SÍNDROME DA PLAQUETA CINZENTA: COMPREENDENDO A ORIGEM E CONDIÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10228563


Elian Gabriel Ferreira de Freitas1
Lucas José Rodrigues Clementino2
Valéria Ferreira3


Resumo 

A Síndrome da plaqueta cinzenta é um dos mais relevantes distúrbios plaquetários congênitos provenientes das alterações nos α-grânulos e requer grande atenção, devido a sua raridade e seus efeitos nos indivíduos. É uma doença hereditária que afeta a linhagem dos megacariócitos. Considerando a importância e relevância da atuação das plaquetas no corpo humano, e avaliando os possíveis distúrbios hemorrágicos hereditários de plaquetas que podem afetar diretamente os grânulos α, e consequentemente a função plaquetária, e os seus riscos à saúde dos indivíduos, o estudo destas variáveis se apresenta de suma importância. Considerando o exposto, o presente trabalho teve por objetivo compreender a origem e condições para o diagnóstico laboratorial da Síndrome da Plaqueta Cinzenta, a partir de uma revisão de literatura, apresentando os conceitos, características e ponderações sobre o tema, contribuindo para um diagnóstico laboratorial de excelência. Com base nos autores analisados, ficou evidente que o processo diagnóstico da GPS se resume basicamente em:  realização de hemograma completo; realização de esfregaços sanguíneos com coloração (Giemsa e Wright); realização de testes de coagulação; e de maneira complementar a realização de biopsias na medula óssea – a fim de avaliar a mielofibrose típica da GPS, e eliminar outras possíveis doenças.

Palavras-chave: Síndrome da plaqueta cinzenta; origem; diagnóstico; laboratorial.

Abstract

Gray platelet syndrome is one of the most relevant congenital platelet disorders arising from changes in α-granules and requires great attention, due to its rarity and its effects on individuals. It is a hereditary disease that affects the megakaryocyte lineage. Considering the importance and relevance of the role of platelets in the human body, and evaluating the possible hereditary bleeding disorders of platelets that can directly affect α granules, and consequently platelet function, and their risks to the health of individuals, the study of these variables is presents paramount importance. Considering the above, the present work aimed to understand the origin and conditions for the laboratory diagnosis of Gray Platelet Syndrome, based on a literature review, presenting the concepts, characteristics and considerations on the topic, contributing to a laboratory diagnosis of excellence. Based on the authors analyzed, it was evident that the GPS diagnostic process basically boils down to: performing a complete blood count; performing stained blood smears (Giemsa and Wright); carrying out coagulation tests; and in addition, bone marrow biopsies are carried out – in order to evaluate the myelofibrosis typical of GPS, and eliminate other possible diseases.

Key words: Gray platelet syndrome; origin; diagnosis; laboratory.

1. Introdução

A hematologia é a ciência responsável por investigar, diagnosticar e tratar doenças do sangue, bem como dos órgãos responsáveis pela sua produção. Dentro desta ciência muito se fala sobre o desequilíbrio hemostático (distúrbios que causam hemorragias ou tromboses), e as suas consequências negativas aos indivíduos (SILVA et al, 2016; GREINACHER, 2017; HOFFBRAND; MOSS, 2018).

Esse equilíbrio é garantido, entre outros fatores, pela eficiente produção e circulação das plaquetas no sangue, seja quanto ao tamanho, quantidade, constituição ou função dentro do organismo do indivíduo. Quando existem alterações nos índices plaquetários, os sintomas aparecem ainda na infância, mas muitas vezes os sintomas são negligenciados resultando no diagnostico tardio. (DEPPERMANN et al, 2013; LATGER-CANNARD et al, 2013; SILVA et al, 2016; HORTOLAN, 2017).

Quando se trata da constituição das plaquetas, os grânulos do tipo alfa (α) são as que se apresentam em maiores quantidades. Possuem como função básica a regulação dos processos de adesão plaquetária, hemostasia e cicatrização. Quando as disfunções plaquetárias atingem esses grânulos, é possível identificar episódios de sangramentos e hemorragias. Dentre as disfunções que afetam os grânulos alfa está a Síndrome da plaqueta cinzenta (GPS), uma síndrome rara e considerada hereditária, proveniente de distúrbios dos megacariócitos, como consequência de variações no gene NBEAL2 e de outros genes (FRESON; WIJGAERTS; VAN GEET, 2014; MONTEFERRARIO et al, 2014; SILVA et al, 2016; NURDEN; NURDEN, 2016).

