SAÚDE MENTAL: UM COMPONENTE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA OU UMA PRÁTICA INTEGRADA NOS SERVIÇOS? 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10836210


Ana Clara Almada Resende1
Jane Daisy De Sousa Almada Resende2
Andreia Andrade Dos Santos3
Kiara Daniele Vilela4


RESUMO 

Introdução: A saúde mental na atenção primária à saúde (APS) é de vital importância para promover o bem-estar  integral dos indivíduos. Nesse nível de atendimento, o paciente tem seu primeiro contato com o sistema de saúde,  recebendo suporte emocional e sendo encaminhado para tratamentos adequados. Objetivo: Este estudo visa esclarecer  a importância da atenção primária em relação à saúde mental, analisando estratégias potenciais para aprimorar a  assistência psicossocial. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, seguindo as etapas de  identificação do tema e da pergunta orientadora, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão para os estudos,  busca na literatura de estudos primários e avaliação da amostra de estudos incluídos na revisão. Resultados:  Identificou-se uma lacuna na capacitação dos profissionais da Equipe Saúde da Família, restrições na assistência  prestada a pessoas com transtornos mentais e poucas ações de promoção da saúde mental por parte dos enfermeiros  da ESF, o que evidencia a subnotificação e a baixa valorização da ESF na rede de atenção em saúde mental. Entretanto,  constatou-se que 90% dos pacientes com problemas mentais tiveram contato com seu clínico geral na atenção primária.  Conclusão: A saúde mental na APS tem o potencial de contribuir para uma sociedade mais resiliente e saudável,  porém tem sido negligenciada, apesar de impactar diversos aspectos da vida social, emocional e profissional. Destaca-se a dificuldade na abordagem de pacientes com problemas de saúde mental, especialmente após a pandemia de  COVID-19. Portanto, é crucial que os enfermeiros desempenhem seu papel de acolhimento social, encaminhamento  e acompanhamento dos usuários do sistema de saúde, além de contribuir com estratégias de prevenção e atuação na  comunidade. 

Palavras-Chave: Saúde Mental 1. Atenção Primária da Saúde 2. Profissionais de Saúde 3. 

ABSTRACT 

Introduction: Mental health in primary health care (PHC) is vital importance to promote the integral well-being of  individuals. At this level of care, the pacient has their first contact with the health system, receiving emotional support  and being referred to appropriate treatments. Objective: This study aims to explain the importance of primary care  regarding mental health, analyzing possible strategies to improve the psychosocial assistance. Methodology: An  integrative literature review was done , following the steps of identifying the theme and guiding question, establishing  inclusion and exclusion criteria for studies, literature search for primary studies, and evaluation of the sample of  studies included in the review. Results: A gap was reported in the training of Family Health Team professionals,  restrictions in the assistance provided to people with mental disorders, and few actions to promote mental health by  ESF nurses, highlighting underreporting and low valuation of ESF in the mental health care network. Nevertheless, it  was found that 90% of patients doing the study with mental health problems had contact with their general practitioner  in primary care. Conclusion: Mental health in PHC has the potential to contribute to a more resilient and healthier  society, but it has been neglected in spite of impacting various aspects of social, emotional, and professional life. The  difficulty in addressing patients with mental health problems is highlighted, especially after the COVID-19 pandemic.  Thus, it is crucial for nurses to fulfill their role of social support, referral, and follow-up of health system users, as  well as to contribute to prevention strategies and community action. 

Keywords: Mental Health 1. Primary Health Care 2. Health Professionals 3.

1. INTRODUÇÃO 

Embora a saúde mental seja cada vez mais reconhecida como um pilar fundamental do  bem-estar humano, ainda enfrenta estigma e falta de atenção adequada. Promover uma maior conscientização sobre sua importância, tanto a nível individual quanto na sociedade como um todo,  é essencial para garantir o acesso a serviços de qualidade, apoio emocional e educação sobre  cuidados preventivos. (FERREIRA et al., 2016). 

Ressalta-se que, a saúde mental pode ser influenciada por uma variedade de fatores,  incluindo genética, ambiente, experiências e estilo de vida, além disto, enquadram-se os transtornos como ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, transtornos de personalidade e  psicóticos, como por exemplo o abuso de substâncias. No Brasil, tais transtornos de ansiedade e  depressão representam uma grande sobrecarga para os serviços de saúde, afetando  aproximadamente 20% e 30% da população ao longo da vida, respectivamente (ITO, 1998).  

