SAÚDE MENTAL DA MULHER NOS DIAS ATUAIS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12705928


Camila Maria Matias Da Silva
Orientador: Professor: Gustavo Pontes


RESUMO

O Ministério da Saúde divulgou no seu documento de Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher alguns princípios e diretrizes importantes sobre a saúde da mulher. Sendo assim, além de informar sobre o conceito de saúde da mulher, também diz como garantir bem-estar físico e emocional para a população feminina, entre outros temas. Dessa forma, segundo o ministério, saúde da mulher não é apenas o cuidado para evitar uma enfermidade, doença ou manter a qualidade do sistema reprodutivo, como se a atenção às mulheres ficasse restrita à anatomia do corpo feminino. Pelo contrário, o documento completo, elaborado em 2004, apresenta a saúde da mulher de maneira abrangente, garantindo a importância do bem-estar físico e mental. Antigamente, a preocupação com a saúde da mulher ficava muito restrita à reprodução e à gestação. De 2004 em diante, houve uma mudança de postura no Sistema Público de Saúde (SUS), a fim de criar uma rede de assistência especial às mulheres de 10 a 49 anos, que fazem parte do grupo em idade reprodutiva. A criação da Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher foi um passo importante no país, especialmente por chamar a atenção de toda a sociedade para temas que, antes, eram considerados tabus. Exemplos disso são a liberdade, a segurança e a saúde integral da mulher.

Palavras – Chave: Mulher. Saúde. Política.

ABSTRACT

The Ministry of Health published in its National Policy for Integral Attention to Women’s Health document some important principles and guidelines on women’s health. Therefore, in addition to informing about the concept of women’s health, it also tells how to ensure physical and emotional well-being for the female population, among other topics. Thus, according to the ministry, women’s health is not just care to avoid illness or disease or maintain the quality of the reproductive system, as if attention to women were restricted to the anatomy of the female body. On the contrary, the complete document, elaborated in 2004, presents women’s health in a comprehensive way, guaranteeing the importance of physical and mental well-being. In the past, concern for women’s health was very limited to reproduction and pregnancy. From 2004 onwards, there was a change in attitude in the Public Health System (SUS), in order to create a special assistance network for women aged 10 to 49, who are part of the group of reproductive age. The creation of the National Policy for Women’s Health Care was an important step in the country, especially for drawing the attention of society as a whole to issues that were previously considered taboo. Examples of this are women’s freedom, security and integral health.

Keywords: Woman. Health. Policy.

INTRODUÇÃO

As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%) e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Frequentam os serviços de saúde para o seu próprio atendimento, mas, sobretudo, acompanhando crianças e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos. São também cuidadoras, não só das crianças ou outros membros da família, mas também de pessoas da vizinhança e da comunidade.

A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de trabalho, moradia e renda. No caso das mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as desigualdades. As mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem mais frequentemente. A vulnerabilidade feminina frente a certas doenças e causas de morte está mais relacionada com a situação de discriminação na sociedade do que com fatores biológicos.

Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma realidade na qual convivem doenças dos países desenvolvidos (cardiovasculares e crônico-degenerativas) com aquelas típicas do mundo subdesenvolvido (mortalidade materna e desnutrição). Os padrões de morbimortalidade encontrados nas mulheres revelam também essa mistura de doenças, que seguem as diferenças de desenvolvimento regional e de classe social.

Dentro da perspectiva de buscar compreender essa imbricação de fatores que condicionam o padrão de saúde da mulher, este documento analisa, sob o enfoque de gênero, os dados epidemiológicos extraídos dos sistemas de informação do Ministério da Saúde e de documentos elaborados por instituições e pessoas que trabalham com esse tema. Propõe diretrizes para a humanização e a qualidade do atendimento, questões ainda pendentes na atenção à saúde das mulheres. Toma como base os dados epidemiológicos e as reivindicações de diversos segmentos sociais para apresentar os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher para o período de 2004 a 2007.

Encontram-se na literatura vários conceitos sobre saúde da mulher. Há concepções mais restritas que abordam apenas aspectos da biologia e anatomia do corpo feminino e outras mais amplas que interagem com dimensões dos direitos humanos e questões relacionadas à cidadania. Nas concepções mais restritas, o corpo da mulher é visto apenas na sua função reprodutiva e a maternidade torna-se seu principal atributo. A saúde da mulher limita-se à saúde materna ou à ausência de enfermidade associada ao processo de reprodução biológica. Nesse caso estão excluídos os direitos sexuais e as questões de gênero (COELHO, 2003).

Em 1994, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a saúde reprodutiva foi definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos, e não apenas mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo” (CIPD, 1994).

Nessa definição, toma-se como referência o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), e são incorporadas dimensões da sexualidade e da reprodução humana numa perspectiva de direitos. No entanto, apesar do avanço em relação a outras definições, o conceito da CIPD fica restrito à saúde reprodutiva e não trata a saúde-doença como processo na perspectiva da epidemiologia social, o que vem sendo bastante discutido desde o final dos anos 60.

A saúde e a doença estão intimamente relacionadas e constituem um processo cuja resultante está determinada pela atuação de fatores sociais, econômicos, culturais e históricos. Isso implica em afirmar que o perfil de saúde e doença varia no tempo e no espaço, de acordo com o grau de desenvolvimento econômico, social e humano de cada região (LAURELL, 1982).

