POST-COVID-19 SYNDROME: SCOPING REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7840606
Carine Vitória Lemes Ferreira1
Esther Sampaio Fontenele2
Darlene Andrade Oliveira3
Daislaine de Jesus Lima4
Kellyanne Pessoa Lima5
Maria Ramonielly Feitosa Rodrigues Carvalho6
Mirian Santos Silva Conceição7
Alexandre Gois dos Santos8
Milene dos Santos Basilio de Oliveira9
Gleison Lucas Santos do Nascimento10
Douglas de Oliveira Subrinho11
Elder santos freiras12
Ana Beatriz de Melo Calado13
Gabriele Lopes do Rosário14
Érica Motta Moreira de Souza15
Carlos Henrique Nunes Pires16
RESUMO
Introdução: A síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 além de causar a doença aguda de COVID-19, após a recuperação pode deixar sintomas persistentes, ou seja, a síndrome pós-COVID-19 (PCS), também conhecida como longo COVID-19, comumente usados para descrever sintomas crônicos da infecção por SARS-CoV-2. A PCS é definida como a persistência dos sintomas por mais de 12 semanas após a infecção pelo vírus. Objetivo: Tem-se como objetivo deste estudo identificar os principais sintomas crônicos de longo prazo do COVID-19 que persistem por meses após a infecção. Além disso, busca-se entender a semelhança da PCS com a ME/CFS. Metodologia: Trata-se de um estudo de Scoping Review, de acordo com a metodologia de revisão proposto pelo Instituto Joanna Briggs. A amostra final totalizou em 08 estudos selecionados. A revisão de escopo foi realizada a partir das seguintes questões de pesquisa: Quais são os principais sintomas crônicos adquiridos após infecção por COVID-19? Está realmente associado com a síndrome da fadiga crônica/encefalomielite miálgica? Resultados: Identificaram-se que não há uma diferença significativa nas características clínicas/inflamatórias entre a PCS e ME/CFS. Entre os principais sintomas incluem fadiga, mal-estar pós-esforço, comprometimento cognitivo, distúrbios do sono, tontura, dor e alterações de humor em ambos os grupos. Evidenciou-se também que a duração média dos sintomas após COVID-19 foi maior na presença de outras comorbidades prévia à infecção. São mais frequentes em mulheres do que em homens. Conclusão: Destarte, esta revisão de escopo respondeu ao longo da pesquisa as questões norteadoras supracitadas. A persistência de sintomas de longo prazo em alguns pacientes com COVID-19 abriu uma nova linha de pesquisa sobre os mecanismos subjacentes à ME/CFS. Esta revisão avalia a qualidade dos estudos de maneira minuciosa e fornece informações valiosas sobre as evidências.
Palavras-chave: Síndrome Pós-COVID-19 Aguda; COVID de Longo Curso; Síndrome de Fadiga Crônica/ Encefalomielite Miálgica.
ABSTRACT
Introduction: Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 in addition to causing the acute illness of COVID-19, after recovery can leave persistent symptoms, that is, the post-COVID-19 syndrome (PCS), also known as long COVID-19, commonly used to describe symptoms of SARS-CoV-2 infection. PCS is defined as the persistence of symptoms for more than 12 weeks after a virus infection. Objective: The aim of this study is to identify the main affected long-term symptoms of COVID-19 that persist for months after an infection. In addition, we seek to understand the similarity between PCS and ME/CFS. Methodology: This is a Scoping Review study, in accordance with the review methodology proposed by the Joanna Briggs Institute. The final sample totaled 08 selected studies. A scoping review was performed based on the following research questions: What are the main inflammatory symptoms acquired after COVID-19 infection? Are you really associated with chronic fatigue syndrome/myalgic encephalomyelitis? Results: It was identified that there is no significant difference in the characteristics/inflammatory between PCS and ME/CFS. Among the main symptoms include fatigue, post-exertion malaise, cognitive impairment, sleep disturbances, disability, pain and mood changes in both groups. It was also evident that the average duration of symptoms after COVID-19 was longer in the presence of other comorbidities prior to the infection. They are more common in women than in men. Conclusion: Thus, this scope review responded throughout the research to the aforementioned guiding questions. The persistence of long-term symptoms in some COVID-19 patients has opened up a new line of research into the switches underlying ME/CFS. This review thoroughly assesses the quality of the studies and provides valuable insight into the evidence.
