SAÚDE DO IDOSO: DIABETES MELLITUS EM PESSOAS IDOSAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8047956


Carla Milena Calado Lemos1
Maria Liliane Ribeiro de Sena1
Maikelly Ferreira dos Reis1
Valdeina Morais dos Santos1
Ludmylla Paula Xavier2


RESUMO

Introdução: A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica não transmissível de  origem multifatorial caracterizada pela elevação permanente dos níveis glicêmicos decorrente  da ausência ou incapacidade da insulina de exercer sua função fisiológica, gerando uma série  de complicações e disfunções de órgãos essenciais. Métodos: Estudo realizado com base em  revisão bibliográfica buscando conhecimentos em relação aos cuidados de enfermagem ao  paciente idoso com Diabetes Mellitus na unidade básica de saúde. As bases de dados  utilizadas foram Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico, sendo 30  artigos selecionados e destes 21 sendo utilizados entre os anos de 2017 a 2021 que se referiam  a temática abordada, cujas as palavras- chaves foram Diabetes Mellitus, insulina e pé diabético  encontradas no Decs descritores da saúde. Resultado e Discussão: No cuidado ao idoso com  Diabetes Mellitus, a escuta qualificada, a clínica ampliada entendendo a importância de orientação nutricional. Neste contexto entende-se que as mudanças no estilo de vida é  fundamental, assim as intervenções no controle do Diabetes Mellitus devem ter como foco a  promoção na mudança no estilo de vida, objetivando redução de riscos e de morbimortalidade  por DM nas populações de maior risco. Conclusão: Portanto, diante do exposto vimos que a  unidade básica de saúde e a equipe que ali trabalha tem papel fundamental na prevenção e nos  cuidados aos idosos com Diabetes Mellitus tipo 1 e 2. A equipe de enfermagem deve estar  preparada e capacitada para atender a essas demandas, visto que o Diabetes Mellitus em pessoas  idosas causa diversas alterações do sistema metabólico e circulatório, assim sendo os mesmos  devem repassar a tal público os hábitos que eles devem vir a cultivar para que se promova seu  bem estar tanto para os que convivem com a doença ou não. 

Palavras-chaves: Diabetes Mellitus; Insulina; Pé diabético. 

ABSTRACT 

Introduction: Diabetes Mellitus (DM) is a non-transmissible chronic metabolic disease of  multifactorial origin characterized by the permanent elevation of glycemic levels due to the  absence or inability of insulin to perform its physiological function, generating a series of complications and dysfunctions of essential organs. Methods: Study carried out based on a  bibliographical review seeking knowledge regarding nursing care for elderly patients with  diabetes mellitus in the basic health unit. The databases used were Scielo (Scientific Electronic  Library Online) and Google Scholar, with 30 selected articles and of these 21 being used  between the years 2017 to 2021 that referred to the theme addressed, whose keywords were  diabetes mellitus, elderly diabetic and diabetic foot found in Decs health descriptors. Result and Discussion: In caring for the elderly with diabetes mellitus, qualified listening, the  expanded clinic understanding the importance of nutritional guidance. In this context, it is  understood that changes in lifestyle are essential, so interventions in the control of diabetes  mellitus must focus on promoting changes in lifestyle, aiming at reducing risks and morbidity  and mortality from DM in populations at higher risk. . Conclusion: Therefore, in view of the  above, we saw that the basic health unit and the team that works there have a fundamental role  in the prevention and care of the elderly with type 1 and 2 diabetes mellitus. These demands,  since diabetes mellitus in elderly people causes several alterations in the metabolic and  circulatory system, so they must pass on to this public the habits that they must come to cultivate  so that their well-being is promoted both for those who live with them or not. 

Keywords: Diabetes Mellitus; diabetic elderly; Diabetic foot. 

