PATIENT SAFETY IN THE MOBILE EMERGENCY UNIT: CHALLENGES AND STRATEGIES FOR REDUCING ERRORS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506081002
Bruna Almeida Melo1
Maria Laura Martins de Lima2
Ewerton Amorim dos Santos3
Josemir de Almeida Lima4
Hulda Alves de Araújo Tenório5
RESUMO
Introdução: O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e tem como finalidade prestar assistência rápida e eficaz em situações de urgência e emergência. No entanto, o ambiente pré-hospitalar impõe desafios relevantes à segurança do paciente. Objetivo: Analisar os desafios e estratégias para garantir a segurança do paciente no atendimento móvel de urgência, com foco nos riscos e nas boas práticas. Metodologia: Estudo bibliográfico, desenvolvido por meio de revisão integrativa da literatura. Foram selecionados 11 artigos, publicados em bases científicas, conforme critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. Resultados: Os achados evidenciaram riscos associados à sobrecarga de trabalho, falhas de comunicação, falta de padronização nos atendimentos e limitações estruturais das unidades móveis. Entre as estratégias destacam-se a utilização de protocolos clínicos baseados em evidências, treinamento contínuo das equipes, uso de checklists e tecnologias de apoio à decisão. Conclusão: Promover a segurança do paciente no SAMU requer ações integradas entre profissionais, gestores e comunidade. O investimento em estratégias baseadas em evidências é fundamental para garantir atendimento eficaz, ético e seguro.
Descritores: Segurança do paciente. Unidade móvel de urgência. Protocolos de atendimento. Atendimento pré-hospitalar.
ABSTRACT
Introduction: The Mobile Emergency Care Service (SAMU) is part of the Unified Health System (SUS) and aims to provide fast and effective care in urgent and emergency situations. However, the prehospital environment poses significant challenges to patient safety. Objective: To analyze the challenges and strategies to ensure patient safety in mobile emergency care, focusing on risks and good practices. Methodology: Bibliographic study, developed through an integrative literature review. Eleven articles published in scientific databases were selected, according to previously defined inclusion and exclusion criteria. Results: The findings highlighted risks associated with work overload, communication failures, lack of standardization in care, and structural limitations of mobile units. Strategies include the use of evidence-based clinical protocols, continuous team training, use of checklists, and decision support technologies. Conclusion: Promoting patient safety in SAMU requires integrated actions between professionals, managers and the community. Investing in evidence-based strategies is essential to ensure effective, ethical and safe care.
Descriptors: Patient safety. Mobile emergency unit. Care protocols. Pre-hospital care.
1 INTRODUÇÃO
Essa pesquisa tem como objeto de estudo a Segurança do Paciente na Unidade Móvel de Urgência. A escolha desse objeto de estudo deu-se através da crescente preocupação com a qualidade do atendimento em situações de emergência e a necessidade de garantir a segurança dos pacientes durante o transporte e o atendimento pré-hospitalar (APH).
O APH é caracterizado por ocorrer em ambientes instáveis, com poucos recursos tecnológicos disponíveis comparados a recursos de hospitais, mas também, diversas vezes, encontra-se mais de uma vítima nas ocorrências, geralmente apresentando diversos sintomas ou condições clínicas variadas, com um elevado grau de gravidade. Portanto, as equipes de APH encontrem poucas informações para atuação na ocorrência, contando com a física do trauma que engloba a cinemática e a biomecânica. Todos esses fatores trazem consequências para a segurança de pacientes e dos profissionais de saúde (Miorin et al, 2020).
A segurança do paciente é um dos principais pilares da qualidade na assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente como um componente essencial para a prevenção de eventos adversos e a garantia de um atendimento eficaz. No contexto do APH, essa segurança se torna ainda mais crítica, dado o cenário dinâmico e muitas vezes hostil e insalubre e de alta complexidade no qual os profissionais atuam. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% dos pacientes atendidos em serviços de urgência e emergência sofrem algum tipo de evento adverso evitável (Lopes et al., 2024). Essa estatística corresponde aos dados fornecidos pelo documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente/Ministério da Saúde.
Alguns erros podem acontecer em várias etapas, desde a triagem inicial até diagnósticos errados e o uso inadequado de medicamentos. O mais preocupante é que, além de prejudicar a qualidade de vida do atendimento, esses erros podem trazer consequências sérias para a saúde e até a vida dos pacientes (Castro et al, 2018).
No âmbito da APH, a identificação e análise de erros são fundamentais para a melhoria contínua dos serviços e para a segurança dos pacientes, sendo necessário criar nos envolvidos uma cultura de segurança do paciente. Estudos empíricos na área têm destacado a importância de diferenciar erros humanos de falhas sistêmicas, uma vez que ambos podem impactar significativamente os resultados do atendimento e na responsabilização ou não da equipe.
Erros humanos referem-se a falhas que ocorrem devido a ações ou decisões inadequadas realizadas por profissionais de saúde. Por exemplo, um estudo que investigou a administração inadequada de medicamentos em situações de emergência revelou que, em diversos casos, a falta de comunicação entre a equipe e a pressão do tempo levaram a decisões errôneas, como a dosagem incorreta de fármacos. Este tipo de erro pode estar relacionado à formação e capacitação dos profissionais, assim como ao estado emocional e físico deles durante a prestação do atendimento (Castro et al, 2018).
Por outro lado, falhas sistêmicas dizem respeito a problemas estruturais e organizacionais que impactam o funcionamento da equipe de APH. Um exemplo claro pode ser observado em um estudo que constatou que a falta de protocolos claros e a ausência de equipamentos adequados nas ambulâncias resultaram em atrasos no atendimento e na realização de intervenções, independente da competência individual da equipe. Tais falhas muitas vezes decorrem de uma má gestão dos recursos e da inexistência de uma cultura organizacional que priorize a segurança do paciente (Lopes et al, 2024).
