SAÚDE DO IDOSO: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO CUIDADO HUMANIZADO

HEALTH OF THE ELDERLY: NURSES’ ROLE IN HUMANIZED CARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10019728


Jacqueline Alves de Oliveira¹
Jessica Rayane Gonçalves Maciel²
Stephany Cristina Dantas³
André Di Carlo Araújo Duarte**¹


RESUMO

O aumento da expectativa de vida tem contribuído para o desenvolvimento de ações que aumentem a qualidade de vida da pessoa idosa. A enfermagem, por sua vez, busca melhorar suas práticas de atenção a esse perfil populacional. Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória e integrativa, tendo por objeto as publicações sobre a atuação do enfermeiro em relação à qualidade de vida em saúde dos idosos. Seu objetivo principal é apresentar a atuação do enfermeiro no cuidado da saúde do idoso de modo humanizado. Isso contribuirá para que os profissionais enfermeiros aprimorem suas práticas em saúde. Foram utilizados artigos dos últimos cinco anos, mas também de anos anteriores, a fim de apresentar dados da evolução do cuidado ao idoso. Concluiu-se que a qualidade de vida dele está diretamente ligada à saúde, além dos aspectos sociais e econômicos, uma vez que impactam no contexto deste indivíduo. A atuação do enfermeiro é essencial para a melhoria de vida dessas pessoas, por meio de estratégias na atenção básica e intervenções que elevem sua saúde e independência na sociedade.

Palavras-chave: Idoso. Saúde do idoso. Humanização da Assistência. Promoção da saúde. Envelhecimento saudável.

ABSTRACT

The increase in life expectancy has contributed to the development of actions that increase the quality of life of the elderly. Nursing, in turn, seeks to improve its care practices for this population profile. This work is an exploratory and integrative bibliographical review, having as object the publications on the nurse’s performance in relation to the quality of life in health of the elderly. Its main objective is to present the role of the nurse in the health care of the elderly in a humanized way. This will help nursing professionals to improve their health practices. Articles from the last five years were used, but also from previous years, in order to present data on the evolution of care for the elderly. It was concluded that his quality of life is directly linked to health, in addition to social and economic aspects, since they impact the context of this individual. The role of the nurse is essential for improving the lives of these people, through strategies in primary care and interventions that increase their health and independence in society.

Keywords: Elderly. Elderly health. Humanization of Assistance. Health promotion. Healthy aging.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da maioria das sociedades. O mundo está envelhecendo. Tanto é verdade que estima-se para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento. Supões que existam, atualmente, cerca de 17,6 milhões de idosos no Brasil (Ministério da Saúde, 2006).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004), a proporção de pessoas com 60 anos ou mais aumentou de 6,7% em 1990 para 8,1% em 2000. É projetado, ainda, que essa população chegue a 64 milhões em 2050, o que corresponderia a 24,6% do total de habitantes. Por essa razão, atualmente, nosso país passa por uma transição demográfica, a qual vem ocorrendo desde a década de 60, quando teve início uma mudança no padrão reprodutivo populacional, acarretando na queda acentuada da taxa de natalidade, associada à diminuição da taxa de mortalidade e ao aumento da expectativa de vida (ALVAREZ, 2001).

Ante o exposto, este trabalho tem por problema de pesquisa: o impacto da enfermagem nos cuidados ao idoso. Questão norteadora: Qual a contribuição do enfermeiro, de forma humanizada, para promoção da qualidade de vida na saúde do idoso? Logo, constata-se que ações estratégicas de cuidados à saúde básica podem proporcionar longevidade e saúde a esse perfil populacional. Isso contribuirá para o aumento de sua qualidade de vida. Este estudo tem por objetivo geral “Demonstrar a importância de práticas humanizadas aos cuidados prestados aos idoso”.

Os objetivos específicos deste artigo são: Demonstrar as mudanças na expectativa de vida ao longo dos anos; Relacionar os cuidados com a saúde à qualidade de vida do idoso; e Descrever ações do enfermeiro e a importância delas frente ao atendimento ao idoso. Por fim, este trabalho se justifica pela relevância do tema, haja vista que a população idosa cresce exponencialmente. Esse fenômeno requer atuação estratégica por parte de todos os envolvidos nos cuidados da saúde da pessoa idosa, sobretudo do enfermeiro, o qual tem papel fundamental nos cuidados à saúde destas pessoas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho trata-se de revisão bibliográfica cujo caráter é descritivo, analítico e retrospectivo, abordando a temática sobre atuação do enfermeiro na assistência humanizada prestada ao idoso. O método utilizado foi a revisão narrativa de literatura. Como efeito, a metodologia utilizada neste trabalho é de natureza teórica.

Sequencialmente foram definidos os critérios de busca na literatura. Critérios de inclusão dos artigos neste trabalho: artigos em português, disponíveis na íntegra, publicados nos últimos cinco anos (2018 a 2023) e que abordassem o tema especificamente e também os relacionados. Critérios de exclusão: artigos publicados fora do recorte temporal, em inglês; textos incompletos; editoriais e artigos que não abordaram especificamente a temática deste trabalho.

