REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7241734
Amanda Cristina Pereira Gomes1
Carlos Eduardo de Jesus Ferreira Santos2
RESUMO
As implicações do cenário pandêmico da COVID-19 trouxeram diversas consequências psicológicas para a saúde da população. A saúde mental é uma parte integrante e essencial da saúde e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade, sendo definida como um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias escolhas, lidando com as questões do cotidiano, atuando produtivamente através do trabalho e contribuindo com a sua comunidade. A presente pesquisa baseou-se em revisar artigos científicos com o intuito de responder o problema de pesquisa: Quais foram os impactos da pandemia da Covid-19 na Saúde Mental relacionados à Ansiedade e Depressão? O objetivo foi demonstrar o impacto da pandemia da Covid-19 na Saúde Mental dos indivíduos, sobretudo no que tange ao aparecimento e prevalência de casos de depressão e ansiedade no cenário pandêmico. Os impactos causados pela pandemia ocasionaram, além de piora nos quadros de ansiedade e depressão pré existentes, um surgimento significativo de novos casos e, ainda hoje, o esgotamento psicológico decorrente do período pandêmico contribui na elevação dos índices de ansiedade e depressão em todo o mundo.
Palavras-chave: ansiedade, depressão, covid-19, pandemia, saúde mental, transtornos mentais.
ABSTRACT
The implications of the COVID-19 pandemic scenario brought several psychological consequences for the health of the population. Mental health is an integral and essential part of health and is not just the absence of disease or infirmity, being defined as a state of well-being in which an individual makes his own choices, dealing with everyday issues, acting productively through work and contributing to your community. The present research was based on reviewing scientific articles in order to answer the research problem: What were the impacts of the Covid-19 pandemic on Mental Health related to Anxiety and Depression? The objective was to demonstrate the impact of the Covid-19 pandemic on the Mental Health of individuals, especially with regard to the emergence and prevalence of cases of depression and anxiety in the pandemic scenario. The impacts caused by the pandemic caused, in addition to worsening pre-existing anxiety and depression, a significant emergence of new cases and, even today, the psychological exhaustion resulting from the pandemic period contributes to the increase in anxiety and depression rates worldwide.
Keywords: anxiety, depression, covid-19, pandemic, mental health, mental disorders.
1. INTRODUÇÃO
As pandemias acompanham a humanidade há séculos e são consideradas doenças infecciosas que atingem uma grande região geográfica, espalhando-se para mais de um continente.
Essas situações já estiveram presentes em outros momentos da humanidade, como na “Peste Negra”, entre 1347- 1353, que dizimou ⅓ da população europeia, e na “Gripe Espanhola”, que ocorreu entre 1918-1920 (Rezende, 2009)
No final de 2019, a China vivenciou um surto decorrente de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da doença COVID-19. A doença que provoca síndrome respiratória aguda grave (SRAG) se espalhou rapidamente pelo mundo e em março de 2020 foi declarada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (HUANG et al., 2020).
As implicações do cenário pandêmico da COVID-19 trouxeram diversas consequências psicológicas para a saúde da população. A saúde mental é uma parte integrante e essencial da saúde e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade, sendo definida como um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias escolhas, lidando com as questões do cotidiano, atuando produtivamente através do trabalho e contribuindo com a sua comunidade.
A saúde mental e bem-estar são fundamentais tanto na forma coletiva como individual, e para tal ser desenvolvida e preservada necessita de medidas de promoção e proteção que melhoram o bem-estar psicológico dos indivíduos e populações (OMS, 2013).
O isolamento social ocasionado pela pandemia da COVID-19 afeta não apenas a saúde física das pessoas, mas também a saúde psicológica e o bem-estar da população não infectada. As ampliações das medidas de isolamento social levaram a população mundial a níveis aumentados de ansiedade, depressão e estresse.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é considerado o país com o maior número de indivíduos diagnosticados com ansiedade (OMS, 2017).
No Brasil, estimava-se a ocorrência de 28,1% quadros clínicos de ansiedade em geral (Viana & Andrade, 2012). Já no contexto do COVID-19, a estimativa mundial passou a cerca de 8,3% a 59,0% (Czeisler et al., 2020).
