SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE TRABALHARAM EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19, NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA

MENTAL HEALTH OF NURSING PROFESSIONALS WHO WORKED IN INTENSIVE CARE UNITS DURING THE COVID-19 PANDEMIC, IN THE CITY OF JUAZEIRO-BA

SALUD MENTAL DE PROFESIONALES DE ENFERMERÍA QUE ACTUARON EN UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS DURANTE LA PANDEMIA DE COVID-19, EN LA CIUDAD DE JUAZEIRO-BA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8075994


Crismithef Santos Oliveira1
Francineide Pereira da Cruz2
Lucas Yerê Morais de Araújo3
Lorena Nascimento da Silva4
Orientadora: Iana Gonçalves de Souza Santos5


RESUMO

A pandemia ocasionada pelo COVID-19 teve proporções em todas as áreas da sociedade, entre estas os sistemas públicos e privados de saúde, haja vista a superlotação dessas unidades hospitalares e o trabalho excessivo dos profissionais em decorrência das consequências causadas pelo vírus. Nesta inquietude, o objetivo deste trabalho é analisar quais os efeitos que podem ser observados na saúde mental dos profissionais de enfermagem que tiveram efetivo trabalho nas Unidades de Terapia Intensiva durante a pandemia. Para atingir este propósito, foi realizada uma pesquisa de campo com a natureza quali-quantitativa, a fim de levantar esses pontos com os profissionais dos hospitais de referência na cidade de Juazeiro-BA. Os resultados obtidos através da aplicação do Self-Reporting Questionnaire (SQR-20) foram tabulados no Excel e transformados em frequência relativa. Aponta-se que, com base na pesquisa da literatura e a relação com o estudo de campo, o trabalho exaustivo nas Unidades de Terapia Intensivas realizado pelos profissionais de enfermagem durante o ápice da pandemia é um fator de risco para o desenvolvimento de uma fadiga física e mental. Os dados do trabalho de campo também apontou a dificuldade em reconhecer o seu próprio estado de saúde.

PALAVRAS CHAVE: Saúde mental; Profissionais de Enfermagem; COVID-19; Pandemia.

ABSTRACT

The pandemic caused by the COVID-19 had proportions in all areas of society, including the public and private health systems, given the overcrowding of these hospital units and the excessive work of professionals due to the consequences caused by the virus. In this concern, the objective of this work is to analyze what effects can be observed on the mental health of nursing professionals who had effective work in Intensive Care Units during the peaks of the pandemic. To achieve this purpose, a qualitative and quantitative field research was carried out, in order to raise these points with professionals from reference hospitals in the city of Juazeiro- BA. The results obtained through the application of the Self-Reporting Questionnaire (SQR- 20) were tabulated in Excel and transformed into relative frequency. It is pointed out that based on the literature research and the relationship with the field study that the exhaustive work in the Intensive Care Units carried out by nursing professionals during the height of the pandemic is a risk factor for the development of physical fatigue and mental. Fieldwork data also pointed out the difficulty in recognizing their own health status.

KEYWORDS: Health professionals; Psychological problems; Impacts of the Pandemic.

RESUMEN

La pandemia provocada por el COVID-19 tuvo proporciones en todos los ámbitos de la sociedad, incluidos los sistemas de salud públicos y privados, dado el hacinamiento de estas unidades hospitalarias y el trabajo desmesurado de los profesionales por las consecuencias provocadas por el virus. En esa preocupación, el objetivo de este trabajo es analizar los efectos que se pueden observar en la salud mental de los profesionales de enfermería que tuvieron un trabajo efectivo en las Unidades de Cuidados Intensivos durante los picos de la pandemia. Para lograr este propósito, se realizó una investigación de campo cualitativa y cuantitativa, con el fin de plantear estos puntos con profesionales de hospitales de referencia en la ciudad de Juazeiro- BA. Los resultados obtenidos mediante la aplicación del Cuestionario de Autoinforme (SQR- 20) fueron tabulados en Excel y transformados en frecuencia relativa. Se señala que con base en la investigación bibliográfica y la relación con el estudio de campo que el trabajo exhaustivo en las Unidades de Cuidados Intensivos realizado por los profesionales de enfermería durante el apogeo de la pandemia es un factor de riesgo para el desarrollo de fatiga física y psíquica. Los datos del trabajo de campo también señalaron la dificultad para reconocer su propio estado de salud.

