REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10198644
Gabriella Emily Miliano Novaes
Maria Isabel Barbosa Da Silva
Yara Aparecida Vieira
Prof.(a) Emmily Fabiana Galindo França.
RESUMO
Objetivo: Analisar as intervenções e atuação do profissional de enfermagem relacionadas às competências de promoção da saúde de idosos com transtorno mental. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A pesquisa ocorreu em ambiente virtual, sendo selecionados publicações de artigos científicos nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e BDENF – Enfermagem (Brasil). Foram utilizados os descritores no idioma português, com o operador booleano AND na seguinte combinação: Qualidade de vida, saúde mental, atitude frente a saúde, envelhecimento. Resultados: Foram analisados 829 estudos e após os critérios de inclusão e exclusão, utilizou-se 10 artigos para análise. Conclusão: Os enfermeiros desempenham um papel crucial na promoção da saúde mental dessa população, em conjunto também com a equipe multidisciplinar e atuação do estado com políticas públicas para a população idosa, para efetivamente reduzir as consequências dos transtornos mentais, é fundamental integrar as competências de promoção da saúde.
Descritores: Transtornos mentais; idoso; promoção da saúde; enfermagem.
ABSTRACT
Objective: To analyze the interventions and actions of nursing professionals related to the health promotion competencies of elderly people with mental disorders. Method:This is an integrative literature review. The research took place in a virtual environment, and publications of scientific articles were selected from the databases of the Virtual Health Library (VHL), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), International Health Sciences Literature (MEDLINE) and BDENF – Nursing (Brazil). Descriptors were used in Portuguese, with the Boolean operator AND in the following combination: Quality of life, mental health, attitude to health, ageing. Results: 829 studies were analyzed and after the inclusion and exclusion criteria, 10 articles were used for analysis. Conclusion: Nurses play a crucial role in promoting the mental health of this population, together with the multidisciplinary team and state action with public policies for the elderly population, in order to effectively reduce the consequences of mental disorders, it is essential to integrate health promotion skills.
Descriptors: Mental disorders; elderly; health promotion; nursing.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é considerado um processo biológico natural que faz com que os músculos se tornem menos estáveis, menos móveis e menos capazes de realizar funções básicas do cotidiano como escovar os dentes, tomar banho e até sair de casa sem ajuda familiar (CUNHA, COELHO, 2021). Em decorrência dessa limitação específica e entre outras limitações, muitas vezes os idosos podem se sentir incapazes e ocasionar um sentimento de exclusão decorrente da institucionalização, afastando suas vidas de atividades diárias. Nesse sentido, sentem-se oprimidos, o que pode agravar diversas patologias pré-estabelecidas, agravando os sintomas de depressão à senescência (FREITAS etal., 2020). De acordo com estudo conduzido por Souza etal.,(2021), na população idosa, é notável a prevalência de problemas de saúde mental, muitas vezes atribuídos a eventos estressantes, a presença de doenças, incapacidades e o isolamento social. Os resultados dessa pesquisa, realizada em um estado do Nordeste brasileiro, indicam que 55,8% dos idosos estudados apresentavam transtornos mentais comuns, sendo os sintomas mais frequentemente relatados relacionados a uma tendência a assustar-se facilmente e a sentimentos de nervosismo, tensão ou preocupação, que estão associados ao humor depressivo.
A desigualdade social é considerada um dos fatores de risco para o desenvolvimento do adoecimento psíquico, somado com o isolamento social, solidão, separação, perda, humilhação, estresse e dor física (SILVA et al., 2021). A ampliação do conhecimento sobre a extensão dos transtornos mentais e na população idosa se faz necessária, dada a existência de estudos, principalmente epidemiológicos, sobre o assunto.
De acordo com projeções epidemiológicas a quantidade de pessoas idosas irá aumentar e o número de pessoas com 60 anos ou mais passará de 901 milhões, pois com os avanços tecnológicos principalmente na área da saúde chegar na velhice está cada vez mais fácil se comparado a tempos passados. Porém o processo de envelhecimento traz consigo alterações das funções fisiológicas do nosso corpo, resultando em uma maior vulnerabilidade às patologias físicas e mentais (NÓBREGA et al., 2022).