As desigualdades sociais, econômicas e culturais se revelam no processo de adoecer e morrer das populações e de cada pessoa em particular, de maneira diferenciada. De acordo com os indicadores de saúde, as populações expostas a precárias condições de vida estão mais vulneráveis e vivem menos. O relatório sobre a situação da População Mundial (2002) demonstra que o número de mulheres que vivem em situação de pobreza é superior ao de homens, que as mulheres trabalham durante mais horas do que os homens e que, pelo menos, metade do seu tempo é gasto em atividades não remuneradas, o que diminui o seu acesso aos bens sociais, inclusive aos serviços de saúde.

Levando em consideração que as históricas desigualdades de poder entre homens e mulheres implicam num forte impacto nas condições de saúde destas últimas (ARAÚJO, 1998), as questões de gênero devem ser consideradas como um dos determinantes da saúde na formulação das políticas públicas.

O gênero, como elemento constitutivo das relações sociais entre homens e mulheres, é uma construção social e histórica. É construído e alimentado com base em símbolos, normas e instituições que definem modelos de masculinidade e feminilidade e padrões de comportamento aceitáveis ou não para homens e mulheres. O gênero delimita campos de atuação para cada sexo, dá suporte à elaboração de leis e suas formas de aplicação. Também está incluída no gênero a subjetividade de cada sujeito, sendo única sua forma de reagir ao que lhe é oferecido em sociedade. O gênero é uma construção social sobreposta a um corpo sexuado. É uma forma primeira de significação de poder (SCOTT, 1989).

Gênero se refere ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o que significa ser homem ou ser mulher. Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais. Os desequilíbrios de gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais, assim como nas identidades, atitudes e comportamentos das pessoas. As desigualdades de gênero tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e a discriminação de classe, raça, casta, idade, orientação sexual, etnia, deficiência, língua ou religião, dentre outras (HERA, 1995).

Da mesma maneira que diferentes populações estão expostas a variados tipos e graus de risco, mulheres e homens, em função da organização social das relações de gênero, também estão expostos a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte. Partindo-se desse pressuposto, é imprescindível a incorporação da perspectiva de gênero na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos de cidadania da mulher.

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares.

Há análises que demonstram que esses programas preconizavam as ações materno-infantis como estratégia de proteção aos grupos de risco e em situação de maior vulnerabilidade, como era o caso das crianças e gestantes. Outra característica desses programas era a verticalidade e a falta de integração com outros programas e ações propostos pelo governo federal. As metas eram definidas pelo nível central, sem qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações locais. Um dos resultados dessa prática é a fragmentação da assistência (COSTA, 1999) e o baixo impacto nos indicadores de saúde da mulher.

No âmbito do movimento feminista brasileiro, esses programas são vigorosamente criticados pela perspectiva reducionista com que tratavam a mulher, que tinha acesso a alguns cuidados de saúde no ciclo gravídico-puerperal, ficando sem assistência na maior parte de sua vida. Com forte atuação no campo da saúde, o movimento de mulheres contribuiu para introduzir na agenda política nacional, questões, até então, relegadas ao segundo plano, por serem consideradas restritas ao espaço e às relações privadas. Naquele momento tratava-se de revelar as desigualdades nas condições de vida e nas relações entre os homens e as mulheres, os problemas associados à sexualidade e à reprodução, as dificuldades relacionadas à anticoncepção e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a sobrecarga de trabalho das mulheres, responsáveis pelo trabalho doméstico e de criação dos filhos (ÁVILA; BANDLER, 1991).

As mulheres organizadas argumentavam que as desigualdades nas relações sociais entre homens e mulheres se traduziam também em problemas de saúde que afetavam particularmente a população feminina. Por isso, fazia-se necessário criticá-los, buscando identificar e propor processos políticos que promovessem mudanças na sociedade e consequentemente na qualidade de vida da população.

Posteriormente, a literatura vem demonstrar que determinados comportamentos, tanto dos homens quanto das mulheres, baseados nos padrões hegemônicos de masculinidade e feminilidade, são produtores de sofrimento, adoecimento e morte (OPAS, 2000).

Com base naqueles argumentos, foi proposto que a perspectiva de mudança das relações sociais entre homens e mulheres prestasse suporte à elaboração, execução e avaliação das políticas de saúde da mulher. As mulheres organizadas reivindicaram, portanto, sua condição de sujeitos de direito, com necessidades que extrapolam o momento da gestação e parto, demandando ações que lhes proporcionassem a melhoria das condições de saúde em todas os ciclos de vida. Ações que contemplassem as particularidades dos diferentes grupos populacionais, e as condições sociais, econômicas, culturais e afetivas, em que estivessem inseridos.

Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL, 1984).

O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a integralidade e a equidade da atenção, num período em que, paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres (BRASIL, 1984).

O processo de construção do SUS tem grande influência sobre a implementação do PAISM. O SUS vem sendo implementado com base nos princípios e diretrizes contidos na legislação básica: Constituição de 1988, Lei n.º 8.080 e Lei n.º 8.142, Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS), editadas pelo Ministério da Saúde. Particularmente com a implementação da NOB 96, consolida-se o processo de municipalização das ações e serviços em todo o País. A municipalização da gestão do SUS vem se constituindo num espaço privilegiado de reorganização das ações e dos serviços básicos, entre os quais se colocam as ações e os serviços de atenção à saúde da mulher, integrados ao sistema e seguindo suas diretrizes.

O processo de implantação e implementação do PAISM apresenta especificidades no período de 84 a 89 e na década de 90, sendo influenciado, a partir da proposição do SUS, pelas características da nova política de saúde, pelo processo de municipalização e principalmente pela reorganização da atenção básica, por meio da estratégia do Programa Saúde da Família. Estudos realizados para avaliar os estágios de implementação da política de saúde da mulher demonstram a existência de dificuldades na implantação dessas ações e, embora não se tenha um panorama abrangente da situação em todos os municípios, pode-se afirmar que a maioria enfrenta ainda dificuldades políticas, técnicas e administrativas.

