REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7971005
Ernesto Augusto Fontana Junior1
Fabiane da Silva Oliveira2
Rayssa Raymara Amaral de Oliveira3
Rennan Adonis Pinheiro da Silva4
Wolfgang Willians Martins Barbosa5
RESUMO
Introdução: A sífilis é uma doença infectocontagiosa, que vem a anos desafiando a humanidade, é transmitida por via sexual, sem proteção, de mãe infectada para o bebê e por transfusão de sangue contaminado, sendo assim de forma adquirida ou congênita. A sífilis congênita é considerada em alguns estudos como uma das principais consequências adversas na gravidez, incluindo natimortos e a morte neonatal. Objetivo: Identificar e analisar na literatura a produção científica nacional e internacional sobre a prevenção e educação em saúde da sífilis congênita. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Obedecendo os critérios de inclusão e exclusão através das bases, LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências), SCIELO (Scientific Eletronic Librany Online), PUBMED (U.S National Libary of Medicine) e Google acadêmico, publicados nos últimos 5 anos. (2018 a 2022). Resultados e Discussão: Foram selecionados 10 artigos, através deles observou se que as gestantes mais acometidas são de baixo nível socioeconômico, solteiras, e que não tiveram um pré-natal adequado. Conclusão: Conclui-se que embora a sífilis congênita tenha uma forma rápida de diagnóstico, ela continua crescendo durante todos esses anos, tendo uma alta preponderância, no qual chegamos a nos questionar se o funcionamento dos programas já presentes está sendo suficiente para a demanda atual de controle, mostrando que se faz necessário o reforço das medidas preventivas e educativas por partes governamentais e das gestões das Unidades Básicas de Saúde.
Descritores: sífilis congênita; clínica; prevenção.
ABSTRACT
Introduction: Syphilis is an infectious and contagious disease that has been defying humanity for years. It is transmitted sexually, without protection, from an infected mother to her baby and by transfusion of contaminated blood, thus being acquired or congenital. Congenital syphilis is considered in some studies as one of the main adverse consequences in pregnancy, including stillbirths and neonatal death. Objective: to identify and analyze in the literature the national and international scientific production of prevention and health education in the care of congenital syphilis. Methodology: This is an integrative literature review. Obeying the inclusion and exclusion criteria through the bases, LILACS (Latin American and Caribbean Literature in Sciences), SCIELO (Scientific Eletronic Librany Online), PUBMED (U.S National Libary of Medicine) and Google academic, published in the last 5 years. (2018 to 2022). Results and Discussion: 10 articles were selected, through which it was observed that the pregnant women most affected are of low socioeconomic level, single, and who did not have adequate prenatal care. Conclusion: it is concluded that although congenital syphilis has a rapid form of diagnosis, it continues to grow during all these years, having a high preponderance, in which we came to question whether the functioning of the programs already present is sufficient for the current demand for control, showing that it is necessary to reinforce preventive and educational measures by government parties and the management of Basic Health Units.
Descriptors: syphilis; epidemiology; prevention and education.
1. INTRODUÇÃO
A sífilis é uma doença infectocontagiosa, que pode ser transmitida pela via sexual e verticalmente durante a gestação. A mesma vem a décadas desafiando a humanidade. É causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria gram negativa do grupo das espiroquetas. E apesar de ter tratamento e o mesmo ser de baixo custo, vem sendo um problema de saúde pública até os dias atuais (OMS, 2020).
O seu diagnóstico varia de acordo com a fase da doença, os mais comuns são o teste não treponêmico, o Veneral Disease Reseach Laboratory (VDRL), ou treponêmico no caso do teste rápido (TR) (DANTAS, DIAS, VALENTIM, 2020).
A sífilis congênita é considerada em alguns estudos como uma das principais consequências adversas na gravidez, incluindo natimortos e a morte neonatal (SOUZA et al., 2020). A sífilis congênita é transmitida verticalmente da genitora para o feto por meio da via placentária posteriormente às 16 semanas da gestação e adentrando na corrente sanguínea do feto. Ocasionalmente pode haver a transmissão através do contato imediato do recém-nascido com as lesões genitais maternas na hora do parto. A transmissão vertical pode acontecer em qualquer fase da gestação ou período clínico da sífilis materna, dessa forma o quanto mais recente for a infecção da mãe, maior a probabilidade de contágio para o feto (NETO et al., 2019).
