SÍNDROME DA DILATAÇÃO VÓLVULO GÁSTRICA: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202409241417


Camila Buzzo
Gessica Correia
Renan Chiganças
Thalita Vera
Orientador(a) Profa. MSc. Dra. Patrícia Franciscone Mendes.


RESUMO

A síndrome da Dilatação Vólvulo gástrica (DVG) é uma condição aguda e muitas vezes fatal em cães, caracterizada pela expansão e rotação do estômago. Os sinais clínicos incluem náuseas, tentativas de vômitos sem sucesso, salivação excessiva, fraqueza, inquietação e distensão abdominal. Esta síndrome afeta principalmente cães de raças grandes e gigantes, de meia idade a idosos, com tórax estreito e profundo. Embora a etiologia seja complexa, fatores como manejo alimentar e atividade física estão implicados. O diagnóstico é baseado em história clínica, sinais clínicos exames radiográficos e laboratoriais. O tratamento envolve abordagens clinicas emergenciais para estabilização do paciente através de dose de choque de fluídoterapia, seguido da descompressão gástrica. A prevenção da DVG inclui gastropexia profilática e orientação para os tutores sobre manejo alimentar e atividades físicas adequadas para reduzir o risco de desenvolvimento da síndrome. A metodologia desta pesquisa foi a de revisão de literatura a partir de livros e produção cientifica em Medicina Veterinária, com base em pesquisa relacionada com as seguintes palavras chaves: dilatação vólvulo gástrica, vólvulo, DVG, torção do estômago, rotação do estômago; em algumas bases de dados como: Pubvet, Google Academy e SciElo.org, nos últimos 10 anos.

Palavras-chave: Dilatação vólvulo gástrica, vólvulo, DVG, torção do estômago, rotação do estômago

INTRODUÇÃO

A dilatação do estômago acompanhada da rotação, conhecida síndrome da dilatação vólvulo gástrica (DVG), é um evento extremamente perigoso. Esta condição aguda no trato gastrointestinal pode levar a uma série de complicações fisiopatológicas e sistêmicas, muitas vezes resultando no óbito do animal (Bruchim, et al., 2014).

É caracterizada por um rápido acúmulo de gás no estômago, combinando com a rotação anormal, resultando em aumento da pressão intra-gástrica, podendo levar a complicações como choque cardiogênico, hipovolêmico e séptico, não existe uma causa única para o desenvolvimento desta síndrome, mas há vários fatores predisponentes conhecidos que podem aumentar o risco da DVG (Costa, 2020).

 A conformação do tórax, dieta, nível de atividade, porte e ração são algumas das características que podem contribuir para o quadro da síndrome, cães com tórax profundo e estreito têm maior probabilidade de desenvolver a esta síndrome de dilatação vólvulo gástrica (Bruchim, et al., 2014). A maioria dos casos de DVG ocorre em cães de raças grandes e gigantes, e em algumas raças médias, entre a faixa etária mais comum para desenvolver a síndrome está entre cinco e dez anos de idade, não há diferença significativa entre os sexos dos animais para o desenvolvimento desta condição (Costa, 2020).

O diagnóstico da DVG se baseia nos sinais clínicos, histórico médico e exame físico do paciente, geralmente por exames de imagem, comumente radiografia abdominal (Bruchim, et al., 2014). O tratamento prioriza a estabilização do paciente, com ênfase na reposição volêmica a base de choque e a descompressão gástrica imediata antes do procedimento cirúrgico para realinhar o estômago (Radlinsky, 2014).  A prevenção da DVG envolve cuidados com a alimentação e em casos de animais predispostos, a realização da gastropexia profilática (Bruchim, et al., 2014).

OBJETIVO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica da síndrome da dilatação vólvulo-gástrica em cães enfatizando, principalmente, suas complicações, fatores de risco, sinais clínicos, métodos diagnósticos, abordagem clinica emergencial, tratamento, prognostico as medidas de prevenção da síndrome. Através de análise crítica e síntese dos principais estudos e informações disponíveis, buscando fornecer uma compreensão abrangente e atualizada da GDV em cães.

Material e Métodos

Iremos realizar uma revisão extensa da literatura científica sobre o tema, abrangendo artigos, livros, dissertações relacionadas à fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da dilatação vólvulo gástrica.