Keywords: Acute Post-COVID-19 Syndrome; Long Haul COVID; Chronic Fatigue Syndrome/Myalgic Encephalomyelitis.
1. Introdução
A síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2), ficou conhecida como o novo coronavírus, surgiu em Wuhan na China em 2019, em meados de março de 2020 atingiu níveis de infecção pandêmica mundial, com impactos na vida social, econômica e nos sistemas de saúde, sendo declarada, portanto, como emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença aguda por coronavírus 2019 (COVID-19) causou muitos casos de pneumonia e levou a várias complicações, como insuficiência respiratória e de múltiplos órgãos (Salzberger et al., 2021). Segundo a OMS o COVID-19 causou 3,97 milhões de mortes e mais de 183 milhões de casos confirmados impactando a vida e a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo. Dentre os sintomas da COVID-19 incluem: falta de ar, tosse, mialgias, distúrbios do paladar e do olfato, fadiga, febre, calafrios e, menos comumente, rinite, sintomas gastrointestinais, comprometimento cognitivo, distúrbios do sono, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, dores musculares, dificuldades de concentração e dores de cabeça (Preda-Naumescu et al, 2021).
Além da doença aguda de COVID-19, após a recuperação pode deixar sintomas persistentes, ou seja, a síndrome pós-COVID-19 (PCS), também conhecida como longo COVID-19, comumente usados para descrever sintomas crônicos da infecção por SARS-CoV-2. A PCS é definida como a persistência dos sintomas por mais de 12 semanas após a infecção pelo vírus. Os sintomas persistentes após a infecção são reconhecidos também como sintomas longos de COVID ou sequelas pós-agudas de COVID-19. Dentre os sintomas mais comuns relatados em estudos estão a fadiga crônica (FC) e a dispneia (ou seja, falta de ar) (Szewczykowski, et al., 2022). Além disso, os sintomas persistentes devido à disfunção de múltiplos órgãos podem incluir deficiências neurocognitivas (nevoeiro cerebral, perda de atenção), sintomas autonômicos (dor no peito, palpitações, taquicardia), problemas gastrointestinais, problemas musculoesqueléticos (mialgia), disfunção do olfato e paladar, tosse, dor de cabeça e perda de cabelo (Fernández-De-Las-Peñas et al, 2021).
Embora muitas pessoas se recuperam da infecção por COVID-19, é provável que desenvolvam a PCS, com sintomas persistentes semelhantes aos da encefalomielite miálgica / síndrome da fadiga crônica (ME/CFS) após a alta hospitalar persistindo por meses após a infecção, condição esta potencialmente comórbida. Desta forma, a infecção prolongada pode afetar múltiplos órgãos, incluindo os sistemas respiratório, cardiovascular, neurológico, gastrointestinal e musculoesquelético (Tenforde et al, 2020). No entanto, os mecanismos subjacentes ao PCS e ME/CFS permanecem obscuros.
Tem-se como objetivo deste estudo identificar os principais sintomas crônicos de longo prazo do COVID-19 que persistem por meses após a infecção. Além disso, busca-se entender a semelhança da PCS com a ME/CFS.
2. Metodologia
Trata-se de um estudo de Scoping Review, de acordo com a metodologia de revisão proposto pelo Instituto Joanna Briggs (Aromataris, 2017). Este método visa mapear, sintetizar e disseminar os principais conceitos de uma área temática, fornecendo uma visão descritiva dos estudos revisados. Neste estudo, a revisão de escopo foi realizada a partir das seguintes questões de pesquisa: Quais são os principais sintomas crônicos adquiridos após infecção por COVID-19? Está realmente associado com a síndrome da fadiga crônica/encefalomielite miálgica?
A revisão foi construída seguindo as seguintes etapas: 1. elaboração das questões norteadoras de pesquisa e definição dos descritores de busca; 2. pesquisa bibliográfica em bases de dados; 3. leitura dos títulos e resumos dos artigos para seleção de acordo com os critérios de inclusão e exclusão; 4. leitura na íntegra dos estudos selecionados que respondiam à questão norteadora e mapeamento dos dados; 5. análise crítica dos resultados; 6. apresentação dos principais resultados.