Visando ao enfrentamento desses problemas, o Ministério da Saúde editou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 2001), que “amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica, define o processo de regionalização da assistência, cria mecanismos para fortalecimento da gestão do SUS e atualiza os critérios de habilitação para os estados e municípios” (BRASIL, 2001).

Na área da saúde da mulher, a NOAS estabelece para os municípios a garantia das ações básicas mínimas de pré-natal e puerpério, planejamento familiar e prevenção do câncer de colo uterino e, para garantir o acesso às ações de maior complexidade, prevê a conformação de sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da organização dos territórios estaduais (COELHO, 2003).

A delimitação das ações básicas mínimas para o âmbito municipal é resultante do reconhecimento das dificuldades para consolidação do SUS, e das lacunas que ainda existem na atenção à saúde da população. Porém, essa proposta não abrange todo o conjunto de ações previstas nos documentos que norteiam a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que passa a contemplar, a partir de 2003, a atenção a segmentos da população feminina ainda invisibilidades e a problemas emergentes que afetam a saúde da mulher (BRASIL, 2003d).

O nível federal de administração também apresentou, na última década, dificuldades e descontinuidade no processo de assessoria e apoio para implementação do PAISM, observando-se mudanças a partir de 1998, quando a saúde da mulher passa a ser considerada uma prioridade de governo.

O balanço institucional das ações realizadas no período de 1998 a 2002, elaborado por Correa e Piola, indica que, nesse período, trabalhou-se na perspectiva de resolução de problemas, priorizando-se a saúde reprodutiva e, em particular, as ações para redução da mortalidade materna (pré-natal, assistência ao parto e anticoncepção). Segundo os autores, embora se tenha mantido como imagem-objetivo a atenção integral à saúde da mulher, essa definição de prioridades dificultou a atuação sobre outras áreas estratégicas do ponto de vista da agenda ampla de saúde da mulher. Essa perspectiva de atuação também comprometeu a transversalidade de gênero e raça, apesar de se perceber um avanço no sentido da integralidade e uma ruptura com as ações verticalizadas do passado, uma vez que os problemas não foram tratados de forma isolada e que houve a incorporação de um tema novo como a violência sexual (CORREA; PIOLA, 2002).

Nesse balanço são apontadas ainda várias lacunas como atenção ao climatério/menopausa; queixas ginecológicas; infertilidade e reprodução assistida; saúde da mulher na adolescência; doenças crônico-degenerativas; saúde ocupacional; saúde mental; doenças infectocontagiosas e a inclusão da perspectiva de gênero e raça nas ações a serem desenvolvidas.

Em 2003, a Área Técnica de Saúde da Mulher identifica ainda a necessidade de articulação com outras áreas técnicas e da proposição de novas ações, quais sejam: atenção às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias e lésbicas e a participação nas discussões e atividades sobre saúde da mulher e meio ambiente.

DESENVOLVIMENTO

Mesmo que o sofrimento psíquico seja comum a todas as pessoas, os impactos são diferentes para alguns grupos. Isso porque quando falamos em saúde mental é preciso considerar os determinantes sociais que atravessam o tema, como acesso à educação, moradia, alimentação, trabalho, transporte, cultura, entre outros. Com a pandemia, as desigualdades sociais foram agravadas e a saúde mental das mulheres especialmente afetada.

Por isso é necessário ter olhares segmentados para a saúde mental e priorizar alguns grupos que merecem atenção e cuidado de forma mais atenta. Não podemos pensar soluções únicas, que tratem da mesma forma sofrimentos que têm atravessamentos diferentes, precisamos propor abordagens específicas para cada público para promover, de forma adequada e assertiva, a cultura de promoção e prevenção em saúde mental.

Na impossibilidade de atacar todos os problemas de uma única vez de forma efetiva e consistente, elegemos adolescentes e mulheres como públicos prioritários para focar nossas ações aqui no Instituto Cactus. Elas são as principais responsáveis por práticas de cuidado, predominando em categorias como educadoras, enfermeiras, assistentes sociais, entre outras, além de referências em seus núcleos familiares. São importantes vetores de mudança e têm recebido uma atenção insuficiente quando o tema é saúde mental.

Entendo que as mulheres trazem questões relevantes que merecem ser priorizadas na compreensão e abordagem da saúde mental. Para ilustrar esse argumento, elenquei 8 dados sobre a saúde mental das mulheres, todos disponíveis no levantamento Caminhos em Saúde Mental, que foi lançado em 2021 em parceria com o

Instituto Veredas. Confira:

  1. Prevalência em condições de saúde mental: segundo dados uma em cada cinco mulheres apresenta Transtornos Mentais Comuns (TMC) e a taxa de depressão é, em média, mais do que o dobro da taxa de homens com o mesmo sofrimento, podendo ainda ser mais persistente nas mulheres. A prevalência de condições de saúde mental é maior nas mulheres e isso vai muito além da perspectiva biológica.
    Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, o gênero implica diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental, por conta de diferentes processos biológicos e relações sociais. Ser mulher perpassa papéis, comportamentos, atividades e oportunidades que determinam o que se pode experimentar ao longo da vida e, portanto, estabelece vivências estruturalmente diferentes daquelas experimentadas pelos homens.
  2. Sobrecarga e trabalho: apontada como um dos principais fatores que deixam as mulheres especialmente vulneráveis aos sofrimentos psicológicos, a sobrecarga física e mental de trabalho é um enorme desafio. Em mulheres com alta sobrecarga doméstica, o número de mulheres com TMC vai de 1 a cada 5 mulheres para 1 a cada 2 mulheres. A baixa qualidade do emprego que atinge diversas mulheres, com predomínio da informalidade, do caráter temporário e da precariedade dos vínculos, também pode gerar temor e ansiedade, cenário que pode piorar quando somado ao trabalho em casa, onde as mulheres têm de administrar o trabalho remunerado e tarefas domésticas. Além disso, padrões irregulares de carreira, tempo fora do mercado de trabalho para cuidar dos filhos e para o trabalho de casa, licença maternidade, doenças físicas e questões de saúde mental podem afetar a percepção sobre a disponibilidade e compromentimento da mulher, sobre a qual se baseiam muitas contratações, levando à discriminação e exclusão do mercado de trabalho.
  3. As diferenças começam ao “nascer mulher” e os impactos se arrastam por toda a vida: é durante o período da adolescência que as normas de gênero são consolidadas e com isso se intensifica a discriminação de gênero. Normas de gênero podem limitar a capacidade das meninas de viajar ou frequentar a escola, os lugares em que podem ir ou o tipo de interações sociais que podem ter, além de limitar as expectativas do que podem ter, a forma de tratamento, as possibilidades, poder e recursos. As meninas são mais propensas do que os meninos a se casarem quando crianças, a abandonar a escola e a experimentar iniciação sexual forçada. As meninas que se casam antes dos 18 anos ou engravidam precocemente podem encontrar menos oportunidades de educação e emprego remunerado, menor capacidade de tomada de decisões e maior risco de violência por parceiro íntimo.
  4. Suícidio e automultilação: os dados anteriores impactam também os dados sobre tentativas de suicídio – mulheres são duas vezes mais propensas. 65 mil pessoas morrem por suicídio por ano nas Américas, com taxa acima de 7 pessoas para cada 100 mil habitantes. No Brasil, estudos recentes apontam que as maiores taxas de crescimento de suicídios estão entre mulheres e nas regiões nordeste e norte, além de haver importante ocorrência entre indígenas. Em relação à violência autoprovocada, entre 2011 e 2018, o Brasil apresentou quase 340 mil notificações. Desse total, 45% dos episódios foram observados em jovens entre 15 e 29 anos, sendo 67% deles em mulheres. Em sociedades em que o acesso à educação sexual, a contracepção e o aborto seguro são limitados, as meninas que engravidam fora do casamento podem acreditar que autoagressão ou suicídio são suas únicas alternativas.
  5. Racismo: a discriminação racial afeta a saúde mental de pessoas negras e, quando pensamos em mulheres negras, soma-se a discriminação de gênero e temos um contexto de dupla opressão. Como consequência, elas podem internalizar as características negativas que lhes são atribuídas, prejudicando a autoestima, e o sentimento de inferioridade gerado pode prejudicar as relações sociais, favorecendo o isolamento, o que muitas vezes é confundido com timidez ou agressividade. Também podem desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, os quais podem se desdobrar no suicídio.
  6. Violências contra mulheres: a saúde mental das mulheres também pode ser impactada por serem vítimas de violência psicológica, física, sexual e institucional, resultado de uma gama de práticas sociais e culturais machistas. Mulheres que foram expostas a violências na infância parecem apresentar maior risco para revitimização na vida adulta, não raro apresentando episódios depressivos, de ansiedade, estresse ou relações prejudiciais com a alimentação e drogas. Quase 30% das meninas adolescentes entre 15 e 19 anos relatam violência física e/ou sexual ao longo da vida por um parceiro íntimo e têm mais chances que os meninos de serem infectadas por HIV. Mulheres vitimadas por parceiros íntimos podem reproduzir comportamentos violentos e, potencialmente, sofrem posterior exclusão social, assim como julgamentos baseados no gênero, o que dificulta o acesso ao acolhimento em saúde. Em algumas culturas, mulheres e meninas, comumente são expostas à violência e práticas como contracepção, aborto e esterilização forçados.
  7. Estigmas e medicalização: A falta de compreensão e a fragmentação nos serviços de saúde é um desafio importante nos cuidados em saúde mental das mulheres. Os profissionais admitem que nos atendimentos, no geral, as mulheres se calam sobre a violência de gênero, ao mesmo tempo em que intensificam a procura por serviços de saúde, sendo estereotipadas como “poliqueixosas”. Arquétipo que, além de prejudicar as estratégias de tratamento, é também uma forma de violência institucional contra mulheres, que muitas vezes enfrentam o estigma no próprio processo de tratamento. Ser mulher é um preditor para receber mais prescrições de medicações psiquiátricas que atuam sobre o humor, inclusive em doses excessivas, que podem ocasionar outras queixas de saúde.
  8. Em crises, elas também são mais impactadas: A crise provocada pela pandemia de Covid-19 agravou muito esse cenário. Com a perda da renda e o aumento da desigualdade de renda e de acesso a serviços, os efeitos da crise socioeconômica na saúde mental são ainda piores para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Com o isolamento social, a disparidade de gênero, a violência doméstica e a sobrecarga das mulheres aumentaram, ao mesmo tempo em que as redes de suporte diminuíram. Todas essas consequências da crise sanitária afetam de forma ainda mais relevante a saúde mental das mulheres.
 OBJETIVOS
Objetivos Gerais
  • Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro.
  • Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie.
  • Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde.
Objetivos Específicos
  • Fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica na rede SUS.
  • Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo a assistência à infertilidade;
  • Garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população em idade reprodutiva;
  • Ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais;
  • Estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas ações de planejamento familiar.
 METODOLOGIA CIENTÍFICA

No Brasil, as mulheres formam a maioria: elas são 51,7% da população brasileira. Mesmo assim, a preocupação com certos temas referentes a elas ainda é recente. O cuidado com a saúde da mulher, por exemplo, tem pouco mais de 3 décadas, em relação às políticas e aos protocolos.