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), no Brasil a sífilis não é diferente de outros países. Os números de casos da infecção são preocupantes e essa patologia precisa ser controlada, mesmo a sífilis congênita sendo uma doença de notificação compulsória ainda apresenta um grande número de casos subnotificados (OMS, 2019).
A Sífilis congênita ainda é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública (ANDRADE et al 2018). A meta de redução estipulada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) na América Latina até 2015 foi de 0,5 casos/1.000 nascidos vivos.
A principal porta de entrada para as medidas de saúde é a atenção básica, pois é através dela que cada paciente pode buscar ajuda e orientação, em razão disso ela deve acontecer às atividades para melhoria da saúde. Nesse sentido, essas práticas educativas irão ter o intuito de intensificar a participação da população e promover as intervenções necessárias antes mesmo do acometimento de doenças, fazendo assim uma promoção qualificada da saúde. A educação em saúde é a maior aliada na prevenção da sífilis congênita, pois ela vem há anos sendo a companheira das unidades de saúde para diminuição dos números de agravos em saúde (LAZARINI, BARBOSA, 2017).
Uma das práticas é o pré-natal que tem um importante papel como prevenção e educação em saúde, visto que será nele um dos primeiros contatos com a gestante, onde serão passados para elas as orientações e cuidados necessários durante o período gestacional. Na sífilis congênita, para evitar problemas futuros, deve-se ter uma anamnese correta, é obrigatório à sorologia para sífilis nos períodos preconizados (1° e 3° trimestre), leitura adequada da sorologia para sífilis e adesão ao tratamento do parceiro sexual, dessa forma, se o pré-natal for realizado de maneira eficiente junto ao tratamento adequado, os problemas posteriores serão evitados (VASCONCELOS, SANTOS, VILELA, 2019).
Em 2020, 38,8% das notificações de sífilis adquirida ocorreram em indivíduos entre 20 e 29 anos, e 56,4% das gestantes também tinham essa idade. Além disso, 56,4% das crianças que nasceram com sífilis congênita vieram de mães com idade entre 20 e 29 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023).
Mesmo com algumas estratégias sendo efetuadas na busca pelo difícil controle da sífilis congênita, o seu quadro epidemiológico mostrado acima, demonstra sua elevada incidência podendo ser falha desde o pré-natal, que é caracterizado como evento de sentinela, até as ações educativas, falta de informações e prevenções adequadas (NESI, MORAES, 2020).
A sífilis congênita não tratada tem sequelas graves, tanto para mãe quanto para o bebê, podendo acontecer à morte neonatal e natimorto, situações de difícil aceitação para uma mãe. A sífilis congênita têm períodos distintos, o precoce que é considerado até dois anos de vida e a tardia que surge depois do segundo ano de vida, a literatura diz que a maioria dos casos de sífilis congênita precoce são assintomáticos, em torno de 70%, os recém-nascido podem apresentar, baixo peso, lesões cutâneas, esplenomegalia, prematuridade, hepatomegalia, fissura peridural, púrpura, rinite icterícia, petéquias, quadros de sofrimento respiratório, podendo ter pneumonia, pseudoparalisia dos membros, anemia, convulsões e meningite. Todavia, a sífilis congênita tardia, tem pouquíssimas evidências de resultados da cicatrização da doença, dessa forma evoluindo para vários órgãos e podendo ser fatal (KILL, DALCIN, 2019).
Portanto, a prevenção e educação em saúde se torna a maior aliada na prevenção de novos casos, levando informações sobre a patologia e as formas de evitá-las. As orientações são importantes porque serão elas que irão mostrar a importância da conversa entre paciente e seu parceiro sexual, para o uso de métodos de prevenção nas relações sexuais, evitando assim casos de sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), e a todos os outros meios de prevenção e educação para saúde no cuidado com sífilis congênita (KILL, DALCIN, 2019).
A Atenção Primária tem grande papel quando se trata de Sífilis. Isso porque é na ponta que identificamos casos e encaminhamos para o tratamento especializado. Por isso, é importante que grávidas e seus parceiros testem para a doença trimestralmente. O diagnóstico precoce da Sífilis é benéfico para a mãe, para o pai e, principalmente, para o bebê. Isso porque a detecção rápida e o devido tratamento podem reduzir as chances de a criança nascer prematura, com incapacidades permanentes e complicações graves ou simplesmente nascer sem vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023).