Esses transtornos podem ter um impacto significativo na vida das pessoas, afetando seu  bem-estar emocional e físico, bem como suas relações interpessoais, trabalho e qualidade de vida (SANTOS, 2021). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019, quase 1 bilhão de  pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, vivem com algum transtorno mental (BRASIL, 2013), 

Salienta-se que o primeiro contato destes pacientes com o sistema de saúde se faz pela  Atenção Primária da Saúde (APS), já que é a principal porta de entrada do sistema, onde espera se que demandas de saúde mental também sejam resolvidas pelos profissionais da APS, e  se necessário, realizar encaminhamento para unidade especializada uma vez que é fundamental  haver uma abordagem integrada e multidisciplinar, com o envolvimento de médicos, enfermeiros,  psicólogos e assistentes sociais, para garantir um cuidado holístico e efetivo ao paciente. (GARCIA  et al., 2014). 

Diante do crescente aumento dos transtornos acima mencionados, principalmente no pós  pandemia COVID 19, percebe-se uma grande necessidade de conhecer o papel de cada profissional  na atenção primária, assim como da Estratégia de Saúde da Família (ESF), para lidar com o novo  desafio, principalmente no direcionamento do doente mental e sua família para as Rede de Atenção  Psicossocial (RAPS) e para que conheçam as portas de entradas para o tratamento e  acompanhamento, além de criar vínculos entre o Centro de Apoio Psicossocial e a ESF (NUNES  et al., 2007) 

A comunicação entre família, doente mental e os profissionais de saúde ainda possui muitas falhas, logo, é preciso qualificar tais profissionais para que consigam dar suporte necessário e se  comunicarem de forma mais efetiva criando vínculos e dando maior suporte na ESF para que o  doente não se sinta perdido e resulta no abandono do seu tratamento (MAYNART et al., 2014). 

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo elucidar a atenção primária em relação a  saúde mental, analisando possíveis estratégias para melhoria da atenção psicossocial. 

2. DESENVOLVIMENTO (REFERENCIAL TEÓRICO) 

A saúde mental é uma das importantes causas de afastamento social, impossibilitando a  pessoa de exercer funções de trabalho, estudos ou convívio social, além disto, é uma doença  silenciosa e muitas vezes não recebe a devida atenção e orçamento dos órgão competentes,  tornando a classe média e baixa as mais afetadas pela carência de recursos (OMS, 2017). 

Por estar localizada nas comunidades, a atenção primária tem a vantagem de conhecer de  perto as necessidades e realidades dos cidadãos, sendo essencial que os profissionais de saúde se  atentem às questões de saúde mental, oferecendo um espaço seguro para que os indivíduos  expressem suas preocupações emocionais e psicológicas. Além disso, a atenção primária  desempenha um papel importante, sendo ordenadora e coordenadora do cuidado, com um território  delimitado e exercida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e/ ou Equipes de Saúde da Família ESF (SOUZA; BOTAZZO, 2013).  

Vale ressaltar que este nível de atenção à saúde possui uma relevante ação na detecção  precoce de transtornos mentais e no encaminhamento para tratamentos especializados, garantindo  o cuidado integral e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Ao reconhecer a importância  da saúde mental na atenção primária, fortalece-se a capacidade de prevenção, promoção e  tratamento, proporcionando uma abordagem abrangente e eficaz para o bem-estar geral da  população (MORAIS; TANAKA, 2012). 

2.1 Atenção Primária da Saúde: um olhar para Saúde Mental 

Atenção primária é porta de entrada para todos os serviços de saúde, compreendendo a  promoção, proteção e prevenção da mesma, tanto individual, quanto coletivo. Engloba desde o  diagnóstico até a redução de danos. Entretanto, ao considerar a questão da entrada aos serviços de  saúde mental, somos confrontados com um cenário intricado que envolve uma variedade de  conceitos e atores complexos e com objetivos distintos (GOMES, 2009).

Ressalta-se que após a reforma sanitária, avaliar as questões mentais passou a fazer parte  das ações de saúde mental em nível primário, pela necessidade das mudanças de paradigmas da  saúde no século XX e de se efetivar uma nova política de serviços e cuidados (ONOCKO CAMPOS; FURTADO, 2006) que até então tinha um caráter excludente, segregadora e na adoção  de práticas equivocadas em nome de uma melhor atenção (SOUZA; RIVERA, 2010). 

Sendo assim, em 2003, a saúde mental na atenção primária passou a receber maior  distinção após a publicação de uma Circular Conjunta da Coordenação de Saúde Mental e da  Coordenação de Gestão da Atenção Primária, numerada como 01/037. Ademais, a criação do  Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi regulamentada pela Portaria 154, a qual  contribuiu para o fortalecimento dessa área (BRASIL, 2008). 

Assim, é essencial que a APS assuma o papel de coordenadora da rede de atenção à saúde  (RAS) e que seja responsável pelo direcionamento e monitoramento dos serviços de saúde mental (ALMEIDA et al., 2018), sendo importante destacar que a área da saúde mental já enfrentava  grandes dificuldades antes da pandemia de COVID-19. Com a chegada da pandemia e a  consequente necessidade de distanciamento social, a demanda pelos serviços de saúde mental se  intensificou ainda mais, especialmente entre crianças e adolescentes. Contudo, há uma escassez de  profissionais qualificados nessa área, o que acarreta em um grande problema social e representa  um novo desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS) (AFONSO, 2020). 