PALABRAS CLAVE: Salud mental; Profesionales de Enfermería; Pandemia de COVID-19.

1  INTRODUÇÃO

A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, que se destaca, dentre outras, pelo seu alto risco de contágio. Suas consequências levaram o planeta a uma grave pandemia que foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2020, acarretando assim uma série de problemas sanitários relacionados à saúde pública (ESTEVÃO, 2020). Entre os desafios impostos pelo surgimento desta doença estava o desconhecimento sobre medidas de tratamento, e quais os medicamentos que poderiam ser utilizados em favor da redução de casos da doença (DONALISIO; FREITAS; NAPIMOGA, 2020).

Neste sentido, a crise global na saúde pública provocada pela COVID-19 resultou numa série de mudanças nos sistemas hospitalares, considerando-se a variedade de sintomas que a doença apresentava em diferentes pacientes, tais como fadiga, dores no corpo, febre, dispneia, entre outros. Esta diversidade de manifestações da enfermidade fazia com que as equipes de saúde ainda não tivessem os meios corretos de tratamento e também as suas respectivas contra indicações. Ademais, a doença acarretou modificações em toda a sociedade, pois com a necessidade do isolamento social, as formas de relações e de contato social tiveram alteração bruscas (ARGENTA et al., 2020).

A COVID-19 pode apresentar efeitos deletérios à saúde mental, podendo resultar no aumento dos níveis de estresse, esgotamento e insônia. Os profissionais de saúde estão sujeitos a maior sofrimento psicológico em decorrência da atuação na linha de frente e lidarem com os consequentes problemas provocados pela doença. Além disso, os desafios impostos por este cenário intensificam fatores estressantes, como a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o número restrito de leitos e ventiladores mecânicos, a falta de conhecimento e de treinamento, o nível de complexidade e gravidade dos pacientes, dentre outros fatores (ALMEIDA, et al. 2021).

As mudanças provocadas em detrimento da pandemia, pode ter acarretado impactos distintos nos profissionais de saúde que trabalharam direta ou indiretamente nas unidades de saúde. Nas palavras de Abrantes e Batista (2021), pode-se considerar que há razões que possibilitam o aumento de casos de modificação do perfil de morbidade dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, resultando em acidentes e doenças ocupacionais, como as lesões por esforços repetitivos e o adoecimento mental.

Os profissionais de saúde quando expostos a uma alta carga de trabalho durante o auge da pandemia do COVID-19, tiveram como consequências problemas com a sua saúde física e também mental. Entre estes agentes de saúde, as equipes de enfermagem participaram ativamente de todo o processo dentro das unidades hospitalares e também receberam os mesmos ônus devido ao excesso de trabalho (MENEZES et al., 2021).

Nesta perspetiva, há de considerar o surgimento de doenças e transtornos mentais nos profissionais de enfermagem que tiveram o trabalho intenso e exaustivo dentro das Unidades de Terapias Intensiva (UTI) durante o período pandêmico. Observando-se que a repetitividade de assistência a pacientes com estado de saúde instável e a pressão psicológica sob os profissionais é um possível fator a levar esses envolvidos a um quadro de transtorno mental durante esse período (ANDRADE et al., 2021).

