropolitana de manaus – fametro
16discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa
17discente do curso de medicina da faculdade de ciências médicas do pará – facimpa
18discente do curso de medicina pela faculdade de ciências médicas do pará-facimpa
19cirurgiã dentista, graduada em odontologia pela fundação unirg – centro universitário unirg – gurupi/ to (2016). atualmente discente do curso de medicina do instituto tocantinense presidente antônio carlos – itpac palmas.
20discente do curso de medicina pela faculdade metropolitana de manaus – fametro