SEPSE ASSOCIADA AO CATETER VENOSO CENTRAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7788534


Tereza Ramos de Almeida1
Prof.ª Diala Alves de Sousa2


RESUMO

A  sepse é uma importante causa de óbitos em unidades de terapia intensiva (UTI). Pacientes que utilizam cateter venoso central apresentam risco elevado para desenvolver sepse, pois é porta de entrada para que micro-organismos atinjam a circulação sanguínea. O objetivo deste estudo foi estabelecer o perfil epidemiológico dos casos de sepse em pacientes adultos internados na UTI entre o ano de 2020 e 2021, especificadamente no período da pandemia, buscando dessa forma como resultado, avaliar as principais causas que levavam ao agravamento desses pacientes. A metodologia utilizada para a construção desse artigo foi com base em uma pesquisa bibliográfica de caráter integrativo utilizando base de dados como a Scielo, Lilac e demais meios de pesquisa como obras, artigos e estudos já realizados e etc., utilizando os seguintes termos descritores: sepse, cateter venoso, UTI, sepse na pandemia.

Palavras-chave: UTI. Sepse. Cateter venoso. Complicações na UTI. Cateter venoso central.

ABSTRACT

Sepsis is an important cause of death in intensive care units (ICU). Patients who use a central venous catheter are at high risk of developing sepsis, as it is the gateway for microorganisms to reach the bloodstream. The objective of this study was to establish the epidemiological profile of sepsis cases in adult patients admitted to the ICU between 2020 and 2021, specifically during the pandemic period, thus seeking, as a result, to evaluate the main causes that led to the aggravation of these patients. The methodology used for the construction of this article was based on an integrative bibliographical research using databases such as Scielo, Lilac and other means of research such as works, articles and studies already carried out, etc., using the following descriptor terms: sepsis, venous catheter, ICU, sepsis in the pandemic.

Keywords: ICU. Sepsis. Venous catheter. Complications in the ICU. Central venous catheter.

1.  INTRODUÇÃO

A sepse se refere a presença de uma infecção associada a manifestações de formas sistêmicas, ou seja, é considerada como um processo de resposta inflamatória sistemática a infecção. Essa desordem prolonga o tempo de internação em unidades de terapia intensiva (UTI), além de elevar os custos hospitalares.

Embora, entre as infecções hospitalares, a sepse não seja a mais frequentemente encontrada, sabidamente é responsável por um aumento da morbimortalidade dos pacientes, principalmente entre aqueles em situações críticas e com comorbidades associadas, como por exemplo, devido ao agravamento causado pela covid-19, uma pandemia iniciada no ano de 2020, se tornando uma das maiores barreiras do século 21, aparecendo em lares em mais de 100 (cem) países e continentes.

Desta forma, este estudo justifica-se pela importância de estudar esse mal-estar que persiste e marca a história mundial e o campo da saúde pública durante esses dois últimos anos. Além disso, esse estudo busca identificar quais são os fatores de risco que estão ocasionando sepse pelo CVC dentro das UTIs, para poder entender o que está acontecendo de incorreto e em seguida corrigir, assim tende a diminuir e evitar os casos por esse agravo além dos óbitos e custos financeiros.

Portanto, diante da temática em discussão, surge como questão norteadora do estudo: “Quais os fatores para o desenvolvimento de sepse associada ao cateter venoso central em pacientes adultos internados em Unidade de Terapia Intensiva durante o período de pandemia”?

Logo, o objetivo é evidenciar os fatores para o desenvolvimento de sepse associada ao cateter venoso central em pacientes adultos internados em Unidade de Terapia Intensiva durante o período de pandemia.

2.  METODOLOGIA DE PESQUISA

O presente estudo trata de uma revisão bibliográfica do método revisão integrativa da literatura, realizado entre o período de 2020 a 2021. A revisão configura-se, portanto, como um tipo de revisão da literatura que reúne achados de estudos desenvolvidos mediante diferentes metodologias, permitindo aos revisores sintetizar resultados sem ferir a filiação epistemológica dos estudos empíricos incluídos.

De acordo com o entendimento e consideração de Soares et.al, (2014), para que, de fato, esse processo concretize-se de maneira lógica, isenta de desatinos epistemológicos, a revisão por consequência, requer que os revisores procedam à análise e à síntese dos dados primários de forma sistemática e rigorosa.

A revisão da literatura serve para reconhecer a unidade e a diversidade interpretativa existente no eixo temático em que se insere o problema em estudo, para ampliar, ramificar a análise interpretativa, bem como para compor as abstrações e sínteses que qualquer pesquisa requer colaborando para a coerência nas argumentações do pesquisador.

