SEXUALIDADE E ENVELHECIMENTO: PROMOVENDO A SAÚDE DO IDOSO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8257125


¹Laís Carvalho Silva de Araújo
²Wanuska Munique Portugal
³Samanta Barbosa Feitosa
4Cibele Lopes De Santana Ramalho
5Bárbara dos Santos Lins
6Anne Hellen Gomes Barbosa
7Raisa Maria da Silva
8Lucidia de Medeiros Tavares
9Nara Gomes da Silva
10Samanta das Graças Francelino
11Giselda Bezerra Correia Neves


Resumo

Introdução: A velhice, frequentemente, está associada a estereótipos negativos impostas pela sociedade, entretanto, a sexualidade entre os idosos é a continuidade de um processo já iniciado na puberdade que deve se perpetuar até a terceira idade. Objetivo: Abordar a relevância da promoção à saúde sexual entre os idosos, destacando os benefícios da atividade sexual na população idosa e discutindo os principais desafios associados a este tema. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, de abordagem qualitativa. A busca dos artigos nas bases de dados: LILACS, SciELO e PubMed. Utilizaram-se os seguintes DeCS: “Sexualidade”, “Envelhecimento/ Senescência”, “Promoção da Saúde” e “Saúde do Idoso”, associados com o operador booleano “AND” no cruzamento. Resultados e discussão: Apresentam achados destacando os benefícios da atividade sexual na população idosa, como melhoria da saúde física, emocional e aumento da autoestima. Por outro lado, são discutidos os desafios relacionados à sexualidade na terceira idade, como estereótipos impostos pela sociedade e preconceitos familiares que reprimem os desejos dos idosos, ressalta a importância de promoções a saúde e estratégias e oportunidades para melhorar a sexualidade dos idosos, como estímulo da atividade física. Conclusão: Conclui-se que a sexualidade transcende a atividade sexual, envolve diversos aspectos, como carinho, amizade, companheirismo, confiança, cumplicidade, desejos, ou seja, outros aspectos qualitativos que são capazes também de proporcionar prazer. Assim, vale ressaltar que a sexualidade na população idosa é uma temática que merece destaque e atenção por parte da sociedade e dos profissionais de saúde.

Palavras-chave: Envelhecimento; Sexualidade; Saúde do Idoso.

Abstract

Introduction: Old age is often associated with negative stereotypes imposed by society, however, sexuality among the elderly is the continuation of a process that started at puberty and should continue until old age. Objective: To address the relevance of promoting sexual health among the elderly, highlighting the benefits of sexual activity in the elderly population and discussing the main challenges associated with this topic. Methods: This is an integrative literature review with a qualitative approach. The search for articles in the databases: LILACS, SciELO and PubMed. The following DeCS were used: “Sexuality”, “Aging/Senescence”, “Health Promotion” and “Health of the Elderly”, associated with the Boolean operator “AND” in the intersection. Results and discussion: They present findings highlighting the benefits of sexual activity in the elderly population, such as improved physical and emotional health and increased self-esteem. On the other hand, the challenges related to sexuality in old age are discussed, such as stereotypes imposed by society and family prejudices that repress the desires of the elderly, highlighting the importance of health promotions and strategies and opportunities to improve the sexuality of the elderly, as a stimulus of physical activity. Conclusion: It is concluded that sexuality transcends sexual activity, involves several aspects, such as affection, friendship, companionship, trust, complicity, desires, that is, other qualitative aspects that are also capable of providing pleasure. Thus, it is worth mentioning that sexuality in the elderly population is a theme that deserves attention from society and health professionals.

Keywords: Aging; Sexuality; Elderly Health.

INTRODUÇÃO

A senescência ou envelhecimento é uma parte natural do ciclo da vida do ser humano caracterizado por modificações progressivas e irreversíveis, envolvendo mudanças físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem como resultado ao longo do tempo. Conforme a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se em países desenvolvidos idosos o indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos, e para os países em desenvolvimento, como o Brasil, indivíduos que tenham idade igual ou superior a 60 anos (DANTAS et al., 2017).

Durante a velhice ocorrem alterações físicas e fisiológicas, como cabelos brancos, aparecimento de rugas, redução da elasticidade da pele, diminuição da massa muscular, entre outras. Além disso, nas mulheres há a redução dos hormônios como a progesterona e estrógeno, resultando na redução da lubrificação vaginal e interferindo na perda do desejo sexual. Nos homens, há uma diminuição gradual da espermatogênese, bem como um atraso na ereção e redução da congestão vascular, contudo, o interesse sexual permanece presente (LIMA et al., 2020).