Dessa forma, a diferenciação entre erros humanos e falhas sistêmicas é crucial para a implementação de estratégias eficazes de mitigação. Enquanto os erros humanos podem ser abordados por meio de treinamentos e simulações que ampliem a familiaridade da equipe com situações de emergência, as falhas sistêmicas exigem uma visão mais ampla que contemple a revisão de processos, o fortalecimento da comunicação entre equipes e a melhoria das condições de trabalho, envolvendo, portanto, a gestão e variados setores. Assim, um sistema de APH mais seguro e eficaz depende tanto da capacitação dos profissionais quanto do aprimoramento das estruturas organizacionais.
Diante da complexa responsabilidade que envolve o atendimento de urgência e emergência, o profissional de Enfermagem deve ter uma abordagem diferenciada no cuidado ao paciente. Isso exige uma atenção redobrada, uma vez que os processos envolvem tarefas complexas, repletas de variações e incertezas. Os cuidados são realizados em ambientes marcados pela pressão e pelo estresse, demandando competências como agilidade, capacidade de resolução de problemas emergenciais e habilidade para atuar de forma integrada com diferentes profissionais e diversas unidades (Lopes et al, 2024).
A segurança do paciente, conforme definição da OMS, refere-se a um conjunto organizado de atividades que envolvem culturas, processos, procedimentos, comportamentos, tecnologias e ambientes na área da saúde, visando reduzir riscos de forma sustentável e consistente, minimizar a ocorrência de danos evitáveis e mitigar o impacto de possíveis incidentes (OMS, 2024).
Essa abordagem se tornou uma prioridade essencial, ratificada na 72ª Assembleia Mundial da Saúde em 2019, através da Resolução WHA 72.6, que propõe ações globais para garantir acesso seguro e de qualidade aos serviços de saúde. No contexto das unidades móveis de atendimento, implementar essa segurança é fundamental, uma vez que esses serviços, muitas vezes prestados em ambientes dinâmicos e diversos, devem adotar protocolos rigorosos para proteger os pacientes e assegurar que os cuidados oferecidos sejam tanto eficazes quanto seguros, reduzindo, assim, a possibilidade de erros e danos.
Face ao exposto é relevante fazer a seguinte questão norteadora: Quais os desafios e estratégias para redução de erros na segurança do paciente na unidade móvel de urgência?
Este estudo justifica-se pela relevância de identificar e analisar as práticas adotadas nas unidades móveis de urgência, com o intuito de reduzir erros e falhas durante o atendimento. A partir da investigação das normas e protocolos existentes, busca-se avaliar sua eficácia e limitações, além de propor melhorias que contribuam para a proteção da saúde dos pacientes e o aprimoramento da qualidade dos serviços prestados.
Portanto, este estudo tem como objetivo geral analisar os desafios e estratégias para garantir a segurança do paciente no atendimento móvel de urgência, com foco nos riscos e nas boas práticas.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico, com a adoção do método de revisão integrativa. Este método emerge como uma metodologia que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática (Severino, 2018), além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos (Mendes; Silveira; Galvão, 2008).
A sua finalidade é sintetizar e analisar os achados de estudos publicados para desenvolver uma explicação abrangente com propósitos teóricos e/ou intervencionistas, possibilitando conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo.
A revisão integrativa é uma abordagem sistemática e abrangente que visa reunir e sintetizar evidências de pesquisas anteriores sobre um determinado tema, contribuindo para a formulação de conclusões mais robustas e embasadas. Essa metodologia é particularmente útil em áreas onde há uma quantidade significativa de estudos, permitindo que pesquisadores, profissionais e formuladores de políticas compreendam as nuances de um assunto, identifiquem lacunas na literatura existente e orientem futuras investigações (Mendes; Silveira; Galvão, 2008.
As etapas necessárias para a elaboração de uma revisão integrativa incluem a definição do problema de pesquisa, a formulação de questões claras e objetivas, a escolha de critérios de inclusão e exclusão de estudos, a busca sistemática por literatura relevante em bases de dados confiáveis, a seleção dos estudos com base nos critérios estabelecidos, a extração e organização dos dados coletados, a análise crítica das evidências, a síntese dos resultados e, por fim, a discussão e interpretação das implicações para a prática e a pesquisa futura (Mendes; Silveira; Galvão, 2008 .
Com o advento de novas tecnologias e métodos de pesquisa, a revisão integrada se torna cada vez mais relevante, permitindo aos pesquisadores uma visão holística das evidências disponíveis. Essa abordagem, conforme destacam autores contemporâneos, como Mendes et al. (2023), enfatizam a importância de um processo rigoroso e transparente para garantir a credibilidade e a aplicabilidade das conclusões obtidas.
Para guiar esta revisão, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Quais os desafios e estratégias para redução de erros na segurança do paciente na unidade móvel de urgência?
O estudo foi realizado no período de fevereiro a maio de 2025, nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe Ciências da Saúde (LILACS), PublicMedline (PubMed) e ScientificElectronic Library Online (SciELO) e as bibliotecas virtuais: Biblioteca SciELO-Saúde Pública e a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a seleção dos artigos, foram utilizados os descritores contemplados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), foram eles: segurança do paciente, unidade móvel de urgência, protocolos de atendimento e atendimento pré-hospitalar.
Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram os artigos publicados em português e inglês; artigos na íntegra que retratem a temática da pesquisa e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos 05 anos (2021-2025) sendo um total de 10 artigos escolhidos. Foram excluídos 90 artigos que não responderam a questão de pesquisa e os estudos duplicados. Os estudos encontrados em mais de uma base de dados também foram considerados somente uma vez.
