SENSIBILIZAÇÃO DOS PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) – COHAB NO MUNICÍPIO ARARIPINA-PE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10672883


Jéssica Maria de Sousa Carvalho1; Eduarda Maria Dantas Barros2; Heloyse Delfino Filgueira3; Paula Angêla Maria Frassinetti F. Lucena4; Andielle Cegolini5; Jorjeberto Martins de Oliveira Esmeraldo6; Wolney Barros Leal7; Ádila Caroline Araújo Almeida Pacheco8; Gabriel Morais Costa Bem9; Samuel Almeida Monte Batista10; Madjane Gonçalves do Nascimento11; Maria Misrelma Bessa12


RESUMO 

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica que pode ser  desencadeada por diversos fatores, caracterizada por níveis elevados de pressão  arterial, sendo um dos principais contribuintes para o desenvolvimento de doenças  cardiovasculares. Portanto, é considerado um grande problema de saúde pública. O  presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma ação social para promover a  captação dos pacientes diagnosticados com HAS, no intuito de vinculá-los ao  tratamento, despertar o interesse dos pacientes hipertensos sobre a importância do  acompanhamento regular por uma equipe multiprofissional e conscientizar a  população da Estratégia de Saúde da Família (ESF) – COAHB sobre a HAS e seus  agravos, destacando os hábitos de vida saudáveis. A ação social foi realizada na ESF COHAB, que fica localizada no bairro Universitário, no município de Araripina/PE, abrangendo, ainda, os bairros Aplausos, Centro e Vila Batista, tendo como público  alvo a população da comunidade. O presente estudo é um levantamento aplicado  sobre conhecimento de ações preventivas de saúde, de caráter exploratório e  descritivo com abordagem quantitativa e qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas realizadas com os Agentes comunitários de Saúde (ACS)  pertencentes a referida unidade, que apresentaram os dados coletados e  representados através de questionário realizado por intermédio da plataforma Google  Forms. Para realização deste trabalho científico foram consultadas bases de dados  como: IBGE, e-SUS, BVS, LILACS, Scielo-br, utilizando os descritores: Hipertensão  arterial sistêmica, educação em saúde, qualidade de vida e planejamento em saúde  para pesquisa bibliográfica. Verificou-se que, dos 87 hipertensos que contribuíram  com a pesquisa, 59,8% são do sexo feminino e 40,2% são do sexo masculino, 2,3% aferem a pressão diariamente, 17,2% semanalmente e 29,9% a cada 6 meses. Além  disso, 90,8% fazem uso do medicamento de forma adequada, não precisando de  ajuda, e 94,3% afirmam tomar a medicação diariamente. Em relação a outras  comorbidades, além da hipertensão, 29,9% possuem diabetes, 12,6% possuem  obesidade, 10,3% são acometidos por outras doenças e 47,1% não apresenta  nenhuma outra. Na ação propriamente dita, os participantes escutaram atentos às  orientações, aferiram a pressão, realizaram testes de marcadores glicêmicos,  antropometria e foram estimulados a aderirem ao tratamento de forma periódica e  supervisionada pelos profissionais adequados. Com isso, espera-se a captação e  adesão ao tratamento dos pacientes hipertensos da comunidade e a conscientização  desses quanto a importância do acompanhamento multiprofissional da equipe de  saúde local, bem como o apoderamento destes pacientes para manter um estilo de  vida saudável. 

Palavras-chave: Hipertensão arterial. Atividade Física. Alimentação Saudável. Educação em Saúde. 

1. INTRODUÇÃO 

O município de Araripina/PE, mesorregião do Sertão Pernambucano, é o maior  município da tríplice divisa entre os estados de Pernambuco, Piauí e Ceará e conta  com população estimada de 85.301 (oitenta e cinco mil trezentos e trinta e um)  pessoas (IBGE, 2021). 