Nesse sentido, a revisão integrativa é um método o qual, tem como finalidade reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada e abrangente, contribuindo dessa forma, para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (FERNANDES, 2016).

3.  RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 UTILIZAÇÃO DO CVC E A PANDEMIA

Inicialmente, busca-se evidenciar as conceituações básicas e procedimentos de uso do cateteres venosos centrais nas unidades de terapia intensiva – UTI, principalmente no período de pandemia, entre março de 2020 até o final de 2021.

A emergência em saúde pública ocasionada pela pandemia do Corona-vírus, conhecida mundialmente como o COVID-19, trouxe inúmeros desafios e mudanças para o trabalho da equipe de enfermagem, que atua na linha de frente dos cuidados a esses pacientes.

No cenário hospitalar, medidas para prevenção e controle de infecção, tais como as práticas que envolvem a manutenção segura do cateter venoso central (CVC) de curta permanência, se tornando, dessa forma, ainda mais complexas.

Conforme o entendimento de Araújo e Assis (2021), a utilização dos cateteres centrais, dentro do processo terapêutico do paciente o qual, se encontra hospitalizado, possibilita a administração contínua de fluidos intravenosos, medicamentos, nutrição parenteral (NP) prolongada, hemoderivados e quimioterapia, monitorização hemodinâmica invasiva da pressão sanguínea arterial, pressão venosa central, pressão da artéria pulmonar, medição de débito cardíaco e, ainda, pode fazer parte do processo de hemodiálise.

Os CVC, sob o entendimento de Monteiro (2016), também são dispositivos importantes para obtenção de acesso vascular em crianças que precisam de cuidados intensivos, especialmente quando o paciente não apresenta condições de punção periférica.

Entretanto, práticas inadequadas de inserção e manutenção de CVC em um paciente podem contribuir para o aumento do risco de infecções. Essas infecções, conforme explica o autor, estão associadas ao aumento da mortalidade, da morbidade e do custo da hospitalização de pacientes pediátricos.

Sendo assim, o planejamento e a aplicação sistemática de medidas de prevenção são consideradas como essenciais para a redução das taxas de infecção associada ou relacionada ao Cateter venoso central e consequente melhoria da qualidade da assistência à saúde.

3.2 CAUSAS DE COMPLICAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DO CVC

É de suma importância identificar quais são os fatores de risco que estão ocasionando sepse pelo CVC dentro das UTIs, para poder entender o que está acontecendo de incorreto e em seguida corrigir, assim tende a diminuir e evitar os casos por esse agravo além dos óbitos e custos financeiros.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2021), há grandes desigualdades no acesso a serviços médicos entre as regiões do Brasil, com maior proporção de consultas médicas em regiões com melhores condições de vida e maior Índice de Desenvolvimento Humano.

Conforme os dados elencados na pesquisa, estados da região norte são os menos desenvolvidos, o que pode ser um dos motivos da alta morbimortalidade da região devido à patologia envolvida.

Além disso, vale destacar que, conforme Segundo Silva et al., (2020), constataram em 2020, o padrão de distribuição dos óbitos no estado parte da capital e grandes centros urbanos, para o rural e pequenas e médias cidades. Além disso, sua lista relacionada mostra que as restrições estão desatualizadas, como a flexibilização da população no uso de medidas farmacológicas de prevenção à Covid-19, refletindo sobre a disseminação do vírus e, portanto, mortes.

Assim, de acordo com a pesquisa, acerca da evolução da mortalidade pela doença seguida de complicações no Brasil de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021, os estados da região norte apresentaram alta taxa de mortalidade de 174,9 óbitos por 100 mil habitantes, seguidos pelas regiões central e oeste (150,9), Sudeste (128,8), Sul (99,5) e Nordeste (95,9), as cinco unidades federativas com as maiores taxas por 100.000 habitantes são: Roraima (354,0), Amazonas (298,1), Acre (218,7), Amapá (218,6) e Rondônia (213,5), todos da região Norte (SILVA et al., 2020).

De acordo com Vargas et. al. (2021), os pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem apresentar uma resposta imunitária reduzida, seja pela própria doença de base, pela idade (extremos de idade têm maior risco para infecção), pelo estado nutricional alterado e pela presença de procedimentos invasivos, como CVC, sondagem vesical de demora e tubo endotraqueal para ventilação mecânica.

Dentre os principais fatores de risco para sepse relatados nos estudos encontrados nesta revisão, destacam-se: administração de hemoderivados (três unidades ou mais); pacientes submetidos a cirurgia cardíaca; presença de outras comorbidades não cardíacas; uso prolongado do CVC (7 dias ou mais); uso de hidrocortisona para insuficiência renal presumida; tipo de cateter e material do dispositivo; local de inserção; tipos de solução infundida; e manipulação do cateter.