Para atender os critérios de inclusão foi desenvolvido um formulário de coleta de dados para obter uma amostra final do estudo, obtida mediante a análise temática. Considerando tratar-se de um estudo baseado em dados secundários, de domínio público, não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, todas as etapas seguiram os princípios éticos da pesquisa científica conforme preconizado pelas diretrizes da Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), respeitando os direitos autorais e a integridade acadêmica
O formulário considera informações sobre identificação do artigo; objetivos do estudo; tipo de pesquisa; resultados e discussão; conclusão; área dos pesquisadores dos manuscritos; os periódicos os quais foram publicados. Estes formulários foram apresentados no formato de tabela e a discussão foi feita com base na literatura pesquisada.
3 RESULTADOS
Ao final da pesquisa encontrou-se 3734 publicações, sendo 1022 do Caribe Ciências da Saúde (LILACS), 712 do PublicMedline (PubMed), 789 do ScientificElectronic Library Online (SciELO) e 1.211 da Biblioteca Virtual de Saúde(BVS) conforme mostra a (Figura 1).
O fluxograma abaixo evidencia as etapas do estudo, destacando como foi realizada a identificação das bases de dados, os registros excluídos antes da triagem: registros duplicados removidos, registros marcados como inelegíveis por ferramentas de automação e registros removidos por outros motivos.

Foram incluídos 10 estudos para a análise qualitativa, de um total de 934 artigos. Os trabalhos avaliados foram do tipo revisão integrativa (n=04), estudo descritivo exploratório (n. 03), estudo observacional (n. 01), estudo de caso (n. 03).
O estudo de revisão integrativa é caracterizado pela análise e síntese de múltiplas fontes de pesquisa sobre um determinado tema, buscando identificar padrões, lacunas e evidências consistentes. Esse tipo de estudo permite uma visão abrangente e atualizada do conhecimento existente, sendo útil para embasar novas pesquisas ou práticas.
O estudo descritivo exploratório, por sua vez, tem como objetivo descrever características de um fenômeno ou grupo, explorando aspectos ainda pouco investigados. Essa abordagem permite uma compreensão inicial de um fenômeno, sem necessariamente buscar relações de causa e efeito.
Os estudos observacionais são aqueles em que o pesquisador observa e registra fenômenos sem interferir ou manipular as variáveis, permitindo uma análise mais natural do comportamento ou das características do sujeito ou grupo estudado.
Por fim, o estudo de caso é uma investigação aprofundada de um único caso ou um pequeno número de casos, que permite uma análise detalhada e contextualizada dos fatores intervenientes, proporcionando insights ricos e específicos sobre o tema em questão. Esse tipo de estudo é muitas vezes utilizado quando se busca compreender complexidades únicas que não podem ser capturadas por métodos mais gerais.
Os estudos de revisão integrativa foram selecionados por abordarem de forma ampla a literatura existente sobre o tema; já os estudos descritivos exploratórios focaram na coleta de dados empíricos sobre práticas específicas. E os estudos observacionais e de caso foram escolhidos por trazer um contexto mais específicos dos sujeitos envolvidos.
Quadro 1 – Caracterização dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre a segurança do paciente na unidade móvel de urgência.
Autor/ Ano | Ano | Objetivo | Tipo de estudo | Principais achados |
Campiol et al | 2023 | Descrever o perfil dos atendimentos realizados pelo SAMU-192 do município de Gurupi-TO | Estudo exploratório, transversal e descritivo, com abordagem quantitativa. A amostra estratificada foi de 881 boletins de atendimentos do SAMU-192, referente ao período de janeiro a junho de 2022. | Descompensação de doenças crônicas, principalmente HAS e DM, como razão de demandas sucessivas que utilizam o SAMU- 192 |
Ribeiro et al | 2024 | Analisar a humanização dos profissionais de enfermagem no atendimento pré-hospitalar | Estudo de revisão integrativa | A importância dos enfermeiros na humanização e os desafios enfrentados, como alta demanda e condições de trabalho difíceis |
Pereira et al | 2024 | Analisar as contribuições científicas dos aplicativos móveis desenvolvidos para o atendimento pré-hospitalar. | Estudo de revisão integrativa da literatura | A utilização dos aplicativos móveis no atendimento pré-hospitalar contribui sobretudo para melhoria da segurança dos pacientes e a qualidade do cuidado prestado e otimização do tempo. |
Malvestio e Souza | 2022 | Analisar a evolução e o cenário de cobertura da atenção pré-hospitalar no Brasil entre 2015 e 2019 | Estudo censitário, observacional, de abordagem quantitativa,descritiva e exploratória | Ineficiência da cobertura correlaciona-se com a desigualdade na distribuição de recursos e modalidades, refletindo diretamente nas diretrizes de integralidade e igualdade no acesso à saúde |
Tofani et al | 2023 | Analisar a produção científica sobre a política da RUE no Brasil e elaborar sínteses demonstrando seus limites e desafios | Revisão integrativa de literatura | Fragilidades na articulação em rede, com manutenção da centralidade do componente hospitalar e o poder de seu capital simbólico, ficando a Atenção Básica relegada ao campo discursivo. |
Souza et al | 2022 | Analisar tendência e os impactos causados pela regionalização nos atendimentos de emergência por causas externas efetuados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). | Estudo de caso | A regionalização apresentou impacto significativo na qualidade dos atendimentos prestados à população, resultando na diminuição da mortalidade no local da ocorrência. |
Santos et al | 2022 | Analisar o perfil e sazonalidade dos usuários frequentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência | Pesquisa descritivo-exploratória e quantitativa | Os atendimentos frequentes foram majoritariamente de natureza clínica e psiquiátrica. |
Barbosa e Siqueira | 2025 | Relatar as experiências vividas no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da cidade de Santos, no estado de São Paulo, no Brasil, pelos alunos do quinto ano de Medicina do Centro UniversitárioLusíada durante o estágio no internato. | Relato de caso | A vivência promoveu a percepção do SAMU como um possível vínculo empregatício na vida dos universitários, além de auxiliar no aprimoramento de saberes na área médica e no treinamento de soft skills. |
Oliveira; O’dwyer e Novaes | 2022 | Analisar a perspectiva de gestores e profissionais sobre o desempenho do SAMU na região do Grande ABC | Trata-se de estudo de caso, de abordagem qualitativa | O conjunto de dados analisados reforçou a capacidade do SAMU na atenção de urgência na região, todavia, a intervenção necessita superar importantes desafios em busca de melhor prognóstico entre os casos transportados. |
Luna; Silva e Aoyama | 2022 | Compreender o papel dos enfermeiros e analisar a importância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) | Estudo de revisão integrativa | No atendimento pré-hospitalar existe as funções que cada profissional efetua, mas em determinadas situações pode ocorrer a necessidade das trocas de funções, objetivando a um atendimento de qualidade. |
Cretnik e Pfeifer | 2025 | Descrever os requisitos essenciais para respostas de emergência a ferimentos graves | Pesquisa descritiva | Ao aderir os protocolos, os profissionais de saúde podem navegar com eficiência em situações de emergência, salvando vidas e minimizando o impacto a longo prazo de ferimentos e doenças graves. |
Fonte: Elaborado pelas autoras (2025).