A Estratégia de Saúde da Família (ESF) – COHAB fica localizada no bairro  Universitário do município de Araripina/PE, abrangendo, ainda, os bairros Aplausos,  Centro e Vila Batista. Atualmente, a unidade possui 4.242 (quatro mil duzentos e  quarenta e dois) cidadãos ativos no Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) do  sistema e-SUS.  

Os problemas de saúde mais presentes nesta ESF são hipertensão arterial e  diabetes. Quadro atual constatado com base nos dados de Cadastro Individual, no  Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), no qual observou-se que, dentre os cidadãos  ativos, 605 (seiscentos e cinco) possuem o diagnóstico de hipertensão arterial e 193  (cento e noventa e três) de diabetes (dados gerados no dia 09 de maio de 2022). 

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica que pode ser  desencadeada por fatores diversos, sendo caracterizada por níveis elevados de pressão arterial. A HAS é também um dos principais contribuintes para o  desencadeamento de doenças cardiovasculares. Por este motivo, é considerada um  grande problema de saúde pública, principalmente no tocante ao processo de  envelhecimento da população. Em vista disso, é de suma importância o  desenvolvimento de ações de prevenção e controle à população na ESF (AZEVEDO;  SILVA; GOMES, 2017).  

Segundo Cardoso et al. (2019) o Ministério da Saúde brasileiro caracteriza HAS  quando se confere pressão sistólica maior ou igual a valores de 140 milímetros de  mercúrio (mmHg) e pressão diastólica com valores de 90 mmHg ou maior, servindo  como parâmetro pacientes que não fazem uso de qualquer medicamento de ação anti hipertensiva. 

Tomando como base pesquisa realizada com a população do sertão  Pernambucano, a prevalência de HAS se mostra significativamente crescente em  situações como: aumento da idade, baixo nível de escolaridade e de classe  econômica. Além destes, é possível verificar o destaque de hipertensos em ex-fumantes,  fumantes ativos e passivos. (SANTIAGO; TURRINI, 2015).

Desta forma, considerando a necessidade de informação à população como  subsídio para melhoria e otimização dos serviços da saúde pública, o presente estudo  justifica-se pelo diagnóstico situacional da ESF – COHAB, na qual há uma alta  prevalência de HAS entre a população adscrita, o que resulta num risco aumentado  de problemas cardiovasculares e suas consequências, sendo de suma importância a  prática de ações educativas para conscientizar a população acerca da relevância do  tratamento e prevenção de HAS. 

2. OBJETIVOS 

2.1 Objetivo Geral 

Visando a pertinência do estudo, temos como objetivo geral: Desenvolver  uma ação social para captar e promover a adesão ao tratamento dos pacientes com  diagnóstico de HAS, prevenir agravos, e promover a conscientização dos mesmos  no que toca seus hábitos de vida. 

2.2 Objetivos Específicos 

São objetivos específicos: a) Promover a captação dos pacientes  diagnosticados com HAS, no intuito de vinculá-los ao tratamento; b) Despertar o  interesse dos pacientes hipertensos sobre a importância do acompanhamento regular  pela equipe multiprofissional; e, c) Conscientizar a população adscrita da ESF/COHAB  sobre a HAS e seus agravos, destacando a importância dos hábitos de vida saudáveis. 

3. METODOLOGIA 

3.1 Procedimentos Éticos 

Foi solicitada uma autorização às diretorias da Faculdade Paraíso de Medicina  – Araripina-PE, para que os discentes tivessem acesso aos materiais necessários  para executar a ação.

No momento da coleta de dados, os participantes entrevistados, sendo estes  os Agentes Comunitário de Saúde, foram orientados a ler o Termo de Consentimento  Livre e Esclarecido (APÊNDICE A), que em seguida foi devidamente assinado pelos  mesmos. 

3.2 Método de Pesquisa 

O presente estudo é um levantamento aplicado sobre conhecimento de ações  preventivas de saúde, de caráter exploratório e descritivo com abordagem quantitativa  e qualitativa. Nesta perspectiva, para Bryman (1992), citado por Flick (2009), a  combinação entre diversos métodos qualitativos e quantitativos, visa promover um  quadro mais geral da questão em estudo. Neste viés, a pesquisa qualitativa pode ser  fundamentada pela pesquisa quantitativa e mutuamente, permitindo uma análise  estrutural do fenômeno com métodos quantitativos e uma análise processual  consoante aos métodos qualitativos. 