Neste sentido, o levantamento dos dados bibliográficos foi realizado na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), obtendo-se dados das bases MEDLINE e LILACS, com os descritores: Síndrome Pós-COVID-19 Aguda; COVID de Longo Curso; Síndrome de Fadiga Crônica/ Encefalomielite Miálgica da base de Descritores em Ciências da Saúde (DecS). Junto aos descritores foram empregados os termos booleanos: AND, OR e NOT para obter resultados de pesquisa mais precisos e relevantes (Santos, 2007; JBI, 2014).
Dos estudos encontrados, foram incluídos estudos nos idiomas inglês, espanhol e português; com abordagem quantitativa, qualitativa e quanti qualitativa. Consideraram-se apenas artigos publicados no período de 2021 a 2023.
Dos 73 estudos encontrados, após leitura exaustiva dos títulos e resumos dos artigos, 40 foram selecionados por preencherem os critérios de inclusão estabelecidos. Entre os selecionados, 32 foram excluídos por estarem por não contemplarem em sua totalidade o tema. Os 08 estudos restantes foram analisados e incluídos na pesquisa. Nesta revisão, a amostra final totalizou em 08 estudos selecionados. O processo de busca e seleção dos estudos desta revisão está apresentado no fluxograma (Figura 1), conforme recomendações do JBI e seguindo o checklist do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).
Figura 1. Fluxograma de seleção de estudo e processo de inclusão
Fonte: Elaboração própria
3. Resultados e discussão
Diante dos 73 artigos identificados em busca na literatura, foram selecionados 8 para compor a pesquisa. A seguir no Quadro 1, está apresentado, em resumo, os estudos analisados destacando autores, ano de publicação, objetivos, os respectivos desfechos e país do estudo.
Quadro 1. Estudos encontrados conforme ano de publicação, autoria, título, objetivo, conclusão e país do estudo.
Autor/Ano de publicação | Título | Objetivo | Desfechos da pesquisa | País doEstudo |
MAZURKIEWICZ et al., 2023 | Evolução da fadiga em pacientes previamente hospitalizados por COVID-19. | Avaliar o curso oportuno da fadiga e seus possíveis preditores em pacientes previamente hospitalizados devido à infecção por SARS-CoV-2. | A maioria dos pacientes previamente hospitalizados devido ao COVID-19 sofre de fadiga > 12 semanas após o início da infecção. A presença de fadiga é predita pelo sexo feminino e – apenas para a fase aguda – idade. | Polônia |
SPINICCI et al., 2022 | A infecção com variantes de SARS-CoV-2 está associada a diferentes fenótipos longos de COVID. | Investigar as características de pacientes pós-COVID-19 avaliados 4 a 12 semanas após a alta do Hospital Universitário Careggi, Florença, Itália, durante um período de 12 meses. | Os achados confirmaram a falta de ar e a fadiga crônica como as manifestações prolongadas de COVID mais frequentes, enquanto o sexo feminino e o curso grave da COVID-19 foram os principais fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas persistentes. | Itália |
LV et al., 2022 | Abordagem de bioinformática e biologia de sistemas para identificar a ligação patogenética de Long COVID e Encefalomielite Miálgica/Síndrome de Fadiga Crônica. | Descobrir os mecanismos de ME/CFS associados ao Long COVID, genes comuns das doenças acima mencionadas foram localizados em bancos de dados reconhecidos, com base nos quais a patogênese molecular comum e potenciais drogas terapêuticas foram previstas. | Este estudo revelou redes comuns de interação gênica de Long COVID e ME/CFS e previu potenciais medicamentos terapêuticos para a prática clínica. Nossas descobertas ajudam a identificar o potencial mecanismo biológico entre Long COVID e ME/CFS. | China |
DONNACHIE et al., 2022 | Incidência da síndrome pós-COVID e sintomas associados em atendimento ambulatorial na Baviera, Alemanha: um estudo de coorte retrospectivo usando dados de sinistros coletados rotineiramente. | Estimar a incidência do tratamento da síndrome pós-COVID no contexto de atendimento ambulatorial na Baviera, Alemanha, e estabelecer se os diagnósticos relacionados ocorrem com mais frequência do que em pacientes sem histórico conhecido de COVID -19. | Demonstram uma incidência moderadamente alta de síndrome pós-COVID 2 anos após o diagnóstico de COVID-19. Há uma necessidade urgente de encontrar soluções eficientes e eficazes para ajudar pacientes com dispneia, fadiga, comprometimento cognitivo e perda do olfato. Diretrizes e algoritmos de tratamento, incluindo critérios de encaminhamento e terapia ocupacional e fisioterapia, requerem implementação rápida e coerente. | Alemanha |