4 DISCUSSÃO
4.1 Importância do SAMU
É relevante ressaltar que os autores Campiol et al (2023) destacam a importância do SAMU para a saúde pública local, evidenciando questões como a necessidade de melhor gestão dos recursos e a capacitação das equipes. Além disso, o artigo aponta desafios enfrentados, como a alta demanda em algumas situações e a necessidade de um aprimoramento na cobertura e na rapidez do atendimento, visando garantir assistência de qualidade à população. Em síntese, o trabalho contribui para a reflexão sobre a eficiência do SAMU e o impacto de suas ações na saúde da comunidade.
Para os autores Ribeiro et al (2024) o primeiro ponto a ser destacado é o conceito de humanização, que se entrelaça com a qualidade do atendimento prestado aos usuários do sistema de saúde. A humanização no contexto da enfermagem vai além de um mero atendimento técnico; envolve a construção de relações interpessoais que respeitam a dignidade e as emoções dos pacientes.
A humanização no contexto das unidades de urgência e emergência refere-se à prática de promover cuidados que respeitam a dignidade, a individualidade e as necessidades de cada paciente, reconhecendo-o como um ser humano integral e não apenas como um caso clínico. Esse conceito é crucial em ambientes onde o tempo é crítico e a pressão sobre as equipes de saúde é alta, pois muitas vezes a urgência pode levar à mecanização do atendimento, negligenciando aspectos emocionais e psicológicos dos pacientes (Siqueira, 2019).
Os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem no âmbito pré- hospitalar, que muitas vezes atuam sob pressão, em situações de emergência que requerem rapidez e eficiência. Neste sentido, o discurso enfatiza a importância de um ambiente de trabalho que suporte e valorize a saúde mental e emocional destes profissionais, para que possam oferecer um atendimento humanizado de qualidade.
Ainda como um elemento eficaz dentro das metas de protocolo de segurança do paciente tem-se a comunicação efetiva também é fundamental, considerando que muitos pacientes se encontram em estados de vulnerabilidade durante episódios emergenciais. A habilidade de se comunicar de forma clara e sensível é um fator que pode impactar diretamente na experiência do paciente e na eficácia do tratamento (Ribeiro et al, 2024).
Por fim, a pesquisa permite refletir sobre as políticas de saúde pública e a necessidade de se criar protocolos[1] que incentivem a humanização nos serviços. A humanização não deve ser vista como uma estratégia isolada, mas sim como parte integrante da cultura organizacional das instituições de saúde. Portanto, a atuação dos profissionais de enfermagem no contexto pré-hospitalar deve ser constantemente revista e aprimorada para garantir que a assistência prestada seja não apenas técnica, mas humanizada.
4.2 Tecnologias e aplicativos móveis no atendimento
A implementação de tecnologias no dia a dia dos serviços de emergência, como o SAMU, pode trazer melhorias significativas na eficiência e na qualidade do atendimento. Primeiramente, a utilização de sistemas de geolocalização é fundamental para otimizar o tempo de resposta das ambulâncias. Com o uso de GPS e aplicativos de mapeamento, é possível identificar rapidamente a melhor rota a ser seguida, levando em consideração o tráfego e as condições das vias (Mendonça et al., 2022)
Além disso, a integração de sistemas de comunicação modernos, como rádio digital e aplicativos de mensagens instantâneas, facilita a troca de informações entre a equipe de atendimento e o centro de comando. Essa comunicação ágil permite um melhor alinhamento sobre a situação das ocorrências, bem como a coordenação de recursos entre diferentes unidades de emergência (Mendonça et al., 2022)
O uso de dispositivos móveis, como tablets e smartphones, pode proporcionar acesso rápido a informações cruciais sobre os pacientes, como históricos médicos e alergias, além de fornecer suporte na tomada de decisões durante o atendimento. Há também a possibilidade de implementar telemedicina, que permite uma avaliação prévia do paciente por médicos a distância, ajudando na triagem e na definição de prioridades de atendimento (Pereira et al, 2024).
Pereira et al (2024) apresenta uma análise detalhada sobre o papel que os aplicativos móveis desempenham no contexto do atendimento pré-hospitalar. Essa pesquisa se destaca por sua abordagem integrativa, reunindo e sistematizando evidências sobre como a tecnologia móvel pode ser eficaz na melhoria da prestação de serviços de emergência.