De maneira geral, as plaquetas em condições normais possuem uma coloração azulada.  Quando, entretanto, estão afetadas pela Síndrome da Plaqueta Cinzenta, fica evidente a ausência ou redução expressiva dos grânulos alfa azurófilos, conferindo cor acinzentada, com características agranuladas e de dimensões maiores que o normal (LORENZI, 2006; D’AMICO; VILLAÇA, 2006; HOFFBRAND; MOSS, 2018; GONÇALVES, 2019).

Considerando a importância e relevância da atuação das plaquetas no corpo humano, e avaliando os possíveis distúrbios hemorrágicos hereditários de plaquetas que podem afetar diretamente os grânulos α, e consequentemente a função plaquetária, e os seus riscos à saúde dos indivíduos, o estudo destas variáveis se apresenta de suma importância.

Tendo em vista, o presente trabalho tem por objetivo compreender a origem e condições para o diagnóstico laboratorial da Síndrome da Plaqueta Cinzenta, a partir de uma revisão de literatura, apresentando os conceitos, características e ponderações sobre o tema, contribuindo para um diagnóstico laboratorial de excelência.

2. Materiais e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão bibliográfica do tipo exploratória. Este tipo de pesquisa se caracteriza pela busca em materiais já publicados (sejam livros, revistas, artigos, periódicos, jornais, boletins entre diversos outros) do tema proposto, a fim de atualizar o leitor sobre o que se tem sobre o assunto.

De maneira inicial, o levantamento bibliográfico foi realizado no período de julho a agosto de 2023 , a partir de bases de pesquisa como LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, SCIELO – Scientific Eletronic Library e PubMed, revistas e periódicos a partir de buscas pelo Google Acadêmico e livros, a fim de obter produções científicas completas e publicadas, referentes à temática escolhida, utilizando termos como “síndrome”, “plaqueta” “cinzenta”, “origem”, “diagnóstico”, entre outros.

A partir das buscas realizadas, foram pré-selecionados 68 trabalhos, que passaram por uma leitura exploratória a fim de identificar se estes contribuiriam ou não para embasar a pesquisa. Por fim, foram selecionados 28 trabalhos para a produção do presente artigo.

Como critério de inclusão, foram selecionados apenas aqueles que fazem parte do universo temático proposto. Já como critério de exclusão, foram utilizados os seguintes: 1) Trabalhos que não se tratavam sobre a temática estabelecida; 2) Trabalhos não publicados por fontes confiáveis; 3) Trabalhos que não foram obtidos ou acessados na íntegra. Além destes, foi dado preferência a trabalhos publicados nos últimos 10 anos, excetuando-se aqueles de autores renomados, livros e publicações em websites confiáveis.

Durante a produção deste artigo, foram tomadas precauções para preservar os aspectos éticos e legais, principalmente ao que tange ao respeito e fidedignidade aos conceitos e conteúdos apresentados pelos autores utilizados como base bibliográfica, sendo estes devidamente citados e referenciados, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

3. Resultados e Discussões

Com base nas pesquisas realizadas, foram selecionadas 28 fontes (publicações, livros e sites), a fim de compor a presente revisão de literatura sobre a Síndrome da Plaqueta Cinzenta, conforme dispõe o Quadro 1, a seguir:

Quadro 1: Publicações selecionadas para compor a presente revisão de literatura.