De qualquer forma, é indispensável ter máximo cuidado com esse aspecto. Mesmo com um cotidiano mais atribulado, dar atenção ao seu bem-estar e à qualidade de vida faz toda a diferença. Assim, é possível aumentar sua expectativa de vida e melhorar o seu dia a dia.

Você sabia que os cuidados com a saúde da mulher só foram inseridos nas políticas nacionais de saúde nas décadas iniciais do século XX? Antes disso, a temática ficou restrita quase que exclusivamente às questões relacionadas à gestação e aos partos.

Mas, em meados dos anos 1950, outras medidas começaram a ganhar nova proporção, como o combate à desnutrição e os cuidados com o planejamento familiar. Ao final da década de 1970, a assistência materno-infantil cresceu bastante, com atenção aos cuidados ao período anterior à concepção do bebê e bem-estar da mãe.

Nos anos posteriores, foram adotadas novas diretrizes para grupos vulneráveis e atendimento a outras exigências, como sobre os direitos sexuais e reprodutivos. Atualmente existem planos e instruções claras para o rastreamento de diversas doenças (como o câncer de mama ou o câncer do colo do útero), além de boas práticas para dar liberdade de escolha e autonomia sobre o próprio corpo.

Os 7 principais cuidados para a saúde da mulher

Cada mulher tem necessidades específicas quanto à atenção com a saúde e o bem-estar. No entanto, algumas recomendações gerais são importantes para melhorar a qualidade de vida e aumentar a segurança. Na sequência, confira quais são 7 cuidados especiais referentes à saúde da mulher.

1. Tenha uma alimentação saudável

Embora seja uma recomendação universal, a alimentação saudável é parte fundamental da saúde feminina. Como as mulheres têm maior tendência para acumular gordura em certas partes do corpo, o cuidado com o cardápio diário faz a diferença para controlar níveis relevantes — como os números referentes ao colesterol. Não se trata de fazer dietas restritivas e, sim, de garantir uma nutrição adequada.

2. Pratique atividades físicas

Também é importante cuidar do seu bem-estar físico. Por isso, praticar atividades e exercícios é uma excelente medida. Não é preciso viver na academia, mas a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é praticar 30 minutos diários de atividade moderada, por 5 vezes na semana. Dessa maneira, você foge do sedentarismo e deixa o corpo mais saudável.

3. Realize exames periodicamente

Fazer um check-up é indispensável para diagnosticar doenças de forma precoce e receber as orientações corretas. Ao menos uma vez por ano, é preciso realizar exames importantes, como a mamografia ou o papanicolau. A frequência pode ser menor, dependendo da idade, do histórico familiar e de outros fatores de risco.

4. Visite o médico com frequência

As visitas ao médico especializado na saúde da mulher não devem acontecer apenas para a realização de exames. Se notar qualquer sintoma ou desconforto, é preciso procurar um especialista para receber o diagnóstico e o tratamento adequados. Também é importante conversar com especialistas para definir métodos de contracepção ou tirar dúvidas sobre o próprio corpo, por exemplo.

5. Dê atenção à saúde mental

A saúde da mulher não é representada apenas pela parte física. Também é necessário cuidar da saúde mental, especialmente diante de problemas psicológicos. Quadros como depressão, ansiedade e estresse têm que ser tratados corretamente para garantir bem-estar no cotidiano.

6. Cuide da higiene íntima

Dar atenção à sua região íntima é indispensável para evitar infecções comuns, como a candidíase. É crucial usar apenas produtos recomendados para a área (e pelo médico), além de evitar uma limpeza agressiva. Também é importante ter cuidado com alguns hábitos, como não usar roupas muito apertadas, não ficar com a roupa íntima ou biquíni molhado um longo tempo e não compartilhar certos objetos pessoais.

7. Previna-se contra doenças

Para mulheres com vida sexual ativa, é essencial eleger corretamente métodos de prevenção de doenças e de contracepção. O uso de preservativo ainda é o método mais eficaz para prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Também é indispensável ter atenção aos relacionamentos e fazer testes frequentes quanto a essas doenças.

A importância de conhecer o próprio corpo

Uma parte essencial para cuidar da saúde da mulher é conhecer o próprio corpo. Dar atenção para si, com um cuidado especial, faz toda a diferença para ter mais bem-estar e resultados melhores.

Ficar de olho no organismo permite identificar sinais que devem receber a atenção de um médico — por menores que sejam. Se você controla sua menstruação e sabe que ela está atrasada de uma forma atípica, pode marcar uma consulta com o ginecologista para ver se está tudo bem.

Com o autoexame de mama, por exemplo, é possível identificar algum carocinho ou protuberância entre uma mamografia e outra. Avaliar sintomas diversos, como dores de cabeça, mudanças de humor ou flutuações no peso, é igualmente importante. Tudo isso permite que você busque ajuda de forma antecipada. Se houver alguma doença, o diagnóstico será precoce e as chances de cura serão maiores.

Inclusive, isso também é positivo do ponto de vista da sexualidade. Explorar seu corpo é o melhor modo a encontrar satisfação completa e, assim, ter uma vida sexual totalmente saudável.

As principais mudanças no corpo feminino

A Dra. Ana Paula Avritscher Beck é ginecologista e obstetra no Hospital Israelita Albert Einstein. Com muita experiência na área, a profissional de saúde da mulher compartilhou seus conhecimentos sobre as transformações que acontecem no organismo.

