MENTAL HEALTH OF NURSING PROFESSIONALS IN THE CONTEXT OF THE COVID-19 PANDEMIC
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10051854
Milena Vieira Mendes1; Pâmela Thayne Macêdo Sobreira2; Anne Caroline de Souza3; Geane Silva Oliveira4; Rafaela Rolim de Oliveira5; Gyanna Sybelly Silva Matos6; Daniely Pires Garcia7; Eulismenia Alexandre Valério8; Erli Geraldo da Silva Neto9; Orientadora: Renata Lívia Silva Fônseca Moreira de Medeiros10
Resumo:
Introdução: Observando o cenário desde o final de dezembro de 2019, o mundo enfrentou uma crise em decorrência da descoberta de um novo vírus. Após surgirem os primeiros casos, rapidamente se espalhou atingindo pessoas em diferentes níveis de complexidade. Nesse viés, os enfermeiros tiveram que superar diferentes desafios, como ter que sair de casa para combater esse vírus incerto. Com isso, os enfermeiros apresentam uma variedade de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e comportamento social negativo. Objetivos: Analisar a saúde mental do profissional de enfermagem contexto da pandemia do covid-19. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, no qual foi norteada com a base a pergunta: “Como está à saúde a mental dos profissionais de enfermagem no contexto da pandemia do covid-19?”, foi feito um levantamento bibliográfico através da BVS, por meio da base de dados online: LILACS, BDENF e MEDLINE. Para a seleção dos artigos, foi escolhido o operador boleando “AND” combinado aos descritores cadastrados no DECS: Enfermagem; Pandemia COVID 19; Saúde Mental. Dessa forma, para a seleção destes, adotaram-se os critérios de inclusão: todos os artigos em português, texto completo, publicado nos últimos três anos. Foram excluídas teses, monografias e antecedentes há três anos. Após a busca, foram identificados 774 trabalhos, mediante aos descritores, após aplicados os critérios de incluso, restaram 150 que foram selecionados para leitura dos títulos e resumos. Em seguida, restaram 67 artigos para leitura completa e, por fim, foram escolhidos oito artigos para a construção dos resultados desse trabalho. Resultados e discussões: Os estudos discutidos revelam que os enfermeiros enfrentaram problemas de saúde mental durante a pandemia, com destaque para ansiedade, depressão e estresse. As razões incluem longas horas de trabalho, uso de EPIs, incertezas e preocupações com a saúde. “Coronofobia” também é observada. É vital reconhecer o papel crucial dos enfermeiros, proporcionando apoio e segurança no trabalho. Além disso, a criação de espaços de escuta terapêutica pós-pandemia é essencial para abordar os danos psicológicos a longo prazo. Conclusão: Os estudos apresentados destacam uma realidade preocupante: os enfermeiros enfrentam sérios desafios em sua saúde mental, especialmente durante a pandemia de COVID-19. A ansiedade, a depressão e o estresse tornaram-se mais prevalentes entre esses profissionais, amplamente atribuídos às condições de trabalho intensas e à preocupação constante com a infecção.
Palavras-chave: Enfermagem, Pandemia COVID 19, Saúde mental.