Assim, a velhice, frequentemente, está associada a estereótipos negativos, entretanto, a sexualidade entre os idosos é a continuidade de um processo já iniciado na puberdade que deve se perpetuar até a terceira idade. Portanto, a carência de informações a respeito desta temática coopera para a manutenção de uma sociedade repleta de tabus (ALENCAR et al., 2016; LIMA et al., 2020).

Além disso, vale ressaltar que a sociedade impõe certos padrões de comportamento aos idosos, rotulando-os como assexuados ou desprovido de desejos, limitando a sexualidade ao período entre a puberdade e a fase adulta. Assim, esse contexto demonstra a falta de estímulo à sexualidade a população idosa, além de ser resultado de julgamentos, preconceitos e tabus (PINTO et al., 2019).

Nesse sentido, é necessário quebrar a rotulação imposta pela sociedade ao relacionar sexualidade à heterossexualidade, procriação, coito, juventude e outros padrões que negam a expressão e vivência da sexualidade a população idosa. É crucial oferecer apoio e incentivo aos idosos em relação à sexualidade ao longo da vida, independente das limitações ou dificuldade é fundamental abordar a temática e enfatizar os benefícios de uma qualidade de vida (QV) relacionada à vida sexual ativa nessa idade (SANTOS et al., 2020).

A Política Nacional do Idoso (Brasil, 2006) visa garantir os direitos sociais que assegurem a promoção da autonomia, participação ativa na sociedade, permitindo que exerçam plenamente a sua cidadania. Nesse sentido, é responsabilidade da família, sociedade e estado garantir a participação dos idosos a comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e direito à vida (SANTOS et al., 2020).

Diante do contexto da necessidade de promover a saúde integral das pessoas idosas, de considerá-los aptos para vivenciarem sua sexualidade e senescência de maneira ativa e no intuito de reduzir estereótipos negativos que ainda pairam sobre essa temática, este estudo visa abordar a relevância da promoção à saúde sexual entre os idosos, destacando os benefícios da atividade sexual na população idosa e discutindo os principais desafios associados a este tema.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, de abordagem qualitativa. Para o desenvolvimento ocorreu primeiramente a escolha do tema, bem como a elaboração da pergunta condutora; estabeleceu parâmetros de inclusão e exclusão dos artigos selecionados; construiu uma planilha contendo as informações sobre os materiais selecionados.

Realizou-se a busca dos artigos nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e PubMed. Utilizaram-se os seguintes descritores em saúde (DeCS): “Sexualidade”, “Envelhecimento/ Senescência”, “Promoção da Saúde” e “Saúde do Idoso”, associados com o operador booleano “AND” no cruzamento. Utilizou as seguintes maneiras para a busca (tabela 1):

Tabela 1: Associações para busca dos artigos

DeCsOperador BooleanoDeCsOperador BooleanoDeCs
SexualidadeANDEnvelhecimentoXX
SexualidadeANDSaúde do IdosoXX
SexualidadeANDSaúde do IdosoANDPromoção da saúde
SexualidadeANDEnvelhecimentoANDPromoção da saúde

Fonte: Autores, 2023.

Para a seleção dos artigos, utilizaram-se como critérios de inclusão: artigos nos idiomas inglês, português e espanhol, completos, disponíveis gratuitamente, publicados nos últimos 6 (seis) anos (2017-2023), e que abordassem a temática proposta do estudo. E como critérios de exclusão adotaram-se os estudos repetidos nas bases de dados, além de resumos e artigos que não abordassem a temática proposta.

Para desenvolvimento da pergunta condutora, utilizou-se a estratégia PVo, onde P (população), V (variáveis); O (desfecho) (tabela 2), resultando assim, na seguinte problemática: Como a promoção da saúde sexual pode impactar positivamente a QV dos idosos, considerando os benefícios da atividade sexual nessa faixa etária e os desafios que envolvem esse assunto?

Tabela 2: Aplicação da estratégia PVO

PIdosos
VSexualidade
OBenefícios, desafios e promoções

Fonte: Autores, 2023.

O fluxograma 1 demonstra a seleção dos artigos incluídos e excluídos no percurso metodológico da revisão integrativa da literatura.