Quer saber quais são as principais mudanças ao longo das fases da vida? Veja quais são os pontos de destaque!

Durante a puberdade

Na infância, uma menina tem os hormônios bloqueados, ou seja, eles ainda não circulam pelo organismo. É na puberdade que isso começa a mudar. Esse período marca a transição para a fase adulta e é acompanhado por uma série de eventos.

Em geral, a fase ocorre dos 8 aos 13 anos e inclui diversas mudanças. Nesse período, há o chamado “estirão” de crescimento, que é uma fase de grande desenvolvimento para a menina.

Além disso, é nessa fase em que passa a haver a circulação de hormônios como progesterona, estrógeno, FSH e LH. Essa mudança é muito importante, pois causa alguns impactos como:

  • Aparecimento das mamas;
  • Crescimento dos pelos, inclusive na região púbica;
  • Acúmulo de gordura no quadril;      
  • Regulação do ciclo menstrual.

Essa fase é marcada pelo crescimento hormonal, até que ocorra a completa maturidade sexual do corpo.

Durante a gestação

A gravidez é um dos períodos com mais modificações na saúde da mulher. O corpo inteiro se modifica para receber a gestação e para o parto. E olha que são muitas modificações nesse período.

Nos 3 primeiros meses, a mulher entra em um estado conhecido como catabólico. Há um grande acúmulo de energia e até de sangue. O fluido será usado no parto e isso permite perder um sangue menos “nobre”, o que acelera a recuperação.

No segundo trimestre, o crescimento do bebê está a todo vapor e a barriga também começa a aparecer. Em alguns casos, o peso da barriga pode causar alguns desconfortos, como a dor nas costas.

No terceiro trimestre, os seios começam a se preparar para a amamentação e pode ocorrer uma retenção de líquidos. A pressão exercida pelo bebê pode causar mais desconfortos e até dificuldade para dormir. Como a relação entre gestante e remédios é delicada, somente um especialista pode ajudar a aliviar essas questões. Há, ainda, uma preparação física do quadril para o parto e começam a acontecer contrações de treino.

O corpo da mulher após o parto também fica diferente. A amamentação vai consumir muitas calorias e líquidos do corpo, o que ajudará na queima de gordura. O abdômen começa a voltar ao normal, assim como o útero. Os hormônios entram em equilíbrio novamente, após o chamado puerpério. A atividade física após o parto é recomendada pelo médico, de acordo com as condições físicas e de saúde.

Durante a menopausa

Apesar de a menopausa ser, de fato, a última menstruação, ela também serve como sinônimo do climatério. Essa é a fase de transição entre a vida fértil e o encerramento do ciclo de fertilidade do corpo feminino.

Nessa fase, há uma queda abrupta de hormônios, até que o ovário interrompa definitivamente suas funções. Algumas mulheres fazem a reposição hormonal, mas quem passou por tratamentos de câncer de mama, geralmente, precisa buscar alternativas.

Essa fase também é marcada por mudanças como:

  • Aumento no acúmulo de gordura abdominal;
  • Ressecamento da pele, inclusive na região vaginal;
  • Diminuição da libido sexual;
  • Cabelos e unhas quebradiças;
  • Pele ressecada;
  • Ondas de calor (conhecidas como fogachos);
  • Insônia;
  • Oscilações de humor.

É um período que ocorre, em média, dos 45 aos 55 anos. No entanto, cada mulher tem características próprias.

A importância do cuidado com o sistema reprodutor

O sistema reprodutor feminino é uma parte indispensável para a saúde da mulher. Mesmo que você não tenha a intenção de engravidar, essa parte tem tudo a ver com os níveis hormonais e diversos processos do organismo. Se ocorrer um desequilíbrio nas taxas hormonais, você pode sofrer impactos psicológicos e físicos.

O cuidado com o sistema reprodutor também tem a ver com a proteção contra doenças. A prática de relações sexuais desprotegidas e de risco pode levar à transmissão de várias DSTs, como vimos.

Também é uma questão ligada ao prazer sexual, ao bem-estar e à qualidade de vida. Se você não der atenção para as questões ligadas a esse sistema, corre o risco de ter algum problema de saúde ou mesmo em seus relacionamentos.

Menstruação

A primeira menstruação é chamada de menarca e acontece em um momento de desaceleração do crescimento da puberdade. Nesse caso e ao longo de toda a vida, ela ocorre graças à ação dos hormônios femininos.

Esse processo nada mais é que a descamação do endométrio. Afinal, todos os meses, o útero se prepara para receber uma gestação. Quando a gravidez não acontece, esse revestimento interno é liberado na forma de menstruação.

Ciclo menstrual

Outro conceito importante tem a ver com o ciclo menstrual. Ele representa o período entre uma menstruação e outra e costuma variar de 24 a 38 dias. No entanto, cada mulher tem a própria frequência.

O que também varia de uma pessoa para outra é o fluxo menstrual. A intensidade e a duração do sangramento são características particulares. Na média, o processo acontece de 4 a 5 dias, com uma diminuição progressiva.

De qualquer forma, o ciclo menstrual é regulado pelas mudanças nos níveis hormonais. É assim que o corpo entende que não há uma gravidez e que o endométrio deve ser liberado.

Período fértil

O período fértil representa o momento em que a mulher está mais apta à gestação. Isso acontece porque é nessa fase em que há a liberação do óvulo, por parte dos ovários. O óvulo viaja por meio das trompas e, se for fecundado por um espermatozoide, ocorrerá a gestação.