Corroborando com o exposto, é sabido que os dados das sífilis gestacional e congênita servem como indicadores de qualidade dos serviços de assistência à mãe no período pré-natal e parto e, frente à situação atual, refletem as deficiências na qualidade desse serviço (CAMPOS et al., 2010).
O presente estudo tem o intuito de buscar o contexto da sífilis congênita, desde a clínica ao tratamento, e proporcionar medidas de prevenção, por fim e de forma eficiente, interromper sua cadeia de transmissão. Tendo isso em vista, os objetivos deste trabalho são identificar e analisar a produção científica nacional e internacional sobre os aspectos clínicos e de prevenção em saúde, relacionado a sífilis congênita, destacar os meios específicos da transmissão, expor sobre possíveis perigos, salientar alternativas de tratamento adequado nas gestantes com sífilis congênita durante o pré-natal.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipos de Estudo
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que expõe como pergunta norteadora a seguinte indagação: Quais as principais alternativas a serem adotadas de prevenção e educação em saúde sobre a sífilis congênita?
Esse tipo de estudo apresenta uma forma teórica rica em conhecimentos através análise dos artigos obtidos, que segundo Mendonça (2020, p.2) ‟ é um estudo que permite somar e combinar dados teóricos e empíricos proporcionando maior compreensão do objeto de estudo‟.
A revisão integrativa é um modelo de pesquisa que pode procurar, analisar e debater de forma rigorosa e sintetizada as evidências disponíveis sobre um determinado assunto, o resultado e o nível de conhecimento atual sobre o assunto que foi analisado, ações eficazes na assistência à saúde e redução de custos, descobrindo também lacunas nas pesquisas e desenvolvimentos futuros. A revisão de literatura demanda a elaboração de uma problemática, seguida de pesquisas literárias, análise de informações encontradas e apresentação dos resultados encontrados. Desta forma possibilita a investigação, avaliação crítica, e o conhecimento aprofundado sobre o tema pesquisado (MENDES, et al., 2008).
2.2 Fontes e Bases para Coleta dos Dados
A amostra e coleta dos dados deste estudo foi realizada respeitando os descritores sífilis, sífilis congênita, epidemiologia, prevenção e educação e obedecendo os critérios de inclusão e exclusão através das bases, LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências), SCIELO (Scientific Eletronic Librany Online), PUBMED (U.S National Libary of Medicine) e Google acadêmico, publicados nos últimos 5 anos (2018 a 2022).
2.3 Estratégia de Busca
A busca executada nas bases de dados foi realizada através dos seguintes Descritores: sífilis, sífilis congênita, epidemiologia, prevenção e educação. Utilizando filtros de linguagem (Português e Inglês) nos anos de 2018 a 2022.
2.4 Critério de Inclusão e Exclusão
Foram incluídos artigos que estavam disponíveis na íntegra, em idioma escolhidos e ano correspondentes ao filtro de pesquisa e que apresentavam conteúdos referentes aos objetivos da pesquisa. Artigos incompletos e que não se enquadram no objetivo do estudo, pesquisas que não fossem de natureza humana, pesquisas duplicadas e trabalhos que não foram publicados em revistas científicas foram excluídos.
2.5 Análise dos Dados
Após a busca nas bases de dados, os artigos encontrados foram exportados para o Microsoft Office Excel, contendo as seguintes informações: Dados dos artigos (nome do periódico, título do trabalho, nome dos autores, ano de publicação, país de publicação, instrumentos utilizados para avaliá-los e desfecho).
2.6 Aspectos Éticos
Por ser uma revisão integrativa de literatura, o trabalho não foi submetido ao comitê de ética em pesquisa, porém, respeitou todos os preceitos éticos estabelecidos na resolução 466/12 do conselho nacional de saúde. Não há conflitos de interesse.
3. RESULTADOS
Foram utilizados 10 artigos contando com 09 no idioma de português e 01 em inglês nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED, Google Acadêmico, Literatura Latino- Americana em Ciências da Saúde (LILACS), no período de 2018 a 2022. Através das informações disponíveis na íntegra de cada artigo, encontramos ao todo inicialmente 2.596 artigos. Desses foram selecionados 77 artigos que apresentavam o texto na íntegra, sendo que apenas 10 foram utilizados pois satisfaziam as condições necessárias para sua inclusão, a literatura mais antiga consultada foi de 2019. Todos os artigos utilizados neste estudo foram publicados no Brasil.