As plataformas de busca que foram utilizadas para execução do trabalho foram google acadêmico, artigos, livros, relatos de caso, Pubvet, Google Academy e SciElo.org utilizando palavras-chaves pertinentes, como Dilatação vólvulo gástrica, vólvulo, DVG, torção do estômago, rotação do estômago. Foram incluídos estudos e revisões de literatura que abordava especificamente os aspectos mencionados da DVG em cães. Após a seleção dos estudos relevantes, os dados foram coletados com ênfase na identificação de informações sobre fisiopatologia, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento clinico e prognóstico. A síntese e apresentação dos resultados foram conduzidas de forma objetiva e criteriosa, evidenciando as descobertas e conclusões mais relevantes obtidas a partir da análise dos estudos revisados.

REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Definição

A síndrome da dilatação volvo gástrica (DVG) é uma condição clínica grave e aguda que afeta principalmente cães, caracterizada pelo aumento do diâmetro do estômago associado à rotação em seu eixo mesentérico (Radlinsky, 2014). Essa patologia pode levar a complicações sérias, como a redução na perfusão tecidual, afetando diversos órgãos, incluindo os sistemas respiratório e cardiovascular (Rozanski, et al.,2014).

Vólvulo é a rotação de um órgão oco em torno de seu ponto de fixação e pode acontecer em qualquer parte do trato digestivo, sendo mais prevalente no estômago e nas alças intestinais, especialmente no cólon, devido à sua estrutura de mesentério longo e flexível (Foureaux, 2013). O aumento do volume gástrico acompanhado pela torção em torno do seu eixo mesentérico e uma disfunção na função digestiva, denominada Síndrome de Dilatação – Vólvulo Gástrico (SDVG), também conhecida como torção gástrica, timpanismo e distensão gástrica (Rozanski, et al., 2014).

1.2 Espécies Predispostas

 Essa condição afeta especialmente aqueles cães com o tórax profundo, ou seja, uma maior capacidade interna na cavidade torácica predispõe a essa condição (Mcgavin, 2011). Isso sugere, na realidade, uma possível disfunção dos arranjos anatômicos que são destinados a evitar o refluxo gastroesofágico (Radlinsky, 2014).

Como fatores adicionais de predisposição, incluem-se a obstrução ou esvaziamento gástrico retardado (Mcgavin, 2011). Há uma maior incidência em raças de porte grande e gigante, como Great Dane, Weimaraner, Pastor Alemão, São Bernardo, Setter Gordon, Setter Irlandês, Rottweiler e Dobermans (Maki et al., 2017).

1.3 Anatomia e Fisiologia

Estômago vazio ou parcialmente cheio assume a forma da letra “C”, sendo que sua superfície convexa se volta caudo ventral para a esquerda, é dividido em cárdia, fundo, corpo e piloro (Liebich, 2016). Ele possui duas faces, visceral e parietal, possui duas curvaturas, uma maior e outra menor (Liebich, 2016). A entrada do estômago é denominada cárdia, é onde ocorre à união do esôfago e do estômago, essa parte situa-se à direita do plano mediano do abdômen e a saída se chama piloro, ela prossegue em direção ao duodeno, situa-se mais à esquerda, ambas controladas por esfíncteres (Brentano, 2010). O corpo é a parte média maior do estômago, a qual se prolonga desde o fundo até o piloro. O fundo gástrico é uma invaginação cega que emerge acima do corpo e da cárdia (Liebich, 2016). A face parietal do estômago se situa contra o diafragma e o fígado, enquanto a face visceral está em contato com os órgãos abdominais adjacentes situados na direção caudal (Maki et al., 2017). A curvatura maior é a margem convexa ventral do estômago que se prolonga desde a cárdia até o piloro, o qual propicia fixação para o omento maior (Liebich, 2016).

 A curvatura menor é a margem dorsal côncava do estômago e também segue o trajeto da cárdia até o piloro. Ela está conectada ao fígado pelo omento menor (Maki et al., 2017).  A seção proximal do estômago distende durante a refeição armazenando o alimento e produzindo muco, a musculatura circular presente faz a mistura e maceração do alimento (Brentano, 2010). A seção distal tem função enzimática associada à produção de ácido clorídrico, regulando a saída de alimento para o intestino delgado (Konig et al., 2016).O esvaziamento gástrico no cão ocorre de 72 minutos a 240 minutos, essa variação é devida o volume estomacal, o conteúdo energético da dieta, a viscosidade do alimento, temperatura, densidade, tamanho das partículas, peso corporal, conteúdo ácido do duodeno, ingestão de água e o tamanho da refeição e tipo de dieta (Liebich, 2016).