Nº do estudoTítuloAutor / anoNº do estudoTítulo/ Autor / anoAutor / ano
1Distúrbios plaquetários hereditários: diagnóstico e tratamento.Al-Huniti; Kahr (2020)15Megakaryocytic emperipolesis and platelet function abnormalities in five patients with gray platelet syndrome.Larocca et al. (2015)
2Correlation between platelet phenotype and NBEAL2 genotype in patients with congenital thrombocytopenia and α-granule deficiency.Bottega et al. (2013)16Análise da morfologia plaquetária.Latger-Cannard et al (2013)
3Immune Dysregulation, Autoimmunity and Granule Defects in Gray Platelet Syndrome. Collins; Mayer; Lopez (2023)17Patologia da HemostasiaLorenzi (2006)
4Fisiopatologia da Hemostasia.D’amico (2006)18A dominant-negative GFI1B mutation in the gray platelet syndrome.  Monteferrario (2014)
5Gray platelet syndrome and defective thrombo-inflammation in Nbeal2-deficient mice.Deppermann et al (2013)19Interpretação laboratorial do hemograma.Naoum; Naoum (2018)
6Hemograma: manual de interpretaçãoFailace; Fernandes (2015)20Congenital platelet disorders.Neunert; Journeycake (2023)  
7Manual Diagnósticos – Hematologia –  Investigação diagnóstica dos distúrbios hemorrágicosFleury (2023)21Should any genetic defect affecting α‐granules in platelets be classified as gray platelet syndrome?.Nurden; Nurden (2016)
8Update on the causes of platelet disorders and functional consequences.Freson; Wijgaerts; Van Gee (2014)22Diagnóstico diferencial de patologia plaquetar por metodologias de agregometria e citometria de fluxo: análise retrospectiva de um grupo de doentes.Patrício (2017)
9Síndrome de plaquetas cinzentasGahl; Gunay-Aygun (2011)23NBEAL2 mutations and bleeding in patients with gray platelet syndrome.Pluthero et al. (2018)
10Análise comparativa das metodologias de contagem manual e automatizada de plaquetas em plaquetopenias.Gonçalves (2019)24Distúrbios da hemostasia: doenças hemorrágicas.Rezende (2010)
11Diagnóstico de distúrbios plaquetários hereditários em esfregaço de sangue: uma ferramenta para facilitar o diagnóstico mundial de distúrbios plaquetários.Greinacher  et al. (2017) 25Hematologia laboratorial: teoria e procedimentosSilva et al. (2016)
12 Gray platelet syndrome: proinflammatory megakaryocytes and α-granule loss cause myelofibrosis and confer metastasis resistance in mice.Guerrero et al. (2014) 26Síndrome da plaqueta cinzenta.Silvestre et al. (2009)
13Fundamentos em hematologia de Hoffbrand.Hoffbrand; Moss (2018)   27Novas manifestações de desregulação imunológica e defeitos granulares na síndrome das plaquetas cinzentas.Sims et al (2020)
14Alterações quantitativas plaquetária: revisão da literatura.Hortolan (2017) 28Hematologia – Caso Clínico PD – Síndrome das Plaquetas Cinzentas.Sousa et al. (2015)

Dentro do que se conhece sobre a Hematologia – ciência que estuda e busca tratar doenças do sangue e de órgãos onde se formam as células do sangue – o conhecimento sobre o conceito de hemostasia é fundamental. Por definição, a hemostasia se refere ao equilíbrio obtido entre os processos de hemorragia e trombose. Neste equilíbrio, o sangue precisa ser capaz de circular em todo o sistema circulatório sem extravasar ou sem criar trombos (SILVA et al, 2016; GREINACHER, 2017).

Além deste equilíbrio, é preciso que – de maneira simultânea – exista uma integridade e elasticidade dos vasos sanguíneos, bem como células epiteliais integras. Somente com esse conjunto de fatores é possível dizes que a hemostasia de um indivíduo está mantida. Caso contrário, ocorrem os casos de trombose ou de hemorragia. (SILVA et al, 2016; HOFFBRAND; MOSS, 2018).

A hemostasia pode ser subdividida em hemostasia primária e hemostasia secundária. A primeira acontece no âmbito da microcirculação sanguínea, e é composta pelo equilíbrio entre os vasos sanguíneos, plaquetas e das células endoteliais, e seu desequilíbrio se associa as doenças hemorrágicas, ou púrpuras. (LORENZI, 2006; REZENDE, 2010; SILVA et al, 2016).

Já a hemostasia secundária se refere ao que ocorre nos vasos de grande calibre do corpo, onde é preciso o equilíbrio entre as ações das plaquetas, das células endoteliais, dos fatores de coagulação, dos inibidores fisiológicos da coagulação, do sistema fibrinolítico e dos mecanismos antifibrinolíticos. O desequilíbrio deste tipo de hemostasia se associam as doenças hemorrágicas do tipo coagulopatias. (D ́AMICO; VILLAÇA, 2006; FAILACE; FERNANDES, 2015).