Os problemas relacionados à saúde mental dos profissionais de enfermagem não foram restritos a uma localidade do mundo, sendo possível perceber a ocorrência de casos em diferentes países e cidades, pois a pandemia do COVID-19 teve proporções mundiais. Deste modo, esta ocorrência de pessoas infectadas também foi percebida no município de Juazeiro- BA, cidade localizada no norte da Bahia, no nordeste do Brasil, visto que a cidade teve até o momento 30.241 infectados pelo vírus, dos quais 507 evoluíram a óbito. Foram dispostos durante o pico da pandemia um quantitativo de 40 leitos de UTI com monitoramento total (PAINEL INFORMATIVO, 2023).

Segundo Fernandes et al. (2020) as equipes de enfermagem foram os profissionais mais expostos a serem infectados pelo vírus, podendo essas consequências resultarem fatores distintos para os que tiveram contato com o SARS-CoV-2.

Partindo deste contexto, quais os impactos na saúde mental dos profissionais de enfermagem que trabalharam nas Unidades de Terapia Intensiva durante a pandemia do COVID-19, na cidade de Juazeiro-BA?

Conseguinte, o objetivo deste estudo consiste em avaliar a percepção de danos em esgotamento mental dos profissionais de Enfermagem que trabalharam na linha de frente durante a pandemia do COVID-19, na cidade de Juazeiro-BA. De modo a identificar a visão dos profissionais de enfermagem sobre sua saúde mental e quais as consequências que estes fatores podem trazer para a vida destes indivíduos.

2  METODOLOGIA

O desenvolvimento desta proposta parte de uma pesquisa de campo com a natureza quali-quantitativa na qual foram utilizados alguns critérios durante o levantamento de informações. Sendo assim, foram considerados os seguintes descritores: os impactos da pandemia do COVID-19; a crise sanitária imposta pela disseminação da doença; o trabalho excessivo dos profissionais de enfermagem durante a pandemia; a saúde mental dos enfermeiros da linha de frente da COVID-19; e a visão dos profissionais de Juazeiro-BA sobre a saúde mental desestabilizada em decorrência da pandemia.

Foram utilizadas como meio de busca das temáticas levantadas as plataformas da Scielo e dos Periódicos da Capes, sendo utilizados alguns critérios de inclusão durante as buscas, tais como as pesquisas realizadas entre 2019 e 2023. Foram considerados tanto os trabalhos publicados no Brasil, como também no exterior do país. As buscas nas literaturas foram ponderadas para análise em conjunto com a pesquisa de campo realizada com profissionais de enfermagem que trabalham nas UTIs do COVID-19.

Os dados foram analisados com base em análise de Gil (2010), este que abarca um método utilizado em pesquisas de cunho descritivo exploratório, discorrendo que é possível analisar os diferentes procedimentos adotados pelos teóricos analisados. Assim sendo viável fazer a interpretação dos achados intelectuais e técnicos utilizados para atingir o objetivo do estudo.

A pesquisa descritiva é caracterizada pelo levantamento de dados e pela utilização dos resultados obtidos a fim de justificar um objetivo. Assim como a pesquisa exploratória, a descrição de dados pode ser considerada um passo preliminar para encontrar fenômenos não explicados pelas teorias vigentes. No caso da pesquisa exploratória, o pesquisador examinará um conjunto de fenômenos, buscando anomalias desconhecidas e que possam ser a base para uma pesquisa mais elaborada (PEROVANO, 2014; GIL, 2010).

A pesquisa teve o seu projeto submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), com número de parecer: 6.037.798, com o CAAE: 64434422.0.0000.5032. Para que assim fosse realizado o levantamento de dados com profissionais de enfermagem graduados, nos hospitais de referência na cidade Juazeiro-BA. De maneira que os resultados obtidos através da aplicação do Self-Reporting Questionnaire (SQR-20) com 21 profissionais de enfermagem, na qual os dados foram tabulados no Excel e transformados em frequência relativa, sendo explanados por gráficos.