Summary: Introduction: Observing the scenario since the end of December 2019, the world faced a crisis due to the discovery of a new virus. After the first cases emerged, it quickly spread, reaching people at different levels of complexity. In this sense, nurses had to overcome different challenges, such as having to leave home to combat this uncertain virus. As a result, nurses experience a variety of mental health problems, including anxiety, depression, post-traumatic stress and negative social behavior. Objectives: To analyze the mental health of nursing professionals in the context of the covid-19 pandemic. Methodology: The present study is a literature review, which was guided by the question: “How is the mental health of nursing professionals in the context of the covid-19 pandemic?”, a survey was carried out bibliographical through the VHL, through the online database: LILACS, BDENF and MEDLINE. To select the articles, the rounding operator “AND” was chosen combined with the descriptors registered in DECS: Nursing; COVID 19 pandemic; Mental health. Therefore, for the selection of these, the inclusion criteria were adopted: all articles in Portuguese, full text, published in the last three years. Theses, monographs and antecedents three years ago were excluded. After the search, 774 works were identified, using the descriptors, after applying the inclusion criteria, 150 remained and were selected for reading the titles and abstracts. Then, 67 articles remained for complete reading and, finally, eight articles were chosen to construct the results of this work. Results and discussions: The discussed studies reveal that nurses faced mental health problems during the pandemic, with emphasis on anxiety, depression and stress. Reasons include working long hours, wearing PPE, uncertainties and health concerns. “Coronophobia” is also observed. It is vital to recognize the crucial role of nurses in providing support and safety at work. In addition, the creation of post-pandemic therapeutic listening spaces is essential to address long-term psychological damage. Conclusion: The presented studies highlight a worrying reality: nurses face serious challenges in their mental health, especially during the COVID-19 pandemic. Anxiety, depression and stress have become more prevalent among these professionals, largely attributed to intense working conditions and constant concern about infection.
Keywords: Nursing, COVID 19 Pandemic, Mental health.
Introdução
Observando o cenário desde o final de dezembro de 2019, o mundo enfrentou uma crise em decorrência da descoberta de um novo vírus. Sendo este uma variante de um vírus pré-existente chamado novo coronavírus (SARS- CoV-2), que causa uma patologia com manifestações que acometem o sistema respiratório (SOUZA et al., 2021).
Diante disso, o pouco conhecimento científico sobre este vírus e sua alta velocidade de propagação, ocasionou a morte de populações vulneráveis, gerando incertezas sobre qual seria a melhor medida a ser utilizada para o enfrentamento dessa pandemia. Visto que, ela se propagou por diferentes partes do mundo (WERMECK; CARVALHO, 2020).
Dessa forma, a sociedade teve que aprender a conviver com algo desconhecido, um vírus que até então não havia um tratamento específico. Logo, o medo e a aflição aparecem como efeitos colaterais dessa pandemia. Ser infectado por um vírus potencialmente mortal, onde este não fora totalmente compreendido, afetou a saúde mental e emocional de muitas pessoas (BARRETO et al., 2021).
Ademais, a pandemia do Corona vírus teve início em 2019 na cidade de Wuhan, na China, onde foi detectado pela primeira vez. Após surgirem os primeiros casos, rapidamente se espalhou atingindo pessoas em diferentes níveis de complexidade, sendo os casos mais graves acometidos de uma insuficiência respiratória aguda que necessitaria de cuidados hospitalares intensivos (ORELLANA; MARRERO; HORTA, 2020).
Em razão disso, logo manifestou-se o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, sendo confirmado em 26 de fevereiro de 2020. Trata-se de um idoso residente em São Paulo/SP que retornou nesta época de uma viagem à Itália. A doença se alastrou rapidamente e em um mês a transmissão comunitária já havia percorrido em algumas cidades (OLIVEIRA et al., 2020).
Diante dessa rápida propagação do vírus no Brasil, estados e municípios adotaram diversas medidas, dentre elas fecharem escolas e comércios. Os trabalhadores foram educados a realizar atividades de casa e alguns municípios optaram por outras medidas dentro de seus próprios limites. As autoridades locais introduziram um bloqueio completo (lockdown) com penalidades para aqueles que descumprissem as regras. Essa restrição social, mostrou-se como a medida mais eficaz para evitar a propagação da doença e refrear a curva de transmissão do corona vírus (MALTA et al., 2020).
Entende-se que, a pandemia foi um grande desafio para os serviços de saúde, devido o imenso número de pessoas infectadas e à demanda de recursos necessários para seu enfrentamento. Entre esses profissionais, destacam-se os enfermeiros, que estão na linha de frente do cuidado ao paciente, antes mesmo da pandemia, no qual demandam mais tempo ao cuidado direto aos pacientes. Neste contexto, a equipe de enfermagem constituem a maior força no enfrentamento da Covid-19 (LEITE et al., 2021).