Podemos observar os dados que foram obtidos abaixo (figura 1), com as seguintes etapas: formação da pergunta norteadora; seleção do problema da pesquisa; seleção dos artigos nas bases de dados, estabelecendo critérios de inclusão e exclusão; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento (RANGEL, et al., 2018).
Quadro 1 – Descrição da trajetória de busca dos artigos.
Fonte: Dados da pesquisa
Os artigos selecionados foram analisados com abordagem qualitativa, de acordo com os critérios metodológicos da pesquisa, a fim de discorrer cientificamente sobre os resultados obtidos, produzindo novos conhecimentos sobre o presente tema e organizados em quadros (Quadro 2), para melhor apresentação.
Quadro 2 – Síntese de artigos sobre prevenção e educação para a saúde na Sífilis Congênita.
| Bases de Dados | Idioma/ Autor/ Ano | Método | Objetivo | Conclusões |
| Lilacs | Português SANTOS et al.,2019 | Investigação epidemiológica. | Entender o real motivo de ter tantos casos notificados no estado e o motivo de estar aumentando cada vez mais. | Conclui- se que esse artigo pôde mostrar a dificuldade que o estado da Bahia enfrenta na saúde pública, tendo em vista que a necessidade de ações voltadas para à prevenção e controle com essa doença. |
| Google Acadêmico | Português VIEIRA et al.,2019 | Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória e retrospectiva, com abordagem quantitativa, realizada em Caxias (MA). | O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico e a distribuição espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita. | Avaliou – se que a sífilis está mais presente em jovens, de baixa escolaridade que residem na zona urbana, mostrando assim que há uma certa falha no pré- natal prestado a essas gestantes. |
| Scielo | Português DANTAS et al.,2019 | Revisão bibliográfica acerca da sífilis e seu impacto na arte. | Procura-se, neste estudo, realizar uma revisão bibliográfica a respeito da sífilis e seu impacto na arte, e apresentar um estudo sobre como essa doença influenciou várias especialidades artísticas | Observou – se o impacto que a sífilis causou no meio artístico. As obras demonstravam o real objeto de estudo e meticulosamente observado não apenas como uma doença física, mas também a partir de seu impacto social, religioso, científico e político. |
| Google Acadêmico | Português GONÇALVES et al.,2019 | Trata-se de uma revisão integrativa. | Trata-se de explicar a ocorrência de sífilis congênita, associando aos índices de transmissão do Treponema pallidum no Brasil e as formas de diagnóstico disponíveis nas unidades de saúde brasileiras. | Através dos resultados obtidos pode-se observar que a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento ainda são os métodos mais efetivos para combater os crescentes casos. |
| Scielo | Português KILL et al.,2019 | Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura. | Explicar a real importância da prevenção para obter a diminuição do número de casos, principalmente relacionado a sífilis em gestante e congênita. | Apesar dos programas já existentes para diminuição da sífilis congênita, este estudo mostrou que apesar de muito esforço, ainda existe falhas na educação, comprometimento e conscientização. |
| Google Acadêmico | Português MORAES et al.,2020 | O estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica descritiva, de abordagem qualitativa. | Fazer com que a doença não seja esquecida e mostra para as gestantes que e algo sério mas que através de um tratamento adequado pode – se obter a cura. | Conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental no tratamento para a sífilis, pois o mesmo tem vários métodos para que o paciente possa entender sobre a doença e o seu tratamento adequado. |
| Scielo | Português GOMES et al.,2020 | Trata-se de inquérito transversal que incluiu todas as gestantes residentes do município de Rio Grande, que tiveram filhos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro nos anos de 2007, 2010 e 2013. | Descrever as taxas relevantes dos seguintes anos. | Alcançar mães de pior nível socioeconômico, reestruturar os serviços locais de saúde, aperfeiçoar sua operacionalização a fim de melhorar a qualidade da assistência pré-natal parecem mandatórios neste município. |
| Pubmed | Inglês FONSECA et al.,2020 | Esta análise descritiva de séries temporais da incidência de SC utilizou dados do Sistema de Informação de Doenças Notificáveis (SINAN) e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC). | Descrever a distribuição temporal e as características epidemiológicas dos casos de sífilis congênita (SC) na cidade de Niterói, sudeste do Brasil, de 2007 a 2016. | Conclui-se que os profissionais de saúde devem ser treinados para gerenciar a sífilis gestacional, e as políticas públicas devem abordar efetivamente os determinantes sociais dessa condição. |
| Acadêmico Google | Português BORBA et al.,2020 | Trata-se de uma pesquisa descritiva com dados do período entre 2016 e 2019, sendo que o ano de 2018 concentrou maior número de artigos. | Descrever os pontos onde está tendo mais falhas em relação ao aumento de casos. | Conclui – se que a melhoria da assistência pré-natal, envolvendo uma equipe multidisciplinar, é a base para o controle e prevenção de novos casos na gestante e sua transmissão materno-fetal |
| Google Acadêmico | Português SOUZA et al.,2020 | Estudo observacional, transversal, descritivo baseado na análise retrospectiva de dados secundários por meio de informações coletadas no SINAN disponibilizados pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS). | Avaliar e descrever os pontos negativos e positivos. | Através dos resultados obtidos, observou –se que há bastante deficiências nas medidas de controle e reforçam a importância da captação precoce de gestantes para a assistência pré-natal. |
Fonte: pesquisa nas bases de dados LILACS, PUBMED, GOOGLE ACADÊMICO e SCIELO,2023.
