Série Histórica de atendimento odontológicos para os idosos  do município de Tucuruí-PA dos anos de 2019-2022

Historical series of dental care for the elderly in the city of Tucuruí-PA from 2019-2022

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10161281


Joseni Barros da Silva¹
Quezia Costa Pontes²
Amujacy Tavares Vilhena³


Resumo

Objetivo: Avaliar a quantidade de procedimentos odontológicos a pessoa idosa do município de Tucuruí-PA. Metodologia:Trata-se de um estudo descritivo, com série temporal de 48 meses sobre atendimentos odontológicos realizados no município de Tucuruí no Sistema Único de Saúde, utilizando dados informados no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. Os achados revelam que, mesmo com todos os avanços tecnológicos que aparecem todos os dias, a odontologia e os problemas bucais dos idosos ainda são negligenciados.

Palavras-Chave: Odontologia. Pessoa Idosa. Saúde Bucal.

Abstract

Objective: to evaluate the number of dental procedures performed by elderly people in the city of Tucuruí-PA. Methodology: It is a descriptive study, a 48-month search of dental care provided in the SUS, using data reported in the Health Information System for Primary Care (SISAB) of the Primary Health Care Secretariat of the Ministry of Health.  The results reveal that even with all the technological advances that emerge every day, dentistry and the oral health of the elderly are neglected.

Keywords: Dentistry. Elderly person . Oral Health.

1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988decretouque saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2022).A criação do SUS por meio de seus princípios constitutivos, como Universalidade, Equidade e Integralidade durante seus mais de trinta anos democratizou o acesso aos mais diversos serviços de saúde, a exemplo, os cuidados odontológicos.

A Organização Mundial da Saúde (2005) afirma que quando falamos sobre políticas públicas para os idosos, é importante lembrar que o envelhecimento tem suas particularidades. É necessário entender seu estilo de vida, integrá-los na sociedade e compreender como eles lidam com seus problemas de saúde. Além disso, é preciso reconhecer as dificuldades que eles enfrentam nesse caminho.

Bendo (2014) diz que a medida que envelhecemos, é comum ter uma queda na higiene bucal e consequentemente um aumento de possibilidade para doenças bucais. Afinal, a falta de agilidade, a autoestima abalada, a falta de motivação para cuidar da boca, a dificuldade devido a doenças crônicas, a visão e audição comprometidas e até mesmo a perda de habilidades cognitivas são fatores que contribuem para uma higiene bucal precária e um maior risco de problemas na boca entre os idosos.

Brasil (2006) afirma que a saúde bucal na terceira idade é de extrema importância para o envelhecimento de forma saudável. Muitas vezes, os idosos acabam desanimando de buscar atendimento odontológico, seja por causa da falta de consultas disponíveis, da demora no atendimento ou até mesmo da baixa qualidade dos serviços oferecidos.

Este artigo se propõe a realizar uma avaliar da série histórica dos serviços odontológicos ofertados aos idosos do município de Tucuruí – Pará na rede pública de saúde.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, com série temporal de 48 meses sobre atendimentos odontológicos realizados no SUS, utilizando dados informados no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.O SISAB funciona como sistema de informação para financiamento e adesão aos programas e estratégicas da Política Nacional de Atenção Básica.

A busca foi realizada em março de 2023 e incluiu o período entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.  Na seleção dos dados do SISAB foram realizadas as seguintes a opções: Saúde/Produção; Unidade Geográfica: Brasil; Competência: jan/2019 a dez/2022; Linha do relatório: região; Tipo de produção: Atendimento odontológico; Tipo de equipe: Eq. de Saúde Bucal – SB; Sexo: Masculino, Feminino; Tipo de consulta; Procedimentos; Faixa Etária: de 60 até 110 anos.

Os dados foram importados, organizados e descritos através do software Microsoft Excel®.