Porém, para os profissionais de saúde diretamente envolvidos no atendimento ao paciente, as condições e modalidades de trabalho raramente são discutidas. Sabe-se que, até agora os protocolos adotados e as medidas pessoais recomendadas (higiene e uso de EPIS), foram fundamentais, mas, insuficientes para a solução da propagação e exposição ao vírus (FILHO et al., 2020)
Sobretudo, enquanto aguardavam o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz, medidas não farmacêuticas foram tomadas em todo o mundo na tentativa de conter a disseminação do vírus e reduzir sua propagação. Com o objetivo de não espalhar o vírus do hospital para seus entes queridos, alguns profissionais optaram por não ir para casa., outros decidiram deixar seus filhos com seus familiares e sua grande maioria montou “pontos de desinfecção” para entrar em casa (LINDEMANN et al., 2021).
Simultaneamente, até maio de 2022, aproximadamente 6,3 milhões de pessoas morreram como resultado direto da pandemia de COVID-19. Contudo, apesar dos recordes em março e abril de 2021 no Brasil, o número de mortes caiu drasticamente em dezembro devido à evidências de que a vacinação reduz o risco de morte por COVID-19 e de casos apresentados de forma mais grave, especialmente entre os grupos de alto risco (MACIEL et al., 2020).
Nesse ínterim, a vulnerabilidade dos profissionais de saúde foi resultado da sobrecarga e precariedade nos ambientes de trabalho e concordância ao pouco acesso a equipamentos de proteção individual (EPIS). Durante esse período, esses profissionais da linha de frente ficaram mais vulneráveis à contaminação, levando a milhares de mortes por covid 19. Corroborando com isso, o boletim disponibilizado pelo ministério da saúde, relata que a COVID-19 já havia deixado uma marca indelével entre profissionais de saúde, os profissionais mais acometidos estavam: auxiliares e técnicos de enfermagem (34,8%) e os enfermeiros (14,7%), no entanto, esses números refletem um recorte dos casos graves nessa categoria, e não apresentam o total de acometidos pela doença. (MACHADO et al,. 2023).
Por conseguinte, os profissionais que estão ligados à saúde de forma direta ou indiretamente correm o risco de contrair o vírus diariamente, o que significa que estão expostos a um risco elevado de contrair o vírus. Além disso, muitos trabalhadores têm uma carga de trabalho excessiva e condições de trabalho desafiadoras. A exposição desse público ao COVID-19 é um problema sério que precisa ser abordado por meio de medidas eficazes de prevenção e controle de infecções (TEIXEIRA et al., 2020)
Nesse viés, enfermeiros tiveram que superar diferentes desafios, como ter que sair de casa para combater um novo vírus desconhecido, enfrentar o medo de se tornar um registro de casos e mortes, passar muito tempo em plantões exaustivos e ver seus rostos marcados pelo uso de máscaras e por fim, muitos optaram por medidas radicais, como dormir em hotéis para evitar o contato com familiares devido ao risco de contaminação (SILVA, 2020).
O objetivo deste estudo é descrever a saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto da pandemia do covid-19.
