SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: COMO OCORREM E OS IMPACTOS PÓS-TRAUMA DO ABUSO SEXUAL

MENTAL HEALTH IN CHILDHOOD AND ADOLESCENCE: HOW IT OCCURS AND THE POST-TRAUMA IMPACTS OF SEXUAL ABUSE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11571682


Taiane de Cássia Corrêa da Silva1
Erik Matheus de Sousa Miranda2
Orientadora: Jamilly Karoliny da Silva Miranda3


Resumo

O abuso sexual durante a infância ou adolescência pode causar diferentes danos e reações na vida de uma vítima. Esse estudo tem como objetivo investigar e informar sobre dados colhidos através de pesquisas de vários estudos e estatísticas quanto ao crescimento de casos de abusos contra essas crianças e as consequências dos seus traumas, no Brasil e no mundo. O número crescente de abuso e exploração sexuais na infância e adolescência no Brasil é grande e com números espantosos. Através desse estudo esclarecemos que os traumas que são vividos por essas crianças serão para toda a vida. Os transtornos, depressão, ansiedade e transtorno pós-traumático são os mais graves que serão desenvolvidos logo após o ocorrido ou ao longo da vida, fazendo com que se torne um jovem ou adulto problemático. Lembrando que não se trata de gênero, raça, cor ou etnia os abusos acontecem em todo tipo de classe social, mas claro, que as crianças que estão em situação de vulnerabilidade acabam sendo o número maior de vítimas. Assim como as meninas são um número de casos mais incidentes que meninos e que esses casos acontecem na sua maioria dentro do próprio âmbito familiar na maioria das vezes, e a há um detalhe, quando se fala da faixa etária, pois são dados de pesquisas que mostram uma variável entre essas faixas etárias.

Palavras-chave: abuso sexual; trauma; criança e adolescente.

ABSTRACT

Sexual abuse during childhood or adolescence can cause different damages and reactions in a victim’s life. This study aims to investigate and inform about data collected through research from various studies and statistics regarding the increase in cases of abuse against these children and the consequences of their traumas, in Brazil and worldwide. The growing number of sexual abuse and exploitation in childhood and adolescence in Brazil is significant and staggering. Through this study, we clarify that the traumas experienced by these children will last a lifetime. Disorders such as depression, anxiety, and post-traumatic stress disorder are the most serious and can develop either immediately after the event or later in life, leading to problematic behavior in youth or adulthood. It’s important to note that abuse occurs across all social classes, regardless of gender, race, color, or ethnicity, although children in vulnerable situations are more likely to be victims. Additionally, girls are more frequently affected than boys, and these cases often occur within the family environment. Furthermore, age plays a significant role, as research data show variability across different age groups.

Keywords: sexual abuse; trauma; children and adolescents.

1 INTRODUÇÃO

A saúde mental na infância e adolescência é um tema de extrema importância, pois nessa fase crucial do desenvolvimento, as experiências vivenciadas têm um impacto profundo no bem-estar emocional e psicológico ao longo da vida. Infelizmente, o abuso sexual é uma realidade trágica que muitas crianças e adolescentes enfrentam, deixando marcas duradouras em sua saúde mental. A violência sexual pode ocorrer em diversos contextos, incluindo o âmbito familiar, escolar e comunitário, e seus efeitos devastadores se estendem para além do momento do trauma.

As consequências pós-trauma do abuso sexual são variadas e complexas, afetando não apenas a saúde mental, mas também o funcionamento social e emocional dos sobreviventes. Transtornos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e dificuldades de relacionamento são comuns entre aqueles que foram vítimas de abuso. Além disso, a experiência de serem traídos por figuras de confiança e a sensação de desamparo podem abalar profundamente a autoestima e a confiança nas relações interpessoais.

É essencial compreender como esses eventos traumáticos afetam o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e adolescentes, a fim de fornecer intervenções adequadas e suporte efetivo. Ao abordar a saúde mental na infância e adolescência, é crucial considerar não apenas a prevenção do abuso sexual, mas também a promoção de ambientes seguros e de apoio para ajudar os jovens a se recuperarem e prosperarem após o trauma.