Fatores psicossociais e comportamentais afetaram os índices, sendo o perfil dos adultos mais impactados aqueles mais jovens, do sexo feminino, com problemas psicológicos prévios, de menor nível educacional, pertencentes ao grupo de risco para a COVID-19, com rotinas pouco saudáveis e percepção negativa sobre o momento (Filgueiras & Stults-Kolehmainen, 2020).
Com a pandemia, a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor tiveram um aumento expressivo. Conforme levantamento do Conselho Federal de Farmácias, quase 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidos em 2020, representando um salto de 17% na comparação com o ano anterior.
No mesmo sentido, uma pesquisa realizada pelo Ministério da saúde (2020), concluiu que o uso de medicamentos antidepressivos aumentou em 15,79%. Desses, 7,2% alegaram que iniciaram a ingestão durante a pandemia. O uso de ansiolíticos apresentou maior índice (22,66%)
Por mais que sejam criadas estratégias, esforços clínicos e científicos direcionados para reduzir os efeitos do vírus sobre a saúde física, suas consequências, a curto e longo prazo na saúde mental, são motivo de grandes preocupações.
Diversos estudos relatam os danos da pandemia no aumento de distúrbios e sintomas psicopatológicos, entre eles estão a ansiedade e a depressão.
Os problemas de saúde mental já são considerados como as doenças do século XXI, com destaque para a depressão, que poderá ser a doença mais comum do mundo até 2030, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A entidade alerta que o transtorno depressivo já é a segunda causa de perda de dias de trabalho no mundo. E o cenário da pandemia da Covid-19 intensifica o surgimento desta e de outras doenças mentais.
É comum em contextos pandêmicos verificar uma atenção especial no combate ao agente patológico e a saúde física das pessoas, enquanto a saúde mental é negligenciada, mesmo que o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior do que o número de pessoas infectadas (ORNELL et al. 2020). Diante disso, compreender o impacto gerado pela pandemia na saúde mental é de extrema importância para a prevenção e tratamento do surgimento de doenças mentais graves secundárias.
Partindo da perspectiva do conceito de ansiedade e depressão e levando em consideração as medidas de prevenção da pandemia da Covid-19 que teve início em 2020, a presente pesquisa baseou-se em revisar artigos científicos com o intuito de responder o problema de pesquisa: Quais foram os impactos da pandemia da Covid-19 na Saúde Mental relacionados à Ansiedade e Depressão?
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Ansiedade
A ansiedade é um quadro marcado pelo aumento na intensidade de sintomas cognitivos, fisiológicos e comportamentais. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-5) reúne em um capítulo específico os Transtornos de Ansiedade, que possuem em comum o medo excessivo, ansiedade persistente, comportamento de esquiva e ideação cognitiva associada (APA, 2014).
A ansiedade é uma condição emocional complexa e aversiva que é condicionada como resultado de um emparelhamento de estímulos. Um único evento aversivo pode levar uma condição de ansiedade a ficar sob o controle de estímulos incidentais. Quando uma pessoa é submetida a uma situação a qual foi desagradável, provocando um enorme grau de ansiedade, então quando submetida a situações parecidas irá associar o sentimento de ansiedade com o evento ocorrido. A exposição de estímulos aversivos produz uma resposta de ansiedade, juntamente com sintomas somáticos, gerados no sistema nervoso autônomo (Skinner 2000, apud GUIMARÃES, 2015).
Nele, encontram-se descritos os diagnósticos de Fobia Específica, Transtorno de Ansiedade Social, Transtorno do Pânico, Agorafobia e Transtorno de Ansiedade Generalizada, entre outros. Estes quadros costumam se desenvolver na infância e tendem a persistir até a vida adulta, se não tratados. Diferem-se entre si quanto à situação ou ao objeto ativadores, sendo comum a comorbidade entre eles, bem como a sua comorbidade com a depressão.
2.2. Depressão
A depressão pode ser definida como uma doença do organismo como um todo, que compromete o físico, o humor e, em consequência, o pensamento, afetando diretamente o cotidiano das pessoas. A depressão é um Transtorno Afetivo (ou do Humor), caracterizada por uma alteração psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida (GOIÁS. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE, 2019).