3.1 Ponderações sobre a atuação das plaquetas no organismo

De maneira comum a hemostasia primaria e secundária precisam do correto funcionamento na produção e circulação de plaquetas pelo organismo. As plaquetas podem ser definidas como fragmentos de células sanguíneas muito pequenas (1,5–3 μm) oriundas do citoplasma do megacariócitos da medula óssea. Por característica, são estruturas ricas em organelas. Não podem ser consideradas células em si pois não são constituídas de núcleo, e também não são capazes de fazer o processo de divisão celular (DEPPERMANN et al, 2013; LATGER-CANNARD et al, 2013; SILVA et al, 2016).

Essas estruturas possuem forma discóide, e em condições normais, possuem uma curta vida útil e circulam na corrente sanguínea de 8 a 10 dias, até serem retiradas de circulação pelo baço. A sua quantidade no sangue pode variar entre 140.000 e 450.000 plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Na fase de renovação, são renovadas aproximadamente 35.000 plaquetas/microlitro/dia. Quando se trata da hemostasia primeira, as plaquetas desempenham um papel crucial, já que sem a sua correta ativação não é possível a formação de coágulos hemostáticos estáveis quando a parede de um vaso sanguíneo é lesada ou danificada por alguma razão (MONTEFERRARIO et al, 2014; NURDEN; NURDEN, 2016; NAOUM; NAOUM, 2019).

A plaqueta em condições normais possui uma coloração azulada com a presença de grânulos púrpura em sua composição, que são denominadas organelas plaquetárias. De maneira descritiva, as plaquetas são formadas basicamente por quatro tipos distintos de grânulos: os corpos densos, os peroxissomos e os lisossomos e os grânulos alfa (α) (SILVESTRE et al, 2009; SILVA et al, 2016).

Em sua composição, a quantidade de organelas plaquetárias do tipo grânulos alfa (α) são as mais abundantes, e são responsáveis por armazenar proteínas que nortearão os processos de adesão plaquetária, hemostasia e a cicatrização, quando for o caso. Considerando a atuação das plaquetas, e em especial os distúrbios hemorrágicos hereditários de plaquetas que podem afetar a biogênese dos grânulos α bem como a função plaquetária, e os seus riscos à saúde dos indivíduos, o estudo destas variáveis se apresenta de suma importância (FRESON; WIJGAERTS; VAN GEET, 2014; MONTEFERRARIO et al, 2014; SILVA et al, 2016; NURDEN; NURDEN, 2016).

As alterações provenientes das plaquetas costumam se manifestar ainda na infância, entretanto são negligenciadas e o diagnóstico em sua maioria é tardio. Como característica, as disfunções plaquetárias causam (entre outros sintomas) sangramentos, que se apresentam como púrpuras, hemorragias mucocutâneas e/ou gastrointestinais, e em alguns casos ocasionar hemorragias intracranianas (HORTOLAN, 2017).

Além disso, o desequilíbrio hemostático primário pode ser agravante para os casos de infarto do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais (AVC). Dessa forma, qualquer defeito que se relacione à diferenciação de megacariócitos, ou ainda à formação de plaquetas podem culminar em sangramento fora do normal seja em casos pós-traumáticos ou não (DEPPERMANN et al, 2013; FRESON; WIJGAERTS; VAN GEET, 2014).

O estudo dos distúrbios relacionados às plaquetas e suas funções se iniciam na contagem plaquetária, a fim de verificar anormalidades quantitativas. Em seguida, sugere-se a investigação minuciosa através das lâminas de sangue periféricas, com o objetivo de averiguar a presença de anomalias que podem causar alterações na formação, atuação e circulação das plaquetas. Dentro do que tange aos grânulos alfa (α) e os distúrbios provenientes deste, tem-se a Síndrome das Plaquetas Cinzentas ou Gray Platelet Syndrome (GPS).

3.2 Síndrome da plaqueta cinzenta (GPS): conceituação, origem e consequências associadas.

A Síndrome da plaqueta cinzenta ou em inglês Gray Platelet Syndrome (GPS), foi reconhecida primeiramente no ano de 1971, em um garoto que apresentava manchas avermelhadas do tipo petéquias, manchas roxas (equimoses) e trombocitopenia, causados pela falta de grânulos alfa (α), ou ainda alterações morfológicas e bioquímicas dos de grânulos α em suas plaquetas (NEUNERT; JOURNEYCAKE, 2007; SOUSA et al, 2015; HORTOLAN, 2017).