3  RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1  Os Impactos causados pela Pandemia do Covid-19

A pandemia trouxe diferentes tipos de consequências em proporções mundiais, estas que afetam os profissionais de saúde que estavam na linha de frente da pandemia e a população em geral. Nas palavras de Bezerra et al. (2020) entre os diversos fatores de impacto que a pandemia proporcionou a necessidade do isolamento social foi um dos pontos com maior relevância, apesar de sua necessidade para a redução de casos. Visto que emergia uma mística de sentimentos nas pessoas, tais como os relacionados ao medo da doença e também as dificuldades financeiras provocadas pela falta de trabalho no período. Nesta perspectiva, o Quadro 1 faz um comparativo entre o os impactos da COVID-19 em relação ao isolamento social:

Quadro 1: A pandemia do COVID-19 e a necessidade do isolamento social.

Isolamento SocialImpactos da Covid-19
A sensação de solidão pode ser considerada uma das frequentes causas vivenciadas pelas pessoas durante o período.Os impactos da COVID-19 podem ser identificados nas diferentes áreas da sociedade.
Os problemas financeiros apontados como fatores preocupantes durante o isolamento social.O sobrecarregamento do sistema de saúde pública e privada.
O surgimento de doenças psicológicas associadas ao isolamento social.A alta carga de trabalho dos profissionais de saúde durante o auge da pandemia da COVID-19.

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Bezerra et al. (2020).

Destaca-se que a pandemia da COVID-19 impactou o mundo nas mais diversas áreas, acarretando inicialmente na necessidade do isolamento social, este que provocou alguns acontecimentos, entre estes o medo da doença e também a preocupação com as consequências que o vírus poderia trazer (BEZERRA et al, 2020). Os resultados da pesquisa de campo apontaram que a Pandemia do COVID-19 trouxe impacto direto e indireto na forma de trabalho de grande parte dos profissionais de enfermagem que trabalharam na linha de frente de combate ao vírus. Visto que com base na pesquisa de campo realizada, foi possível perceber que os 21 profissionais entrevistados apontaram em sua maioria que suas respectivas Unidades de Terapia Intensiva atingiram lotação máxima, sendo possível detalhar esse cenário através da Figura 1:

Figura 1: A unidade trabalhada atingiu a lotação máxima?

Fonte: Direto da Pesquisa.

O estado de superlotação vivenciado pelas unidades hospitalares fez com que o poder público tomassem algumas atitudes para que estes números diminuíssem, como a necessidade do isolamento social. Os pesquisadores Lima et al. (2020) atribuem como consequência do isolamento social realizado em alguns países durante a pandemia alguns problemas na saúde mental das pessoas, tais como ansiedade, depressão e estresse, estes que podem ter perdurado até mesmo após o fim do isolamento mais rígido.

Os impactos causados pela alta de contagem do COVID-19, assim como a superlotação

provocaram uma série de outros fatores, estes que também são associados ao descumprimento de medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos de saúde, assim como a falta de medicamentos para tratamento da doença. Para tanto, a figura 2 busca entender a percepção dos profissionais de enfermagem sobre a falta da vacina atrelada ao alto índice da doença.

Figura 2: Você considera que a falta da vacina no início da pandemia influenciou no alto índice da doença?

Fonte: Direto da Pesquisa.

A taxa de contaminação da COVID-19 chegou a números elevados durante diversos momentos, podendo associar esses fatores a falta de vacina para o tratamento da doença. Visto que a pesquisa apontou em sua maioria que caso existissem medicamentos para tratamento desde o surgimento da doença, os índices de transmissão poderiam ser reduzidos.

Sendo assim, ao considerar os diferentes tipos de impactos que a pandemia trouxe para a humanidade, há necessidade de entender que cada indivíduo tem modos diferentes de lidar com as situações, desta maneira não é possível precisar quais os efeitos que a pandemia trouxe para cada pessoa. Levando em consideração as diferentes perspectivas, pode-se apontar alguns efeitos de médio e longo prazo que apresentam potencial aparição naqueles indivíduos que não tiveram seus anseios controlados, tais como medo constante, sensação de angústia contínua e ansiedade em excesso (AFONSO, 2020).