No ponto central da análise, observou-se que os aplicativos móveis surgem como ferramentas promissoras para superar as limitações encontradas nos sistemas tradicionais de atendimento pré-hospitalar. Evidenciando como as inovações tecnológicas podem impactar aspectos como a rapidez da resposta em situações de emergência, a eficiência na comunicação entre as equipes de resgate e a população, além da capacitação dos profissionais de saúde.
Os aplicativos desenvolvidos para o atendimento pré-hospitalar podem democratizar o acesso a informações vitais em momentos críticos, permitindo que cidadãos comuniquem emergências de maneira mais eficaz e tenham acesso a orientações imediatas, potencializando as chances de sobrevivência até a chegada dos serviços de emergência (Pereira et al, 2024). É uma contribuição significativa para a literatura da saúde pública, insinuando que a tecnologia, quando bem utilizada, pode transformar radicalmente a abordagem ao atendimento de emergências.
4.3 Cobertura do SAMU 192
A obra de Marisa Aparecida Amaro Malvestio e Regina Márcia Cardoso de Sousa, intitulada (2022), “Desigualdade na atenção pré-hospitalar no Brasil: análise da eficiência e suficiência da cobertura do SAMU 192”, oferece uma contribuição significativa para a discussão sobre a saúde pública no Brasil, especificamente no que se refere ao sistema de atendimento pré-hospitalar. O trabalho se debruça sobre a análise do SAMU 192, investigando a eficiência e a suficiência dessa cobertura em um contexto marcado por profundas desigualdades regionais e sociais.
As autoras partem da premissa de que a saúde é um direito fundamental e que o acesso a serviços de emergência é crucial para a redução da mortalidade e melhoria da qualidade de vida da população. No entanto, a pesquisa destaca que, embora o SAMU tenha sido criado com o intuito de universalizar o atendimento de urgência e emergência, persistem disparidades significativas na sua cobertura e eficiência, as quais estão frequentemente atreladas a fatores socioeconômicos e geográficos.
Uma das principais contribuições da obra é a análise crítica dos dados disponíveis sobre a atuação do SAMU em diferentes regiões do Brasil. As autoras ressaltam que, enquanto algumas áreas urbanas desfrutam de um serviço mais eficaz e acessível, muitas regiões rurais e periféricas enfrentam sérios desafios, como a falta de equipamentos adequados, a escassez de profissionais qualificados e a dificuldade de resposta em tempo hábil. Essas diferenças, como é abordado no texto, refletem a desigualdade estrutural que caracteriza o sistema de saúde brasileiro como um todo.
Além de discutir a questão da cobertura geográfica, Malvestio e Sousa (2022) também enfatizam a importância de indicadores de qualidade no atendimento pré- hospitalar. Eles argumentam que não basta apenas ampliar a cobertura do SAMU; é essencial garantir que o serviço funcione de maneira eficiente, com protocolos bem definidos e uma formação adequada dos profissionais envolvidos. A pesquisa propõe que as políticas públicas voltadas à saúde devem ser revisadas e adaptadas para garantir não apenas a quantidade, mas também a qualidade do atendimento.
A obra “A Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Brasil: Revisão Integrativa da Literatura”, de Luís Fernando Nogueira Tofani et al (2023) apresenta uma análise abrangente sobre o funcionamento e a evolução da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Brasil. Este estudo surge em um contexto onde a eficiência e a eficácia dos serviços de saúde são cada vez mais discutidas, especialmente diante das demandas crescentes por atendimento emergencial em um país com vastas desigualdades sociais e regionais.
Essa abordagem permite um entendimento multifacetado do sistema, abrangendo os aspectos organizacionais, operacionais e as lacunas existentes na implementação da rede. Assim, o texto discute as políticas públicas que regem a atenção às urgências e emergências, ressaltando a importância de uma rede bem estruturada para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a cuidados adequados em momentos críticos (Tofani et al, 2023).
Um dos pontos centrais da obra é a interligação entre os diferentes níveis de atenção à saúde, enfatizando a necessidade de uma coordenação eficaz entre os serviços de emergência, unidades básicas de saúde e hospitais. Os autores argumentam que a fragmentação dos serviços pode levar a resultados ruins, como tempo de espera pode levar a um evento adverso e falta de continuidade no atendimento. Além disso, a revisão aponta que, embora existam avanços significativos na criação e integração de serviços, ainda persistem desafios, como a insuficiência de recursos humanos e materiais, que comprometem a qualidade do atendimento.
Outro aspecto destacado é a necessidade de formação e capacitação dos profissionais que atuam na rede, uma vez que a atenção às urgências requer habilidades específicas e uma abordagem que priorize não apenas a rapidez no atendimento, mas também a resolução qualitativa dos problemas de saúde.
4.4 Vivência no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)
Tofani et al (2023) oferecem uma análise crítica e abrangente da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Brasil. Ao revisar a literatura existente, os autores não apenas mapeiam os avanços e desafios da implementação da rede, assim como propõem reflexões e caminhos para uma melhoria contínua do sistema de saúde, enfatizando a importância de políticas integradas, formação adequada dos profissionais e a participação ativa da comunidade. Essa reflexão se torna ainda mais relevante em um contexto onde a saúde pública enfrenta grandes pressões, exigindo soluções inovadoras e eficientes.
A obra de Souza et al. (2022) intitulada de “Tendência de atendimentos por causas externas no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência” aborda um tema relevante no contexto da saúde pública brasileira. O SAMU desempenha um papel crucial na resposta a emergências e na gestão de casos que envolvem causas externas, como acidentes e agressões, que impactam diretamente na vida da população.