Fluxograma 1. Pesquisa bibliográfica

Fonte: Autores, 2023.

Dessa maneira, foram selecionados 46 artigos com os critérios de inclusão (últimos 7 anos, idiomas português, inglês e espanhol, bem como leitura do título), entretanto foram selecionados apenas 25 artigos, que além de estarem em consonância com os critérios de inclusão estabelecidos, responderam à pergunta norteadora, após a leitura do resumo e texto completo, apenas 10 artigos foram utilizados para compor a RIL.

RESULTADOS

Os 10 artigos selecionados contemplam todos os critérios de inclusão e exclusão e conduzem ao alcance do objetivo da pesquisa, como demonstra a tabela 3. Na tabela apresenta as seguintes informações dos artigos: autor/ano, objetivo, metodologia e conclusão.

Tabela 3: Levantamento dos dados bibliográficos

Autor/AnoObjetivoMetodologiaConclusão
SANTOS et al., 2017).Compreender o conhecimento da população idosa acerca da sexualidade e sua influência no autocuidado.
Trata-se de um estudo de campo, de abordagem Descritiva, qualitativa, exploratória, descritiva.Pode-se concluir que há uma complementação significativa em relação ao afeto na vida dos idosos, evidenciada por meio da vivência compartilhada na sexualidade, permeada por companheirismo, carinho e cuidado. Essa dinâmica permite um bem-estar geral e um envelhecimento saudável.
FLEURY; ABDO, 2022.Explorar os fatores que contribuem para a satisfação sexual na população idosa.Trata-se de uma revisão de literatura.Conclui-se que as mulheres são cercadas de paradigmas que influenciam na sua vida sexual, entretanto, a maioria demonstra que gostariam de permanecer ativa. Assim, observa-se a importância da temática, a qual deve ser discutida e incentivada.
SANTOS et al., 2017.Avaliação das estratégias de educação em saúde acerca da sexualidade na terceira idade.O estudo trata-se de uma intervenção do tipo antes e depois com abordagem qualitativa.
A educação em saúde impacta positivamente, enfatizando a relevância sexual desta categoria. Assim, os profissionais devem estimular a promoção da saúde.
JÚNIOR et al., 2021.Realizar análise da relação entre experiências da sexualidade e QV em idosos.Trata-se de um estudo transversal.As equipes de saúde devem buscar aprimoramento, a fim de promover promoção a saúde com a temática sexualidade na terceira idade.
RODRIGUES et al., 2019.Realizar análise da conexão entre satisfação sexual e variáveis sociodemográficas, clínicas e QV na população idosa.Trata-se de um estudo de caráter transversal.Os resultados indicaram que a prática sexual desempenha um papel extremamente importante na QV dos idosos, enfatizando a relevância de implementar ações educacionais e medidas de proteção para abordar a vulnerabilidade da sexualidade nessa faixa etária.
JÚNIOR et al., 2022.Examinar os impactos da sexualidade na funcionalidade familiar e na QV dos idosos.Trata-se de um estudo seccional.A sexualidade das pessoas idosas deve receber uma maior atenção nos serviços de saúde, considerando que tem demonstrado efeitos positivos na funcionalidade familiar e na QV.
JÚNIOR et al., 2022.Examinar os impactos da sexualidade na autoestima e na QV dos idosos.Trata-se de estudo transversal, analítico e observacional.Os resultados revelaram que a sexualidade impacta positivamente tanto na autoestima quanto na QV.
JÚNIOR et al., 2021.Analisar a relação entre sexualidade e QV de brasileiros idosos que vivem em comunidades.Trata-se de um estudo transversal.O incentivo a prática sexual pode ser uma grande estratégia para promoção da saúde e do envelhecimento ativo dois idosos, pois, sexualidade e QV estão fortemente associados.
WITTKOPF et al., 2018.Realizar análise comparativa entre idosas classificadas com disposição funcional boa e ruim.Trata-se de um estudo descritivo.Conclui-se que as idosas que praticam atividades físicas, que possuem uma disposição funcional, tendem a ter melhor função sexual.
LOMBARDI; CORREIA; VASCONCELOS, 2021.Abordar estratégias para a promoção da saúde na terceira idade.Trata-se de uma revisão integrativa.Conclui-se que a educação em saúde é a principal estratégia, pois, por meio de desenvolvimento de recursos tecnológicos e campanhas, a fim de ampliar o conhecimento dessa categoria, os idosos poderão vivenciar a vida sexual de forma saudável e segura

Fonte: Autores, 2023.