Conforme destacado no site da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a qual é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que trabalha para garantir os direitos e o bem-estar de todas as crianças ao redor do mundo, apresenta que

A infância e adolescência é uma fase da vida a qual os pais e os adultos deveriam acolher e proteger, porém na realidade hoje não é o que bem acontece. Entre tantas atitudes contra eles, o abuso e exploração sexual se tornou um fator comum e diário, no qual milhares de crianças e adolescentes são estuprados, ameaçados, mortos ou ficam com sequelas físicas e mentais para toda a vida. Muitos desses casos são cometidos por pessoas da própria família, o que se torna ainda mais grave e traumático. Segundo a Organização Mundial da Saúde, dos 204 milhões de crianças com menos de 18 anos, 9,6% sofrem exploração sexual, 22,9% são vítimas de abuso físico e 29,1% têm danos psicológicos (UNICEF, 2023).

Dessa forma, percebe-se que esta fase demanda das famílias o cuidado e o apoio necessários para o pleno desenvolvimento físico, emocional e social das crianças e adolescentes. No entanto, na realidade, ainda há uma lacuna significativa a ser preenchida nesse aspecto em nosso país. Logo, ainda se verifica que

No Brasil, foram registradas mais de 11 mil denúncias contra crianças e adolescentes em 2024, no país em torno de 320 Crianças e adolescentes sofrem situações de abuso e exploração sexual a cada 24 horas por dia, esses dados foram registrados até 18 de maio de 2024 mês ao qual é escolhido para dar seguimentos e alusão e combate ao abuso e exploração sexual infantil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados revelam que esse número pode ser ainda maior já que apenas sete em cada 100 casos são denunciados. O estudo ainda esclarece que 75% são meninas e em sua maioria são negras (FATO, 2024).

No site childhood4 aborda de maneira contundente a realidade das vítimas de violência, evidenciando que todas as formas de agressão deixam marcas profundas e, muitas vezes, irreversíveis no psicológico das pessoas. Durante a infância e a adolescência, tais traumas podem se manifestar de maneira ainda mais severa, interferindo no desenvolvimento escolar e social e desencadeando uma série de transtornos graves, incluindo ansiedade, depressão, síndrome do pânico, timidez excessiva, sexualização precoce e comportamentos autodestrutivos. Entre esses transtornos, destaca-se o transtorno pós-traumático (TEPT), que pode afetar drasticamente a rotina das vítimas devido ao medo e sofrimento intensos causados pela violência vivenciada.

De acordo com o site, cerca de 57% das vítimas desenvolvem TEPT, uma condição que, em alguns casos, persiste ao longo da vida e pode até mesmo levar ao suicídio. A abordagem do site sobre a saúde mental e os impactos do abuso sexual na infância e adolescência lança luz sobre uma realidade dolorosa e urgente, ressaltando a importância de intervenções eficazes e do apoio contínuo às vítimas.

Não existe um padrão uniforme para esse tipo de violência, cada pessoa vai resignar e processar as consequências do ocorrido de forma singular, porém toda e qualquer forma de violência do corpo de alguém deixa marcas. No psiquismo, que geralmente irão afetar de forma imediata ou tardia o desenvolvimento social ou à sua subjetividade. 

Na infância um ser considerado seu protetor, amigo ou que tenha de forma completa sua confiança faz com que haja uma demora para entender o que realmente aconteceu, “ou por que aconteceu tal atitude”? Na sua forma pura e inocente eles não entendem muitas vezes que aquilo é errado, pois foi feito por alguém a quem confiou e de forma cruel se aproveitou de sua ingenuidade.

Muitos abusos, cerca de 40,8% dos casos sobre abuso sexual na infância e adolescência, ocorrem dento das residências por pais ou padrasto. No Brasil os casos vêm sendo muito elevados, a cada ano mais de 500 mil crianças sofrem esses tipos de abuso. O Brasil está em 2° lugar onde há mais crianças com casos. No entanto, a criança vai se escondendo e ficando longe das coisas que gosta, da sua rotina e termina isolado.

Muitos abusos, cerca de 40,8% dos casos sobre abuso sexual na infância e adolescência, ocorrem dento das residências por pais ou padrasto. No Brasil os casos vêm sendo muito elevados, a cada ano mais de 500 mil crianças sofrem esses tipos de abuso. O Brasil está em 2° lugar onde há mais casos. No entanto, a criança vai se escondendo e ficando longe da sociedade, com medos e traumas, que vão começando a surgir além da ansiedade e depressão nos adolescentes.

O objetivo deste trabalho é lançar luz sobre a questão da saúde mental na infância e adolescência, destacando a influência profunda das experiências vivenciadas nessa fase crítica do desenvolvimento. O foco principal está no impacto do abuso sexual, uma realidade trágica que afeta muitas crianças e adolescentes, deixando marcas duradouras em sua saúde mental. Por meio da análise das consequências pós-trauma do abuso sexual, busca-se compreender a extensão dos danos emocionais e sociais enfrentados pelos sobreviventes, incluindo transtornos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico e estresse pós-traumático. 