3. REVISÃO DE LITERATURA

Martins e colaboradores (2015) relatam que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi decretado pela Constituição brasileira de 1988 como meio de minimizar as desigualdades, por meios de ações de educação sanitária, promoções e vigilância em saúde, controle de vetores e continuidade de cuidado nos níveis básicos e primários.  

De acordo com Melo, Moysés e colaboradores (2010) a estratégia de organização básica também busca promover a integralidade do cuidado, ou seja, garantir que os indivíduos tenham acesso a todas as ações de saúde necessárias, independentemente do nível de complexidade que precisem. Além disso, a estratégia de organização básica do SUS busca garantir o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde, promovendo a saúde da população e prevenindo o surgimento de doenças, além de oferecer um cuidado integral e de qualidade, essas diretrizes visam oferecer uma assistência de qualidade e promover o bem-estar dos idosos.

Os idosos enfrentam muitas vezes barreiras para o acesso aos serviços odontológicos, seja por falta de infraestrutura, falta de profissionais habilitados ou até mesmo falta de informações sobre a importância da saúde bucal na terceira idade, por isso é importante que políticas públicas sejam implementadas visando a promoção da saúde bucal nessa população, com a ampliação da oferta de serviços e a capacitação de profissionais de saúde para atender às necessidades específicas dos idosos e é fundamental que a saúde bucal seja incluída na atenção básica e nos programas de saúde para idosos (BRASIL, 2004).

Segundo Moreira (2005) a formação de profissionais de saúde também deve ser aprimorada, incluindo a capacitação dos profissionais da atenção básica para o manejo das principais doenças bucais dos idosos, além de incentivar a interdisciplinaridade no cuidado à saúde bucal, integrando equipes multidisciplinares de saúde.

Neto (2007) ressalta que o envelhecimento não é a única causa dessas alterações, uma vez que hábitos de higiene oral inadequado e fatores genéticos também desempenham um papel importante. No entanto, é necessário que a população idosa esteja ciente desses impactos e busque o acompanhamento regular de um profissional de saúde bucal para prevenir e tratar essas condições.

Austregésio e colaboradores (2015) é necessário também adaptar as estruturas dos serviços de saúde bucal para atender às necessidades específicas do público idoso, como a disponibilização de cadeiras odontológicas confortáveis e acessíveis, equipamentos adequados para pessoas com mobilidade reduzida e, quando necessário, a presença de profissionais treinados para lidar com condições médicas preexistentes, como diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1, 2 e 3 apresenta em forma detalhada, os tipos de procedimento realizados durante os anos 2019, 2020, 2021 e 2022. Na tabela 1 é possível observar a soma de cada procedimento realizado segundo os dados disponibilizados. A tabela 2 mostra a vigilância em saúde, e a tabela 3 disponibiliza a quantidade de procedimentos em cada tipo de consulta, foram realizados, 591 procedimento na primeira consulta, 540 procedimentos na consulta de retorno, por fim foram realizados 26 procedimentos na consulta de manutenção.

Tabela 1. Consultas e procedimentos odontológicos realizados no município de Tucuruí – Pará de 2019 a 2022

ProcedimentoPrimeira consulta odontológicaConsulta de retornoConsulta de manutenção
RAP supra. (por sextante)41363
Remoção de placa bacteriana67526
Rest. dente permanente post.27364
RAP subgengival (por sextante)1871
Capeamento pulpar1050
Orientação de higiene bucal55348926
ATF (indiv. por sessão)30171
Ret. de pontos de cirurgias10490
Rest.  dente permanente ant.641167
Exodontia de dente permanente1981403
Evi. de placa bacteriana9153

Fonte: Adaptado SISAB, 2023.

Tabela 2. Consultas e procedimentos odontológicos realizados no município de Tucuruí – Pará de 2019 a 2022

Vigilância em saúde bucalMasculinoFeminino
Abcesso dento alveolar00
Alteração em tecidos moles13
Dor de dente8867

         Fonte: Adaptado SISAB, 2023.