3.3 Cenário e Participantes do Estudo 

A ação foi realizada na ESF/COHAB de Araripina-PE, no dia 27 de junho de  2022, onde, segundo o relatório de dados, que foi disponibilizado pela preceptora e  enfermeira da unidade básica do referido bairro, existem atualmente 605 pacientes  diagnosticados com HAS.  

Para participar do projeto os cidadãos compareceram a ESF no dia 27.06.2022, portando seu cartão do SUS e documentos de identificação, sendo estes, pacientes  prioritariamente hipertensos. 

3.4 Coleta dos Dados  

A coleta de dados foi realizada através de entrevistas aplicadas com os  Agentes comunitários de Saúde (ACS), pertencentes a referida unidade, que nos  apresentaram os dados coletados e representados através de questionário (APÊNDICE B) realizado por intermédio da plataforma Google Forms. Esta etapa não  menos importante fez-se necessária para direcionar a ação social com base na  percepção dos participantes.

Para elaboração do presente trabalho científico foram consultadas bases de  dados como: IBGE, e-SUS, BVS, LILACS, Scielo-br, utilizando os descritores:  Hipertensão arterial sistêmica, educação em saúde, qualidade de vida e planejamento  em saúde para pesquisa bibliográfica. 

3.5 Organização e Análise dos Dados 

Optamos pela análise do conteúdo definida por Bardin (2006, p. 35) que afirma  ser: “[…] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza  procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”.  Seguindo as orientações da autora, acerca da sequência metodológica para a  organização da análise do conteúdo, organizamos nosso plano de análise da seguinte  forma: 1) Pré-análise, 2) Exploração do material e 3) Tratamento dos resultados  obtidos e interpretação. 

Os dados foram organizados e representados através de gráficos pela  plataforma Google Forms. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Diante do estudo realizado por meio de um formulário no Google Forms e  aplicado pelos agentes comunitários da ESF COHAB, dos 87 hipertensos que  contribuíram com a pesquisa, nos quais 59,8% são do sexo feminino e 40,2% são do  sexo masculino (Figura 1); 52,9% afirmam possuir hábitos alimentares saudáveis  (Figura 2), no entanto, apenas 23% praticam atividade física (Figura 3), um  mecanismo importante para o melhoramento da qualidade de vida e do  comportamento da pressão arterial.

Figura 1: Gênero dos participantes da pesquisa 

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Figura 2: Possuem hábitos alimentares saudáveis 

Fonte: Plataforma Google Forms (2022).

Figura 3: Praticam atividades física 

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Quando perguntados sobre a frequência com que aferem a pressão (Figura 4),  2,3% responderam que diariamente, 17,2% semanalmente, 50,6% mensalmente e  29,9% a cada 6 meses, o que se torna nítido a ausência de um acompanhamento  periódico por parte dos entrevistados. 

Figura 4: Frequência ao aferir a pressão

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Ainda na pesquisa, 90,8% dos participantes responderam não precisar de ajuda  para tomar a medicação (Figura 5), ou seja, são responsáveis, em parte, pela  efetividade do tratamento ao fazer o uso dos medicamentos de forma adequada. Além  disso, 94,3% dos colaboradores afirmaram tomar a medicação diariamente (Figura 6).

Figura 5: Necessita de ajuda para tomar a medicação 

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Figura 6: Toma a medicação diariamente 

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Em relação a outras comorbidades, além da hipertensão, 29,9% dos  entrevistados responderam que possuem diabetes, 12,6% possuem obesidade,  10,3% são acometidos por outras doenças e 47,1% não possuem nenhuma outra  (Figura 7). Com isso, conclui-se que a HAS pode estar associada com outras  comorbidades.

Figura 7: Pacientes que apresentam alguma comorbidade além da hipertensão

Fonte: Plataforma Google Forms (2022). 