Neste estudo, os autores realizam uma análise das tendências nos atendimentos feitos pelo SAMU devido a causas externas, levando em consideração fatores como o aumento da incidência desses eventos e as características demográficas dos atendidos. A pesquisa é fundamentada em dados coletados de registros de atendimentos, possibilitando uma abordagem quantitativa que revela padrões significativos.
Os resultados apresentados indicam um aumento alarmante nos atendimentos relacionados a causas externas, o que pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo o crescimento da urbanização, o aumento da violência e a falta de políticas eficazes de prevenção. Além disso, o estudo discute as implicações desses dados para a gestão de serviços de emergência e a necessidade de estratégias que visem a redução desses tipos de ocorrência, ressaltando a importância de intervenções, como identificação, comunicação, administração de medicamentos, higiene das mãos, cirurgia segura, lesão por pressão e quedas, que considerem tanto a urgência do atendimento quanto a prevenção de situações que levam a essas lesões (Souza et al., 2022).
Os autores também abordam a relevância de uma abordagem interdisciplinar, ou seja, uma comunicação intersetorial e a articulação entre diferentes setores da sociedade para enfrentar essa problemática, sugerindo que a solução para a queda nas taxas de atendimentos por causas externas envolve a colaboração entre saúde, segurança pública e educação, entre outros.
Portanto, a obra não apenas apresenta dados relevantes sobre a tendência de atendimentos no SAMU, assim como provoca reflexões sobre a necessidade de ações integradas no combate às causas externas, sugerindo que o conhecimento gerado por este estudo pode servir como base para futuras políticas e intervenções que busquem melhorar a saúde da população e a eficiência dos serviços de emergência. Essa análise contribui para a compreensão do papel do SAMU e a urgência de um olhar crítico sobre a saúde pública, especialmente em um país marcado por desigualdades sociais e desafios significativos na área da segurança.
A obra de Mahyara Pereira dos Santos et al (2022), intitulada “Perfil e Sazonalidade dos Usuários Frequentes no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência”, publicada na Revista Chronos Urgência, traz uma análise detalhada que se destaca pela relevância no contexto da saúde pública no Brasil. O estudo procura entender o perfil dos usuários que frequentemente utilizam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), além de investigar a sazonalidade dessas demandas.
Os autores realizam uma abordagem quantitativa que permite identificar os principais grupos que se utilizam desse serviço, abordando variáveis como idade, sexo e as condições de saúde mais comumente atendidas. Essa caracterização é fundamental para a identificação de pacientes e elaboração de políticas de saúde, uma vez que revela não apenas o perfil demográfico desses usuários, assim como as patologias que mais impactam as solicitações de atendimento.
Outro ponto importante abordado na pesquisa é a sazonalidade desse atendimento. Os autores observaram como fatores condições climáticas, sazonalidade de determinadas doenças e eventos socioeconômicos que influenciam a demanda por serviços de emergência. Este aspecto é particularmente relevante, pois permite que planos de contingência e recursos sejam alocados de maneira mais eficaz, sobretudo, em situações de crise. (Santos et al., 2022).
Além disso, o estudo propõe uma reflexão sobre a eficácia do SAMU e os desafios enfrentados pela equipe de profissionais de saúde, considerando a alta demanda e a necessidade de uma resposta rápida e eficiente. Os dados coletados e a análise feita oferecem uma base sólida para futuras pesquisas e intervenções, contribuindo para a melhoria do sistema de saúde e para a promoção de um atendimento mais centrado nas necessidades dos usuários.
A obra de Guilherme Chacon Martinez Dastre Barbosa e Leonardo de Sousa Siqueira (2025), intitulada “Vivência no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência durante o internato: um relato de experiência”, publicada na Revista Brasileira de Educação Médica, oferece uma rica análise sobre a experiência prática e a formação dos médicos em um contexto de urgência e emergência. Os autores abordam questões fundamentais relacionadas à vivência no SAMU, destacando a importância dessa experiência para o desenvolvimento de competências clínicas e habilidades interativas dos estudantes de medicina.
O relato de experiência é estruturado em uma narrativa que captura não apenas os aspectos técnicos e científicos do atendimento de urgência, como as dimensões emocionais e éticas implicadas nesse tipo de prática. Os autores afirmaram que o contato direto com casos reais desafia os profissionais da área a aplicarem seus conhecimentos teóricos, abordando situações complexas que exigem rápida tomada de decisões e um raciocínio crítico.
Por outro lado, a obra destacou a relevância do trabalho em equipe e a importância de uma comunicação clara dentro de um contexto de alta pressão, onde cada segundo conta. Essa ênfase na colaboração interdisciplinar é um ponto crucial, uma vez que a eficácia do atendimento de emergência depende não apenas das competências individuais, mas do funcionamento harmônico de toda a equipe.
Outro aspecto relevante é a reflexão sobre as emoções enfrentadas pelos estudantes, que podem incluir estresse, ansiedade e até burnout. Reconhecer essas emoções e saber lidar com elas é fundamental para a formação de profissionais de saúde resilientes e capacitados.
Nota-se que, o relato de experiência apresentado na obra contribui significativamente para a discussão sobre a formação dos profissionais de saúde, sublinhando a importância de experiências práticas em contextos críticos e a necessidade de uma educação médica que prepare os futuros profissionais para os desafios da atuação em serviços de urgência. A obra se destaca, portanto, como um importante recurso para educadores e gestores na área da saúde, buscando sempre a melhoria na formação e na experiência prática dos estudantes, essencial para garantir um atendimento de qualidade à população com foco na segurança do paciente.