Os TMC transtornos mentais comuns (TMC), são criados para se referir a um conjunto de não psicóticos que geralmente estão relacionados a estados de ansiedade, depressão, estresse, insônia, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração e queixas somáticas quais situações do sofrimento psíquico que, devido a alta prevalência são considerados um dos maiores problemas de saúde pública do mundo (MURCHO, PACHECO, JESUS, 2016).
A contribuição da equipe de enfermagem é essencial para a criação de estratégias de cuidado e intervenções direcionadas à prevenção de incapacidades, restrições físicas, estímulo à autonomia, promoção da independência e a promoção de um envelhecimento ativo e saudável. Além disso, seu papel é fundamental para capacitar os idosos a se tornarem mais autônomos na gestão de sua saúde, mesmo diante de doenças crônicas, possibilitando a convivência com limitações ou incapacidades, como destacado por Patrícia Maria Souza Brito e Ana Carolina Donda Oliveira (2023). Neste contexto, os profissionais de enfermagem desempenham um papel fundamental na identificação precoce, cuidado adequado e suporte emocional dessas pessoas vulneráveis.
O papel do enfermeiro é de extrema importância no processo de promoção de saúde, melhora da qualidade de vida, prevenção e tratamento de patologias físicas e mentais, unindo práticas adotadas e a escuta terapêutica, que incentiva o compartilhamento de experiências e a melhoria do modo de vida, possibilitando o profissional a compreender melhor o estado clínico do paciente e facilitando o tratamento da patologia (GONCALVES CRUZ, 2022).
No contexto da depressão em idosos, a atuação do enfermeiro desempenha um papel crucial na promoção da recuperação do paciente. Ao mesmo tempo, a prevenção envolve a colaboração entre profissionais de saúde e familiares do idoso deprimido, abrangendo aspectos biopsicossociais e espirituais. Um profissional de saúde comprometido deve auxiliar o idoso a mitigar o sofrimento psicológico causado pela depressão, com o objetivo de prevenir o risco de suicídio e melhorar a qualidade de vida dos idosos, Silva, Jardeane Santos et al., (2021).
Segundo Jardeane Santos et al., (2021) a depressão é uma síndrome psiquiátrica que engloba sintomas de natureza psicológica, comportamental e física. A incidência de depressão entre a população idosa tem aumentado consideravelmente, e muitos buscam assistência visando a retomada de suas vidas.
A fim de evitar as consequências desse cenário, torna-se de extrema importância que o enfermeiro conduza uma anamnese detalhada do paciente, contando com o apoio da família ou cuidadores. Assim, o estudo tem como objetivo analisar as intervenções e atuação do profissional de enfermagem relacionadas às competências de promoção da saúde de idosos com transtorno mental.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, do tipo qualitativa. Como critérios de inclusão foram utilizados artigos científicos, que abordassem a temática sem privação de acesso no banco de dados, artigos publicados no idioma português, em texto na íntegra entre os anos de 2018 a 2022. Os critérios de exclusão se deram através de artigos, literaturas duplicadas, teses, trabalho de conclusão de curso e resumo que não estavam dentro dos últimos 5 anos, em que o título não abordava a saúde mental dos idosos.
Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) para o idioma português, com o operador booleano AND na seguinte combinação: Qualidade de vida, saúde mental, atitude frente a saúde, envelhecimento. A pesquisa ocorreu em ambiente virtual, sendo selecionados publicações de artigos científicos nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), BDENF – Enfermagem (Brasil), Ministério da Saúde, foram encontrados 829 estudos e dentre eles foram selecionados 10 artigos que melhor se enquadram na temática, utilizando o método de busca avançada, de acordo com o título, resumo e assunto em uma visão atualizada.
Fluxograma 1: Categorização dos artigos conforme coleta de dados, 2023.