A depressão é socialmente definida como o “Mal do Século” e, ainda nos dias atuais, é vista como um extremo tabu por um considerável número de indivíduos. O tema depressão tem se tornado cada vez mais evidente nos últimos anos, especialmente após 2015, com o surgimento da campanha do Setembro Amarelo, que é o mês de conscientização sobre o Suicídio, onde o tema da depressão é grandemente abordado.
Existem grandes grupos que defendem seus ideais e procuram achar uma definição para a depressão. Alguns cristãos, dentro da sua religião, o Cristianismo, dizem ser ausência de Deus ou efeito de demônios. Já pessoas leigas no assunto, procuram defender que é inerente a fase da adolescência, dentre outros fatores. Afirmações estas que se distanciam da definição científica, onde são identificados fatores fisiológicos como a diminuição ou cessação da produção do hormônio Serotonina, conhecido como hormônio da felicidade, o que torna a depressão não como uma condição mas uma patologia com necessidade de tratamento adequado e acompanhamento profissional.
2.3. Impacto psicossocial
Com a pandemia da Covid-19 e a implementação do distanciamento social, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e aquele espaço sobrando em algum cômodo tornou-se o cantinho do trabalho ou, até mesmo, o escritório dentro de casa. Essa imposição de manter-se em quarentena fez com que grande parte da população passasse a exercer sua rotina de trabalho e estudo em Home Office, surgindo então os primeiros impactos psicossociais causados pela pandemia.
As determinações da pandemia da COVID-19 trouxeram diversas consequências psicológicas para a saúde da sociedade. Diversas circunstâncias como isolamento de familiares e amigos, medo de contrair a doença, perdas financeiras e as imposições das autoridades foram algumas causas que contribuíram diretamente para um impacto na saúde mental (CULLEN et al., 2020 ; DA SILVA et al., 2020).
A tecnologia facilitou a comunicação e o recebimento de informações de diversos conteúdos e esses meios de comunicação trouxeram informações dos primeiros casos confirmados de Coronavírus no Brasil. Em contrapartida, notícias sensacionalistas, imprecisas ou falsas geraram uma gama de reações comportamentais que impactou toda a população.
Quando uma pessoa entra em desequilíbrio emocional, ela pode sentir não só uma alteração sentimental, como também gerar adrenalina capaz de agravar seu estado físico e mental. Isso faz com que seu cérebro fique desencadeado, agravando os sintomas da doença (XIANG et al. (2020).
O medo da infecção afetou diretamente o sistema emocional e psicológico de alguns pacientes que aguardavam os resultados de seus testes para Covid-19. Pessoas iniciaram também um auto isolamento em virtude das notícias sobre o agravamento da pandemia em todo o mundo.
O índice de automedicação com medicamentos de controle psicológicos como antidepressivos, calmantes e ansiolíticos passou a crescer consideravelmente no contexto do cenário pandêmico mundial.
Outro grande impacto psicossocial está associado à pessoas e famílias em situações de rua. De frente a grande mensagem circulada pelo mundo “fique em casa”, o medo instaurou-se em parte desse público, desencadeando uma série de fatores sociais. Profissionais dos chamados “serviços essenciais” também experimentaram de um contato próximo e direto a pessoas contaminadas pelo Coronavírus. Enfermeiros, médicos e profissionais da saúde, sem nenhuma experiência e base teórica concreta com definição de tratamento específico para a Covid-19, tiveram que atender aos milhões de pacientes acometidos pela Covid-19, onde há relatos de extrema exploração trabalhista, com restrições de idas ao sanitário e ao bebedouro. Infelizmente, para este quadro de profissionais, a Covid-19 ceifou várias vítimas.
2.4. Prejuízos e danos
Alguns impactos na saúde mental que a pandemia da Covid-19 trouxe irão permanecer por um longo prazo, como adverte a OMS. Ainda em conformidade com advertências de especialistas da Organização Mundial da Saúde, não se trata apenas do medo de contrair o vírus, o estresse causado pelas desigualdades socioeconômicas, pelo confinamento e efeitos da quarentena tem grandes consequências.