A obra de Oliveira; O’dwyer e Novaes (2022) que retrata a análise da perspectiva de gestores e profissionais sobre o desempenho do SAMU na região do Grande ABC revela nuances cruciais para entender a eficácia e os desafios desse importante serviço de urgência e emergência. O SAMU, desempenha um papel vital na saúde pública, sendo a porta de entrada para muitos pacientes em condições médicas graves que exigem cuidados intensivos e monitoramento constante.
Os gestores, que possuem uma visão mais ampla e estratégica do sistema, frequentemente destacam a importância de investimentos adequados em infraestrutura e capacitação de profissionais. Eles reconhecem que, para que o SAMU funcione de maneira eficiente, é necessário não apenas o aumento do número de unidades e ambulâncias, mas também a melhoria das condições de trabalho e a atualização constante dos conhecimentos técnicos da equipe de atendimento (Oliveira; O’dwyer e Novaes, 2022).
A integração com outros serviços de saúde, como hospitais e unidades básicas, é outro ponto que os gerentes costumam enfatizar, pois um fluxo de informações bem estruturado é fundamental para garantir que o paciente receba o tratamento adequado assim que chega ao hospital.
Do outro lado, os profissionais que atuam diretamente no SAMU, como médicos, enfermeiros e motoristas, fornecem uma perspectiva mais vivencial e prática do serviço. Eles frequentemente relatam desafios diários, como a sobrecarga de trabalho, a falta de equipamentos adequados e a necessidade de apoio psicológico devido à pressão enfrentada em atendimentos de emergência. Esses profissionais destacam a importância de uma comunicação eficaz entre equipes, além da necessidade de suporte emocional, que é frequentemente subestimado na formação inicial (Oliveira; O’dwyer e Novaes, 2022).
A interação entre gestores e profissionais é essencial para aprimorar o SAMU na região do Grande ABC. Um diálogo aberto pode levar a ações mais eficazes, como a implementação de treinamentos que atendam às necessidades reais do dia a dia.
Além disso, as sugestões dos profissionais podem iluminar áreas que os gestores, muitas vezes, não percebem devido à distância das operações cotidianas (Oliveira; O’dwyer e Novaes, 2022).
Por fim, a análise da perspectiva destes dois grupos mostra que, embora existam desafios significativos a serem enfrentados, há um espaço fértil para a colaboração e inovações que possam otimizar o desempenho do SAMU. Um serviço de saúde mais ágil e eficaz depende, em última instância, da valorização das contribuições de todos os envolvidos, garantindo que tanto gestores quanto profissionais se sintam parte de um mesmo objetivo: a melhoria do atendimento à população em situações de emergência.
A obra de Luna, Silva e Aoyama (2022) intitulada de “O papel do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar móvel”, publicada na Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde (ReBIS), apresenta uma análise pertinente sobre a atuação dos enfermeiros em contextos de emergência e urgência, especificamente no atendimento pré- hospitalar (Luna, Silva e Aoyama, 2022).
Os autores contextualizam a importância do enfermeiro nesse cenário, ressaltando a complexidade e a dinâmica das situações que exigem uma resposta rápida e eficaz. Em ambientes de pré-hospitalar móvel, o enfermeiro não apenas realiza procedimentos técnicos, mas também exerce um papel fundamental na comunicação com a equipe multidisciplinar e na gestão do cuidado. A obra destaca que a formação e a capacidade de tomada de decisões rápidas são essenciais para os profissionais de enfermagem atuarem com eficácia em ambientes de emergência, onde a vida do paciente pode estar em risco (Luna, Silva e Aoyama, 2022).
Além disso, a pesquisa aborda as competências específicas que os enfermeiros devem desenvolver para se adaptarem à prática no pré-hospitalar, como habilidades em triagem, monitoramento e intervenções imediatas. Os autores enfatizam ainda a necessidade de treinamento contínuo e atualização profissional, já que o campo da saúde é dinâmico e as tecnologias e protocolos estão em constante evolução.
A reflexão sobre os desafios enfrentados pelos enfermeiros, como a pressão do tempo, a necessidade de priorização de atendimentos e a gestão do estresse em situações de crise, é um ponto forte da obra. Ao discutir essas questões, os autores contribuem para uma maior valorização da profissão e esclarecem a relevância do enfermeiro no sistema de saúde, especialmente em condições onde a intervenção rápida é crucial para a sobrevivência e recuperação do paciente.
Deste modo, a análise realizada pelos autores na obra investigada é significativa para entender o papel estratégico do enfermeiro no atendimento pré- hospitalar móvel. A publicação não apenas ilustra a importância dessa prática, bem como impulsiona a reflexão sobre a formação e as políticas de saúde que precisam ser desenvolvidas para garantir um atendimento de qualidade e segurança à população em situações de emergência.
A segurança do paciente na unidade móvel de urgência é um tema de suma importância, especialmente considerando o papel crucial que esses serviços desempenham na assistência à saúde em situações emergenciais. A pesquisa sobre os protocolos estabelecidos, os desafios enfrentados e as estratégias para a redução de erros é vital para a melhoria contínua dessa modalidade de atendimento, que muitas vezes ocorre em ambientes adversos e sob pressão intensa.
Os protocolos de atendimento em unidades móveis de urgência têm como objetivo padronizar as práticas, garantindo que os profissionais sigam diretrizes baseadas em evidências. Esses protocolos abordam desde a triagem inicial até a estabilização do paciente, passando pelos procedimentos de transporte seguro. No entanto, a adesão a esses protocolos pode ser compromissada por diversos fatores, como a falta de treinamento adequado, a escassez de recursos e a pressão do tempo. Esse cenário pode levar a equívocos que não apenas afetam a qualidade do atendimento, mas também colocam em risco a vida dos pacientes.