Se reafirma como um dos mais relevantes distúrbios congênitos provenientes das alterações nos α-grânulos e requer grande atenção, devido a sua raridade e seus efeitos nos indivíduos. É uma doença hereditária que afeta a linhagem dos megacariócitos. Embora a síndrome das plaquetas cinzentas seja mais frequentemente originarias de doenças autossômicas recessivas, também foram descritos casos com padrão de herança autossômica dominante (MONTEFERRARIO et al, 2014; LAROCCA et al, 2015).

Os grânulos alfa são os grânulos em maior abundância na constituição das plaquetas. Possuem como função básica o armazenamento de proteínas que irão promover os processos de adesão plaquetária, de coagulação do sangue e consequentemente a cicatrização de feridas quando ocorre a ativação plaquetária. (FAILACE; FERNANDES, 2015; PLUTHERO et al, 2018).

Normalmente, as plaquetas possuem uma coloração azulada.  A ausência ou diminuição drástica de grânulos alfa azurófilos nas plaquetas conferem a cor acinzentada, que justifica a nomenclatura adotada para a síndrome, além de se apresentarem visualmente agranuladas, quando observadas no esfregaço de sangue periférico corado com Wright. Além dessa característica, os grânulos alfas são maiores que o normal. (LORENZI, 2006; D’AMICO; VILLAÇA, 2006; HOFFBRAND; MOSS, 2018; GONÇALVES, 2019).

Parte das proteínas provenientes dos grânulos α são condensadas nos megacariócitos e protegidas em espécies de vesículas, enquanto a outra parte – seja de maneira passiva ou ativa – é captada do plasma pelo processo de endocitose realizada por receptores. Em ambos os casos, quando ocorre a maturação com algum defeito, se iniciam on sintomas e os quadros de mielofibrose, caracterizando então a Síndrome da Plaqueta Cinzenta. (BOTTEGA et al, 2013; FRESON; WIJGAERTS; VAN GEET, 2014).

Os indivíduos diagnosticados com GPS apresentam mutações no gene NBEAL2 (Neurobeachin Like 2), que provocam a falha no amadurecimento durante a diferenciação dos megacariócitos, ocasionando a deficiência de proteínas nos grânulos alfa. Entre elas, estão o fator IV plaquetário e a beta-tromboglobulina (que atuam como marcadores de ativação plaquetária), fibrinogênio e o fator de crescimento originário da plaqueta (BOTTEGA et al, 2013; MONTEFERRARIO et al, 2014; FAILACE; FERNANDES, 2015; SIMS et al, 2020; COLLINS; MAYER; LOPEZ, 2023).

Em um estudo realizado com camundongos, que analisa as mutações no gene NBEAL2 e o desenvolvimento da Síndrome das Plaquetas Cinzentas, Guerrero et al (2014), ao analisar os megacariócitos maduros (MKs) identificou que após as mutações do referido gene nos alvos do estudo, os grânulos alfa são gerados, entretanto, não são retidos pelos MKs. Logo, a ausência de grânulos alfa se relaciona com a perda das plaquetas/megacariócitos maduros, e não como consequência de uma possível formação inicial incorreta. Esse distúrbio provoca o desenvolvimento de fibrose da medula óssea.

Existe uma heterogeneidade quanto as manifestações clínicas nos pacientes acometidos por essa síndrome. De maneira geral, os pacientes diagnosticados com essa síndrome apresentam hemorragias que variam de leve a moderadas, e que em casos específicos podem ser fatais.  Logo, se associam ao surgimento de quadros leves de trombocitopenia, de esplenomegalia (menos comum, mas com gravidade suficiente que justifica intervenções como esplenectomias) e mielofibrose com início tardio, associado ao aumento anormal do baço. (DEPPERMANN et al, 2013; NURDEN; NURDEN, 2016; PLUTHERO et al, 2018).

O quadro 1 apresenta de maneira sintética as principais características da Síndrome da Plaqueta Cinzenta:

Quadro 2: Características biológicas e fenotípicas quanto a presença da deficiência hereditária de α-grânulos de plaquetas.

HerançaPredominantemente Autossômica recessiva, mas com casos registrados de herança autossômica dominante.
Grau hemorrágicoGeralmente leve a moderado.
Fenótipos associadosMielofibrose precoce, esplenomegalia ocasional, trombocitopenia e possíveis defeitos autoimunes.
Morfologia PlaquetáriaDeficiência grave de grânulos α, conferindo características acinzentadas e agranuladas às plaquetas, além de um tamanho maior que o normal.
Agregação de PlaquetasDefeitos variáveis ​​da função plaquetária. Resposta pobre à trombina e, ocasionalmente, ao colágeno.
Mutação GenéticaNBEAL2 (Neurobeachin Like 2).