Além disso, destaca-se a necessidade urgente de intervenções adequadas e apoio contínuo às vítimas, promovendo assim uma reflexão sobre a importância de prevenir o abuso sexual e criar ambientes seguros e de apoio para crianças e adolescentes.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

Este trabalho fundamenta-se em informações provenientes de instituições nacionais e internacionais relevantes, bem como em contribuições de autores renomados, tais como:

Judith A. Cohen (2006) é uma psiquiatra infantil conhecida por seu trabalho sobre trauma infantil e transtorno de estresse pós-traumático em crianças e adolescentes. Ela é autora de várias obras sobre o assunto, incluindo “Treating Trauma and Traumatic Grief in Children and Adolescents”, em tradução livre para o português: Tratando Trauma e Luto Traumático em Crianças e Adolescentes.

Cláudio Leone, psiquiatra infantil e autor de artigos científicos sobre saúde mental na infância e adolescência, especialmente no que diz respeito aos transtornos decorrentes de traumas e abusos.

3 METODOLOGIA 

O presente artigo é o resultado de um estudo realizado por meio de pesquisas e análises de práticas e estudos literários, constituindo uma síntese de conhecimentos sobre o tema abordado. As metodologias empregadas incluem a revisão de artigos publicados entre 2022 e 2024.

Os materiais utilizados foram obtidos de fontes como o site da Childhood Brasil, o blog da UNICEF e o site Brasil de Fato. Todo o material analisado e pesquisado está disponível em português, conforme os sites citados. Para a pesquisa, os critérios de inclusão determinaram que os artigos deveriam estar disponíveis na íntegra, em português, e alinhados com a temática pesquisada. Os critérios de exclusão abrangeram artigos duplicados nas bases de dados e aqueles que estavam incompletos.

Antônio Joaquim Severino, autor de “Metodologia do Trabalho Científico”, oferece uma abordagem detalhada e prática sobre os fundamentos da pesquisa científica, incluindo a realização de pesquisas bibliográficas e análises. Da mesma forma, Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, autoras de “Metodologia do Trabalho Científico”, apresentam uma visão abrangente sobre os princípios da metodologia científica, com destaque para as técnicas de pesquisa bibliográfica e análise de dados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Situações de vulnerabilidade, descaso, falta de atenção, medo, e ameaças são fatores que agravam as dificuldades de recuperação de menores que sofreram algum tipo de agressão sexual. A saúde mental das crianças e adolescentes é geralmente mais frágil, e quando não há uma rede de apoio adequada, especialmente dentro do ambiente familiar, a situação torna-se ainda mais difícil de lidar e controlar. O medo de que o abuso possa ocorrer novamente é constante, aumentando a desconfiança e criando uma série de desafios diários para esses indivíduos.

Os impactos da exploração sexual sobre crianças e adolescentes são inevitáveis, mas podem ser mitigados com acolhimento e tratamento adequados após um episódio traumático, prevenindo o desenvolvimento de transtornos pós-traumáticos. 

Dados alarmantes mostram que, no Brasil, a faixa etária de 0 a 9 anos é a mais afetada, com cerca de 320 casos de abuso sexual ocorrendo diariamente. Apenas 7 de cada 100 casos são denunciados, sendo que meninas entre 10 e 14 anos representam a maioria das vítimas. Muitos abusadores conseguem escapar impunes de seus crimes, agravando o problema devido ao descaso familiar e social, o que dificulta ainda mais a redução desses índices.

A negligência é a situação mais frequentemente denunciada, com 3.654 casos registrados neste período, em comparação com 2.370 no mesmo período de 2023, representando um aumento de mais de 54%. As denúncias de maus-tratos também aumentaram, com 2.374 registros contra 2.003 no carnaval do ano passado. Além disso, houve um aumento significativo de mais de 13% nas denúncias de exposição de risco à saúde em comparação com o mesmo período de 2023.

Esses dados destacam a necessidade urgente de ações eficazes para proteger crianças e adolescentes. A criação e fortalecimento de redes de apoio são cruciais para prevenir novos abusos e fornecer o suporte necessário às vítimas, ajudando a restaurar a confiança e a saúde mental dos menores afetados. A sociedade, junto com as autoridades competentes, deve se empenhar para combater essas violações de direitos e garantir um ambiente seguro para o desenvolvimento saudável das futuras gerações. A situação com mais casos denunciados envolve negligência, com 3.654 neste período, contra 2.370 no mesmo período de 2023, um aumento de mais de 54%. Outro tópico com aumento este ano são as denúncias de maus-tratos, com 2.374 registros, contra 2.003 no carnaval do ano passado, seguido por exposição de risco à saúde, que teve um aumento de mais de 13% se comparado com o mesmo período de 2023 (BRASIL, 1990).