Um acontecimento em especial aconteceu na capital Recife, no estado de Pernambuco. Em um dia letivo comum no retorno às aulas pós pandemia, um grupo de 26 alunos começou a apresentar sinais de crise de ansiedade, manifestando tremores e sudorese excessiva, onde começaram a deitar no chão da sala e alguns chegando a desmaiar. Em notícia, o jornal Estado de Minas revela o ocorrido neste dia:
A situação saiu totalmente do controle. A direção da escola precisou acionar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que enviou ao local seis ambulâncias, entre elas uma UTI, e duas motos para atendimento prioritário. A Prefeitura do Recife informou que foi necessário mobilizar 16 profissionais para dar conta de tantos atendimentos simultâneos (GUIMARÃES, 2022)
É evidente as consequências na saúde mental que a pandemia têm causado. Quadros recorrentes de cansaço, esgotamento físico e mental, sentimentos constantes de desmotivação e desesperança, esgotamento profissional (a exemplo dos profissionais de saúde durante a pandemia), desânimo para a vida, entre outros, levam ao desgaste holístico, podendo resultar em ansiedade e depressão.
A Secretaria de Saúde do município de Redenção, em prestação de contas, relatou que o número de atendimentos psiquiátricos durante o ano de 2021 aumentou consideravelmente. Foram mais de 900 atendimentos para novos pacientes somente durante o ano.
A limitada área de trabalho que deixou milhares de famílias desempregadas e obrigadas a manter isolamento trouxe consequências financeiras, nutricionais, habitacionais e sociais, refletindo na saúde holística e dignidade humana desses indivíduos, o que, por sua vez, afeta o psicológico, ocasionando novos casos de transtornos mentais.
Dentro do cenário político, é evidente constante discussão entre saúde e economia, apontando que a política do “fique em causa” trouxe danos à economia brasileira, elevando os níveis da inflação e consequentemente, acarretando nos preços dos produtos comercializados, até mesmo nos da chamada “cesta básica”, que são os alimentos base da alimentação dos brasileiros.
Diante disso, ressaltamos a relevância de se discutir mais sobre o tema de saúde mental diante da atual situação pandêmica, fazendo uma revisão a respeito dos impactos que a pandemia trouxe no psicológico dos indivíduos, e esperamos que este artigo tenha relevância para agregar conhecimento sobre esta temática aos leitores.
3. OBJETIVO
A presente pesquisa teve como objetivo demonstrar o impacto da pandemia da Covid-19 na Saúde Mental dos indivíduos, sobretudo no que tange ao aparecimento e prevalência de casos de depressão e ansiedade no cenário pandêmico.
3.1 Objetivo Geral
Apresentar uma revisão de literatura do tipo integrativa sobre os casos de ansiedade e depressão no período da pandemia do COVID 19.
3.2 Objetivo Específico
- Apresentar as principais mudanças que levaram as pessoas a terem ansiedade e alguns transtornos devido ao isolamento;
- Relatar o aumento de casos de ansiedade na nossa sociedade após o isolamento e as possíveis soluções;
- Discutir sobre transtornos mentais e seus fatores;
- Apresentar índices sobre o registro dos casos e fatores que o envolvem;
- Elencar as principais assistências em saúde prestadas pela equipe de enfermagem.
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
Para chegar ao objetivo deste trabalho foi feito um estudo de revisão integrativa de literatura que foi realizada na base de dados Scielo e Google Acadêmico, usando os descritores: Impactos da Pandemia, Depressão, Saúde Mental, Ansiedade e Covid-19.
Foram incluídos na pesquisa, artigos originais publicados no período de 2020 a 2022, que estivessem disponíveis para a pesquisa e que abordassem: ansiedade por privação, depressão, transtornos mentais e seus fatores, COVID 19 e a procura por medicamentos para ansiedade e depressão na saúde mental.
5. RESULTADOS
A Organização Mundial da Saúde publicou uma revisão científica em março de 2022 onde apresentou os principais efeitos ocasionados na Saúde Mental dos indivíduos em consequência da Covid-19. Neste estudo, o órgão apontou que a prevalência mundial para ansiedade e depressão aumentou cerca de 25%. Como consequência deste expressivo aumento, em diversos países já foram adotadas medidas de atenção psicológica como plano de resposta à Covid-19.
Um periódico da renomada Revista The Lancet apontou que durante o ano de 2020, no contexto da pandemia da Covid-19, em todo o mundo, houve um registro de 53 milhões de novos casos de depressão, um aumento de 28%, e 76 milhões de novos casos de ansiedade, que representa um aumento de 26% (THE LANCET, 2021).