Para fins de discussão, dividiu-se a pesquisa em 4 categorias: Benefícios da atividade sexual na população idosa; Desafios relacionados à sexualidade na população idosa e relevância da promoção à saúde sexual entre os idosos; Estratégias e oportunidades para melhorar a sexualidade dos idosos.

DISCUSSÃO

Benefícios da atividade sexual na população idosa

A sexualidade na terceira idade é uma fonte de prazer, e não há evidências cientificas que impeçam suas vivências entre os idosos, apesar da sociedade frequentemente abrigar mitos, tabus e preconceitos (JÚNIOR et al., 2022).

De acordo com Fleury e Abdo (2022), a atividade sexual com parceria é crucial para o bem-estar, além de contribuir tanto para a saúde física quanto cognitiva e emocional. No entanto, entre os idosos, existe uma ampla variação no interesse sexual, caracterizado pelo impasse da motivação em buscar sexo e com a disposição para a prática quando convidado.

Em consonância com o autor supracitado, Souza et al. (2021), afirma que a atividade sexual favorece o bem-estar tanto físico quanto psicológico, assim, reduzindo transtornos na saúde mental e física associados ao processo fisiológico do envelhecimento. Nesse contexto, pode-se ressaltar que a associação da atividade sexual está envolvida com a redução dos sintomas depressivos, melhora o sistema cardiovascular, eleva a autoestima, além disso, reafirma a identidade, bem como enfatiza os valores e estímulo de amor, carinhos e cuidado entre os envolvidos.

De acordo com um estudo, constatou-se que até em idosos que enfrentam algum tipo de demência a prática sexual oferece benefícios para a saúde, assim, os autores enfatizam a importância de realizar mais estudos, buscando aprofundar o entendimento sobre a temática, bem como estimular a prática sexual a população idosa (JÚNIOR et al., 2021).

Ademais, em uma pesquisa realizada no Brasil, observou que 90,48% dos idosos entrevistados confirmaram que a prática sexual é realmente importante para promover a felicidade dos que praticam. Além disso, outro estudo afirma que por mais que o envelhecimento venha acompanhada por alterações físicas, fisiológicas e psicológicas, a prática é essencial para os que praticam ter uma boa QV. Por fim, outro estudo realizado com idosos portugueses observou que claramente a prática da atividade sexual tanto para homens quanto para mulheres impacta positivamente para uma melhor QV (JÚNIOR et al., 2021).

Desafios relacionados à sexualidade na população idosa

Na terceira idade, a sexualidade é uma temática pouco pautada por ser incompreensível pela sociedade, por áreas da saúde, por profissionais, bem como pelos idosos, resultado de um estereótipo negativo por caracterizarem essa categoria como pessoas sem desejos ou assexuadas. Às vezes, mesmo sem pretensão, a sociedade acaba impondo a sexualidade na população idosa tabus e mitos, reprimindo os desejos nos idosos (SANTOS et al., 2017).

Um estudo realizado com 2.603 idosos de sete países, grande parte dos idosos mulheres, identificaram-se diversas razões tanto fisiológica quanto psicológica que podem intervir a conduta sexual de idosos. Dentre essas razões, está menopausa, disfunção erétil, além de crença espiritual e fator cultural que reforçam a ideia de que a mulher deve satisfazer sexualmente o homem. Estereótipos impostos pela sociedade, preconceito familiar e de pessoas próximas, crença de que com a viuvez vem o fim da prática sexual, esses fatores servem como barreiras para as mulheres expressarem o seu desejo sexual (FLEURY; ABDO, 2022).

Em estudos realizados no Brasil, notou-se que a família desempenha um papel essencial no fortalecimento e perpetuação de preconceitos associados a sexualidade na terceira idade, resultando na repressão dos desejos dessas pessoas idosas e submissão ao sistema sociofamiliar. Ademais, em outro estudo realizado na Malásia com pessoas da terceira idade revelou que a família tende a ignorar a relevância do seu apoio como um fator protetor contra a falta de intimidade na velhice, especialmente no que diz respeito à esfera sexual. Assim, nota-se que tanto pesquisas internacionais quanto nacionais, apontam que a família, frequentemente, é o principal empecilho que impossibilita a vivência sexual dos idosos (JÚNIOR et al., 2022).