4. DISCUSSÕES
Segundo Cavalcante et al. (2017) um pré-natal adequado cheio de informações e condutas corretas pode evitar o aumento no índice de abortos, natimortos e prematuridade sem contar que uma detecção precoce da sífilis congênita pode contribuir para uma cura mais rápida e redução de transmissão vertical.
Segundo a PNAISM (2011) é garantido a toda mulher a partir dos 10 anos de idade a atenção integrada a saúde reprodutiva bem como a prevenção do vírus HIV outras IST´s, de acordo os estudos Sentinelas nas maternidades 1.7% é a prevalência da doença o que significa 116.000 mil gestantes infectadas com cerca de 29.000 crianças com sífilis congênita, porém o mais preocupante é que desse número apenas 5 mil vem sendo notificado.
A fase reprodutiva da mulher e o número expressivo de adolescentes grávidas demonstra que esse perfil vem demonstrando uma atividade sexual cada vez mais desprotegida e pouca adesão aos dispositivos de prevenção às IST´s além de gravidez não planejada (SOUZA, 2018).
O estudo mostra que uma forte aliada nessa luta contra a diminuição de sífilis congênita e a captação precoce da gestante, pois auxilia para que a gestante esteja recebendo a informação completa e segura, a mesma pode ocorrer por meio de visitas domiciliares inicialmente por um Agente comunitário de saúde (ACS), o profissional se disponibiliza para ouvir as queixas das pacientes, tirar dúvidas e proporcionar esclarecimentos necessários.
Entretanto ao analisar cada artigo muitos mostram que o aumento dos casos não está relacionado 100% somente com falhas que acontecem no pré-natal, é sim com uma assistência imprópria. Ainda assim os métodos mais efetivos para derrotar os crescentes casos, são prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento tanto da gestante quanto do parceiro (GONÇALVES et al.,2019)
Para Cavalcante et al., 2017 os casos de sífilis que não tratados corretamente podem acarretar em sífilis congênita, ademais teve fatores que foram associados aos elementos socioeconômicos, do acesso às redes de serviços de saúde, de infraestrutura, baixo nível de escolaridade, que apesar de comumente fazer parte da zona urbana, com facilidade no acesso às UBS, muitas ficam sem as informações completas, devido os profissionais não estarem tão capacitados ou pela falta aceitação da parte da paciente, acometendo assim na maioria das vezes indivíduos com uma maior vulnerabilidade social.
Podemos verificar através deste estudo que a sífilis congênita quando não tratada adequadamente pode causar danos negativos, como aborto, natimortos e prematuridade. Mesmo sendo preconizado pelo Ministério da Saúde, de toda gestante realizar o exame no primeiro trimestre, de preferência na primeira consulta do pré-natal, e repeti-lo entre 28º a 30º semanas de gestação, o estudo mostra que o índice de gestantes que não repetiram o teste sorológico para sífilis ainda é alto. De acordo com Padovani, Oliveira e Pelloso (2018), o rastreamento na gestação é de baixo custo e o acesso é fácil para uma resposta rápida, utiliza – se o teste de triagem VDRL, que é um teste não treponemo.
Apesar de o pré-natal ser um procedimento de suma importância para que cada gestante tenha a prevenção necessária, durante a pesquisa pode-se perceber que ainda tem muitos profissionais que desconhecem quais as condutas a ser seguidas mediante a uma sorologia positiva, isso faz com que a gestante tenha uma consulta incompleta que pode acarretar a danos negativos durante e após a gestação (SOUZA et al., 2020).