1.4 Etiologia

A DVG (Dilatação Vólvulo-Gástrica) é uma síndrome de etiologia multifatorial, porém ainda indefinida. Sabe-se que ocorre quando há interação entre fatores predisponentes (Fossum, 2015). É sugerido como aspectos tendenciosos para essa patologia a conformação corporal com peito profundo, ou seja, maior volume interno na cavidade torácica sugerindo uma possível disfunção dos arranjos anatômicos que são projetados para impedir o refluxo gastroesofágico, frouxidão dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico, genética, exercício após as refeições, composição alimentar que facilita o acúmulo de gás, comedouros em posição elevada, estresse, idade e ingestão súbita de grande volume de alimentos (Maki et al., 2017).

1.5 Fisiopatogenia

Por se tratar de uma síndrome, essa condição patológica manifesta sinais clínicos em vários sistemas do organismo do animal, afetando principalmente o trato gastrointestinal, além de causar modificações nos sistemas respiratório, hepático e circulatório (Gilson, et al,.2014). As transformações gástricas podem oscilar desde edemas e hemorragias leves até necrose completa do órgão. A torção resulta em uma diminuição grave da tensão de oxigênio na superfície do estômago, ocasionando problemas de reperfusão sanguínea no órgão e consequentemente isquemia (Conessa, et al,. 2021). 

Há um acúmulo de gás, principalmente devido à aerofagia, e líquidos provenientes da ingestão e secreções gástricas, juntamente com a congestão venosa (Radlinsky, 2014).

Isso ocorre no estômago de cães com vólvulo, elevando a pressão interna e causando estase e distúrbios no fluxo sanguíneo (Gilson, et al,.2014).  Os tecidos do estômago podem apresentar edema e hemorragia, as alterações patológicas são causadas pela combinação de fatores como lesão pelo ácido clorídrico, isquemia e lesão por perfusão (Santos et al, 2010).

Se a rotação for menor que 180 graus, é chamada de torção, se for maior é chamada de vólvulo, as rotações podem variar de 90 a 360 graus, sendo mais frequentes as rotações entre 220 e 270 graus em relação ao esôfago (Radlinsky, 2014).

Durante essa rotação, o piloro e o duodeno se movem ventralmente para a esquerda da linha média, posicionando-se entre o esôfago. O baço, que está ligado à curvatura maior do estômago pelo ligamento gastroesplênico, é deslocado para o lado ventral direito do abdome, resultando em congestão esplênica e esplenomegalia. Por sua vez, o omento que se encontra inserido na curvatura maior do estômago, cobre a porção ventral do órgão (Gilson, et al, 2014).  A rotação no sentido anti-horário é uma ocorrência incomum e, quando presente geralmente não excede 90 graus de rotação (Santos, et al, 2010).

A flexibilidade dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico é uma característica associada à síndrome da dilatação vólvulo gástrica (DVG), resultando em uma maior mobilidade do estômago dentro da cavidade abdominal. Isso pode possibilitar que o estômago gire em torno do seu eixo longitudinal, normalmente o piloro está fixado no quadrante cranial direito do abdômen pelo ligamento hepatoduodenal, o omento menor e o ducto biliar em cães saudáveis (Rabelo, et al, 2013).

Assim, mesmo que o piloro seja deslocado para a esquerda ou assuma uma posição de vólvulo, ele retornaria imediatamente à sua posição anatômica original quando liberado. Isso é diferente do que ocorreria em um cão com DVG, devido ao afrouxamento dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico (Radlinsky, 2014).

A dilatação vólvulo gástrica leva à compressão das veias porta e cava, responsáveis por transportar o sangue venoso de volta ao coração. Essa compressão resulta em uma redução significativa do débito cardíaco e também da pressão arterial, o que pode levar ao desenvolvimento de choque hipovolêmico (Rabelo, et al, 2013). A compressão da veia porta resulta em edema e congestão do sistema gastrointestinal, além de uma diminuição no volume sanguíneo intravascular (Gilson, et al, 2014). O aumento da pressão portal afeta a circulação dos órgãos abdominais e diminui a oxigenação do trato gastrointestinal (Radlinsky, 2014).

Nessas condições, o pâncreas produz acidose, que é um fator que deprime o funcionamento do coração, essa acidose combinada com os radicais livres de oxigênio, causa isquemia cardíaca, reduzindo a contratilidade do coração e provocando arritmias que comprometem a função cardiovascular (Radlinsky, 2014).

A obstrução da veia cava caudal causa uma congestão passiva crônica e acentuada nos órgãos abdominais. Isso leva a uma isquemia nos órgãos e ao acúmulo de endotoxinas provenientes do trato gastrointestinal. Essa condição pode resultar em choque séptico e falência dos órgãos (Rozanski, 2014).