Fonte: Adaptado de Nurden; Nurden (2016) e Patrício (2017).

3.3 Identificação e rastreamento da síndrome

Dentro da Medicina Clínica e Diagnóstica, a investigação e identificação das causas de hemorragias sistêmicas é bastante comum. Tanto para o indivíduo que se dirige ao clínico se queixando de hemorragias sem causas aparentes ou após trauma, quanto os indivíduos que se preparam para cirurgias são alvos diretos de avaliações laboratoriais sistemas de cunho hematológico (NURDEN; NURDEN, 2016; HOFFBRAND; MOSS, 2018).

Apesar de muitas vezes negligenciar os episódios, os pacientes que apresentam manifestações hemorrágicas precisam investigar a causa de tais ocorrências. Podem ter origem de distúrbios provenientes da hemostasia primaria – evidenciando-se na pele e nas mucosas, ou também da hemostasia secundária – característica pelo surgimento de hematomas musculares ou ainda hemorragias intra-articulares (D ́AMICO; VILLAÇA, 2006; FAILACE; FERNANDES, 2015; LAROCCA et al, 2015).

Independente da origem dos sintomas, os clínicos recomendam testes sanguíneos, e em especial a contagem plaquetária, que é realizada a fim de identificar a trombocitopenia (número de plaquetas inferior a 150.000/mm3). Quando identificada o índice de plaquetas alteradas, é fundamental a requisição de outros testes que possam aprofundar o rastreamento de possíveis distúrbios e síndromes proveniente do desequilíbrio hemostático no paciente avaliado (GREINACHER et al, 2017; PATRÍCIO, 2017; FLEURY, 2023).

Os testes de screening a serem realizados precisam englobar a investigação tanto da hemostasia primaria quanto da secundária (cascata de coagulação).  De fato, o diagnóstico das alterações congênitas de origem plaquetária não é simples, principalmente quando se trata da Síndrome da Plaqueta Cinzenta, que é rara. Logo, é preciso que doenças adquiridas e distúrbios mais comuns sejam excluídos com os primeiros exames, como é o caso de doenças hematológicas malignas adquiridas, como as síndromes mieloproliferativas ou mielodisplásicas e a leucemia megacarioblástica aguda.  (LATGER-CANNARD et al, 2013; HORTOLAN, 2017).

De maneira sequencial, recomenda-se, portanto, a realização de hemograma completo, de esfregaços sanguíneos com coloração (Giemsa e Wright), de testes de coagulação e se necessário a avaliação de outros fatores como por exemplo o de Von Willebrand. O diagnóstico da GPS é confirmado a partir da análise microscópica dos esfregaços sanguíneos, que demonstra plaquetas grandes, cinzentas e hipogranulares, resultante da diminuição ou ausência dos grânulos alfa. Além destes achados, é comum que os pacientes diagnosticados com GPS apresentem níveis séricos elevados de vitamina B12. Alguns estudos apontam ainda a necessidade da realização de biopsias na medula óssea do indivíduo, com o objetivo de avaliar a mielofibrose típica desta síndrome, bem como para excluir outras possíveis doenças (SILVESTRE et al, 2009; GAHL; GUNAY-AYGUN, 2011; LATGER-CANNARD et al, 2013; AL-HUNITI; KAHR, 2020).

3.4 Considerações sobre o tratamento e prognóstico

A síndrome da plaqueta cinzenta não possui um tratamento específico, que solucione o distúrbio plaquetário que ocasione as hemorragias. O que pode e deve ser realizado em pacientes com GPS é a análise, gestão e antecipação de ações que previnam o risco de hemorragias. Quando os episódios de sangramento forem avaliados como pequenos, nenhum tratamento é necessário. Quando o quadro de hemorragia já estiver ativo e em maiores proporções, ou em casos de risco como traumas, cirurgias, parto e afins, é indicado o suporte transfusional (transfusão de plaquetas) (SILVESTRE et al, 2009; GAHL; GUNAY-AYGUN, 2011; HORTOLAN, 2017; AL-HUNITI; KAHR, 2020)

4. Conclusões

A literatura evidenciou que os distúrbios provenientes das alterações nos índices plaquetários como desregulação da produção e circulação das plaquetas no sangue, ou quanto ao tamanho, quantidade, constituição ou função dentro do organismo do indivíduo, provocam em sua maioria episódios hemorrágicos.