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde no ano de 2020 apontou a ansiedade como sendo o transtorno mental mais presente durante a pandemia da Covid-19.
Após a primeira etapa, foi verificada a elevada proporção de ansiedade (86,5%); uma moderada presença de transtorno de estresse pós-traumático (45,5%); e uma baixa proporção de depressão (16%) em sua forma mais grave. Os dados são refletidos nos questionários de escalas para rastreios das condições psicológicas dos pesquisados, que também foram submetidos às questões sociodemográficas. A amostra preliminar da primeira fase é resultado da análise de 17.491 indivíduos com idade média de 38,3 anos, variando entre 18 e 92 anos (BRASIL. 2020)
Com a pandemia, a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor tiveram um aumento expressivo. Conforme levantamento do Conselho Federal de Farmácias, quase 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidos em 2020, representando um salto de 17% na comparação com o ano anterior.
No mesmo sentido, uma pesquisa realizada pelo Ministério da saúde (2020), concluiu que o uso de medicamentos antidepressivos aumentou em 15,79%. Desses, 7,2% alegaram que iniciaram a ingestão durante a pandemia. O uso de ansiolíticos apresentou maior índice (22,66%).
As estimativas de ansiedade e depressão em brasileiros adultos no contexto da pandemia foi de 29,7% a 81,9% e de 27,0% a 68,0%, respectivamente (Depolli et al., 2021; Goularte et al., 2021; Santos et al., 2021).
6. DISCUSSÃO
Levando em consideração todo o referencial teórico e os resultados encontrados durante essa pesquisa, é evidente o crescente número de novos casos de sintomas e diagnósticos da depressão e ansiedade de forma justa ou isolada em todo o planeta. O impacto na saúde física e o crescente medo devido à enorme quantidade de informações advindas de todos os lados afetaram fortemente a saúde mental dos indivíduos.
O uso de substâncias e medicamentos sem prescrição médica também teve um aumento considerável, principalmente no que tange à medicamentos da classe dos controlados, onde encaixam-se ansiolíticos e antidepressivos, na busca de controlar os efeitos de humor consequentes das intensas alterações causadas pela pandemia.
No distúrbio de ansiedade, a classe dos medicamentos mais usados são os ansiolíticos benzodiazepínicos, sendo uns dos mais prescritos no mundo todo. Contudo, essas drogas agem no Sistema Nervoso Central e atuam na função psicológica, alterando o estado mental e aumentando os riscos para dependência. O uso de ansiolíticos foi o que teve maior elevação durante a pandemia, constituindo um aumento de 22,66%, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. Os antidepressivos também teve um aumento expressivo, visto que, dentro de uma porcentagem de aumento de quase 16%, o número de pessoas que afirmaram ter iniciado o uso durante a pandemia foi de 7%.
Os efeitos decorrentes do uso crônico dessas substâncias, por meses ou anos, podem resultar na dependência química – física ou psicológica – do usuário, sendo que a abstinência prejudica a vida social, devido ao surgimento ou aumento dos sintomas de irritabilidade, insônia excessiva, mialgia, possíveis convulsões, entre outros efeitos adversos.
Com a globalização, evidenciou-se ser necessário o desenvolvimento de novos modelos de intervenção em saúde mental para a população,sobretudo as sequeladas pela Covid-19, pois as intervenções convencionais não se adequam às demandas oriundas de uma pandemia com tamanho impacto social.
A atuação profissional para estes casos envolve um conjunto de medidas que se relacionam entre si como saúde pública, intervenções psicossociais individuais e comunitárias. Outro elemento crucial que contribui nessa prevenção do adoecimento mental é a comunicação midiática, pois a veiculação de informações de saúde mental e do uso consciente dos fármacos, acompanhados da evitação de matérias sensacionalistas e com teor falso e alarmista, além de ofertar subsídios de educação quanto aos estigmas da doença, ainda minimizar o impacto psicológico causado pelo excesso de informações.
Durante a pandemia, o distanciamento social e a vacinação foram a principal forma de redução da velocidade de transmissão da doença. Atualmente, em outubro de 2022, a realidade mudou, a vacinação segue como prevenção, disponibilizada gratuitamente nas Unidades Públicas de Saúde, porém medidas de segurança como uso de máscara e distanciamento social já foram descartados.