1.6 Estabilizar o Paciente

Há duas opções de tratamento para síndrome da dilatação vólvulo gástrica, o conservador (clínico) e o definitivo (cirúrgico). Independentemente do método escolhido, é importante descomprimir o estômago o mais rápido possível, através de gastrocentese, utilizando um cateter de tamanho 14,16 ou 18G, no lado direito ou esquerdo, em área com maior timpanismo à percussão (Green et al.,2011).

A chegada de um paciente em estado crítico, apresentando imobilidade, em decúbito lateral, prostração, dispneia intensa, dor abdominal e dificuldade respiratória, demanda uma intervenção imediata, seguindo os protocolos do ABC do trauma (Avaliação de vias aéreas, Garantia de boa respiração e Circulação) (Rabelo, et al, 2013). Quando há compressão torácica e o paciente encontra incapaz de respirar, é essencial uma intervenção coordenada por uma equipe completa (Costa, 2020).

Enquanto um membro da equipe procede com a antissepsia, raspagem e punção do cateter para descompressão do volume gástrico, outro providencia a aplicação de uma sonda nasal de oxigênio para tratar choque, elevando a taxa de oxigênio de 21% para 40% e melhorando a capacidade respiratória (Green, et al, 2011).

Simultaneamente, um terceiro membro da equipe estabelece dois acessos venosos para administração de fluidoterapia em dose de choque, aumentando o volume circulante e consequentemente o débito cardíaco (Radlinsky, 2014).

Durante todo o processo, o paciente é monitorado em um monitor cardíaco e recebe medicação analgésica para alivio da dor, além de antibiótico devido ao risco de translocação bacteriana (Costa, 2020). Espera que após aproximadamente 20 minutos, o paciente apresente sinais de estabilidade (Radlinsky, 2014).

Quando o paciente não exibe sinais de choque ou dificuldade respiratória aguda, e não há confirmação de torção, encaminha para a sala de emergência também. Porem nesse contexto, são administrados suporte nasal de oxigênio e estabelecidos dois acessos venosos para administração de fluidoterapia em dose de choque, juntamente com medicação analgésica e antibiótico. Após a estabilização do paciente, fazemos o diagnóstico definitivo que geralmente é obtido através de radiografia (Costa, 2020).  

No entanto, é importante ressaltar que Radlinsky (2014) destaca a descompressão como o primeiro passo prioritário diante de um quadro de síndrome da dilatação vólvulo gástrica (DVG), mesmo antes do acesso venoso para reposição de fluidos. Este procedimento contribui para eliminação gradual do gás, enquanto outras intervenções são realizadas simultaneamente, como o estabelecimento do acesso venoso (Rabelo, et al,2013).

Os autores dessa revisão enfatizam a importância de priorizar a manutenção da vida, adotando medidas destinadas ao manejo das situações mais críticas. Em suma, a descompressão gástrica é considerada a primeira escolha, pois além de melhorar o padrão respiratório, aumenta a pré-carga e, por consequência o débito cardíaco.

1.7 Diagnóstico

A confirmação do quadro de vólvulo e estado da mucosa gástrica pode ser mensurada, pela progressão clínica da doença, exames radiográficos e ultrassonográficos e citologia do líquido peritoneal (Mackenzie, et al, 2010). O seu diagnóstico é fundamentado nos sinais clínicos, exame físico e exame radiográfico O exame radiográfico abdominal não é necessário para o diagnóstico, mas é utilizado para confirmação do diagnóstico clínico, e para a diferenciação entre dilatação gástrica simples e Doença Volvo – gástrica (Silva, 2012). Os animais devem ser descomprimidos, antes de se retirar as radiografias recomenda-se incidências radiográficas laterais direitas ou dorso ventrais, para melhor visualização e determinação da rotação do estômago (Mackenzie, et al, 2010).  Em cães com DVG, na vista lateral o piloro se como uma estrutura preenchida com gás, à esquerda da linha média. Ar abdominal livre sugere ruptura gástrica e requer uma cirurgia imediata (Silva, 2012). 