Além doa mais, corroboram que em se tratando dos grânulos do tipo alfa (α) – que se apresentam em maiores quantidades nas plaquetas –  responsáveis pela regulação dos processos de adesão plaquetária, hemostasia e cicatrização, umas das consequências negativas é o desenvolvimento da Síndrome da Plaqueta Cinzenta (GPS), que se caracteriza basicamente pela ausência ou redução expressiva dos grânulos alfa azurófilos, conferindo cor acinzentada, com características agranuladas e de dimensões maiores que o normal.

Consideram ainda que as manifestações clínicas nos pacientes acometidos por essa síndrome, como a ocorrência de hemorragias (leve, moderadas ou até mesmo fatais), associadas à trombocitopenia, à esplenomegalia, à mielofibrose com início tardio, e em alguns casos, ao aumento anormal do baço, reafirmam a necessidade de entender o processo de suspeita, análise e diagnóstico.

Assim, com base nos autores analisados, ficou evidente que o processo diagnóstico da GPS se resume basicamente em:  realização de hemograma completo; realização de esfregaços sanguíneos com coloração (Giemsa e Wright); realização de testes de coagulação; e de maneira complementar a realização de biopsias na medula óssea – a fim de avaliar a mielofibrose típica da GPS, e eliminar outras possíveis doenças.

Destarte, ponderam que a GPS não possui cura e nenhum tratamento específico para o controle ou prevenção dos episódios de sangramento. O que pode ser indicado é – em casos de hemorragias ativas e substanciais, ou ainda na ocorrência de traumas ou cirurgia – o suporte transfusional (transfusão de plaquetas).

Com a realização deste trabalho fica evidente a necessidade de maior incentivo às pesquisas referentes à Síndrome da Plaqueta Cinzenta, considerando as suas consequências aos portadores, e visando a atualização do meio acadêmico e profissional frente ao rastreamento e diagnóstico de síndromes como esta.

5. Referências

AL-HUNITI, Ahmad; KAHR, Walter HA. Distúrbios plaquetários hereditários: diagnóstico e tratamento. Transfusion Medicine Reviews, v. 34, n. 4, pág. 277-285, 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0887796320300523. Acesso em 16 ago. 2023.

BOTTEGA, Roberta et al. Correlation between platelet phenotype and NBEAL2 genotype in patients with congenital thrombocytopenia and α-granule deficiency. haematologica, v. 98, n. 6, p. 868, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3669441/. . Acesso em 15 ago. 2023.

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DEPPERMANN, Carsten et al. Gray platelet syndrome and defective thrombo-inflammation in Nbeal2-deficient mice. The Journal of clinical investigation, v. 123, n. 8, p. 3331-3342, 2013. Disponível em:  https://doi.org/10.1172/JCI69210. Acesso em 15 ago. 2023.

FAILACE, Renato; FERNANDES, Flavo. Hemograma: manual de interpretação.  6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2015.

FLEURY. Manual Diagnósticos – Hematologia –  Investigação diagnóstica dos distúrbios hemorrágicos. Site Fleury, 2023. Disponível em: https://www.fleury.com.br/medico/manuais-diagnosticos/hematologia-manual/investigacao-diagnostica. Acesso em 17 ago. 2023.

FRESON, K.; WIJGAERTS, A.; VAN GEE, C. Update on the causes of platelet disorders and functional consequences. International Journal of laboratory hematology, 2014, 36, p. 313–325. Disponível em:  https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/ijlh.12213. . Acesso em 15 ago. 2023.

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1Graduando em Biomedicina, do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná.
E-mail: elian4203@gmail.com.

2Graduando em Biomedicina, do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná.
E-mail: Lucasrodriguesjipa@gmail.com

*Autor correspondente:
Elian Gabriel Ferreira de Freitas, Graduando em Biomedicina, do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná. Av. Eng. Manfredo Barata Almeida da Fonseca, Jardim Aurélio Bernardi, Ji-Paraná – RO, CEP: 76907-524.
E-mail: elian4203@gmail.com.