Além do mais, a ação propriamente dita, intitulada “Arraiá da Saúde: É para  alegrar o coração” (Figura 8), contou com a participação de habitantes da comunidade  vinculada ao ESF COHAB, os quais foram orientados por uma profissional  nutricionista, alunos e colaboradores da ESF sobre a importância de uma alimentação  saudável, da prática de atividades físicas na prevenção e controle da HAS, bem como,  a necessidade do acompanhamento periódico com uma equipe multiprofissional.

Figura 8: Arraiá da Saúde “É para alegrar o coração” 

Fonte: Própria dos autores (2022). 

Ainda no momento, os participantes aferiram a pressão (Figura 9), realizaram  testes de marcadores glicêmicos (Figura 10) e antropometria (Figura 11). Além disso,  atividades dinâmicas também foram executadas, como a tradicional dança junina,  denominada quadrilha, fazendo jus ao nome do evento e representando a importância  da atividade física (Figura 12).

Figura 9: Os participantes aferindo a pressão 

Fonte: Filgueira H.D (2022). 

Figura 10: Testes de marcadores glicêmicos 

Fonte: Filgueira H.D (2022).

Figura 11: Antropometria 

Fonte: Frassineti F. (2022). 

Figura 12: Atividades dinâmicas 

Fonte: Filgueira H.D (2022).

A aplicação do projeto foi finalizada com um coquetel de comidas prescritas  pelo profissional nutricionista presente no local (Figura 13) e com o entusiasmo dos  participantes em colocar em prática as orientações repassadas na tarde do dia 27 de  junho de 2022. 

Figura 13: Coquetel de comidas prescritas pelo profissional nutricionista

Fonte: Carvalho J (2022). 

5. CONCLUSÃO 

Considerando os achados deste estudo observou-se que os pacientes com  HAS da ESF/COHAB da cidade de Araripina- PE não realizam seus tratamentos de  forma adequada, pois os mesmos, não frequentam a atenção primária com  assiduidade, bem como, não aferem a pressão arterial com a periodicidade adequada,  sendo estes alguns dos fatores que colaboram para não adesão ao tratamento integral  da HAS.

Buscando a melhoria da qualidade de vida destes pacientes e adesão ao  tratamento da HAS, fez- se necessário uma ação social de mobilização dos mesmos,  na qual houve um boa receptividade e participação da comunidade. 

Espera-se a captação e adesão ao tratamento dos pacientes hipertensos da  comunidade, e a conscientização dos mesmos, quanto a importância do  acompanhamento multiprofissional da equipe de saúde local, bem como, o  empoderamento destes pacientes para manter um estilo de vida saudável.

REFERÊNCIAS 

AZEVEDO, A. M. G. de B.; SILVA, D. O. da; GOMES, L. O. S. Educação em saúde  como ferramenta no conhecimento do usuário com hipertensão. Revista Enfermagem  UFPE (on-line), v. 11, n. 8, p. 3279-3289, ago.2017

CARDOSO, F. N.; DOMINGUES, T. A. M.; SILVA, S. S.; LOPES, J. de L. Fatores de  risco cardiovascular modificáveis em pacientes com hipertensão arterial sistêmica.  Revista Mineira de Enfermagem, v. 24, n. 1275, 2019. Disponível  em: http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20200004. Acesso em: 14 jul. 2022 

BARDIN, L. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006. 

BRYMAN, A. Charisma and leadership in organizations. Londo: Sage, 1992. 

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Joice Elias Costa. 3. ed.  Porto Alegre: Artmed, 2009. 

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Araripina. 2021. Disponível em:  https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/araripina/panorama. Acesso em: 21 jul. 2022. 

SANTIAGO, T. H. R.; TURRINI, R. N. T. Cultura e clima organizacional para segurança  do paciente em Unidades de Terapia Intensiva. Revista da Escola de Enfermagem  USP, v. 49, n. 1, dez. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0080- 623420150000700018. Acesso em: 10 jun. 2022.