Portanto, sugere se que novas pesquisas sejam realizadas sobre ansiedade,depressão e suas complicações em tempo pandêmico, ou buscando outros fatores ligados a genética, evento traumático, situações de estresses gerados por expectativas, doenças físicas, uso de substâncias para assim, seja diagnosticado e realizado um tratamento adequado de acordo com a causa da ansiedade, apresentando novos tratamentos de acordo com as pesquisas mais atuais.
6.1. Sintomas e diagnóstico
A ansiedade tende a ser comum em grande parte dos indivíduos, porém a mesma passa a ser abordada como patológica quando passa a ser demasiadamente exagerada e desproporcional ao estímulo. Os sintomas do transtorno de ansiedade podem incluir a inquietação ou sensação de estar no limite, cansar-se facilmente, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular e distúrbios do sono. O diagnóstico é feito pelo médico psiquiatra mediante a presença de três ou mais sintomas apontados e relatados pelo paciente.
Durante o período pandêmico, alguns estudos médicos relataram a presença de um novo transtorno decorrente da ansiedade causada ou evidenciada pela Covid-19. Trata-se da Coronofobia, um transtorno que é caracterizado pelo medo causado pela tamanha proporção da pandemia, ocasionando uma ansiedade generalizada, depressão profunda e intenção suicida, que se agravaram em virtude da grande quantidade de informações, que, em grande parte, foi caracterizada como fake news (NASCIMENTO, 2021, P. 3383).
Para evidenciar o crescente número de novos casos de ansiedade em virtude da pandemia, Nascimento cita Fortes:
No estudo realizado por Fortes, (2021) revela que 67,8% dos médicos receberam pacientes novos que não haviam apresentado sintomas psiquiátricos antes e após o início da pandemia e do isolamento social, outros 69,3% dos psiquiatras relataram ter atendido pacientes que já haviam recebido alta médica, mas que tiveram recidiva dos sintomas. Com o progresso da pandemia e consequente aumento no número de mortes, boa parte da população apresenta um grande sentimento de medo diante do vírus e de suas consequências no organismo humano, medo que pode se exacerbar e evoluir para a coronofobia. (NASCIMENTO, 2021, P. 3374 apud FORTES, 2021).
A depressão é diagnosticada pelo psiquiatra a partir da presença de determinados sintomas que se manifestam numa certa duração, frequência e intensidade e que os manuais psiquiátricos mundialmente reconhecidos e atualmente em vigor descrevem minuciosamente. Rodrigues (2000) apresenta esses sintomas:
Além do humor deprimido (ou maníaco), a manifestação de determinados fenômenos tais como alterações no sono, alterações no apetite, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, culpa excessiva, pensamentos de morte, ideação suicida, tentativa de suicido, etc., definem o quadro nas suas subdivisões em Transtornos Depressivos, Transtornos Bipolares e Outros Transtornos do Humor. (RODRIGUES. 2000).
Durante a pandemia, uma parcela das pessoas que já eram diagnosticadas com depressão e que foram submetidas às medidas de prevenção da transmissão do vírus como isolamento social, diminuição do convívio social, não possibilidade de atividades em grupo, bem como a crescente onda de notícias cada vez mais devastadoras, tiveram seus sintomas depressivos agravados.
Por outro lado, situações de luto e ansiedade devido às internações hospitalares por Covid-19 de pacientes que compõem o vínculo afetivo também contribuiram no surgimento de casos de depressão em todo o mundo. O enfrentamento do luto que, por si, já é um processo dificultoso, foi ainda mais intensificado pelo cenário pandêmico.
Até a presente data, o número de casos positivos de Covid-19 no Brasil é de 34.731.539, sendo que desses, 686.963 vieram a óbito (BRASIL, 2022). Apesar do baixo índice de letalidade, 2,1%, o número de casos positivados foi obtido através de controle por testes de Covid-19. A realização desses testes contribuiu ainda no surgimento de casos de ansiedade de parte das pessoas que realizaram.
6.2. Assistência de enfermagem
Em casos mais graves, o pós Covid-19 demanda maior tempo de recuperação, incluindo fisioterapia respiratória e muscular e após a internação e o acompanhamento de um pneumologista. No geral o paciente deverá manter o isolamento social e seguir as recomendações da OMS.