Do contrário, o óvulo não se fixa no endométrio e é liberado, antes que ocorra a menstruação. Para quem não deseja engravidar, é o período que exige maior atenção quanto à contracepção.

Os impactos do anticoncepcional para a saúde da mulher

O anticoncepcional ainda é um dos métodos mais utilizados para evitar uma gravidez indesejada. Ele também pode ser usado por mulheres com outras condições, como hormônios desregulados e síndrome do ovário policístico (SOP), por exemplo.

Por conter doses hormonais distintas, deve ser prescrito por um médico, de acordo com as necessidades de cada organismo. Mesmo assim, é um medicamento que tem alguns impactos na saúde da mulher. Entre possíveis efeitos colaterais, estão:

  • Redução ou eliminação dos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM);
  • Retenção de líquidos;
  • Maior sensibilidade física, como nos seios;
  • Ganho de peso;
  • Mudanças de humor;
  • Alteração no nível de energia;
  • Mudanças na pele, como surgimento de espinhas;
  • Diminuição da libido.

No entanto, a maioria desses impactos é passageiro, após a adaptação ao medicamento. Com o uso acompanhado por um médico, os riscos são menores. Por outro lado, alguns anticoncepcionais podem afetar a saúde da mulher de maneira mais séria. Há riscos associados à trombose e ao sistema cardiovascular, por exemplo.

As mulheres e a síndrome do burnout

Quando falamos na saúde da mulher, é essencial entender que o papel feminino na sociedade tem grande influência nesse cuidado. Com a independência para o mercado de trabalho, ocorrida junto à criação do anticoncepcional, as mulheres assumiram novas responsabilidades.

No entanto, ainda existe o que é chamado de jornada dupla. As mulheres trabalham 3 horas a mais que os homens, por dia, por causa desse cenário. Afinal, muitas assumem o papel de cuidar da casa e dos filhos, o que se soma às responsabilidades do trabalho. É por isso que a relação entre o público feminino e a Síndrome de Burnout merece atenção.

Esse quadro, também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, é mais comum nas mulheres pelo acúmulo de funções e pelo estresse associado ao cotidiano. O quadro é marcado por sintomas como:

  • Cansaço físico e emocional, em nível de esgotamento;
  • Dores de cabeça e enxaquecas;
  • Dificuldades de concentração;
  • Mudanças no apetite (que se torna intenso ou esparso);
  • Dores musculares;
  • Mudanças repentinas de humor;
  • Pensamentos negativos;
  • Competitividade elevada.

O tratamento pode envolver o uso de medicamentos para alguns sintomas, além de terapia e mudanças de hábitos no dia a dia. Sem a atenção adequada, é um quadro que afeta intensa e progressivamente a saúde da mulher.

Evitando o burnout

Já que prevenir é melhor que remediar, é indispensável saber o que fazer para fugir do burnout. A síndrome pode ser evitada quando você reconhece seus primeiros sinais e pisa no freio, em busca de mais qualidade de vida e bem-estar.

Comece a dividir responsabilidades

Mulheres que tentam fazer tudo ao mesmo tempo são as que mais sofrem com essa síndrome. Em nome da boa saúde, é importante dividir responsabilidades para aliviar a pressão do cotidiano. Divida as tarefas com todos em casa, por exemplo, de modo a tornar sua rotina leve.

Aprenda a priorizar e dizer “não”

Dizer “sim” para tudo e se comprometer com mais do que você consegue fazer é um caminho perigoso, rumo ao burnout. Em vez disso, é melhor saber priorizar e aprender quando é necessário negar algo. Não assuma uma nova responsabilidade no trabalho ou em casa somente para agradar as pessoas, se isso for fazer mal à sua saúde de alguma forma.

Tire um tempo para você

Ainda que a rotina pareça extremamente corrida, é importante não se negligenciar no processo. Por isso, não abra mão de ter um tempo para dedicar, exclusivamente, a você e ao autocuidado. Se não for possível separar uma hora ou mais, reserve ao menos 15 minutos. Medite, ouça sua música favorita, tome um banho demorado ou realize qualquer outra atividade com foco apenas em você.

Diminua o nível de estresse

A carga emocional elevada é uma das vilãs em relação ao burnout. Por isso, precisa buscar mecanismos para aliviar o estresse — especialmente, se ele for crônico. Busque atividades relaxantes, desenvolva novos hobbies e mude sua percepção sobre as situações. Sem o acúmulo e o peso do estresse, é possível ter uma vida mais saudável e feliz.

Procure ajuda especializada

Se começar a notar os primeiros sintomas dessa síndrome, não deixe o quadro se agravar. Em vez disso, procure ajuda para evitar que o problema se desenvolva e para ter qualidade de vida. Busque um especialista em saúde da mulher e, se necessário, você receberá o encaminhamento adequado.

Os riscos da trombose para as mulheres

A trombose é caracterizada pela presença de um coágulo em uma veia, normalmente localizada na região das pernas. O grande problema é que o coágulo atrapalha a circulação adequada e pode causar inchaço, dores e até complicações mais sérias. Se o coágulo se movimentar, por exemplo, há a chamada embolia, o que traz risco de morte.

Esse é um problema que acontece em pessoas com diversas características, mas é especialmente recorrente nas mulheres. Isso ocorre porque o público feminino está exposto a mais fatores de risco. A gravidez, por exemplo, pode levar a esse quadro, bem como o uso de anticoncepcionais.

Os riscos para a saúde da mulher quanto a essa condição se tornam maiores com a presença de outros fatores, como tabagismo, sobrepeso, sedentarismo ou presença de varizes.