1. INTRODUÇÃO 

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica não transmissível de  origem multifatorial caracterizada pela elevação permanente dos níveis glicêmicos decorrente  da ausência ou incapacidade da insulina de exercer sua função fisiológica, gerando uma série  de complicações e disfunções de órgãos essenciais. É considerada como uma epidemia mundial  e um problema de saúde pública, com crescente prevalência e considerada em todo mundo. As  estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre DM sugerem que a doença foi  responsável por 1,4 milhão de óbitos em 2011. Apontam ainda que, entre os anos de 2010 e  2030, haverá um aumento de 69% no número de adultos com DM nos países em  desenvolvimento e de 20% nos países desenvolvidos (SILVA, 2020). 

Em idosos, o DM tem sido encontrado em incidências que variam de 18,6% a 23,5%  em pesquisas realizadas no Brasil. O aumento da expectativa de vida em idosos, quando  associados a hábitos de vida inadequados, consequentemente reflete em uma maior incidência  de doenças crônicas nessa população, especialmente, o DM. Este advento está intimamente  ligado ao envelhecimento (Sociedade Brasileira de Diabetes, SBD,2018). O DM está entre uma  das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) mais prevalentes, por ter um aumento  significativo em todos os países e seu grande índice de morbimortalidade, em particular nas  pessoas com idades mais avançadas (LIMA, 2018). 

Alguns indivíduos possuem características individuais e hereditárias que aumentam  muito o risco de apresentarem diabetes. As principais dessas características que podem ser  citadas são: História familiar de diabetes ou parentes de primeiro grau que possuem essa  patologia, obesidade, história de diabetes gestacional, macrossomia, história de glicemias  alteradas no passado, sedentarismo, tabagismo, hipertensão, triglicerídeos, LDL (Low Density  Lipoprotein) alto, doença coronariana, tratamento com algum medicamento que pode vir a aumentar a glicemia no sangue (CARVALHO et al 2011 apud FEITOSA, 2017). Dentre os principais sintomas vale destacar a polidipsia, perda de peso, polifagia e poliúria. 

Deste modo, é imprescindível ressaltar que devem promover uma assistência de  qualidade, através de consultas periódicas, orientações sobre a prática do autocuidado através  de ações individuais ou coletivas, evitando assim o aparecimento de possíveis lesões. O enfermeiro no processo do cuidado ao paciente diabético, deve ter a responsabilidade de  conhecer a patologia, estando atento e monitorando os fatores de risco que desencadeiam  possíveis complicações tal como: Pé diabético que é uma complicação crônica grave, devendo  ser realizada uma avaliação da pele em todas as consultas. O profissional da enfermagem tem  função primordial e essencial no esclarecimento quanto às medidas de prevenção frente à pessoa  que convive com Diabetes Mellitus (FEITOSA, 2017). Justificando-se assim, a escolha da  temática uma vez que o profissional enfermeiro deve estar capacitado em promover o cuidado  e reduzir possíveis complicações. 

Para o idoso a diabetes mellitus é uma doença que pode causar problemas cognitivos,  quedas e fraturas, incontinência urinária e dores crônicas, devido ao idoso ter uma diminuição  na produção de insulina no organismo, o que aumenta a quantidade de açúcar na corrente  sanguínea e que sobrecarrega o pâncreas e dificulta a cicatrização de feridas, a mesma tem um  crescente números de casos anualmente e justamente em pessoas nessa faixa etária. Com base  nisto, fundamenta-se a seguinte questão norteadora: Qual a conduta de enfermagem na atenção  primária frente ao paciente idoso diabético? 

Desse modo, os principais objetivos consistem em: conhecer as ações do enfermeiro  diante do quadro de idosos diabéticos na APS; Mensurar os escores de atitudes de idosos com  diabetes; Verificar atitudes positivas ou negativas para o enfrentamento do diabetes mellitus em  pessoas idosas; Promover ações promocionais e preventivas dessas enfermidades, relacionada  a interferência de doenças múltiplas no controle e tratamento do diabetes mellitus; Planejar uma assistência de qualidade prevenindo complicações da doença na ESF, conhecer a história  pregressa; Identificar os fatores de risco para diabetes e avaliar as condições de saúde. 