Torna-se evidente que uma parte significante da sociedade busca negar a sexualidade do idoso. Os preconceitos sociais que permeiam essas ideias negam as necessidades afetivas e românticas dos idosos, esquecendo-se de que a sexualidade vai além da mera genitalidade e que existe uma dimensão afetiva fundamental para o bem-estar de todo ser humano (SANTOS et al., 2017).

Todavia, embora seja um dever dos profissionais de saúde prestarem uma escuta ativa, qualificada e promover uma educação continuada aos idosos, nota-se por meio das literaturas que há empecilhos para orientação. Esses empecilhos são influenciados, especialmente, por dois fatores: respeito e vergonha. Para confirmar essa afirmação, pode ser citado um estudo ao qual visava investigar a sexualidade dos idosos e constatou-se que 73,81% dos participantes da pesquisa tinham dificuldade em falar sobre a temática (JÚNIOR et al., 2021).

Relevância da promoção à saúde sexual entre os idosos

No Brasil, há um aumento significante de idosos portadores de infecções sexualmente transmissíveis (IST), dentre estas a Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) é a principal. Este cenário resulta da falta de campanhas que estimulem a prevenção. Além disso, existe a percepção taxada que os idosos são assexuados e não sentem desejos, contribuindo para o silenciamento e negação da sexualidade. A sociedade, inclusive os profissionais de saúde ainda mantêm tabus e preconceitos em relação a sexualidade nesta faixa etária. Assim, estabelecer estratégias de prevenção contra as IST’s e AIDS é uma responsabilidade dos responsáveis pela saúde púbica (SANTOS et al., 2017).

Em um estudo realizado por Rodrigues et al. (2019), foi possível observar que dentre os idosos portadores de IST cerca de 60% têm atividade sexual ativa. Nesse contexto, enfatiza-se a importância de promover atividades educativas, que abordem o ato seguramente, além de desmistificar preconceitos associados as patologias. Esse esforço é especialmente relevante devido ao predomínio de IST’s entre essa faixa etária, que muitas vezes é em decorrência do déficit de informações, mitos e tabus em relação ao sexo seguro.

Assim, mediante o contexto dos inúmeros benefícios que a prática sexual propõe a população idosa, o Ministério da Saúde do Brasil ressalta a importância de considerar as particularidades dos idosos, não apenas para a prevenção de IST, mas também reconhecendo a contribuição para a QV nessa faixa etária (SOUZA et al., 2021).

De acordo com Santos et al. (2017), em seu estudo por meio dos resultados obtidos foi possível identificar que os idosos tinham atividade sexual ativa. Assim, tornam-se necessárias estratégias de Educação em Saúde para contribuir no desenvolvimento da vida sexual de maneira saudável, por meio das atividades de prevenção de agravos e promoção a saúde.

Além disso, a necessidade de incluir a educação em saúde, especificamente no que diz respeito à dissipação de mitos e verdades sobre a sexualidade, é visível, especialmente quando se trata de idosos, pois, dessa maneira as dificuldades e os desafios amenizariam (SANTOS et al., 2017).

Estratégias e oportunidades para melhorar a sexualidade dos idosos

Como já supracitado no primeiro tópico da discussão, são variados benefícios que a realização da atividade sexual traz consigo, como sensação de bem-estar, alivio da tensão e dos estresses, melhora da libido sexual, bem como melhoria na capacidade sexual, dessa maneira, faz-se necessário estabelecer medidas estratégicas para melhorar a sexualidade dos idosos (WITTKOPF et al., 2018).

Segundo Wittkopf et al. (2018), em seu estudo ele conclui que as idosas que apresentam uma melhor aptidão física, tendem a ter uma melhor função sexual. Assim, é de extrema relevância estimular a prática do exercício físico, considerando que tal ação impacta positivamente na vida sexual da população idosa, elevando a satisfação sexual e a frequência.

Santos et al. (2017) aborda que a propagação de informações e o acesso são estratégias que podem contribuir para o prolongamento da atividade sexual na terceira idade. Assim, esses fatores associados a inclusão dos idosos na participação social, expectativa de vida saudável, além dos novos meios contribuintes para a prática sexual ativa, como tratamentos conservadores para disfunção erétil, lubrificantes vaginais, tratamentos farmacológicos que diminuem os efeitos da menopausa, próteses, prolongamento peniano e correção, exames preventivos de próstata, bem como cirurgias plásticas estéticas, estimula os idosos a frequentarem cada vez mais os serviços de saúde.