Nos aspectos psicológicos em pacientes com sintomas de ansiedade e depressão é importante a participação de uma equipe multiprofissional. No SUS esse paciente será incluído em programas como NASF e também ao CAPS.
É o enfermeiro que tem o importante papel de detectar sinais e sintomas que sugerem depressão, perceber as dificuldades e divergências sentidas pelo paciente e, a partir daí, dar início ao tratamento adequado a cada paciente, tendo em vista a interação profissional – paciente. O cuidado ofertado pelo enfermeiro deve ser baseado em um processo contínuo e no ritmo do paciente, buscando a melhora do comportamento, da qualidade de vida e das necessidades do mesmo.
Para realizar o cuidado à pessoa com depressão é necessária que seja criado um plano de cuidados que vise manter a vida do paciente, já que em sua grande maioria eles apresentam idéias suicidas, fazer com que o paciente se sinta útil, com que eles realizem trabalhos que visem aumentar sua auto-estima, saber como manter um diálogo com o paciente, priorizando a reinserção do mesmo em sociedade (STEFANELLI; FUKUDA; ARANTES, 2008)
Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) também têm sido referência no atendimento da população com sofrimento psíquico grave durante a pandemia de Covid-19 no Brasil.
Os CAPS têm valor estratégico dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). São serviços de saúde constituído por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar e que realiza prioritariamente o atendimento de pessoas com transtornos mentais graves, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas (BRASIL, 2017).
A RAPS ampliou o acesso da população à atenção psicossocial durante a pandemia do Covid-19 por meio de ações de acolhimento, acompanhamento contínuo e atenção às urgências e emergências, de forma a promover vínculos e garantir os direitos das pessoas que precisavam de tratamento.
Algumas atividades educativas foram realizadas voltadas à saúde mental da população como o programa “Mentalize”, no YouTube do Ministério da Saúde, e a disponibilização de cursos online e gratuitos sobre prevenção do suicídio e da automutilação com as “Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida” (BRASIL, 2020).
Dentro da Estratégia de Saúde da Família, uma vez identificados os pacientes de saúde mental pós Covid-19, o enfermeiro pode sugerir terapias em grupo, visto que situações em grupo podem minimizar os impactos negativos, abordar maiores experiências de enfrentamento e aliviar a ansiedade. O grupo causa um incentivo pessoal e individual em cada paciente, fazendo-o perceber o sentimento do coletivo, da pertença e do conjunto, por se tratar de causas comuns.
Em casos mais complexos, é indicado o uso de medicamentos conforme indicações do próprio ministério da saúde através das políticas de atenção à saúde mental.
A saúde mental dos profissionais de saúde, por sinal, devem ser também trabalhadas, uma vez que estes estão lidando diretamente com o vírus, bem como com o impacto causado por ele em todo o mundo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração todos os fatores apresentados e com base nos dados obtidos, é perceptível o grande impacto causado pela pandemia na saúde mental da sociedade. Os protocolos e medidas sanitárias impostos à comunidade global contribuíram para a contenção do avanço da contaminação, entretanto deixaram consequências à saúde mental.
O elevado índice de novos casos de depressão e ansiedade registrados no período pandêmico refletem como essa crise sanitária afetou e afeta não apenas físico e socioeconomicamente, mas também psicologicamente .
Os impactos causados pela pandemia ocasionaram, além de piora nos quadros de ansiedade e depressão pré existentes, um surgimento significativo de novos casos e, ainda hoje, o esgotamento psicológico decorrente do período pandêmico contribui na elevação dos índices de ansiedade e depressão em todo o mundo.
Em relação aos tratamentos farmacológicos e o seu aumento decorrente da pandemia da COVID-19, há uma oportunidade para desenvolver estratégias de orientação, atenção e tratamento à saúde mental.
Políticas públicas de enfrentamento do pós Covid-19 devem ser executadas em todos os níveis de atenção em saúde. Sobretudo, na Atenção Primária, trabalhando na prevenção e no controle de pacientes com sequelas mentais e emocionais deixadas pela maior pandemia do século XXI até então.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1, 2Trabalho de conclusão de Curso para obtenção do título de graduação em Bacharel em Enfermagem apresentado ao Centro Universitário Planalto do Distrito Federal. Orientadora: Joycianne Lima