1.8 Métodos De Diagnóstico Por Imagem

 A ultrassonografia tem o sido método de escolha no vólvulo gástrico, embora a radiografia contrastada seja bastante usada, observa-se um aumento vigoroso da motilidade. Quando o ultrassom Dopler colorido é utilizado, os vasos são visualizados com seu fluxo interrompido, mas, a ausência deste sinal não descarta a possibilidade da presença de um vólvulo, além do estômago ocorre a torção do baço e dos seus vasos, levando à congestão do baço e necrose da parede gástrica. Para diferenciar a dilatação simples da dilatação mais vólvulo é necessário a avaliação radiográfica, mas está só deve ser obtida depois da estabilização do paciente. (Rumack, et al, 2012) A vista em decúbito lateral direito é a melhor neste caso e os principais achados 3ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu 22 a 24 de outubro de 2014, Botucatu – São Paulo, Brasil radiográficos sugestivos incluem deslocamento dorsal e a esquerda do piloro, deslocamento caudal e a direita do fundo gástrico e segmentação do estômago (Ribeiro, et al, 2010). O diagnóstico diferencial deve incluir outras causas de vômito crônico (como obstrução do efluxo gástrico, úlceras, gastrite); hepatopatias; pancreatite; nefropatias; lipoadrenocorticismo: torção esplênicaprimária (Rumack, et al, 2012)

Imagem-B (Radiográfica Latero Lateral esquerda após a descompressão com cateter)

PROGNÓSTICO

O prognóstico da DVG pode variar de acordo com a resposta de cada paciente incluindo gravidade da condição e a evolução do quadro e a presença de necrose gástrica (Radlinsky, 2014). O prognóstico é considerado desfavorável se houver necrose ou perfusão gástrica, essa necrose aumenta significativamente as chances de morte do animal, em geral o prognóstico é reservado. (Bruchim, et al., 2014).

Hipotensão, sepse, peritonite e a necessidade de esplenectomia e gastrectomia foram identificados como fatores de prognóstico desfavoráveis. Em cães que apresentam alertas têm mais chances de sobrevivência em comparação com cães que chegam para o atendimento em emergência em decúbito lateral, a dilatação gástrica sem torção apresenta um prognostico mais favorável que a DVG (Costa, 2020). Já foram observadas taxas de até 45%, no entanto é cada vez mais comum encontrar taxas de mortalidade de cerca de 10% (Radlinsky, 2014).

Um biomarcador crucial para o prognóstico da DVG é a concentração de lactato sérico, onde níveis abaixo de 4 mmol/L são considerados um bom prognóstico, indicando a ausência de necrose gástrica (Radlinsky, 2014). Por outro lado, concentrações acima de 6 mmol/L indicam a presença de necrose tornando um prognóstico ruim (Costa, 2020).

PREVENÇÃO

Para prevenir a DVG em cães predispostos, é essencial implementar um manejo alimentar adequado. Isso inclui aumentar a frequência das refeições ao longo do dia e distribuir a quantidade de alimento em cada porção, visando diminuir a sobrecarga alimentar (Costa, 2020).

Oferecer uma ração com formulação especificamente para raças grandes e gigantes, que contenha grãos maiores, tem sido associado a uma redução na incidência de DVG, assim como manter o comedouro em uma altura adequada, além disso, é importante evitar exercitar os animais antes e depois das refeições (Fossum, et al, 2014).

 A reprodução do animal afetado deve ser evitada, e é recomendado considerar a realização de gastropexia profilática em animais com alto risco de desenvolver essa condição, a fim de prevenir a DVG (Zoocoler, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do tratamento para dilatação vólvulo gástrica podem variar dependendo de vários fatores, incluindo a gravidade da condição no momento do diagnóstico, a rapidez com que a intervenção é realizada e a eficácia das estratégias terapêuticas adotadas.

É importante ressaltar que cada caso é único e os resultados do tratamento podem variar significativamente. O sucesso do tratamento depende de uma variedade de fatores, incluindo a gravidade da condição, a rapidez com que o tratamento é iniciado e a qualidade dos cuidados fornecidos durante o período de recuperação.

CONCLUSÃO

A dilatação vólvulo gástrica em cães é uma condição grave e potencialmente fatal que requer intervenção imediata para otimizar as chances de sobrevivência e recuperação. No nosso trabalho de conclusão de curso, investigamos os fatores de risco, métodos de diagnóstico, opções terapêuticas e desfechos clínicos associados a essa condição, com o objetivo de ampliar nosso entendimento e aprimorar o manejo clínico desses casos.

Ressalta a importância da conscientização, diagnóstico precoce e intervenção rápida na dilatação vólvulo gástrica em cães. Avanços adicionais na compreensão dos fatores predisponentes, mecanismos fisiopatológicos e opções terapêuticas são necessários para melhorar os desfechos clínicos e reduzir a morbidade associada a essa condição devastadora.

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