2. METODOLOGIA 

Este estudo pretende realizar uma revisão bibliográfica, realizada com base em coletas  de dados e onde visa-se a busca de conhecimentos em relação ao que compete à enfermagem  no cuidado ao tratamento de pessoas idosas com diabetes mellitus dentro da unidade básica de  saúde. O que pode-se orientar, as circunstâncias que se encontram aquele idoso e repassar ao  público alvo os cuidados com a saúde, nesse caso, os cuidados com a alimentação, com a pele,  o uso correto da insulina e de outras medicações se porventura venha a ter. 

A pesquisa bibliográfica é importante desde o início de uma pesquisa científica, pois é  através dela que começamos a agir para conhecer o assunto a ser pesquisado, ou seja, desde o  início, o pesquisador deve fazer uma pesquisa de obras já publicadas sobre o assunto  pesquisado, investigando as conclusões e se ainda é interessante desenvolver a pesquisa sobre  esse determinado assunto. Desta forma, a pesquisa bibliográfica é importante no levantamento  de informações relevantes que contribuam no desenvolvimento da pesquisa, na elaboração do  tema e na revisão bibliográfica ou quadro teórico (SOUSA, 2021). 

Em relação às bases de dados, foram utilizadas as plataformas Scielo (Scientific  Eletronic Library Online) e Google acadêmico, sendo escolhidos dessas plataformas 30 artigos  e destes foram escolhidos 07 artigos que se referiam a temática abordada e que também estavam  entre os anos de 2017 a 2021. 

Para a coleta de dados foram utilizadas palavras chaves como diabetes mellitus, idosos  diabéticos e pé diabético nos quais estavam indexadas no DECS-Descritores de saúde, desta  forma foram encontrados 30 artigos para o desenvolvimento do trabalho e onde foram realizados recortes de inclusão e exclusão. 

Foram selecionados 07 artigos científicos nos idiomas português e inglês, que  abordavam realmente sobre a temática ao qual desejávamos, tinham coerência textual e uso de  uma linguagem de fácil entendimento, obedecendo o recorte temporal dos anos de 2017 a 2021. 

Foram excluídos 23 artigos por não serem condizentes com a temática abordada,  linguagem de difícil entendimento e duplicidade, bem como os quais estavam fora do período  pré-estabelecido.

Desta forma, não haverá necessidade de submissão ao comitê de ética em pesquisa  (CEP), vale ressaltar uma vez que, por não se tratar de uma pesquisa com seres humanos,  conforme resolução 466/12, no que diz respeito à dignidade humana exige que toda a pesquisa  se processe com consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que,  que por si e/ou por seus representantes legais se manifestem a sua anuência a pesquisa. 

A referida pesquisa tem como principais riscos: estresse, cansaço físico e mental e  divergências de pensamentos entre os integrantes do grupo. 

Busca de conhecimentos, expansibilidade ao leitor sobre o assunto, agregação de melhorias  contínuas para os acadêmicos, principalmente sobre conhecer ainda mais sobre o tema  abordado. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

3.1 Diabetes 1 e 2 em idosos na atenção primária. 

O sobrepeso associou-se ao diabetes mellitus na linha de base e no seguimento. A  literatura mostra uma relação entre excesso de peso e diabetes independentemente do indicador  utilizado, nos idosos, além da obesidade, o próprio envelhecimento se associa a maior  infiltração de tecido gorduroso nos músculos e no fígado, que se relacionam a resistência à insulina e a intolerância a glicose (FRANCISCO et al, 2022). Diversos índices antropométricos  são utilizados para diagnosticar o excesso de peso, ressalta-se que a relação cintura-estatura indicador utilizado neste estudo para medir o excesso de peso, é reconhecido como o melhor  marcador antropométrico em relação a outros índices (índice de massa corpórea, circunferência  da cintura e relação cintura quadril). 

Além de representar superioridade na predição de fatores de risco cardiometabólicos, o  seu ajuste pela estatura permite definir um único limiar aplicável á população em geral,  independentemente da idade, sexo e etnia (FRANCISCO et al, 2022). O diabetes mellitus  permanece assintomático por muitos anos, o que resulta no diagnóstico tardio e, por vezes,  acompanhado de complicações sistêmicas micro e microvasculares (doenças cardiovasculares,  neuropatia periférica, retinopatia e nefropatia).  