Metodologia
Uma revisão de literatura é uma avaliação crítica e análise do corpo de um trabalho que já foi escrito e pesquisado sobre um determinado assunto. Implica uma busca metódica da literatura, seguida de uma avaliação do calibre e aplicabilidade dos estudos. Uma compreensão ampla do assunto deve ser obtida por meio deste estudo, juntamente com lacunas de conhecimento e sugestões para pesquisas futuras. Esta, geralmente, é realizada em várias etapas. O tópico de estudo ou questão de pesquisa é primeiro definido pelo pesquisador. Isso permite que os indivíduos reduzam sua pesquisa por literatura pertinente usando palavras-chave (DORSA, 2020)
Para construção desse estudo, a fim de responder à pergunta norteadora: “Como está à saúde a mental dos profissionais de enfermagem no contexto da pandemia do covid-19?”, foi feito um levantamento bibliográfico através da Biblioteca virtual de saúde (BVS), por meio da base de dados online: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Bases de Dados de Enfermagem (BDENF) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE). Para a seleção dos artigos, foram escolhidos o operador boleando “AND” e os descritores cadastrados nos Descritores em Ciência da Saúde (DECS): Enfermagem; Pandemia COVID 19; Saúde Mental. Dessa forma, para a seleção destes, adotou-se os critérios de inclusão: todos os artigos em português, texto completo, publicado nos últimos três anos. Sendo excluídos teses, monografias e antecedentes há três anos.
Após os achados, os resumos foram lidos e os artigos selecionados criteriosamente para estruturar o trabalho. Foi realizado um levantamento de informações e conhecimentos sobre o tema a partir desses diversos materiais bibliográficos, apresentando as perspectivas de diferentes autores a fim de comparar suas ideias sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto da pandemia do covid-19.
Após a busca, foram identificados 774 trabalhos, mediante aos descritores, após aplicados os critérios de incluso, restaram 150 que foram selecionados para leitura dos títulos e resumos. Em seguida, restaram 67 artigos para leitura completa e, por fim, foram escolhidos oito artigos para a construção dos resultados desse trabalho.
Os resultados serão apresentados em tabelas, gráficos e em seguida analisados à luz da literatura pertinente.
Resultados
Após a leitura, os resultados da busca estarão dispostos abaixo, organizados como autor, ano, título e objetivo.
Quadro-1 – Resultados da revisão sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto da pandemia do covid-19.
AUTOR/ANO | TÍTULO | OBJETIVO |
FERNANDES, Renata Marinho et al., 2023. | Saúde mental da equipe de enfermagem intensivista ante a pandemia da covid-19: revisão integrativa | Identificar, na literatura científica, as condições dasaúde mental do profissional de enfermagem intensivista durante a pandemia da covid-19. |
CENTENARO, Alexa Pupiara Flores Coelho et al., 2022. | Transtornos mentais comuns e fatores associados em trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19 | Analisar as interfaces entre o adoecimento mental, a partir do rastreamento de TMC, e aspectos sociodemográficos, de saúde e hábitos de vida de trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19. |
GALON, Tanyse; NAVARRO, Vera Lucia; GONÇALVES, Angélica Martins de Souza., 2022, | Percepções de profissionais de enfermagem sobre suas condições de trabalho e saúde no contexto da pandemia de COVID-19 | Identificar as condições de trabalho e seus reflexos na saúde de profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19, a partir das percepções dos próprios trabalhadores. |
DA SILVA JUNIOR, Milton Domingues et al., 2023. | Os efeitos da pandemia no bem-estar dos enfermeiros brasileiros no combate ao covid-19: uma revisão de escopo | Identificar e sintetizar os estudos sobre os preditores relacionados a saúde mental entre enfermeiros que atuam na linha de frente no combate ao COVID-19. |
DE SOUSA, Ana Karolyne Siqueira et al., 2022. | Saúde mental da equipe de enfermagem na pandemia da covid–19 | Analisar os fatores estressores e de prevenção percebidos pela equipe de enfermagem durante a pandemia da COVID-19 em uma unidade hospitalar darede pública de Fortaleza, Cearáno ano de 2021. |
SANTOS, Regina Consolação dos et al., 2022. | A saúde mental dos profissionais de enfermagem frente à pandemia do COVID-19: Revisão de literatura | Analisar a saúde mental dos profissionais de enfermagem frente à pandemia do COVID-19. |
AMPOS, Larissa Fonseca et al., 2023. | Implicações da atuação da enfermagem no enfrentamento da COVID-19: exaustão emocional e estratégias utilizadas | Analisar as implicações autopercebidas e as estratégias utilizadas por trabalhadores de enfermagem de unidades dedicadas e não dedicadas à COVID-19 acerca da atuação profissional no enfrentamento da pandemia. |
BEZERRA, Gabriela Duarte et al., 2020. | O impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos profissionais de saúde: revisão integrativa | Identificar os fatores que influenciam na saúde mental dos profissionais de saúde, no enfrentamento da COVID-19. |
Fonte: Autores, 2023.