Os dados ressaltam a necessidade urgente de ações eficazes e redes de apoio para proteger crianças e adolescentes, combater abusos e garantir um ambiente seguro, conforme o aumento de casos de negligência, maus-tratos e exposição de risco à saúde relatados pelo Ministério dos Direitos Humanos.

Tanto a ansiedade quanto a depressão são doenças que afetam o psicológico. Nas estatísticas são umas das principais patologias relacionadas aos transtornos que acometem as crianças e adolescentes. Em estudos são apontados dados de: “10% a 20% das crianças e adolescentes apresentam problemas mentais” o que acontece após determinadas situações (BRASIL, [s.d.]) 

Mediante a isso, a lei afirma

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

Nesse sentido, a psicóloga Larissa de Araujo (CRP 06/167356) comenta sobre isso e aponta que, por diversas vezes, os indivíduos que experimentaram traumas na infância podem enfrentar desafios persistentes em áreas como saúde mental, relacionamentos interpessoais e autoestima. Esses desafios estão frequentemente associados ao trauma vivido, demonstrando a necessidade de apoio contínuo e intervenções terapêuticas adequadas para ajudar na superação dessas dificuldades.

Vale ressaltar que algumas pessoas não conseguem superar o que lhes ocorreu no passado e podem chegar ao extremo de cometer suicídio, uma vez que são consumidas por sentimentos de angústia, sofrimento e incapacidade causados pelo abusador. O sentimento de repressão pode persistir por um curto período, prolongar-se a longo prazo ou até mesmo durar a vida inteira. Esses traumas não resolvidos podem levar a sérios problemas de saúde mental, como depressão e transtorno de estresse pós-traumático, destacando a importância de oferecer suporte psicológico contínuo e adequado às vítimas. 

1.1 Formas de proteção contra o abuso sexual de crianças e adolescentes

Quando nos deparamos com a descoberta e exposição de casos de abuso, seja de forma individual ou perante a sociedade, é crucial adotar medidas abrangentes e sensíveis para proteger as vítimas e prevenir futuros incidentes. É fundamental estabelecer diretrizes claras e assertivas para lidar com essas situações delicadas, garantindo o bem-estar e a segurança das crianças e adolescentes envolvidos.

Anna Cunha é uma respeitada psicóloga e autora, cuja especialização em psicologia infantil destaca-se por seu comprometimento com a proteção das crianças e adolescentes. Suas obras são reconhecidas por apresentar uma abordagem abrangente e embasada em estratégias eficazes para a prevenção e enfrentamento do abuso sexual nesse grupo vulnerável. Um exemplo notável é seu livro “Proteção Infantil: Estratégias contra o Abuso Sexual” (Cunha, 2023), que oferece orientações valiosas para lidar com esse delicado problema.

Neste contexto, destacam-se diversas ações que devem ser implementadas, desde o apoio e encorajamento das vítimas a relatarem os abusos até a denúncia e o suporte adequado às autoridades competentes. Além disso, a prevenção desempenha um papel crucial na proteção das crianças, envolvendo a educação sobre sinais de abuso, a promoção da autonomia e a orientação sobre comportamentos seguros. Ao adotarmos uma abordagem proativa e sensível, podemos contribuir significativamente para a proteção das crianças e o combate ao abuso sexual.

Deve-se adotar ações de forma abrangente quando um caso é descoberto e exposto seja de forma solo ou para a sociedade, medidas devem ser tomadas como:

  • Não criticar nem duvidar de que ele(a) esteja falando a verdade.
  • Os estimule a contar o que de fato aconteceu e busque interesse em protegê-lo, porém não o obrigue.
  • Não trate ou troque informações com quem não pode ajudar.
  • Denuncie o responsável, caso ele faça algo indesejável e desrespeitoso.
  • Trate o caso com compreensão e não demonstre como forma de piedade, mas sim com atenção.
  • Reconhecendo que se trata de uma situação difícil o protetor irá agir de forma correta e colhedora.
  • Nunca o faça sentir-se culpado pelo ocorrido e transpareça disposição em ajudar.
  • Adotar a medida de prevenção é primordial, uma vez que falar com seu filho, sobrinhos e enteados ou outra criança de forma educativa pode evitar que novos casos venham ocorrer.