Por essa razão, a atenção básica possui papel relevante para o papel do controle de riscos  (hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo e obesidade), educação em saúde,  rastreamento e diagnóstico precoce, monitoramento, controle glicêmico e tratamento adequado.  Nessa perspectiva, o plano terapêutico singular, o conhecimento acerca dos riscos inerentes a má adesão ao tratamento e os estímulos ao autocuidado são ferramentas que contribuem para o  melhor controle do diabetes e para a redução do uso de serviços de saúde (LIMA et al, 2023;  LOPES, 2021). 

No cuidado ao idoso com diabetes, a escuta qualificada, a clínica ampliada entendendo  a importância de orientação nutricional que considere as condições socioeconômicas e os  arranjos de moradia, para além de tratamento medicamentoso e o reconhecimento do idoso  como principal agente no processo saúde-doença-cuidado, com autonomia em relação ao seu  tratamento ((FRANCISCO et al,2022). Em relação a evolução do diabetes mellitus,  principalmente do tipo 2, surgem complicações que podem ser associadas a uma maior morbimortalidade, dentre elas, destacam-se a retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença  coronária, doença cerebrovascular e doença arterial periférica (DIRETRIZES DA  SBD[DSBD],2019).  

Neste contexto, entende-se que as mudanças no estilo de vida (MEV) são fundamentais  para a qualidade da vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o estilo de vida é definido como o “conjunto de hábitos e costumes que são influenciados, modificados,  encorajados ou inibidos pelo prolongado processo de socialização […]” citado por (MIRANDA  et al., 2018). Assim, as intervenções no controle do DM devem ter como foco a promoção da  MEV, objetivando redução de riscos e da morbimortalidade por DM nas populações de maior  risco (LIMA et al, 2023; LOPES, 2021). 

Cerca de 422 milhões de pessoas do mundo têm DM, e 1,6 milhões de óbitos anuais  estão relacionados diretamente a essa patologia. A prevalência do DM varia entre 6,6% e 9,4%,  segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 e, o perfil epidemiológico  demonstrou que a prevalência foi maior entre mulheres, com idade acima de 30 anos, baixa  escolaridade, sobrepeso e obesidade (MARTINS; SOUSA, 2023; MALTA DC, et al., 2022). 

3.2 Complicações em pacientes idosos com diabetes mellitus na atenção primária.

O diabetes mellitus é um conjunto de doenças que provocam a hiperglicemia por  deficiência de insulina. Essa deficiência pode ser absoluta, por baixa produção, ou relativa  devido a resistência periférica à insulina. A forma mais frequente da doença, o DM tipo 2 ou  DM do adulto é uma doença crônica silenciosa responsável por uma série de complicações (PEDROSO; OLIVEIRA, 2007 apud PEREIRA; ABI,2019). Estima-se que um nível global, a  prevalência do DM, seja em torno de 120 milhões de indivíduos, e que de 4 a 10% desenvolvem lesões no pé. 

A prevalência do DM é estimada em 11% da população (IBGE), acima de 40 anos,  segundo dados de pesquisa de prevalência de 1986 e que vem sendo usada 18 como parâmetro  para a política nacional de atenção integral à hipertensão arterial e a Diabetes Mellitus pelo  ministério da saúde. O DM é a principal causa de cegueira entre 20 e 74 anos de idade e a principal  causa de amputações e a principal causa de insuficiência renal, sendo responsável por 44% dos  casos de hemodiálise. Uma das complicações que merece destaque é o pé diabético, que trata-se de uma das mais graves e numerosas complicações do DM, é uma amputação de extremidade  inferior ou parte dela e geralmente consequência de uma úlcera no pé (PEREIRA; ABI,2019). 