Outro achado de extrema relevância diz respeito as práticas assistenciais pelos profissionais, de acordo com Júnior et al. (2022) idosos orientados sobre a sexualidade pelos profissionais de saúde demonstraram melhor vivência na QV e nas relações afetivas. Dessa maneira, reafirma-se que a educação em saúde é a principal estratégia, pois, por meio de desenvolvimento de recursos tecnológicos e campanhas, a fim de ampliar o conhecimento dessa categoria, sancionar dúvidas e problemas, os idosos poderão vivenciar a vida sexual de forma saudável e segura (LOMBARDI; CORREIA; VASCONCELOS, 2021).

CONCLUSÃO

Em suma, a sexualidade na população idosa é uma temática que merece destaque e atenção por parte da sociedade e dos profissionais de saúde. O envelhecimento é um processo natural da vida, que por mais que traga consigo modificações físicas, psicológicas, fisiológicas e sociais, não deve ser encarado como um período de declínio sexual. Pelo contrário, é necessário reconhecer que os idosos possuem desejos, necessidades e direito à intimidade e a expressão da sexualidade.

Os benefícios da atividade sexual na população idosa são amplamente reconhecidos e comprovados cientificamente, incluindo melhorias na saúde mental, física e emocional, além de contribuir para o bem-estar, reduzir sintomas depressivos, melhorar a autoestima, fortalecer laços afetivos e proporcionar melhor qualidade de vida.

Assim, para enfrentar os desafios associados a sexualidade na terceira idade, faz-se necessário promover uma mudança de mentalidade na sociedade, desmistificando estereótipos impostos e combatendo os preconceitos. Os profissionais devem estar sempre capacitados para abordar sobre esta temática com respeito e sensibilidade, oferecendo suporte e orientação aos idosos para que eles tenham uma vida sexual ativa de maneira segura e saudável.

Dessa maneira, a promoção da saúde sexual entre os idosos é um passo relevante para uma sociedade mais inclusa, empática, acolhedora, sem tabus a respeito da sexualidade na terceira idade, além de valorizar a individualidade e o bem-estar de cada pessoa independente de sua idade.

Assim, concluo lembrando que a sexualidade transcende a atividade sexual, envolve diversos aspectos, como carinho, amizade, companheirismo, confiança, cumplicidade, desejos, ou seja, outros aspectos qualitativos que são capazes também de proporcionar prazer.

REFERÊNCIAS

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1Laiscarvalho188@gmail.com, Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA,
0000-0003-3957-1639

2Wanuskamportugal@gmail.com, Coordenadora Acadêmica do Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA, Mestre em Tecnologias Energéticas e Nucleares (UFPE), Doutoranda em Tecnologias Energéticas e Nucleares (UFPE),
0000-0002-1485-2007

3Samanta.bfeitosa.pos@ufpe.br, Pós-graduanda em Ciências de Dados e Saúde Digital (UFPE), Pós-graduanda em Assistência e Cuidado Intensivo, Auditoria e Gestão Hospitalar pela Uninassau,
0000-0002-1659-7097

4Lopescibele@yahoo.com.br, Enfermeira do CME do Hospital da Restauração Gov. Paulo Guerra, Mestre em Ciências da Saúde pela (UFPE),
0000-0002-5506-3442

5Barbara_lins10@hotmail.com, Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM,
0000-0001-9526-2473

6Anne_hellenn@hotmail.com, Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Ciências Humanas de Olinda,
0009-0000-5853-9023

7Raisa.farma12@outlook.com, Graduada em Farmácia pela Uninassau,
0009-0002-5322-967x

8Lucidiatavares@gmail.com, Docente na Uninassau- Olinda,
0000-0001-8187-6319

9Naragomes174@gmail.com, Pós-graduada em Urgência e Emergência Clínica (CEFAPP), Pós-graduada em Saúde das Famílias e das Comunidades (UFPE), Pós-graduanda em Unidade de Terapia Intensiva (CEFAPP),
0009-0006-5103-3947

10Samanthafrancelino93@gmail.com, Pós-graduada em Saúde Pública pelo
Dom Alberto,
0009-0005-1035-4122

11Giseldabcneves@gmail.com, Doutora em Biologia Aplicada à Saúde (UFPE), Mestre em Saúde e Educação UFPE/FPS, Enfermeira do CME do Hospital da Restauração Gov. Paulo Guerra,
0000-0002-7902-5184