Como formas preventivas podemos:

  • Nunca deixar as crianças só em situações de vulnerabilidade, principalmente com desconhecidos.
  • Falar abertamente sobre Sinais do toque (o que é todo bom e o que é toque ruim).
  • Como identificar o carinho do abuso em algumas atitudes.
  • Não incentivar que abrasem ou sentem no colo de outras pessoas.
  • Entender os sinais de recurso da criança ou adolescente sobre a presença de alguém, mesmo que seja de familiares.
  • Ensinar seu filho a recusar convites e presentes sem sua permissão e sua supervisão.
  • Não deixar os filhos só, em companhia de homens, mesmo que seja da família.
  • Não permitir que seus filhos exponham seu corpo em público, seja com nudismo ou pouca roupa.

Ensinar a fazer a própria higiene pessoal e permitir que seja tocado nas partes íntimas apenas pela mãe para fins de higiene ou por profissional de saúde.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudiosos reforçam a incontestável gravidade dos efeitos do abuso sexual na infância e adolescência, ecoando as palavras de Judith Herman, que descreve o trauma como “um ferimento na alma”, ressaltando a urgência de respostas eficazes. De acordo com o trabalho de Alice Miller, os danos psicológicos resultantes desse tipo de violência reverberam ao longo da vida, infiltrando-se nas estruturas mais íntimas da psique e manifestando-se em sintomas como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.

As análises empíricas não deixam margem para dúvidas: as meninas são as mais afetadas por essa forma de violência, uma realidade que ecoa as preocupações de Carol Gilligan sobre o modo como a sociedade subestima e negligencia a experiência feminina. Além disso, os pesquisadores ressaltam que o contexto social de desamparo e desinteresse agrava ainda mais a situação.

Nesse cenário alarmante, a criação e fortalecimento de redes de apoio se revelam não apenas desejáveis, mas urgentemente necessárias. À luz das palavras de Maria Montessori sobre a importância do ambiente social na formação das crianças, torna-se claro que é responsabilidade coletiva oferecer proteção, suporte e oportunidades de cura para as vítimas de abuso sexual na infância e adolescência. Essa conclusão ecoa os anseios da pesquisa em sua busca por elucidar os contornos desse fenômeno e fomentar ações concretas voltadas para a prevenção e o amparo contínuo das vítimas. 

REFERÊNCIAS

BRASIL DE FATO. Brasil registra mais de 11 mil denúncias de violação sexual contra crianças e adolescentes em 2024. Brasil de Fato, 18 de mai. de 2024. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2024/05/18/brasil-registra-mais-de-11-mil-denuncias-de-violacao-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-em-2024. Acesso em: 09 jun. 2024.

CHILDHOOD BRASIL. Saúde mental: os impactos do abuso sexual na infância e adolescência. Childhood Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.childhood.org.br/saude-mental-os-impactos-do-abuso-sexual-na-infancia-e-adolescencia/. Acesso em: 09 jun. 2024.

COHEN, Judith A. Treating Trauma and Traumatic Grief in Children and Adolescents. New York: The Guilford Press, 2006.

CUNHA, A. Proteção Infantil: Estratégias contra o Abuso Sexual. Editora ABC, 2023.

BRASIL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990.

BRASIL. FUNDAÇÃO DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE. Saúde Mental na Infância e Adolescência. Disponível em: https://www.fadc.org.br/saude-mental-na-infancia-e-adolescencia. Acesso em: 09 jun. 2024.

GILLIGAN, C. In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development. Harvard University Press, 1982.

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MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS (MDH). Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br. Acesso em: 09 jun. 2024.

MONTESSORI, M. A Mente Absorvente da Criança. Editora Objetiva, 2012.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2013.

UNICEF Brasil. Como proteger as crianças do abuso sexual. UNICEF, 31 de mai. de 2023. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/blog. Acesso em: 09 jun. 2024.


4A Childhood Brasil tem como objetivo a proteção à infância e à adolescência. O nosso foco de atuação é no enfrentamento do abuso e da exploração sexual contra crianças e adolescentes. Disponível em: https://www.childhood.org.br/.


1Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Polo Bragança – PA e-mail: sofiaconfecces124@gmal.com.

2Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Polo Bragança – PA e-mail: mirandaerik173@gmail.com.

3Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Polo Bragança – PA. E-mail: jamillymiranda854@gmail.com.