O pé diabético é o conjunto de alterações ocorridas no portador de diabetes mellitus,  decorrente de neuropatias, micro e macrovasculares e aumento de susceptibilidade à infecção,  devido às alterações biomecânicas que levam à deformidade. Estudos clínicos bem controlados  demonstram que o bom controle da doença é capaz de prevenir ou retardar o aparecimento de  tais complicações. O diagnóstico do diabetes mellitus ou acompanhamento é verificado através  das próprias manifestações clínicas do paciente, eles relatam o histórico familiar, sempre os  mesmos relatos como obesidade, sedentarismo e tabagismo (PEREIRA; ABI,2019). Também  existe o consenso de que a maioria das complicações crônicas do DM apresenta progressão acelerada no idoso e, portanto, o bom controle glicêmico deve ser perseguido com maior tenacidade. 

A neuropatia diabética (ND) é definida como um quadro variado de sinais e sintomas  dependentes da sua localização em fibras nervosas sensoriais, motoras e/ou autônomas. Pode  estar presente em dois a cada três diabéticos tipo 2 (DSBD, 2019). No mundo, a ND afeta  aproximadamente 50% dos diabéticos, porém, muitas vezes o diagnóstico é tardio, podendo  contribuir para a formação de úlceras, sendo responsável por 70% das amputações de membros (SANTOS et al, 2015; REIS et al, 2021). 

Quanto a atenção ao diabético no Brasil em geral, observou-se que problemas na  qualidade da atenção, realização de exames e no acesso aos serviços de saúde resultam em  maior incidência/prevalência de complicações e em maior contingência de internações e idas à emergência. Verifica-se então, que o não cumprimento das ações previstas no protocolo de  atenção ao diabético se reflete em piores condições de saúde. Foi observada, na PNS 2013, uma maior realização de exames nos pés na região norte, o que provavelmente resulta na maior  prevalência estimada desse problema no local. Cabe ressaltar ainda que, segundo a PNS 2013,  essa região tem a maior proporção de pessoas que receberam assistência médica para diabetes  em ambulatório público, evidenciando maior relevância desse setor (MUZY et al,2021). 

O enfermeiro deve considerar todas as dimensões da pessoa e, para tanto, é importante  utilizar métodos e técnicas cientificamente validados para o planejamento do cuidado, dentre  os quais se destacam a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), Processo de  Enfermagem (PE), com a utilização de diagnósticos de enfermagem (DE) e as linguagens  padronizadas da enfermagem como a Taxonomia II da NANDA International. Para estabelecer  a presença do DE, o enfermeiro realiza o levantamento das necessidades ou problemas a partir  de um julgamento clínico sobre as respostas humanas reais ou potenciais do indivíduo, família  ou comunidade que irão direcionar a assistência de enfermagem (SERRA, et al. 2020). 

3.3 Visão profissional ao paciente idoso com diabetes 1 e 2 na atenção primária.

A atenção primária à saúde pode ser muito resolutiva para pessoas que necessitam de  acesso a cuidados continuados durante a vida, realizando intervenções básicas envolvendo  medicação, educação em saúde, aconselhamento e acompanhamento longitudinal (MENDES,  2011; GAMA; GUIMARAES; ROCHA,2017). No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS)  optou pelo modelo da Estratégia Saúde da Família (ESF), que estrutura as ações no nível  primário com implantação de equipes multidisciplinares em unidades básicas que são  responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias de uma área geográfica delimitada. 

Nesse modelo é possível desenvolver intervenções com enfoque coletivo e individual,  considerando-se o contexto do usuário e a atenção à saúde integral. A ESF aposta na  aproximação da equipe com a comunidade e destaca a importância do vínculo com ações de saúde,  visando transformar o enfoque tradicional embasado no modelo biomédico. As equipes  realizam ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação e reabilitação das doenças e  agravos mais prevalentes, como é o caso das DCNT. O trabalho no território é muito valorizado,  principalmente pela participação do Agente Comunitário de Saúde (BRASIL, 2012). 