Neste sentido, faz-se necessário analisar o cuidado que as Equipes de Saúde da Família  (ESF) estabelecem diante das demandas de saúde mental, ela desempenha um papel essencial ao  promover mudanças no perfil epidemiológico e uma abordagem ativa na intervenção em saúde.  Em vez de esperar a demanda chegar, busca-se agir de forma preventiva, representando um  verdadeiro instrumento de reorganização da demanda. Ao identificar precocemente problemas de  saúde mental, deve oferecer suporte emocional e encaminhar para tratamentos adequados,  tornando uma poderosa ferramenta para promover a saúde mental e prevenir o agravamento dos  quadros (ESTEVAM et al., 2011). 

2.2 Profissionais de Saúde nos Cuidados da Saúde Mental  

Estes profissionais têm papel fundamental nos cuidados da saúde mental na atenção  primária à saúde (APS), sendo responsáveis por realizar o acolhimento dos pacientes com  transtornos mentais, ouvir suas demandas e fornecer apoio emocional. Além disso, também são responsáveis pela avaliação inicial dos pacientes, realizando o diagnóstico e planejando o cuidado  adequado para cada caso (DUARTE et al., 2012). 

Além disto, a atuação também envolve a prevenção e promoção da saúde mental, uma vez  que identificam precocemente os transtornos mentais, por meio da realização de exames de rotina  e da observação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes. Eles também desenvolvem  ações educativas para a comunidade, com o objetivo de informar sobre a importância da saúde  mental e dos cuidados necessários para manter o equilíbrio emocional (DIMENSTEIN et al.,  2005). 

Outra importante atribuição na saúde mental na APS é a realização de grupos terapêuticos  e a promoção de atividades que incentivem a socialização e a participação dos pacientes na  comunidade, podendo trabalhar com grupos de pacientes que compartilham dos mesmos  transtornos mentais, oferecendo suporte emocional e encorajando a troca de experiências e  conhecimentos (DIMENSTEIN et al., 2005). 

Vale ressaltar que a atuação nos cuidados da saúde mental na APS deve ser realizada de  forma multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas  ocupacionais. Todos os membros da equipe devem trabalhar de forma integrada, visando  proporcionar um atendimento completo e humanizado destes pacientes (RIBEIRO et al., 2010;  DAVID et al., 2013). 

Neste contexto, é crucial a identificação e atendimento das necessidades dos pacientes,  sendo o objetivo assistir o indivíduo de forma integral, levando em consideração suas  particularidades e necessidades específicas. (SUCIGAN, TOLEDO e GARCIA, 2012). 

Vale ressaltar que, ao invés de criar circuitos isolados e protegidos para os usuários, é  importante que os profissionais da saúde mental atuem nos territórios da sociedade, estabelecendo  trocas e diálogos com a comunidade. Essa abordagem amplia o desafio da saúde mental, indo além  do Sistema Único de Saúde (SUS) e implicando na abertura da sociedade para a diversidade(GUIMARÃES et al., 2010). 

Em outras palavras, é essencial que tais profissionais atuem como um agente de  transformação social, promovendo a inclusão e a compreensão da diversidade. Isso implica em ir  além do atendimento clínico, estabelecendo uma relação de empatia e acolhimento com o paciente,  e trabalhando em conjunto com a comunidade para a construção de uma sociedade mais justa e  inclusiva. Somente assim será possível promover a saúde mental de forma efetiva, duradoura e  integral.

3. METODOLOGIA DE ESTUDO 

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura realizada conforme as etapas:  identificação do tema e questão norteadora; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão  para os estudos; busca na literatura de estudos primários; avaliação da amostra de estudos incluídos  na revisão e análise das informações.  

As buscas por publicações foram realizadas nas bases de dados Scientific Electronic Library  Online (SciELO) e Revistas científicas, por meio da combinação dos descritores: “Saúde mental”,  “enfermagem AND Atenção Primária da Saúde”,. Em todas as bases, os descritores foram  combinados com o operador booleano “AND”. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Mundialmente é observado uma fragmentação nas práticas de saúde, o que reforça a  necessidade de discutir a importância da integração da saúde mental na Atenção Primária à Saúde  (APS) (CAMPOS et al., 2011).  

Neste sentido, Hull, Aquino e Cotter (2005) reforçam que em diversos países do mundo,  sistemas de saúde de cobertura universal enfrentam desafios para a conciliação entre essas áreas,  como a falta de capacitação dos profissionais e o crescente uso inadequado de medicamentos para  tratar problemas sociais. 