3.2  O trabalho exaustivos nas Unidades de Terapia Intensiva durante a Pandemia do Covid-19

Durante a pandemia do COVID-19, diversos profissionais de saúde tiveram que dedicar uma parcela ou grande parte do seu tempo no trabalho para os efetivos cuidados infectados pelo vírus do SARS-COV-2. Na qual se fazia necessário inicialmente conhecer as reações que a doença poderia causar em cada indivíduo, para que posteriormente fosse realizada as inferências necessárias em cada paciente, tais como a aplicação de medicamentos apropriados e todos os outros cuidados necessários (BORGES, et al. 2019).

O trabalho dos profissionais de saúde também foi centralizado em muitas ocasiões nas Unidades de Terapia Intensiva de cuidados da COVID-19, de maneira que estas equipes direcionaram os seus esforços e cuidados aos pacientes que necessitavam deste internamento em função das complicações da doença. Pode-se ressaltar que as equipes de enfermagem compõem a maior parte das equipes de saúde que trabalham neste tipo de ambiente, sendo estes agentes responsáveis pelo cuidado ativo aos pacientes (SANTOS; SILVA; OLIVEIRA, 2020). Nesta perspectiva, ao considerar o grande quantitativo de profissionais de enfermagem dentro das unidades hospitalares destinadas ao tratamento da COVID-19, pode-se perceber a relação com a alta taxa de contagem, como o observado na Figura 3:

Figura 3: Contraiu o vírus Sars-Cov-2?

Fonte: Direto da Pesquisa.

Sendo possível observar que esse quantitativo de profissionais infectados pode representar o que é vista na sociedade em geral, na qual a doença teve um grande alcance, principalmente durante os ápices da pandemia, de modo que entre os profissionais de enfermagem entrevistados, 14 contraíram a COVID-19 ao menos uma vez, enquanto 7 não tinham confirmação de testagem positiva.

Ao considerar os riscos a que os profissionais de enfermagem estão expostos é preciso destacar o seu papel dentro das Unidades de Terapia Intensiva, é necessário entender sobre a lei de nº 7.498 de 1986 que dá providências sobre o exercício da enfermagem (BRASIL, 1986). Na qual são dispostas as medidas de promoção, proteção, recuperação e reabilitação dos pacientes, na qual o cenário da pandemia destacou a importância destes profissionais, na qual os torna protagonistas no controle da doença. À medida que esta equipe assume papéis de assistência, gerenciamento, educação em saúde, acolhimento, triagem dos usuários de acordo com o fluxograma do ministério da saúde e principalmente a incumbência de orientar os pacientes que procuram as unidades hospitalares (ALMEIDA, et al. 2021).

Os profissionais de enfermagem possuem papel ativo no combate ao COVID-19 com a atribuição de combater o agravamento da doença, prestando cuidado aos pacientes que estão enfrentando problemas em decorrência da enfermidade. Além dos cuidados relativos às consequências do vírus, estes profissionais necessitam oferecer aos pacientes um acolhimento humanizado, no sentido de estabelecer um diálogo a fim de contribuir na diminuição de ansiedade, sanando as dúvidas geradas pelo contexto da pandemia.

3.3   Os efeitos físicos e mentais causados dos profissionais que atuaram diretamente no combate a COVID-19

Considerando as análises, é possível destacar que as consequências psicológicas apresentadas por profissionais de enfermagem são variadas, mudam de acordo com o perfil de cada indivíduo. Sendo que a saúde mental desse grupo pode ser afetada a curto prazo e a um longo período, trazendo consequências como a depressão, ansiedade em excesso, dificuldades de relacionamentos sociais, assim como uma série de outras problemáticas. Estes profissionais que trabalham na linha de frente do combate a COVID-19, eram constantemente submetidos a cargas emocionais distintas, a qual poderia resultar uma série de acontecimentos posteriores na saúde mental desses indivíduos (CARDOSO, et al. 2020).