Entre as DCNT, a Diabetes Mellitus (DM) é considerada uma epidemia mundial e um  grande desafio para os sistemas de saúde. Estima-se que a prevalência global da DM passe de 8,8% em 2015 para 10,4% em 2040, o que representará 642 milhões de pessoas vivendo com diabetes no mundo com idade entre 20 e 79 anos. Em 2015, três quartos (75%) do total das  pessoas com diabetes estavam vivendo nos países de baixa e média renda e 46,5% deles não estavam diagnosticados (OGURTSOVA et al, 2017 apud MUZY et al,2021). A doença produz  complicações agudas e crônicas que podem evoluir para invalidez precoce, diminuição da qualidade de vida e sobrevida dos doentes, alterações cardiovasculares, circulatórias e  neurológicas, além do alto custo do tratamento e frequentes hospitalizações (WHO, 2016 apud MUZY et al,2021). 

Diante das dificuldades relacionadas ao cuidado das pessoas com diabetes, os  profissionais parecem não identificar recursos e estratégias para superá-las. Insistem na lógica  de culpar o usuário nas explicações para o fracasso. Uma postura que buscasse outra direção  necessitaria de outro tipo de concepção acerca do papel do profissional de saúde, no qual a própria relação de poder entre atores do sistema necessitaria ser questionada. A incorporação  dos elementos trazidos pela Saúde Coletiva, tais como social, o objetivo, o vínculo e as  representações poderiam ajudá-los a encontrar novos caminhos para essa transformação  (REINERS et al, 2008 apud MUZY et al,2021). 

Todavia, as ações de educação em saúde são essenciais na atenção às pessoas com DM  para promover um controle efetivo e integral, que seja capaz de alcançar a prevenção das  complicações crônicas (SALCI; MEIRELLES; SILVA, 2017 apud MOITA; CAPRARA;  2022). Diante disso, percebemos que o modo de organização do processo de trabalho contribui  para que os profissionais da ESF restrinjam a responsabilidade clínica para diagnosticar e tratar  doenças de sujeitos que demandam atenção nas UAPS. Essa racionalidade fragiliza a realização  de ações de promoção de saúde e prevenção de agravos para além dos muros do posto de saúde. 

O caderno da atenção básica número 36 preconiza que os profissionais de saúde devem  realizar assistência, orientando quanto à doença, suas possíveis complicações bem como  tratamento farmacológico e não farmacológico (BRASIL, 2013). Entretanto, práticas  educativas coletivas que fomentem o diálogo entre profissionais de saúde e usuários entre si,  são imprescindíveis para ressignificar a concepção sobre o processo saúde/doença e para  promover o autocuidado, convergindo com as diretrizes políticas da educação em saúde  (VIEIRA; CECILIO; TORRES, 2017 apud MOITA; CAPRARA, 2022). 

No ano de 2019, o Ministério da Saúde instituiu uma nova política para a Atenção  Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS), nomeada Previne Brasil. Esta política alterou o financiamento da APS para municípios, e os repasses intergovernamentais no  lugar de habitantes e de equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) passaram a ser  previstos por meio de números de pessoas cadastradas em serviços de APS e de resultados  alcançados sobre um conjunto de indicadores. Estas alterações geraram repercussões no SUS e  na população, que precisavam ser identificadas e monitoradas (MARTINS; SOUSA, 2023;  MASSUDA A, 2020). 

3.4 Estratégias de saúde ao paciente idoso com Diabetes 1 e 2 na atenção primária. 

Ao considerar que as pessoas com diabetes mellitus apresentam uma condição crônica  de saúde, que exige cuidados permanentes para a manutenção de sua qualidade de vida e  controle metabólico, percebe-se a necessidade de desenvolver habilidades de autocuidado para  o manejo da doença. Estudos mostram que introduzir mudanças no estilo de vida é uma estratégia efetiva na prevenção ao diabetes mellitus tipo 2 (BRAQUEDANO, et al. 2019). 

Assim, é necessário priorizar ações relacionadas à promoção da saúde e a prevenção de  complicações, tornando-as intervenções educativas essenciais neste contexto de atendimento, favorecendo o empoderamento das pessoas em condição crônica e, consequentemente,  potencializando a capacidade funcional. Ademais, a equipe multiprofissional de saúde deve  promover o desenvolvimento de habilidades de autocuidado com o objetivo de  corresponsabilizar as pessoas com DM com seu tratamento, por meio da modificação ou  manutenção de hábitos saudáveis e do fortalecimento da autoconfiança (MARQUES, et al.  2019).  