Prasad et al. (2020), realizaram estudo que avaliou três categorias de fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de sepse associada a CVC: tipo de cateter; exposição a outros dispositivos médicos e exposição a agentes terapêuticos.

O fator de risco independente para a aquisição de sepse foi presença de cateter central de longa permanência. Sendo assim, pacientes que receberam antibióticos antes do último dia da janela de exposição foram menos propensos a desenvolver sepse associada a CVC.

3.3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO UTILIZADAS

Ao correlacionar esses achados com os resultados apresentados nesta pesquisa, foi possível evidenciar que a equipe de enfermagem, por não aderir na sua totalidade ao protocolo de manutenção de cateter venoso central, colocou em risco a sua segurança e a do paciente no que tange à prevenção de infecções.

Conforme Vargas et. al. (2021) pondera, apesar de ações simples, conhecidas e comprovadas mundialmente como eficazes, percebe-se que o conhecimento e o comportamento dos profissionais ainda possuem divergências, prejudicando a adesão às boas práticas.

Dentre as medidas de prevenções adaptadas durante esse período, a utilização de antisséptico foi considerada como uma das principais medidas de prevenção de sepse quando associada a CVC. Conforme Pereira (2016) preceitua, a clorexidina, o povidone- iodine (PVP-I) e o álcool a 70% são as soluções usadas pelos serviços de saúde para prevenção de infecções relacionadas com CVC.

Outro ponto, vem acerca da utilização de gaze ou insulfime. O CDC recomenda o uso de gaze ou filme transparente para a cobertura do sítio de inserção do cateter.

Curativos transparentes podem ser a escolha mais adequada para cobrir o CVC, por permitir a inspeção diária do local, e a gaze em situações de sangramento no ponto de inserção. Logo, a prevenção de infecções é mais eficiente quando a equipe de saúde é capacitada para a utilização correta das coberturas, bem como adota outras medidas de prevenção, como a higienização das mãos.

Oliveira e Machado (2018), preceituam também como medida preventiva, o tipo de cateter que é utilizado. Por meio de um estudo randomizado e controlado, foram avaliadas a eficácia e a segurança do CVC tunelizado, sem cuff (punho de poliéster que envolve o cateter e serve como uma âncora), para a prevenção de infecções relacionadas a CVC em crianças criticamente doentes.

E por fim, mas não menos importante, a higienização das mãos, que, de acordo com Paixão (2021), foi a dimensão com menor adesão às boas práticas (8%), ou seja, em 92% das observações, os profissionais não a realizaram ou não atenderam às suas fases e tempo de forma eficaz.

Não incorporaram alguma das partes como as palmas das mãos, entre os dedos, dorso dos dedos, polegar, digitais e punhos, com prejuízos ao tempo adequado. A maioria (94%) dos profissionais utilizou todos os equipamentos de proteção individual como máscara, touca, óculos e luvas durante as manipulações do cateter.

4.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos apresentados evidenciam alguns aspectos que devem ser considerados para redução das taxas de infecção associada a CVC. A inserção de CVC tunelizado apresenta menor risco para colonização bacteriana, mas pode ser fator independente para a ocorrência de infecção.

No Brasil, a sepse associada a CVC representa um sério problema de saúde pública, que necessita medidas de vigilância eficazes para reduzir os índices de infecções nosocomiais. Uma vigilância adequada das infecções hospitalares (IH) é de grande importância, pois permite uma comparação de dados e serviços com mesma característica25 assim como uma avaliação do impacto das medidas de controle.

As boas práticas de manutenção do CVC mostraram-se parcialmente presentes na rotina da equipe de enfermagem durante a pandemia de COVID-19. A busca pela adesão total às boas práticas na manutenção do CVC deve ser uma meta para os enfermeiros líderes de equipe e gerentes de unidades de alta complexidade, sobretudo em momentos de necessidade de ajustes de processos de trabalho, como foi durante a pandemia de COVID-19.

Sendo assim, o monitoramento dessas práticas visa possibilitar a identificação da necessidade de implementação de estratégias, incluindo políticas de educação profissional, que podem ser ampliadas a outros contextos de saúde.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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1 Enfermeira especialista em urgência e trauma mestranda em Terapia Intensiva.
2 Enfermeira, Especialista em Terapia Intensiva, UVA-CE; Docência do Ensino Superior, FAK-CE; Saúde da Família, UVA-CE; Qualidade e segurança no cuidado ao paciente, Sirio Libanes-SP; Mestre em terapia intensiva, IBRATI-SP; Doutora em Terapia Intensiva, SOBRATI-SP.