Assim, Ribeiro et al. (2010) corroboram com as ideias citadas relatando que há uma  corrente terapêutica que segue o modelo biológico e que enfatiza a medicalização do paciente,  ocorrendo a prescrição de medicamentos sem a devida avaliação clínica, o que pode levar a um  consumo excessivo de psicofármacos gerando dependência. 

Sendo assim, Caixeta e Moreno (2008) relatam que este fato ocorre em razão da ausência  de capacitação dos profissionais da ESF, que restringe a assistência prestada às pessoas com  transtornos mentais e da prática diária desses serviços fundamentada somente no conhecimento da  psiquiatria convencional. 

No entanto, cabe salientar que conforme Martins, Braga e Souza (2009) a população  assistida pela Estratégia Saúde da Família (ESF) é, em grande parte, composta por indivíduos que  apresentam quadros leves de depressão e ansiedade, além de preocupações, irritabilidade e sintomas psicossomáticos diversos. Assim como, Rogers, Pilgrim (2001) relatam situações  semelhantes na Inglaterra, como por exemplo, 90% dos pacientes considerados como tendo  problemas mentais tiveram contato com seu clínico geral na atenção primária. Ainda no sistema  de saúde inglês, Lester, Glasby e Tylee (2004), descreveram que 20 a 25% das consultas têm  como única razão: problemas de saúde mental. 

Entretanto, Merces et al., (2015) mostram que pesquisas indicaram a escassa realização de  ações de promoção da saúde mental pelos profissionais da ESF, o que reforça a subnotificação  desses e a baixa valorização da ESF como integrante da rede de atenção em saúde mental. Essa  situação se agrava pelos relatos de falta de habilidade e de capacitação para lidar com o tema. 

Com o cenário do Covid 19 houve um agravo dos problemas de saúde mental que, segundo  Ramírez-Ortiz et al., (2020) durante a pandemia as pessoas com pré-disposição a transtornos  mentais tiveram seus sintomas elevados e pessoas saudáveis desenvolveram maiores níveis de estresse e ansiedade. 

Neste contexto, Shigemura et al. (2020) descrevem que as pessoas que foram contaminadas  ou tiveram suspeita de contaminação com o Covid 19, sofreram com perturbações de sentimentos  como culpa, medo, melancolia, raiva, solidão, ansiedade, insônia, etc. Condições como estas  podem evoluir para transtornos de ansiedade ou medo excessivos, e um pós traumático que pode  levar à depressão , transtorno mental como a psicose ou até suicídio. Tal situação se sobressaiu em pacientes em estado de isolamento social, submetidos a maior grau de estresse. Esses níveis de estresse e ansiedade também atingiu significativamente crianças e  adolescentes, segundo Almeida et al. (2020), uma vez que a alteração da rotina das crianças e  adolescentes com fechamento de escolas, interrompendo o convívio social modificou  completamente a rotina e o cotidiano destes.  

De acordo com Fegert et al., (2020) o básico como direito ao lazer e a saúde foram lhes  tirado sem nenhum suporte mental, transferindo total responsabilidade do acompanhamento e  amparo para os pais que também estavam em um cenário de crise mundial nunca visto antes, e  sem preparo deixando esse grupo desamparado. 

É evidente que essa situação tem um impacto direto na forma como os profissionais de  saúde terão que trabalhar no pós-pandemia. Será necessário criar novas estratégias de inclusão e  assistências às pessoas afetadas. Indivíduos com problemas de saúde mental requerem um nível  diferente de apoio e cuidado que devem ser adaptados às suas circunstâncias e garantir  atendimento adequado aos estado mais grave da doença (BRASIL, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Ao fortalecer a saúde mental na atenção primária, pode-se construir uma sociedade mais  resiliente e saudável. É importante ressaltar que a saúde mental tem sido negligenciada, apesar de  afetar cada vez mais pessoas e impactar suas vidas sociais, emocionais e profissionais. A equipe  de atenção primária, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, deve  trabalhar de forma multidisciplinar, garantindo um cuidado holístico e eficaz ao paciente. Percebe se que a falta de valorização dos profissionais de saúde mental na estratégia de saúde da família  pode ser um indicador da falta de habilidades e motivação para se especializar nessa área. Ressalta-se que, ainda há dificuldades na abordagem dos pacientes com problemas de  saúde mental, especialmente após a pandemia de COVID-19. A atenção primária à saúde deve  assumir o papel de coordenadora da rede de atenção à saúde mental, direcionando e monitorando  os serviços, além disto, o profissional deve desempenhar o seu papel de acolhimento social,  encaminhando e acompanhando o usuário do sistema de saúde, além de contribuir com estratégias  de prevenção e atuar na comunidade.  

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