RETORNAZ et al., 2022 | Consequências neuromusculares a longo prazo do SARS-Cov-2 e suas semelhanças com a encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica: resultados do estudo retrospectivo CoLGEM. | Investigar se há alterações semelhantes da onda M induzidas por exercício ocorrem em pacientes com COVID-longo. Os dados foram comparados a um grupo de pacientes ME/CFS com histórico de infecção grave, selecionados antes da pandemia de COVID. | Revelou-se altas semelhanças clínicas e biológicas entre COVID longo e ME/CFS e apoiam a hipótese de que a infecção por SARS-Cov-2 pode causar sintomas de ME/CFS. | França |
CHUDZIK et al., 2022 | Características clínicas e fatores de risco do longo COVID: uma análise retrospectiva de pacientes do registro STOP-COVID do estudo PoLoCOV. | O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da síndrome de COVID longo e os principais sintomas, entre pacientes afiliados ao registro STOP-COVID, que representam as manifestações clínicas mais comuns da síndrome de COVID longo. | As manifestações clínicas mais comuns foram fadiga crônica, cefaléia, tosse e confusão mental. O curso grave da doença, a duração dos sintomas de COVID-19 e o sexo feminino aumentaram o risco de síndrome de COVID-19. A obesidade é um fator de risco independente para fadiga crônica persistente, assim como fadiga significativa durante a fase aguda do COVID-19. | Polônia |
TOKUMASU et al., 2022 | Características clínicas da encefalomielite miálgica/síndrome de fadiga crônica (ME/CFS) diagnosticada em pacientes com COVID longo. | O objetivo deste estudo foi elucidar as características detalhadas de ME/CFS em pacientes com COVID longo. | A taxa de prevalência de ME/CFS e as sequelas características na longa condição de COVID foi 16,8%. Pacientes com ME/CFS tiveram condições mais graves na fase aguda do COVID-19. | Japão |
MIRANDA et al., 2022 | Síndrome longa do COVID-19: um estudo longitudinal de 14 meses durante os dois primeiros picos epidêmicos no Sudeste do Brasil. | Estabelecer a prevalência de sintomas prolongados de COVID e sua correlação com idade, comorbidades pré-existentes e evolução da infecção aguda. | Pacientes mais velhos tendem a ter sintomas mais graves, levando a um período pós-COVID-19 mais longo. A presença de sete comorbidades foi correlacionada com a gravidade da infecção, e a própria gravidade foi o principal fator que determinou a duração dos sintomas em casos longos de COVID. | Brasil |
Pouco mais de três anos após a pandemia mundial da COVID-19, e por conseguinte, a PCS provou ser um problema sério para a saúde pública e muito persistente durante a recuperação da infecção. Agora, há evidências crescentes que comprovam ser uma doença multifatorial, muitas vezes há danos a várias outras estruturas vitais do corpo, levando a uma série de sintomas. Dentre as condições patológicas pós-COVID-19 analisadas nesta pesquisa, inclui-se alterações nos sistemas imunológico, cardiovascular, metabólico, gastrointestinal, nervoso e autônomo, sendo que os mais predominantes e duradouros foram relacionados às funções respiratórias e neurológicas com duração de até 14 meses (Sukocheva et al, 2021).
É caracterizada por uma variedade de sintomas debilitantes, incluindo fadiga crônica, dispneia, nevoeiro cerebral, mal-estar pós-esforço, insônia, distúrbios visuais, cefaléia, tosse, confusão mental, problemas de concentração, memória, distúrbios olfativos e/ou gustativos, juntos esses sintomas graves foram chamados de “Long-COVID”, no mais, a maioria dos pacientes apresentava 2 a 3 sintomas ao mesmo tempo (Lu Y et al, 2020; Mazurkiewicz et al, 2023; Spinicci et al, 2022; Donnachie et al, 2022; Chudzik et al, 2022; Miranda et al, 2022).
Há evidências significativas que declaram a ocorrência de pelo menos um sintoma persistente em pacientes pós-COVID-19, em um estudo realizado com pacientes após a internação por COVID-19, 75% relataram o episódio de pelo menos um sintoma até três meses após a recuperação da infecção, sendo os mais comuns: dispneia, tosse, fadiga e dificuldade para dormir. Outrossim, apontaram também que o sexo feminino foi correlacionado a um alto risco de sintomas crônicos pós-COVID-19, mais frequentemente a fadiga crônica, não associada ao esforço e persistindo mesmo após o repouso (Spinicci et al, 2022; Huang et al, 2021).