Nesta perspectiva de acreditar no surgimento de efeitos emocionais nos profissionais que trabalharam na linha de frente da COVID-19, é possível fazer relação com a pesquisa de campo realizada com os profissionais de enfermagem, sobre as indicações de sensações de medo em adquirir o vírus, para tanto a figura 4 detalha esse cenário:

Figura 4: Você se sentiu em algum momento com medo de contrair o vírus?

Fonte: Direto da Pesquisa.

Sendo assim, 17 entre 21 profissionais tinham medo de em algum momento contrair o vírus da COVID-19. Destaca-se que os profissionais acometidos a alta carga de trabalho durante o ápice da pandemia do COVID-19 podem ter sido vítimas de demasiado estresse. Nas palavras de Bezerra et al. (2020) é possível atribuir algumas consequências físicas e mentais para os profissionais que foram submetidos ao trabalho em excesso nas unidades de saúde. O acúmulo de atividades podem propiciar o surgimento de problemas de cunho psicológico nesses profissionais, com essa perspectiva também foi investigada na pesquisa de campo quais o enfermeiros(as) já enfrentaram essa problemática, de modo que a figura 5 ilustra essa situação:

Figura 5: Você já teve o psicológico abalado pelo excesso de trabalho?

Fonte: Direto da Pesquisa.

Ademais, apesar da maioria dos entrevistados apontarem que já tiveram o psicológico afetado pelo excesso de trabalho, ainda há um percentual de profissionais que não passaram por esse tipo de situação. Segundo Bezerra et al. (2020) evidencia-se que em decorrência da sua longa jornada de trabalho alguns sintomas foram apresentados em parte da equipe de saúde

responsável pelos cuidados aos pacientes, tais como: o surgimento de transtornos de estresse pós-traumático, além de problemas nas relações sociais destes indivíduos.

3.4   A saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem que atuaram nas unidades de cuidado a COVID-19 de Juazeiro-BA

Estima-se que a frequente preocupação dos profissionais de enfermagem que atuaram na linha de frente das Unidades de Terapia Intensiva na alta velocidade de transmissibilidade e a taxa de letalidade da doença foram um dos pontos mais preocupantes em fragilizar a saúde mental destes indivíduos. Desde que a alta carga de trabalho atrelada aos fatores preocupantes culminaram em algumas consequências psicológicas em parte desta equipe de profissionais, principalmente naqueles indivíduos que já sofriam com algum tipo de problema em sua saúde mental (ALMEIDA, et al. 2020). Nesta perspectiva, ao realizar questionamentos aos entrevistados se estes conheciam algum profissional com problemas de saúde mental em decorrência do trabalho em unidades hospitalares, foi possível perceber que a sua grande maioria tem o conhecimento, conforme apontado na Figura 6:

Figura 6: Você conhece algum profissional com problema de saúde mental em decorrência do trabalho nas unidades hospitalares?

Fonte: Direto da Pesquisa.

Sendo apontado que apenas 3 enfermeiros(as) não conhecem nenhum outro profissional que já tiveram problemas com sua saúde mental. Corroborando com o que os estudos mostram, visto que durante a pandemia, o sofrimento psicológico foi significativamente maior em profissionais da enfermagem, sobretudo, no enfermeiro(a). Devido ao fato que a COVID-19 e todas as consequências que a doença provocou tantos nos pacientes, como nos

profissionais que prestam o cuidado, vem se tornar um fator de risco para aumento dos níveis de estresse, depressão e ansiedade nesses agentes de área da saúde que trabalham na linha de frente do combate deste vírus (BICALHO et al. 2021). Ao considerar os fatores de risco apontados na saúde mental, a pesquisa de campo também buscou identificar com os profissionais de enfermagem se estes já resistiram de ir ao trabalho, sendo a figura 7 utilizada para detalhar essa situação:

Figura 7: Você já resistiu ao ir ao trabalho por conta pensar no cenário que encontraria nas UTIs?