Fonte: elaborado pelas autoras, 2023.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, o Quadro 1, representa os 10 artigos dispostos para fins desta pesquisa, caracterizados quanto ao autor (es)/ano de publicação, título do artigo, objetivos do estudo e desfecho do estudo.
Quadro 1: Identificação dos artigos quanto ao seu autor (es)/ano de publicação, título do artigo, objetivo do estudo e desfechos da pesquisa, 2023.
ID | AUTOR/ANO | TÍTULO | OBJETIVO | DESFECHODOARTIGO |
1 | Sousa Brito etal., (2023). | Associação entre atividade física e saúde mental durante a pandemia COVID-19: um estudo transversal. | Investigar a correlação entre os níveis de atividade física e a manifestação de sintomas de ansiedade e depressão. | Pode-se concluir que, ao longo da pandemia de COVID-19, os indivíduos que mantiveram um elevado nível de atividade física demonstraram uma redução significativa na probabilidade de manifestar sintomas graves de ansiedade e sintomas moderados de depressão. |
2 | Almeida, (2020). | Saúde mental do idoso: uma questão de saúde pública. | Importância da identificação precoce de fatores de risco para depressão nessa faixa etária e as diferenças nos índices de mortalidade por suicídio em idosos nas diferentes regiões do Brasil. | A depressão e o suicídio em idosos representam um grave problema social e de saúde pública, e investimentos em pesquisas sobre o tema devem ser realizados, com ampla divulgação dos resulta-dos à comunidade para auxílio no desenvolvimento de políticas públicas mais efetivas no cuidado à saúde mental do idoso, melhorando sua qualidade de vida e preservando a sua funcionalidade. |
3 | Silva etal., (2018). | Repercussões do adoecimento crônico na saúde mental da pessoa idosa. | Compreender as concepções de pessoas idosas acerca das repercussões do adoecimento crônico na sua saúde mental. | A importância do papel do profissional de enfermagem que atua na atenção básica, visto que esses profissionais possuem uma gama de atribuições no território e, para isso, precisam capacitar-se e constantemente se atualizarem para o cuidado integral à saúde da pessoa idosa. |
4 | Damasceno, Sousa. (2018). | Cuidado da saúde mental da pessoa idosa: percepção do enfermeiro. | Compreender as percepções dos enfermeiros atuantes na atenção primária à saúde sobre o cuidado de saúde mental à pessoa idosa. | Compreendeu-se que o cuidado de enfermagem em saúde mental à pessoa idosa na atenção primária é centrado na doença e não na atenção psicossocial apresentando diversas fragilidades e barreiras para a sua prática efetiva. |
5 | Sarzana. Lessa, Preis, etal., (2018). | A gestão do cuidado na saúde mental sob a perspectiva da rede de atenção à saúde. | Compreender a gestão do cuidado na saúde mental sob a perspectiva da rede de atenção à saúde. | A integração entre as redes de atenção à saúde necessita melhorar e isso é possível, especialmente com a prática do matriciamento, com a capacitação dos profissionais na saúde mental e com a integração dos serviços que compõem tais redes. |
6 | Terassi etal., (2023). | Influência da sobrecarga, estresse e sintomas depressivos na saúde de idosos cuidadores: estudo longitudinal. | Examinar o impacto da sobrecarga, do estresse e dos sintomas de depressão nas condições de saúde de idosos que desempenham o papel de cuidadores de idosos. | A estimativa de piora nos escores das variáveis psicológicas acarreta um risco para o agravamento de características de saúde física dos cuidadores. os resultados encontrados, observa-se a necessidade da criação de políticas públicas para os idosos cuidadores, a fim de propiciar uma melhor qualidade de vida. |
7 | Simão, Carolina etal., (2022). | Intervenções de enfermagem em saúde mental na Atenção Primária à Saúde: revisão de escopo. | Mapear e sintetizar as intervenções em saúde mental realizadas pelos enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde no Brasil. | Há amplo escopo de intervenções que competem aos enfermeiros na Atenção Primária à Saúde, mas a carência de conhecimento técnico-científico restringe o cuidado ao modelo biomédico. |
8 | Vitoria Sousa, Andréa Moreira, Francisco Oliveira, et al., (2019). | Competências de enfermagem na promoção da saúde do idoso com transtorno mental. | Analisar as intervenções de enfermagem relacionadas às competências de promoção da saúde de idosos com transtorno mental. | Identificou-se que as competências de promoção da saúde desenvolvidas por enfermeiros podem contribuir, reduzindo as consequências dos transtornos mentais na vida do idoso. |
9 | Cordeiro etal., (2021). | Idosos atendidos em um serviço de urgência e emergência psiquiátrica. | Descrever as características sociodemográficas, diagnósticos psiquiátricos, prescrições de medicamentos e abordagens médicas dos idosos atendidos em um Serviço de Urgência e Emergência Psiquiátrica, e avaliar como esses fatores se relacionam com o gênero. | Apesar das iniciativas do Ministério da Saúde, que incluem a implementação de novas políticas de saúde mental, muitos profissionais continuam a adotar um modelo de atendimento centrado nas queixas e procedimentos, o que impede a efetiva reabilitação psicossocial dos pacientes. |
10 | Andrade, etal.,(2021). | Rastreamento de depressão em idosos residentes em Instituições de Longa Permanência. | Detectar sinais de depressão em idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência (ILPIs). | É fundamental citar abordagens para lidar com os sinais de depressão e aprimorar a qualidade de vida nas Instituições de Longa Permanência (ILPIs). |
Fonte: elaborado pelas autoras, 2023.
A comparação entre Sousa Brito et al., (2023), Almeida (2020) ambos os artigos abordam questões relacionadas à saúde mental, embora tratem de aspectos distintos. O primeiro estudo conduzido por Sousa Brito et al., (2023) explora a relação entre atividade física, sintomas de ansiedade e depressão em indivíduos durante a pandemia de COVID-19. Os resultados destacam a importância de manter um nível elevado de atividade física na redução desses sintomas, o que é relevante para o contexto da pandemia.
Por outro lado, o estudo de Almeida (2020) se concentra em um problema específico, a depressão e o suicídio em idosos, ressaltando a seriedade do problema como uma questão social e de saúde pública. O autor enfatiza a necessidade de investimentos em pesquisas nessa área e a divulgação dos resultados à comunidade, com o objetivo de desenvolver políticas públicas mais efetivas para o cuidado da saúde mental dos idosos, visando a melhoria da qualidade de vida e a preservação da funcionalidade.
Importante enfatizar a valorização e a investigação da depressão e seus possíveis fatores associados, Almeida (2020). Isso ressalta a necessidade de uma abordagem investigativa aprofundada para entender as raízes dos transtornos mentais nos idosos institucionalizados. A compreensão desses fatores é crucial para a formulação de estratégias de promoção da saúde mental mais eficazes e personalizadas.
Embora abordem questões distintas, ambos os estudos realçam a importância da saúde mental, seja no contexto geral da pandemia de COVID-19 e da atividade física, seja na esfera mais específica dos problemas de depressão e suicídio em idosos. Ambos os estudos apontam para a necessidade de ações concretas, seja no nível individual ou no nível de políticas públicas, a fim de abordar essas preocupações de maneira eficaz. Sousa Brito et al., 2023; Almeida, 2020.
Ao comparar os resultados dos estudos de (Silva et al., 2018), Damasceno e Souza (2018), e Sarzana, Lessa e Preis (2018), torna-se evidente que suas pesquisas proporcionam conhecimentos valiosos sobre a atuação do profissional de enfermagem na atenção básica, especialmente no que diz respeito ao cuidado da saúde mental da pessoa idosa. Essas análises conjuntas contribuem para uma compreensão mais abrangente e informada sobre o papel essencial desempenhado pelos enfermeiros nesse contexto específico. Destacam a importância do papel do profissional de enfermagem na atenção básica, ressaltando a necessidade de capacitação constante e atualização para proporcionar um cuidado integral à saúde da pessoa idosa, (Silva et al., 2018). Isso sinaliza que o enfermeiro na atenção básica é um dos principais pontos de contato para a população idosa e deve estar preparado para atender suas necessidades complexas.
Contrastando com a visão otimista, Damasceno e Sousa (2018), apontam para uma limitação importante no cuidado de enfermagem em saúde mental à pessoa idosa na atenção primária. Eles argumentam que esse cuidado é frequentemente centrado na doença, negligenciando a atenção psicossocial necessária. Essa observação ressalta a necessidade de uma mudança de paradigma para abordar integralmente a saúde mental dos idosos.
Sarzana, Lessa e Preis (2018) propõem uma solução para superar as fragilidades na atenção à saúde, facilitada pela prática do matriciamento e pela capacitação dos profissionais. O matriciamento pode fortalecer a comunicação e colaboração entre os serviços, permitindo um cuidado mais integrado e abrangente.
Essas perspectivas ressaltam a necessidade de uma abordagem multifacetada no cuidado à saúde mental dos idosos na atenção básica. Enquanto a importância do papel do profissional de enfermagem é destacada, é crucial reconhecer as limitações atuais, particularmente no que se refere à centralização na doença, (Silva et al., 2018). Essa limitação indica a necessidade urgente de treinamento e desenvolvimento de competências focadas na atenção psicossocial e na promoção do bem-estar mental (Damasceno e Souza, 2018).
Uma abordagem mais abrangente e integrada é fundamental para melhorar a qualidade do cuidado à saúde mental dos idosos. Isso requer investimentos contínuos em treinamentos, integração de serviços e mudanças nas práticas para garantir que a atenção à saúde mental seja verdadeiramente centrada no paciente, holística e sensível às necessidades da população idosa (Sarzana, Lessa e Preis, 2018).
A análise comparativa dos resultados de Terassi etal., (2023) e Simão, Carolina etal., (2022) evidencia preocupações relacionadas à saúde, porém, com enfoques direcionados a grupos distintos e abordagens diversas. O primeiro artigo analisado, apresentado pelo estudo de Terassi et al., (2023), concentra-se nos cuidadores de idosos e destaca a relação entre as variáveis psicológicas desses cuidadores e o impacto em sua saúde física. Os resultados indicam que a piora nas variáveis psicológicas dos cuidadores pode ter efeitos negativos na saúde física, evidenciando a necessidade de políticas públicas voltadas para essa população, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida.
Por outro lado, o segundo trecho, do estudo conduzido por Simão et al., (2022), aborda o papel dos enfermeiros na Atenção Primária à Saúde. Ele aponta que, embora haja um amplo escopo de intervenções que os enfermeiros podem desempenhar nesse contexto, a carência de conhecimento técnico-científico limita o cuidado ao modelo biomédico. Isso sugere a necessidade de maior desenvolvimento e aplicação de abordagens baseadas em evidências na prática de enfermagem, a fim de oferecer uma assistência mais completa e eficaz aos pacientes.
Embora abordem diferentes grupos e aspectos da assistência à saúde, ambas pesquisas destacam a necessidade de políticas e práticas de saúde mais informadas e eficazes. Enquanto o primeiro artigo de Terassi et al., (2023), foca nos cuidadores de idosos, ressaltando a importância de abordar fatores psicológicos para melhorar a saúde física, a segunda pesquisa destaca a necessidade de ampliar o conhecimento técnico-científico na prática de enfermagem para aprimorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde. Ambos sublinham a importância de abordagens mais holísticas e baseadas em evidências na prestação de cuidados de saúde (Simão, Carolina et al., 2022).
Os estudos conduzidos por Vitória Sousa et al., (2019) e Cordeiro et al., (2021) destacam a relevância dos profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, na abordagem de questões relacionadas à saúde mental. No entanto, apresentam perspectivas distintas sobre o assunto. Na primeira pesquisa, Vitória Sousa etal., (2019), destacam que as competências de promoção da saúde desenvolvidas por enfermeiros podem desempenhar um papel significativo na redução das consequências dos transtornos mentais na vida de idosos. Isso sugere que os enfermeiros podem contribuir de forma ativa na promoção da saúde mental dos idosos, proporcionando um impacto positivo em suas vidas.
Por outro lado, o segundo artigo de Cordeiro etal., (2021), aborda a falta de evolução na abordagem de saúde mental, apesar das iniciativas do Ministério da Saúde no Brasil. O estudo destaca que muitos profissionais continuam a adotar um modelo de atendimento centrado nas queixas e procedimentos, o que prejudica a reabilitação psicossocial eficaz dos pacientes. Isso aponta para a necessidade de mudanças significativas nas práticas e abordagens para melhorar a saúde mental dos pacientes.
Ambas as pesquisas focam em aspectos diferentes da saúde mental, ambos destacam a importância de aprimorar a abordagem de profissionais de saúde, incluindo enfermeiros, na promoção e tratamento da saúde mental. O primeiro trecho destaca o potencial dos enfermeiros na promoção da saúde mental dos idosos, Vitória Sousa etal., (2019), enquanto o segundo destaca a necessidade de mudanças nas abordagens tradicionais para atender de forma mais eficaz às necessidades de saúde mental dos pacientes. Ambos enfatizam a importância de políticas de saúde mental mais eficazes e práticas baseadas em evidências (Cordeiro et al., 2021).
A tendência do cuidado de enfermagem em saúde mental na atenção primária está centrado na doença em detrimento da atenção psicossocial, como observado por Damasceno e Sousa (2018). Esta abordagem pode negligenciar as necessidades emocionais e sociais dos idosos, muitos dos quais enfrentam não apenas desafios de saúde física, mas também questões de solidão, depressão e ansiedade. A discussão pode se concentrar em como superar essa tendência, reforçando a importância de uma abordagem mais holística e considerando não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e sociais do cuidado.
Conforme evidenciado por Andrade et al., (2021), os resultados do estudo indicam uma alta prevalência de indícios de depressão entre idosos, sobretudo em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), o que aponta para a necessidade de melhorias no cuidado de saúde mental nesses ambientes. A pesquisa também realça que os idosos do sexo masculino e divorciados têm uma maior predisposição à depressão, ressaltando a importância de uma abordagem diferenciada para diferentes grupos de idosos.
Essas pesquisas destacam a importância de uma abordagem ampla que priorize o bem-estar emocional e social dos idosos na atenção primária. A discussão desses tópicos tem o potencial e as medidas concretas para aprimorar o cuidado de enfermagem em saúde mental e, consequentemente, elevar a qualidade de vida dos idosos, especialmente em ambientes de cuidados de longa permanência, Andrade et al., (2021), Damasceno e Sousa, (2018).
Essa revisão literária permitiu a identificar que a atenção à saúde mental dos idosos é uma questão complexa e crucial, dada a crescente população idosa em muitos países. Os enfermeiros desempenham um papel significativo nesse cenário, e os resultados dos estudos fornecem informações importantes sobre como as competências de promoção da saúde, a utilização da arte, a abordagem centrada na doença e os desafios de gestão do cuidado afetam o bem-estar psicológico dessa população.
CONCLUSÃO
A análise comparativa dos resultados destaca a complexidade da saúde mental dos idosos e a necessidade de uma abordagem interdisciplinar, holística e social. Os enfermeiros desempenham um papel crucial na promoção da saúde mental dessa população, em conjunto também com a equipe multidisciplinar. Para efetivamente reduzir as consequências dos transtornos mentais, é fundamental integrar as competências de promoção da saúde, intervenções criativas e abordagens psicossociais, superando as barreiras na gestão do cuidado e investindo em educação contínua desses profissionais de saúde.
A atenção à saúde mental dos idosos não deve ser restrita ao modelo tradicional, ela exige uma compreensão profunda das necessidades individuais e um compromisso com ações e políticas que garantam a preservação da qualidade de vida e da funcionalidade desses indivíduos.
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