Prevenindo a trombose

Como a trombose é um caso grave para a saúde da mulher, o ideal é se prevenir corretamente. Do contrário, você corre riscos desnecessários e sofre impactos em outros sistemas. Uma trombose arterial, por exemplo, pode levar a um infarto do miocárdio ou a um acidente vascular cerebral (AVC).

Para não sofrer com esse problema, veja algumas dicas para se prevenir e mantenha seu corpo em segurança!

Controle o peso em um nível saudável

O sobrepeso é um dos maiores fatores de risco para essa ocorrência, então é fundamental controlar o valor da balança. Cuide da sua alimentação, torne-a mais saudável e pratique atividades físicas com regularidade. Inclusive, os exercícios estimulam a circulação e diminuem os riscos quanto ao surgimento de coágulos.

Não passe muito tempo na mesma posição

Ficar longos períodos na mesma posição é altamente prejudicial para a circulação. Se você permanecer longos minutos ou horas sentada ou em pé, o sangue não conseguirá fazer o percurso corretamente, o que gerará coágulos. De tempos em tempos, realize pausas e use para fazer uma breve caminhada — isso vale, inclusive, para viagens longas.

Deixe hábitos prejudiciais para trás

Não basta cuidar da alimentação e espantar o sedentarismo se você mantém o tabagismo, por exemplo. É preciso se livrar de hábitos que possam levar à formação de coágulos, como a baixa hidratação, o abuso de álcool ou de cigarros. Com uma mudança positiva no estilo de vida, é possível reduzir os riscos.

Sempre converse com um especialista

Revelar todo o seu histórico de saúde é essencial para que o médico saiba se você tem riscos mais elevados de sofrer com o problema. Com uma conversa franca e acompanhamento constante, você saberá se precisa utilizar meias de compressão, tomar medicamentos ou ter cuidados específicos.

A saúde da mulher merece a máxima atenção, principalmente em situações em que essa parte da população é mais suscetível. Para se manter sempre em dia com o seu corpo e com o bem-estar, conte com um especialista de confiança para acompanhá-la nessa jornada.

 CONCLUSÃO

A saúde da mulher jamais deve ser negligenciada pelas redes de assistência. Isso se torna ainda mais importante se considerarmos todos os aspectos que as envolvem.

Seja na prevenção de doenças, na conscientização sobre seu corpo, no combate a certas questões sociais, entre outros aspectos semelhantes, trata-se de um compromisso de toda a sociedade preservar a saúde, a segurança e a qualidade de vida delas.

Cuidar da saúde da mulher é essencial para a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento de doenças que estão relacionadas à anatomia feminina. Além disso, essas ações também são importantes para garantir a qualidade de vida, a felicidade, o bem-estar e a liberdade de todas as brasileiras.

Como podemos observar, para as autoridades em políticas públicas e os médicos especialistas em saúde da mulher, os cuidados para o bem-estar e qualidade de vida feminina envolvem diversos aspectos. Entre eles estão a atenção à anatomia feminina, gestação, rastreio e prevenção de cânceres mais comuns como mama e colo de útero. Suporte psicológico, nutricional e social especializados também entram nessa lista.

 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. J. O. Papel dos governos locais na implementação de políticas de saúde com perspectiva de gênero: o caso do Município de São Paulo. In: SEMINÁR

WOMEN’S AND HEALTH MAINS-TREAMING THE GENDER PERSPECTIVE INTO THE HEALTH SECTOR, 1998, Tunis, Tunísia. Anais… [São Paulo], 1998.

ÁVILA, M. B. E.; BANDLER, R. A Contracepção no Brasil 1980-1990. Recife: SOS Corpo, 1991. Mimeo.

BERQUÓ, E. Comportamento sexual da população brasileira e percepções do HIV-Aids.

In: BRASIL. Ministério da Saúde. Planejamento familiar: manual para o gestor. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. (Série avaliação, n. 4).

BRASIL. Ministério da Saúde. [Textos elaborados pela Área Técnica de Saúde da Mulher]. Brasília, 2003a. Mimeo.

COELHO, M. R. S. Atenção básica à saúde da mulher: subsídios para a elaboração do manual do gestor municipal. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003b.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 1994, Cairo, Egito. Relatório final. [S.l.]: CNPD; FNUAP, 1994. Publicação em português.

COMISSÃO NACIONAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. Jovens acontecendo na trilha das políticas públicas. Brasília, 1998. v. 1.

CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE – CONASS. Para entender a gestão do SUS. Brasília, 2003. CORRAL, T. Agenda social. In: Agenda de desenvolvimento humano e sustentável para o Brasil do Século XXI. Brasília: Instituto de Política; PNUD, 2000. Programa Regional de Estratégias e Desenvolvimento Local.

CORREA, S. O.; PIOLA, S. F. Balanço 1998-2002: aspectos estratégicos, programáticos e financeiros. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

COSTA, A. M. Desenvolvimento e implementação do PAISM no Brasil. Brasília: NESP; CEAM; UnB, 1999. Mimeo.

GALDURÓZ, F. C. J; NOTO, R. A.; CARLINI, A. E. 4.º Levantamento sobre o uso de drogas entre estudantes de 1.º e 2.º graus em 10 capitais brasileiras. São Paulo, 1997.

HUNTINGTON, D.; PIET-PELON, N. J. Pós-abortion care: lessons from operations research. [S.l.]: Population Council, USA, 1999.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estimativas de população para o Brasil em 2003. Brasília: Ministério da Saúde; Datasus, 2003.https://institutocactus.org.br/8-dados-sobre-a-saude-mental-das-mulheres