Tabela 3. Consultas e procedimentos odontológicos realizados no município de Tucuruí – Pará de 2019 a 2022

SexoPrimeira consulta odontológicaConsulta de retornoConsulta de manutenção
Masculino29026611
Feminino30127415

Fonte: Adaptado SISAB, 2023.


              O Estatuto da Pessoa Idosa (lei nº 14.423/2022) garante que a pessoa idosa tenha uma assistência à saúde de qualidade, em todos os níveis do SUS. Também prevê que as instituições geriátricas e similares tenham regras bem definidas e sejam fiscalizadas pelos gestores do SUS. A lei permite que sejam feitos estudos para entender melhor as doenças que afetam os idosos e criar serviços de saúde específicos para eles (BRASIL, 2013).

                As políticas públicas têm como foco o bem-estar da Pessoa idosa e de sua família. Esses obstáculos vão desde a falta de recursos financeiros adequados até a fragilidade do sistema de informação para análise das condições de vida e saúde. Além disso, há uma carência evidente na capacitação adequada dos profissionais envolvidos. Como resultado, o Sistema Único de Saúde (SUS) sofre uma pressão intensa para atender às demandas da população idosa (BRASIL, 2004).

                Celeste e colaboradores 2011,  ressaltam  o aumento das demandas dos serviços de saúde pelo Sistema ùnico de Saúde. A área de odontologia vem em uma crescente constante, pois as populaçoes de idosos estão aumentando e a gestão deveria disponibilzar uma rede ampliada  devido a grande necessidade de demandas nos territórios de saúde para os vários ciclos de vida e acompanhamento longitudinal na APS.

                A melhoria do acesso aos serviços odontológicos é uma questão complexa que envolve diversos aspectos. Podemos analisar essa questão através de diferentes perspectivas, como as limitações geográficas, físicas e operacionais, assim como a falta de cobertura assistencial e a escassez de serviços públicos de saúde bucal para a população idosa no Brasil. Além disso, também devemos considerar as possíveis “barreiras veladas” que dificultam o acesso, muitas vezes relacionadas a questões socioeconômicas e culturais (VIANA, 2010)

5. CONCLUSÃO             

Os achados revelam que mesmo com todos os avanços tecnológicos que aparecem todos os dias, a odontologia e os problemas bucais dos idosos ainda são negligenciados. É hora de criar programas educativos para adultos e idosos, para que seja possível aproveitara terceira idade com um sorriso mais saudável  e  acesso aos  serviços  Sistema Único de Saúde  com qualidade.

6. REFERÊNCIAS

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revisão integrativa. Rev. bras. Geriatr. Gerontol; v.18, n.1, p.189-99, 2015.

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Brasil. Ministério da saúde. Atenção básica e a ssaúde da ffamília. Disponível em: http://dtr2004.Saude.Gov.Br/dab/atencaobasica.

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Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso / Ministério da Saúde – 3. ed., 2. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

Brasil. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 14.423, de 22 de julho de 2022. Dispõe sobre o Estatuto do Pessoa Idosa e dá outras providências. Leis ordinárias de 2003.

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JUNIOR, Irineu Francisco Barreto; PAVANI, Miriam. O direito à saúde na Ordem Constitucional Brasileira. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, v. 14, n. 2, p. 71-100, 2013.

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MELLO, Ana Lúcia Schaefer Ferreira de; ERDMANN, Alacoque Lorenzini; CAETANO, João Carlos. Saúde bucal do idoso: por uma política inclusiva. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 17, p. 696-704, 2008.

MELLO, Ana Lúcia Schaefer Ferreira de; MOYSÉS, Samuel Jorge. Melhores práticas em sistemas locais de saúde: sob foco, a saúde bucal do idoso. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 20, p. 785-809, 2010.

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MOREIRA, Rafael da Silveira et al. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cadernos de Saúde Pública, v. 21, p. 1665-1675, 2005.

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