Fonte: Direto da Pesquisa.

Os dados apontaram que apesar de todos os problemas enfrentados pelos profissionais de enfermagem durante o trabalho nas Unidades de Terapia Intensiva, há um equilíbrio nas respostas sobre a resistência de ir ao trabalho. Neste sentido, é necessário que se consiga verificar alternativas para que os profissionais de enfermagem que foram envolvidos diretamente com os pacientes nos cuidados ao COVID-19, necessitam ser escutados a fim de verificar o estado da saúde mental de cada indivíduo.

Segundo Freitas et al (2022), ter a percepção de si mesmo sobre o seu estado emocional não é uma tarefa simples, sendo um processo longo para tal, essa percepção corrobora com o resultado da entrevista acerca do seu próprio estado de saúde mental, que apesar de a maioria conhecerem profissionais que enfrentam esse problema, a maioria apontou que nunca passou por isso. A figura 8 detalha esse panorama:

Figura 8: Você já teve problemas de saúde em detrimento do excesso de trabalho?

Fonte: Direto da Pesquisa.

De maneira que 12 profissionais apontaram que nunca tiveram problemas relacionados à saúde mental em detrimento do trabalho, enquanto 9 relataram que já tiveram. O propósito é que esses agentes de saúde consigam externar os seus medos e anseios, de modo que este grupo que procura ajuda se sinta acolhido durante o processo de coleta e análise de informações baseadas em técnicas psicológicas (FREITAS, et al. 2022).

4  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pesquisa realizada, se considera que o trabalho exaustivo nas Unidades de Terapia Intensivas realizado pelos profissionais de enfermagem durante o ápice da pandemia é um fator de risco para o desenvolvimento de uma fadiga física e mental, mas os dados do trabalho de campo também apontaram sobre a dificuldade em reconhecer o seu próprio estado de saúde. De modo que este grupo de indivíduos ficou mais exposto cotidianamente a pacientes com diferentes tipos de sintomas que tinham relação com a doença, propiciando que estas equipes de saúde ficassem mais vulneráveis a sofrer transtornos mentais, em decorrência da infinidade de problemas enfrentados.

Vale ressaltar que os traumas psicológicos podem estar associados ao perfil de cada enfermeiro(a) que venha a sofrer com as consequências do trabalho exaustivo nas Unidades de Terapia Intensiva, pois cada indivíduo pode apresentar comportamentos diferentes. Sendo considerado uma escuta ativa a estes profissionais, a fim de identificar e prevenir que estes adquiram algum problema relacionado a saúde mental, tais como o desenvolvimento um medo constante, adquirir uma sensação de angústia contínua e ansiedade em excesso.

Conclui-se que o surgimento de problemas mentais em profissionais de enfermagem podem estar correlacionados direta ou indiretamente com os traumas ocasionados durante a vivência nas salas de Terapias Intensiva. Sendo necessário a busca por alternativas através de um acompanhamento psicológico com profissionais devidamente registrado para a busca de uma melhor qualidade de vida, de forma que venha a contribuir com a superação de um trauma.

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1Discente da UNIFTC Juazeiro – BA. e-mail: crismithef.bc@gmail.com
2Discente da UNIFTC Juazeiro – BA. e-mail: francineidenurse@gmail.com
3Discente da UNIFTC Juazeiro – BA. e-mail: lucasyere@gmail.com
4Monitora de Trabalho de Conclusão de Curso da UniFTC Juazeiro-BA. e-mail: lorenaans.17@gmail.com.
5Docente da UniFTC Juazeiro-BA. e-mail: prof.ianasouza@gmail.com.