Discussões
Após a leitura dos artigos, evidenciou-se que, em termos gerais, os enfermeiros apresentam uma variedade de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e comportamento social negativo. Um estudo evidenciou que, durante a pandemia, esses problemas podem ter se agravado ainda mais sendo os mais comuns ansiedade (28,8%), depressão (16,5%) e estresse (8,1%) respectivamente, em mulheres. A pandemia expôs as vulnerabilidades e necessidades dos enfermeiros, destacando a importância de apoiar esses profissionais em seu trabalho essencial e garantir a sua própria saúde e bem-estar (Bezerra et al., 2020).
Há várias razões para o aumento da exaustão emocional entre os enfermeiros que trabalharam durante a pandemia. Isso inclui o aumento das horas de trabalho e das demandas, o uso constante de equipamentos de proteção individual, as frequentes mudanças nas políticas da instituição, a ausência de profissionais doentes ou em grupos de risco, além da constante preocupação em não se infectar ou infectar outras pessoas, e em fornecer um melhor atendimento aos pacientes. Em virtude dessas experiências, os participantes mencionaram que experimentaram dificuldades nos relacionamentos interpessoais, uma vez que estavam mais estressados e irritados ao lidar com seus colegas de equipe, tornando assim a convivência entre os membros da equipe mais desafiadora (Ampos et al., 2023).
Este contexto apresentou desafios significativos para os enfermeiros, representando uma ameaça à sua saúde mental, psicológica e emocional, bem como à saúde geral. A ansiedade entre os enfermeiros que estiveram na linha de frente é principalmente causada pelo temor de contrair o vírus e de transmiti-lo a outras pessoas, incluindo familiares, amigos e colegas. Esse fenômeno, conhecido como “coronofobia”, está se tornou comum na prática clínica e é uma reação ao estresse gerado pela pandemia de COVID-19. Vários fatores que contribuem para o desenvolvimento da “coronofobia” foram identificados, como a incerteza em relação aos tratamentos, a falta de contato humano e uma confiança inadequada nas instituições de saúde (Júnior et al., 2023).
A ansiedade se destacou como o principal problema entre os profissionais de saúde que estiveram na linha de frente da pandemia, de acordo com este estudo. Esses resultados coincidem com pesquisas que indicam um aumento significativo nos níveis de ansiedade em comparação com períodos anteriores. Além disso, a alta prevalência da depressão observada nos estudos analisados é um fator de extrema importância. Isso está relacionado à sobrecarga mental enfrentada pelos enfermeiros, causada pela preocupação com o aumento das taxas de infecção por COVID-19 entre os profissionais e pelo excesso de trabalho em condições inadequadas. O medo foi um sentimento amplamente presente na maioria dos estudos incluídos nesta pesquisa. Os profissionais tinham receios relacionados à possibilidade de contrair o vírus, transmiti-lo aos familiares e, como consequência, causar a morte de seus entes queridos (Fernandes et al., 2023).
Os resultados encontrados sobre o adoecimento psíquico, embora sejam variados em suas descrições, sugerem uma igualdade de significado. Em outras palavras, todos apontam para o fato de que o adoecimento psíquico tem consequências prejudiciais e negativas para o ser humano, indicando uma compreensão comum desse assunto entre os participantes. Essas perturbações mentais são geralmente interpretadas como uma deterioração no funcionamento, impedindo a pessoa de progredir ou realizar atividades diárias normais. Também são percebidas como alterações nas funções psicológicas que afetam o humor e as emoções, sendo consideradas como algo patológico. Por exemplo, a tristeza só é vista como patológica quando diagnosticada como tal. Além disso, fatores como estresse, sobrecarga de trabalho, desequilíbrio geral e incapacidade de lidar com as dificuldades cotidianas são identificados como sintomas e causas que contribuem para o adoecimento psíquico e comportamental (Souza et al., 2022).