Os desafios enfrentados por essas equipes são variados. A variabilidade na apresentação clínica dos pacientes, as condições adversas de transporte e as restrições de comunicação são apenas alguns dos obstáculos que os profissionais precisam superar. Além disso, a equipe multidisciplinar, embora crucial para um atendimento eficaz, pode apresentar problemas de coordenação e comunicação, aumentando a probabilidade de erros.
Para reduzir essas falhas, é fundamental implementar estratégias que fomentem a cultura de segurança. Isso inclui treinamentos regulares, simulações de situações de emergência e a criação de um ambiente onde os profissionais se sintam seguros para relatar erros sem medo de punições. A utilização de tecnologias, como sistemas de apoio à decisão clínica e ferramentas de comunicação que garantam a continuidade das informações durante o transporte, também pode contribuir significativamente para a redução de falhas.
Desta forma, a segurança do paciente nas unidades móveis de urgência é um campo que requer contínua pesquisa e inovação. Discutir os protocolos existentes, entender os desafios do dia a dia e implementar estratégias eficazes são passos fundamentais para garantir que o atendimento emergencial seja não apenas rápido, mas também seguro e eficaz. Através da colaboração entre diferentes setores da saúde, é possível promover melhorias significativas, elevando o padrão de cuidado e, consequentemente, salvando vidas.
As evidências provenientes de estudos e análises de dados no âmbito dos serviços de emergência são fundamentais para orientar melhorias práticas e garantir uma assistência mais eficaz e eficiente à população. Primeiramente, essas evidências permitem identificar padrões de demanda e tipo de assistência necessária, possibilitando uma melhor alocação de recursos humanos e materiais. Por exemplo, ao perceber que determinadas condições de saúde apresentam alta recorrência em situações de emergência, os gestores podem implementar programas de prevenção e educação em saúde na comunidade, reduzindo a incidência desses casos e, consequentemente, a sobrecarga dos serviços.
Além disso, as evidências também ajudam a otimizar os processos internos dos serviços de emergência, por meio da adoção de protocolos baseados em dados que visem à eficiência no atendimento. A implementação de tecnologias, como sistemas de triagem eletrônica e o uso de inteligência artificial para prever demandas, pode contribuir significativamente para reduzir o tempo de espera dos pacientes e melhorar a qualidade do atendimento prestado. Adicionalmente, o treinamento constante da equipe a partir das evidências coletadas contribui para a capacitação profissional e para o aprimoramento das habilidades necessárias para lidar com situações críticas.
Com relação às políticas de saúde pública, é crucial que os próximos passos incluam a integração dos serviços de emergência com a rede de saúde primária, assegurando que haja um fluxo contínuo de informação e encaminhamentos adequados entre os diferentes níveis de atendimento. Outra medida importante é o investimento em campanhas de conscientização que incentivem a população a buscar serviços de saúde de forma proativa, evitando a utilização excessiva e inadequada das emergências.
Por outro lado, surge a necessidade de fomentar pesquisas contínuas que analisem a efetividade das intervenções implementadas, garantindo que as políticas públicas sejam adaptativas e baseadas em dados robustos. Com a coleta e análise sistemática de dados, é possível não apenas melhorar a resposta imediata dos serviços de emergência, mas também promover um sistema de saúde mais integrado, equitativo e que atenda às reais necessidades da população.
5 CONCLUSÃO
A segurança do paciente na unidade móvel de urgência é um desafio que exige uma abordagem integrada e multifacetada. As características específicas desse atendimento, como a alta pressão e a imprevisibilidade das situações clínicas, demandam um comprometimento com a cultura de segurança, a capacitação contínua das equipes e a comunicação eficaz entre todos os envolvidos.
Para mitigar riscos e reduzir erros, a adoção de protocolos padronizados, a utilização de checklists e a implementação de tecnologias, como sistemas de registro eletrônico e telemedicina, são fundamentais. Esses recursos não só promovem a rastreabilidade das informações do paciente, mas também facilitam a colaboração em tempo real com especialistas, quando necessário.
Além disso, engajar a comunidade em campanhas de conscientização é essencial para que a população compreenda a importância da segurança nas situações de emergência, ajudando a reconhecer sinais que exigem atenção.
Assim, a proteção da segurança do paciente em unidades móveis de urgência requer um esforço coletivo que envolva não apenas os profissionais de saúde, mas também a sociedade em geral. Com foco na melhoria contínua e na implementação de práticas baseadas em evidências, é possível elevar a qualidade do atendimento e garantir uma assistência mais segura e eficaz.
Estudos futuros mostram relevantes para ampliar a rastreabilidade das informações e favorecer condutas mais precisas. Paralelamente, a sensibilização da população por meio de ações educativas pode contribuir para um atendimento mais eficiente, ao facilitar o reconhecimento precoce de sinais de urgência e orientar comportamentos adequados durante as ocorrências.
Conclui-se que a promoção da segurança do paciente nesse ambiente requer o compromisso de todos os envolvidos, incluindo profissionais de saúde, gestores e a comunidade. Para avançar nesse campo, sugere-se o desenvolvimento de estudos aplicados que avaliem o impacto de intervenções específicas voltadas à redução de falhas e à melhoria dos resultados clínicos em serviços móveis de urgência, respeitando as particularidades regionais e estruturais de cada realidade.
[1] Os protocolos são criados para melhorar a comunicação entre as equipes, para terem uma linguagem única, evitando assim falhas durante a execução da assistência.
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1Graduanda do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Cesmac; Brunaalmeidame11@gmail.com
2Graduanda do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Cesmac; Martinss_laura@hotmail.com
3Prof. Dr. do Curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas; Ewerton.santos@famed.ufal.br
4Prof. Ms do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Cesmac; Josemir_almeida@hotmail.com
5Profa. Ms do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Cesmac; Huldinhalinda@hotmail.com