Algumas ações podem prevenir o diabetes e suas complicações. Essas ações podem ter  como alvo o uso de ferramentas para rastreamento de quem tem alto risco para desenvolver a doença e assim iniciar cuidados preventivos. Sabe-se que intervenções em estilo de vida tem  impacto no enfrentamento do desenvolvimento da diabetes e sua abordagem na atenção primária  é fundamental (CORDEIRO; SOUZA, 2021; BRASIL, 2013). O diabetes mellitus (DM) pode  permanecer assintomático por longo tempo e seu diagnóstico clínico é frequentemente feito,  não pelos sintomas, mas pelos seus fatores de risco. É importante que as equipes de Atenção  Básica estejam atentas, não apenas para os sintomas de diabetes, mas também para seus fatores  de risco (hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo e obesidade) (CORDEIRO; SOUZA,  2021; BRASIL,2013). 

Com a introdução das equipes de estratégia em Saúde da Família (ESF), ocorreu  significativo aumento na assistência aos portadores de diabetes, mesmo seguindo um modelo biomédico. Se faz necessário, observar a relação entre a eficácia das ações da ESF na prática  assistencial capaz de controlar as complicações da doença e real adesão ao tratamento. A  assistência prestada pelos enfermeiros na atenção primária deve ocorrer de maneira integral,  individual e contínua tendo em vista que as unidades básicas de saúde são a porta de entrada  aos portadores de diabetes (COSTA; DEHOUL, 2022). 

Desse modo, é na APS que ocorre o acompanhamento desses pacientes, as consultas  devem ser realizadas por uma equipe multiprofissional e a programação do atendimento para o  tratamento e acompanhamento das pessoas com DM deve acontecer de acordo com as  necessidades do usuário, incluindo o apoio para a mudança do estilo de vida (MEV), o controle  e a prevenção das complicações crônicas (LIMA; LIMA, 2022; BRASIL, 2013. 

4. CONCLUSÃO 

Portanto, diante do exposto observa-se que a unidade básica de saúde e a equipe que ali  trabalha tem papel fundamental na prevenção e nos cuidados aos idosos com diabetes mellitus  tipo 1 e 2. A equipe de enfermagem deve estar preparada e capacitada para atender a essas  demandas, visto que o diabetes mellitus em pessoas idosas causa diversas alterações do sistema  metabólico e circulatório, assim sendo os mesmos devem repassar a tal público os hábitos que  eles devem vir a cultivar para que se promova seu bem estar tanto para os que convivem com a  doença ou não. 

A UBS (Unidade Básica de Saúde) deve sempre ser a porta de entrada para tal grupo  que são os idosos com diabetes mellitus, as orientações devem ser repassadas em consulta tanto  médica quanto de enfermagem, em forma de palestras ou rodas de conversas e deve-se ficarem  atentos aos exames de rotinas para averiguação dos níveis glicêmicos nos idosos e nas  mudanças no estilo de vida dos mesmos, visto que muitas vezes a doença age silenciosamente  até chegar ao nível mais crônico. 

Em relação ao presente trabalho, sua importância é de grande relevância para a  comunidade acadêmica, pois dá ênfase ao conhecimento sobre diabetes mellitus e seus  fatores de risco para a sociedade em geral e especialmente idosa, levando aos mesmos os  principais impactos causados pela doença. 

REFERÊNCIAS:

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COSTA; F.P; DEHOUL; M.S. Assistência ao portador de diabetes mellitus na atenção primária: papel  do enfermeiro e importância na equipe multidisciplinar. Global Academic Nursing Journal. v.3, n.3,  2022. https://www.globalacademicnursing.com. Acesso em: 06 de abril de 2023. 

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1Graduandas do curso de Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal de Altamira-UNIPLAN/ E-mail: maikellyf758@gmail.com, valdeinamorais04@gmail.com,  Carlamilenaatm10@icloud.com, Azuldiogo.09@gmail.com
2Enfermeira docente do curso de Enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal de Altamira-UNIPLAN email: ludmyllamylla56@gmail.com