Os artigos científicos que abordam sobre a educação continuada para os profissionais enfatizam a necessidade de uma maior adesão pelos os mesmos, seja pela baixa procura da parte dos pacientes ou até mesmo a não atuação deles como educador em saúde. Sendo que a educação em saúde é de suma importância, devido sua função de encorajar a prevenção de doenças, a promoção da saúde e o comprometimento da população (LAZARINI, BARBOSA, 2017).
Através dos estudos foi possível observar que as intervenções de educacionais fizeram com que houvesse uma detecção precoce da sífilis gestacional, dessa forma diminuindo a transmissão vertical e seus danos. Essas ações educativas podem ser desenvolvidas em diferentes momentos, vão desde as palestras para grupos de gestantes, a visitas domiciliares para educação das mesmas, realizando e monitorando frequentemente mais de perto através cada uma (LAZARINI, BARBOSA, 2017).
Dá se ênfase para educação continuada durante o pré-natal que serão primeiro contato da gestante com o profissional, com isso o fortalecimento do vínculo e a confiança do usuário e o médico, dando segmento a uma captação imediata da gestante e a realização de todo processo para o monitoramento e tratamento da paciente, juntamente com seu parceiro sexual, que é extremante necessário sua participação em todo o tratamento.
Logo, a prevenção e educação em saúde se tornam a maior colaboradora na prevenção de novos casos, transmitindo informações sobre a doença e as formas de evitá-las. Frisando que em todo esse processo educacional do paciente é importantíssimo o diálogo entre a paciente e seu parceiro sexual, para o uso de métodos de prevenção nas relações sexuais, evitando dessa forma casos de sífilis e consequentemente outras infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), e a todos os outros meios de precauções e educação para saúde no cuidado com sífilis congênita (HERINGER, REIS, 2020).
Verificou-se nos estudos que as unidades de saúde devem estar aptas para a recepção da gestante em todo o seu período gravídico e com estratégias de atividades educativas sobre a sífilis congênita para a adesão total dessa paciente ao tratamento. Para mais, devem ser assegurados todos os elementos que serão necessários para o diagnóstico e todo o tratamento, assim como garantir a não rejeição por parte da população e a confiança sobre os dados das pacientes (HERINGER, REIS, 2020).
5. CONCLUSÃO
A sífilis congênita e gestacional é uma patologia preocupante para o binômio mãe-filho, pois diante do que foi estudado observamos que existem fatores que contribuem e potencializam para a incidência e posteriormente para as complicações da doença seja de ordem materna ou fetal.
Diante do exposto, conclui-se que embora a sífilis congênita tenha uma forma rápida de diagnóstico, ela continua crescendo durante todos esses anos, tendo uma alta preponderância, no qual chegamos a nos questionar se o funcionamento dos programas já presentes está sendo suficiente para a demanda atual de controle, mostrando que se faz necessário o reforço das medidas preventivas e educativas por partes governamentais e das gestões das Unidades Básicas de Saúde. Porém é notório que uma assistência de pré-natal qualificada, onde está envolvida uma equipe multidisciplinar, é a essência para o controle e prevenção de novos casos de sífilis congênita e sua transmissão materno-fetal. Mostra-se que os profissionais de saúde devem estar sempre atentos e notificar os casos diagnosticados.
É válido frisar as necessidades de ações da vigilância epidemiológica, se casos estão sendo notificados, deve-se buscar esses pacientes para um acompanhamento adequado. Portanto, é imprescindível que as informações repassadas por cada profissional de saúde sejam compreensíveis e nítidas no que se refere à sífilis congênita, para que assim cada gestante venha a ter o conhecimento das gravidades que pode ocorrer durante e após a gestação, caso não tenha um tratamento adequado.
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1Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
2Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
3Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
4Graduado em Fisioterapia (2013). Pós-graduado em Fisioterapia Traumato-Ortopedia e Desportiva (2016). Mestre em Cirurgia e Pesquisa Experimental (UEPA). Coordenador do Setor de Reabilitação da Caixa de Assistência dos Advogados do Pará – Subseção Marabá (2015). Docente e Supervisor do estágio em Traumatologia, Ortopedia e Amputados da Faculdade Metropolitana de Marabá (2016). Docente no curso de Pós-graduação da Faculdade Inspirar (2016). Atualmente é docente na Faculdade de Ciências Médicas do Pará- FACIMPA
5Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA