REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12510480
Sousa, Adriely Domingues De [1]
Souza, Flaviane Ribeiro Da Silva[2]
Pereira, João Pedro[3]
Andrade, Claudia Umbelina Baptista[4]
RESUMO
Introdução: A pandemia de COVID-19 teve repercussões profundas e multifacetadas em todo o mundo, afetando não apenas a saúde física, mas também desencadeando impactos significativos na saúde mental das pessoas. Objetivo: Buscar evidências científicas para compreender de que maneira a pandemia de COVID-19 afetou a saúde mental dos profissionais de saúde. Material e método: trata-se de uma revisão integrativa da literatura, norteada pela seguinte questão de pesquisa: de que maneira a pandemia de COVID-19 afetou a saúde mental dos profissionais de saúde? A busca de artigos foi realizada no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na base de dados Latino-Americana e em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e nas bases de dados PUBMED e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), utilizando os seguintes descritores controlados: saúde mental AND profissionais de saúde AND “COVID Foram selecionados 10 artigos como corpus de análise. Resultados: Constatou-se que mais da metade dos artigos selecionados trouxeram como transtornos na saúde mental a ansiedade e o estresse que lideram com 60%. Sendo que o sofrimento psicológico e transtorno mental tiveram em 50% dos artigos revisados. os profissionais de saúde diretamente ligados aos pacientes infectados apresentaram altos índices de sofrimento psíquico, manifestado por meio de medo, ansiedade, depressão, angústia e sono prejudicado. Conclusão: Os impactos negativos apresentados foram os transtornos causados na saúde mental, como: ansiedade, o estresse, o sofrimento psicológico, os altos índices de sofrimento psíquico manifestado por meio de medo, depressão, angústia e sono prejudicado, nos atendimentos diretamente ligados aos pacientes infectados, devido à frequente exposição ao vírus e maior risco de contaminação.
PALAVRAS-CHAVE :Saúde mental. Profissionais de saúde. COVID 19
ABSTRACT
Introduction: The COVID-19 pandemic has had profound and multifaceted repercussions across the world, affecting not only physical health, but also triggering significant impacts on people’s mental health. Objective: Search for scientific evidence to understand how the COVID-19 pandemic affected the mental health of healthcare professionals. Material and method: this is an integrative review of the literature, guided by the following research question: how did the COVID-19 pandemic affect the mental health of health professionals? The search for articles was carried out in the Virtual Health Library (VHL) database, in the Latin American and Health Sciences database (LILACS), the Online Medical Literature Search and Analysis System (MEDLINE) and in the databases of PUBMED and Scientific Electronic Library Online (SCIELO) data, using the following controlled descriptors: mental health AND health professionals AND “COVID 10 articles were selected as corpus of analysis. Results: It was found that more than half of the selected articles brought anxiety and stress as mental health disorders, which lead with 60%. Psychological suffering and mental disorders were present in 50% of the articles reviewed. health professionals directly linked to infected patients showed high rates of psychological distress, manifested through fear, anxiety, depression, anguish and impaired sleep. Conclusion: The negative impacts presented were disorders caused in mental health, such as: anxiety, stress, psychological suffering, high rates of psychological suffering manifested through fear, depression, anguish and impaired sleep, in care directly linked to patients infected, due to frequent exposure to the virus and greater risk of contamination.
KEYWORDS: Mental health. Health professionals. COVID-19
1 INTRODUÇÃO
A pandemia do coronavírus marcou a história da humanidade e impactou diretamente a vida das pessoas, sobretudo, dos profissionais de saúde 1. O SARS-CoV-2, causador da COVID-19, é um agente etiológico novo, até pouco tempo desconhecido em todo mundo, sendo identificado pela primeira vez em amostras de lavado broncoalveolar obtidas de pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, na China, em dezembro de 2019 2,3.
A COVID-19 consiste em uma infecção respiratória aguda, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. Embora na maioria dos casos predominem sintomas leves (40%) ou moderados (40%), aproximadamente 15% das pessoas podem desenvolver sintomas graves que requerem suporte de oxigênio e cerca de 5% podem apresentar a forma crítica da doença, requerendo cuidados intensivos 3.
A pandemia de teve um impacto significativo na saúde física e mental dos profissionais de saúde, especialmente aqueles na linha de frente, como os profissionais de enfermagem. Esses profissionais enfrentaram uma série de desafios, como: riscos de exposição e contaminação; aumento do fluxo e carga horária de trabalho; altas taxas de óbitos; falta de insumos e equipamentos de proteção individual (EPIs); pressão psicológica e prevalência de problemas de saúde mental preexistentes 4.
Estudos realizados em todo o mundo corroboram com essas observações, mostrando que os profissionais de saúde, especialmente aqueles que trabalham em ambientes de alta intensidade epidêmica, enfrentam um risco significativamente maior de problemas de saúde mental. A exposição prolongada à dor e ao sofrimento dos pacientes, bem como o medo de contágio e a exaustão física e emocional, contribuíram para esses problemas 5.
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi buscar evidências científicas para compreender de que maneira a pandemia de COVID-19 afetou a saúde mental dos profissionais de saúde.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, norteada pela seguinte questão de pesquisa: de que maneira a pandemia de COVID-19 afetou a saúde mental dos profissionais de saúde? A busca de artigos foi realizada no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na base de dados Latino-Americana e em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e nas bases de dados PUBMED e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), utilizando os seguintes descritores controlados: saúde mental AND profissionais de saúde AND “COVID 19”.
Como critério de inclusão foram selecionados artigos originais, nos idiomas em português, inglês e espanhol, no espaço temporal de 2020 a 2024 e que respondiam à questão norteadora. Foram excluídos artigos duplicados e artigos anteriores a 2020 (Quadro 1).
Inicialmente identificou-se os estudos que apresentavam duplicidade entre as bases de dados pesquisadas e após isso, foi feita a avaliação do título e resumo. Por fim, foi realizada a leitura integral dos artigos identificados como potencialmente elegíveis, sendo incluídos no estudo, aqueles que estavam em acordo com os critérios de inclusão. A partir disso, foram selecionados 10 artigos como corpus de análise
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados da revisão integrativa o Quadro 1 demonstra os artigos encontrados na data de 2020 à 2024, com impacto da revista selecionada.
Quadro 1 – Apresentação dos estudos incluídos na revisão integrativa, segundo o título, autores, ano da publicação, nacionalidade, metodologia e nível de evidência.
O Quadro 2 demonstra os artigos selecionados, descrevendo o tamanho da amostra, os instrumentos utilizados, bem como os principais resultados da pesquisa.
Quadro 2 – Apresentação dos estudos incluídos na revisão integrativa, segundo o tamanho da amostra, instrumentos utilizados e principais achados.
Gráfico 1 – Transtornos causados na saúde mental
Constatou-se que a mais da metade dos artigos consultados trouxeram como transtornos na saúde mental a ansiedade e o estresse que lideram com 60%. Sendo que o sofrimento psicológico e transtorno mental tiveram em 50% dos artigos revisados (Graf. 1).
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem6, o aumento do sofrimento psicológico e dos transtornos mentais é a quarta onda de consequências da pandemia da COVID-19.
Corrobora com esses achados o estudo de7, 48,6% dos respondentes apresentaram risco elevado para a presença de transtorno mental no contexto da pandemia de COVID-19. O presente estudo chegou a conclusões similares às encontradas em revisões de literatura que analisaram o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de profissionais de saúde atuantes na linha de frente. Revisão sistemática que explorou o tema encontrou índices de médio a alto de ansiedade (44,6%) e depressão (25%) nesse grupo de profissionais8.
No estudo de7 quanto à análise dos níveis de sofrimento mental no recorte populacional estudado, foi encontrado um risco elevado de presença de transtorno mental nessa população. Observou-se uma maior frequência de sentimentos negativos nos 30 dias anteriores à resposta ao questionário, assim como um reconhecimento de sofrimento psíquico decorrente da possibilidade de infectar-se por COVID-19.
Profissionais que percebem os EPIs como inadequados ou insuficientes tendem a relatar níveis mais altos de sofrimento mental. Isso pode ser atribuído ao aumento do medo e da ansiedade associados à percepção de risco elevado de infecção. Portanto, assegurar que os profissionais de saúde tenham acesso a EPIs de qualidade e em quantidade suficiente é uma medida essencial para reduzir o sofrimento mental e garantir a segurança e o bem-estar desses trabalhadores 7,9, 10.
No estudo de 11 destacaram que o transtorno de estresse pós-traumático e a ansiedade são alguns dos desdobramentos psicológicos evidenciados nos estudos revisados. A sobrecarga de trabalho, aliada à falta de recursos e ao desconhecimento dos impactos específicos da COVID-19, contribuiu para a exaustão emocional desses profissionais.
Além disso, criar espaços para o acolhimento das demandas dos profissionais, a escuta, o apoio e a promoção de bem-estar foram as estratégias mais apontadas nos estudos. As equipes de enfermagem enfrentam longas jornadas e locais de trabalho insalubres onde, além de se sentirem invalidadas e silenciadas, oferecem riscos para si, para a equipe e para os pacientes. Fornecer um ambiente de trabalho que valorize e atenda às necessidades emocionais e psicológicas dos profissionais de saúde é fundamental para a manutenção de sua saúde mental e para a eficácia do sistema de saúde como um todo 4.
Diante do cenário da pandemia de COVID-19 e da alta disseminação e mortalidade, os profissionais de saúde diretamente ligados aos pacientes infectados e envolvidos no diagnóstico, tratamento e atendimento em geral apresentaram altos índices de sofrimento psíquico. Esse sofrimento se manifestou por meio de medo, ansiedade, depressão, angústia, sono prejudicado e outros sentimentos relacionados ao risco de exposição ao vírus 13, 14.
Essa situação foi evidenciada em artigos revisados sobre a saúde mental dos trabalhadores de saúde. Os estudos demonstraram que o constante contato com pacientes infectados, o medo de contrair e transmitir o vírus, e a intensa carga de trabalho contribuíram significativamente para o desgaste psicológico desses profissionais. O estresse prolongado e as condições adversas de trabalho intensificaram problemas de saúde mental, destacando a urgência de medidas específicas de suporte e intervenção psicológica para esses trabalhadores 15, 16.
Esses achados reforçam a importância de protocolos de cuidados em saúde mental específicos para os profissionais de saúde, com estratégias que incluam suporte psicológico contínuo, intervenções preventivas e cuidados direcionados para grupos vulneráveis dentro dessa categoria. É essencial que os sistemas de saúde implementem essas recomendações para mitigar os impactos na saúde mental desses profissionais, garantindo que possam continuar a desempenhar suas funções de maneira eficaz e segura4.
A pandemia de COVID-19 trouxe à tona a necessidade crescente de apoio à saúde mental, especialmente devido às medidas de confinamento e isolamento social. De acordo com 17 60% das pessoas que buscam consultas nos cuidados primários possuem algum transtorno mental diagnosticável. Esse cenário se agrava ainda mais com os atendimentos compartilhados, onde a equipe de saúde observa altos níveis de ansiedade e depressão entre os usuários e seus familiares.
4 CONCLUSÃO
Neste estudo foram sintetizados alguns principais estudos que retratam a saúde mental dos profissionais de saúde frente a pandemia pelo COVID-19. Os impactos negativos apresentados foram os transtornos causados na saúde mental dos profissionais de saúde, que tiveram maior impacto nos relatos quanto a ansiedade, o estresse, o sofrimento psicológico, os altos índices de sofrimento psíquico manifestado por meio de medo, depressão, angústia e sono prejudicado nos atendimentos diretamente ligados aos pacientes infectados, devido à frequente exposição ao risco de contaminação, na falta de equipamentos de proteção individual.
Baseado nisso é indispensável a realização de intervenções psicológicas, a fim de reduzir impactos negativos e promover a saúde mental durante e pós-pandemia, momento este em que as pessoas necessitarão de readaptação social e econômica.
A atenção à saúde mental dos profissionais de saúde, especialmente daqueles em ambientes intensivos como as UTIs, não deve ser apenas uma prioridade durante períodos de crise, mas também uma parte integral do sistema de saúde de forma contínua. Investimentos em estratégias preventivas, apoio psicológico e condições de trabalho adequadas são fundamentais para garantir não apenas a qualidade dos cuidados prestados, mas também a saúde e o bem-estar a longo prazo desses profissionais, que desempenham um papel crucial na resposta a pandemias e outras emergências de saúde.
Esta abordagem preventiva e sustentada deve incluir programas de treinamento em resiliência, suporte emocional contínuo, acesso facilitado a serviços de saúde mental e a criação de um ambiente de trabalho que minimize fatores de estresse. Além disso, políticas institucionais devem ser implementadas para reconhecer e mitigar o impacto psicológico do trabalho em UTIs, promovendo uma cultura de cuidado e empatia dentro das equipes de saúde. Ao adotar essas medidas, não apenas se promove a saúde mental dos profissionais, mas também se contribui para a eficácia e a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo, não somente em tempos de crise e emergência.
REFERÊNCIAS
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4 Vargas D, Lima AV, Silva Filho JA, Oliveira SR, Aguilar TF, Pereira CF. Estratégias preventivas ao suicídio para equipe de enfermagem na COVID-19: uma revisão de escopo. Acta Paul Enferm., 2023; 36:eAPE00682.
5 Silva C, Silva C, Gama S, Santos M, da Silva V, dos Santos K et al. Atuação multiprofissional na Atenção Básica em tempos de pandemia: relato de experiência: Multiprofessional performance in Primary Care in pandemic times: experience report. Saúde em Redes, [revista em Internet] 2023. [acesso 21 de abril de 2024]; 9(1), 3776. Disponível em: https://doi.org/10.18310/2446-4813.2023v9n1.3776
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7 Celestino Junior FT, Florentino ED de V, Escobar PVC, França E da S de. “Cuidar do outro é cuidar de mim”: impacto da pandemia de COVID-19 no sofrimento mental de enfermeiros/as e médicos/as de município do Nordeste brasileiro. Rev Bras Med Fam Comunidade. [revista em Internet] 2023. [acesso 20 de maio de 2024]; 18(45). Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3219.
8 Prado AD, Peixoto BC, Silva AMB da, Scalia LAM. A saúde mental dos profissionais de saúde frente à pandemia do COVID-19: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde. [revista em Internet] 2020. [acesso 20 de maio de 2024]; 46. Disponivel em: https://doi.org/10.25248/reas.e4128.2020.
9 Laurent A, Fournier A, Lheureux F, Poujol AL, Deltour V, Ecarnot F, et al. Risk and protective factors for the possible development of post-traumatic stress disorder among intensive care professionals in France during the first peak of the COVID-19 epidemic. Eur J Psychotraumatol. [revista em Internet] 2022. [acesso 20 de maio de 2024]; Jan 26;13(1). Disponivel em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35096285/.
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11 Ribeiro AM, Carballo F P, Stivanin JB, Bomfim CE dos S, Alves FEF, Silva JA da. Os impactos da pandemia de Covid-19 sobre a saúde mental de profissionais da saúde de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s). Contribuciones a Las Ciencias Sociales. [revista em Internet] 2024. [acesso 20 de maio de 2024]; São José dos Pinhais, 17(1)4, 7653–7670.Disponível em: https://doi.org/10.55905/revconv.17n.1-462
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[1] Acadêmica curso de Enfermagem – Universidade Professor Edson Antônio Vellano
[2] Acadêmica curso de Enfermagem – Universidade Professor Edson Antônio Vellano –
[3] Acadêmico curso de Enfermagem – Universidade Professor Edson Antônio Vellano
[4] Docente doutora – Universidade Professor Edson Antônio Vellano