Em outro estudo sobre a prevalência de fadiga crônica dentro de 4, 4-12 e > 12 semanas após COVID-19, foi de 76,96%, 75,49% e 66,17%, respectivamente. A frequência dos sintomas de fadiga crônica diminuiu dentro de > 12 semanas após o início da infecção, segundo Mazurkiewicz et al, 2023. A duração média dos sintomas após COVID-19 foi maior na presença de sete comorbidades: hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatia, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica doença e fumante ou alcoólatra (Miranda et al, 2022).
Quadro 2. Descrição dos sintomas encontrados no estudo da síndrome pós-COVID-19 classificados por sistemas.
1. Sintomas respiratórios | Tosse |
Dispneia | |
2. Sintomas cardiovasculares | Dor no peito |
Opressão | |
Palpitações | |
3. Sintomas neurológicos | Dor de cabeça |
Distúrbios visuais | |
Tontura | |
Zumbido | |
Perda de paladar e/ou olfato | |
Transtornos do sono (insônia) | |
Parestesia | |
Dores musculares | |
Sintomas cognitivos: -Confusão mental;-Nevoeiro cerebral-Problemas de memória;-Problemas de concentração. | |
Sintomas psiquiátricos -Ansiedade;-Depressão. | |
4. Sintomas gastrointestinais | Dor abdominal |
Náusea | |
Diarreia | |
Anorexia | |
5. Sintomas sistêmicos | Fadiga |
Mal-estar pós-esforço | |
Febre | |
Dor | |
Artralgia | |
Dor de ouvido e garganta |
Agora, há evidências crescentes que os sintomas da PCS são compartilhados ou semelhantes aos sintomas descritos em pacientes com ME/CFS, uma doença heterogênea intratável, que exerceu uma influência não desprezível em milhões de pessoas em todo o mundo. A ME/CFS é uma condição grave caracterizada por exaustão neuroimune pós-esforço (PENE) acompanhada por distúrbios neurológicos, imunológicos, gastrointestinais (GI) e mitocondriais (Carruthers, 2011).
Em um estudo observacional retrospectivo ColGEM (Covid LonG Encéphalomielite Myalgique) comparou 59 pacientes com PCS e 55 pacientes com ME/CFS, relataram que a frequência dos sintomas de fadiga, mialgia, problemas de sono, disfunção cognitiva e mal-estar pós-esforço, bem como a magnitude das alterações da onda M (consiste na gravação de ondas M no músculo reto femoral em repouso para identificar e caracterizar alterações neuromusculares em pacientes com fadiga crônica) induzidas pelo exercício foram as mesmas nos dois grupos. Desta forma, as principais características da PCS compartilham semelhanças notáveis com a ME/CFS (Retornaz et al, 2022).
Ademais, Tokumasu et al (2022) encontrou um resultado semelhante, a prevalência de ME/CFS revelou ser de 16,8% em pacientes com PCS de uma clínica pós-tratamento COVID-19. Mostrou também que os pacientes com ME/CFS tiveram condições mais graves na fase aguda do COVID-19.
Ademais, pessoas com COVID-19 aguda e com ME/CFS têm mecanismos patológicos semelhantes, como desequilíbrio redox, inflamação sistêmica e neuroinflamação, metabolismo energético prejudicado e estado hipometabólico (Paul, 2021). Outro resultado semelhante encontrou os genes comuns entre PCS e ME/CFS. Ainda mostraram semelhanças relativas em infecção, neuroinflamação, disfunção metabólica energética e função imunológica prejudicada por uma série de análises de bioinformática entre PCS e ME/CFS (Lv et al, 2022).
Outrossim, Kedor (2021) fornece evidências de que os pacientes após COVID-19 desenvolvem uma síndrome crônica que atende aos critérios diagnósticos de ME/CFS em um subconjunto. Em seu estudo observacional prospectivo apresentando quase metade dos pacientes com PCS 6 meses após a infecção preencheram os critérios diagnósticos de ME/CFS, tornando-se claro que as características da PCS podem ser semelhantes às descritas ME/CFS, síndrome da doença pós-SARS e várias outras síndromes de estresse crônico que têm sido associados à hipocortisolemia.