Ademais, sabe-se que os profissionais de enfermagem que trabalharam durante a pandemia da COVID-19 estão enfrentando crescentes problemas de saúde mental devido ao medo, à insegurança e à ansiedade relacionada à evolução da doença. Portanto, é crucial que o governo priorize a segurança e o bem-estar dos enfermeiros, reconhecendo o papel vital desempenhado pela enfermagem, especialmente durante crises de saúde pública como uma pandemia. Esse reconhecimento deve ser efetuado por meio de sindicatos, conselhos ou associações, garantindo direitos trabalhistas, proteção social e segurança no trabalho, tanto no setor público quanto no privado (Santos et al., 2022).
Os profissionais de enfermagem experimentaram uma ambivalência emocional em seu trabalho, pois, ao mesmo tempo em que recebiam homenagens e aplausos da população, também enfrentavam frequentes episódios de discriminação e violência. Muitas vezes, esses profissionais foram alvo de agressões físicas e verbais por seguirem protocolos de atendimento baseados em evidências científicas, por atrasos no atendimento devido à sobrecarga dos serviços de saúde ou devido a deficiências estruturais nos sistemas de saúde. Essas deficiências são, em grande parte, resultado de questões como financiamento insuficiente e problemas de gestão (Galon, Navarro, Gonçalves., 2022).
A saúde mental dos enfermeiros que estiveram na linha de frente no combate à COVID-19 requer cuidados especiais. Os administradores de instituições de saúde devem garantir o fornecimento de apoio psicoemocional a esses profissionais, a fim de fortalecer sua resiliência. Após a pandemia, é essencial criar espaços de escuta terapêutica como uma medida crucial, uma vez que alguns enfermeiros podem carregar danos psicológicos como resultados de seu trabalho na linha de frente, mesmo após a pandemia (Coelho et al., 2022).
Conclusão
Portanto, os estudos apresentados proporcionam uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelos enfermeiros em relação à sua saúde mental, principalmente no contexto da pandemia de COVID-19. Eles evidenciam que esses profissionais estão sujeitos a uma série de problemas psicológicos, incluindo ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e comportamento social negativo. Os motivos para esse aumento na exaustão emocional são multifacetados, envolvendo longas jornadas de trabalho, demandas crescentes, uso constante de equipamentos de proteção individual, mudanças frequentes nas políticas institucionais e a constante preocupação em não contrair ou transmitir o vírus. Isso teve um impacto direto nas relações interpessoais entre os enfermeiros, tornando a convivência na equipe mais desafiadora.
Referências
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1Acadêmica de enfermagem pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB;
2Acadêmica de enfermagem pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB.
pamelaroyale456@gmail.com;
3Enfermeira formada pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB.
Docente do Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. annekarolynne11@gmail.com;
4Enfermeira mestre formada pela UFPB, João Pessoa, PB.
Docente do Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB; geane32.silva@gmail.com;
5Enfermeira, especialista em saúde pública pelo UNIFSM. Raphaellacz@hotmail.com;
6Graduada em Enfermagem pela Faculdade Santa Emília de Rodat;
Docente do Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. gyannauti@gmail.com;
7Acadêmica de enfermagem pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. daniely.pires05@gmail.com;
8Acadêmica de enfermagem pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. eulismenia05@gmail.com;
9Acadêmico de enfermagem pelo Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. silvaerlineto@gmail.com;
10Enfermeira Doutora pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, FCMSCSP. Docente do Centro Universitário Santa Maria, Cajazeiras, PB. renaliviamoreira@hotmail.com