Por fim, vale ressaltar que os distúrbios neurológicos como o comprometimento cognitivo, disfunção autonômica, dor alterada, percepção sensorial, distúrbios do sono, níveis de depressão, estresse percebido, sofrimento emocional e os sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, náusea, constipação e diarreia associados a alterações na motilidade (nas quais a atividade dos nervos e músculos do trato gastrointestinal é prejudicada) e disbiose (bactérias intestinais desequilibradas) são essenciais para o diagnóstico de ME/CFS e são comumente relatados na PCS (Thomas, 2022).
4. Conclusão
Destarte, esta revisão de escopo respondeu ao longo da pesquisa as questões norteadoras supracitadas. A persistência de sintomas de longo prazo em alguns pacientes com COVID-19 abriu uma nova linha de pesquisa sobre os mecanismos subjacentes à ME/CFS. Identificaram-se que não há uma diferença significativa nas características clínicas/inflamatórias entre a PCS e ME/CFS. Entre os principais sintomas incluem fadiga, mal-estar pós-esforço, comprometimento cognitivo, distúrbios do sono, tontura, dor e alterações de humor em ambos os grupos. São mais frequentes em mulheres do que em homens. Por fim, evidenciou-se também que a duração média dos sintomas após COVID-19 foi maior na presença de sete comorbidades: hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatia, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica doença e fumante ou alcoólatra. Estudos futuros para obter melhores desfechos sobre a sintomatologia da Síndrome pós-covid-19 são imprescindíveis.
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TOKUMASU, K., et al. Clinical Characteristics of Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome (ME/CFS) Diagnosed in Patients with Long COVID. Medicina (Kaunas). 2022 Jun 25;58(7):850. doi: 10.3390/medicina58070850. PMID: 35888568; PMCID: PMC9325226.
TRICCO, A.C., et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann Intern Med. 2018 Oct 2;169(7):467-473. doi: 10.7326/M18-0850. Epub 2018 Sep 4. PMID: 30178033.
1Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0000-0002-9253-5162
E-mail: vitoria.ferreira@ftc.edu.br
2Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/ 0009-0008-8149-0334
E-mail: esther.fontenele@ftc.edu.br
3Graduanda em Enfermagem
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
https://orcid.org/0009-0003-1328-1622
E-mail: darlene_andrade2502@hotmail.com
4Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0009-0000-7096-8322
E-mail: limadaislaine@gmail.com
5Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0009-0003-6823-8867
E-mail: kellypessoa06@gmail.com
6Graduanda em Medicina
Centro Universitário UNINOVAFAPI
https://orcid.org/0000-0002-2100-2086
E-mail: monnafeitoza@gmail.com
7Graduanda em Enfermagem
UNIFTC | Salvador – Bahia
https://orcid.org/0009-0002-9444-638X
E-mail: micavirtuosa@hotmail.com
8Enfermeiro pós-graduando em Terapia Intensiva
Faculdade Dom Pedro II | Tobias Barreto- SE
https://orcid.org/ 0000-0001-8291-7004
E-mail: alexandre.gois30@gmail.com
9Enfermeira pós-graduanda em Gestão em saúde
FAT | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/ 0009-0009-7726-8826
E-mail: milenerodrigues18@hotmail.com
10Bacharel em Enfermagem
Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA
https://orcid.org/0000-0002-5418-7136
E-mail: enfgleison@icloud.com
11Graduando em medicina
Universidade Central do Paraguai – UCP
https://orcid.org/0000-0003-4597-2818
E-mail: dougllas.olliveira@live.com
12Graduando em medicina
Universidade Central do Paraguai – UCP
https://orcid.org/0009-0005-2859-3543
E-mail: eldersantosfreitasenf@gmail.com
13Graduando em medicina
Faculdade de Medicina de Olinda – FMO
https://orcid.org/0000-0002-5730-6903
E-mail: anabeatrizdemelocalado@gmail.com
14Biomédica
Instituto Esperança de Ensino Superior | Santarém – Pará
https://orcid.org/0009-0004-7364-9609
E-mail: gabriele.l.rosariio@gmail.com
15Graduanda em Enfermagem
Universidade Iguaçu (UNIG) | Nova Iguaçu – RJ
https://orcid.org/0000-0002-8611-2892
E-mail: ericam_moreira@hotmail.com
16Bacharel em Enfermagem
Faculdade Pitágoras – ICF
https://orcid.org/ 0000-0002-8408-0209
E-mail: carloshenriqueenf1@gmail.com