Nessa perspectiva, Gil (2002) afirma que este tipo de pesquisa possibilita maior alcance de informações, além de permitir uma melhor construção e definição do quadro conceitual de estudo. Inicialmente, foi elaborada a questão norteadora: Qual a contribuição do enfermeiro, de forma humanizada, para promoção da qualidade de vida na saúde do idoso? A fim de identificar as ações humanizadas do enfermeiro na assistência a esse perfil populacional.

Figura 1: Fluxograma de estratégia de busca para TCC por meio de descritores.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Por fim, a pesquisa foi realizada no período entre junho de 2023 e setembro do mesmo ano, totalizando 307 artigos encontrados (figura 1), por meio das bases de dados: Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Base de dados de Enfermagem (BDENF). Foram utilizados os descritores “Idoso. Saúde do idoso. Humanização da Assistência. Promoção da saúde. Envelhecimento saudável”.

RESULTADOS/DISCUSSÃO

Posteriormente à busca e à localização dos artigos em suas respectivas bases de dados supramencionados, fez-se uma seleção criteriosa de sete (7) deles, para a execução do presente trabalho. Deste quantitativo, 04 foram da BVS, 01 da LILACS e 02 da BDENF (Quadro 1). Sendo apresentados numa discussão referente às principais ações humanizadas da enfermagem na assistência ao idoso.

Quadro 1: Artigos encontrados nas bases de dados para construção de Resultados e Discussão.

TítuloAutoresRevista/AnoObjetivosResultados

Atitudes, conhecimento e interesse dos futuros profissionais em relação à geriatria: um estudo transversal
Borges, Marina Mariano Roquetti et al.Revista Brasileira de Enfermagem, 2021. Online braz. j. nurs.(Online), p.e20226592 -e20226592, 2022.Avaliar a qualidade de atenção ao idoso dos profissionais de geriatria.Estudantes de medicina demonstram altos níveis de proficiência e conhecimento em geriatria. Em contrapartida, apresentaram atitudes negativas em relação aos cuidados com idosos. Comportamento atrelado à questão de importar-se.




Qualidade de vida entre idosos comunitários: estudo transversal






Brandão, Bárbara Maria Lopes et al.
Enferm. foco (Brasília) ; 12(3): 475- 481, dez. 2021Há relação entre as questões sociais e econômicas e qualidade de vida do idoso. Fatores como pobreza e grau de escolaridade tem impacto nessa realidade.A maioria dos idosos apresentam baixa qualidade de vida, sobretudo mulheres, idosos longevos e que moram sozinhos. A satisfação com a vida, nível de resiliência, apoio social e afetos positivos e negativos estão relacionados a essa qualidade.
Humanização da assistência de enfermagem em pacientes idosos.De Freitas Vieira, Paula; De Almeida, Meives; Aparecida Rodrigues.Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 3, n. 1, p. 371-8, 2020.
Demonstrar que ainda há falta de humanização na saúde, mesmo ela sendo ovacionada pela Política NacionaAbordar sobre as práticas de assistência, políticas e estratégias governamentais voltadas à saúde do idoso.l de Humanização,
Não obstante haja uma constante preocupação com o idoso e a criação de estatutos que lhe assegurem direitos, há diversos obstáculos que impedem que a assistência seja empregada com equidade e integralidade.
Acolhimento e cuidado da enfermeira na estratégia saúde da família: percepções da pessoa idosa.Menezes, Andrade, Freitas et al.REME Revista Mineira de Enfermagem/ v.24/ p. e1304-e130, 2020.Analisar a percepção da pessoa idosa sobre o acolhimento e cuidado da enfermeira na Estratégia Saúde da Família.Observou-se as percepções das pessoas idosas quanto ao acolhimento da enfermagem no contexto da Atenção Básica. Entre eles, constam: empatia com ênfase na escuta ativa; acolhimento e afeto; ênfase no aspecto biológico; cuidado voltado à prevenção de doenças e à promoção da saúde.
Políticas públicas de atenção à saúde do Idoso: reflexão acerca da capacitação dos profissionais de saúde no cuidado com idoso.Martins, Josiane de Jesus et al.Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 10, p. 371- 382, 2019.Trata-se de uma reflexão do atendimento em saúde com base no Artigo 18 do Estatuto do Idoso. Necessidade de Políticas Públicas dirigidas à pessoa que envelhece em nosso país.Capacitação dos profissionais de saúde com visão multifacetada, para o melhor atendimento às necessidades e realidade da pessoa idosa.
Humanização do cuidado de enfermagem: o que é isso?Corbani, Nilza Maria de Souza; Brêtas, Ana Cistina et al.Revista brasileira de enfermagem, v. 62, p. 349- 354, 2019.Identificação do significado de “humanização” para os profissionais de enfermagem, bem como verificar como o empregam em suas atividades.É imprescindível o resgate da origem da palavra humanização: ato que tem origem do homem, devendo ser estimulada e empregada diariamente para a sua perpetuação nos cuidados de enfermagem.
As relações da enfermagem no cuidado ao idoso na atenção primária.Fernandes, Maria Teresinha de Oliveira; Caldas, Célia et al.Rev. urug. enferm; 17 (2). 13 p, 2022.Compreender as relações da enfermagem no cuidado ao idoso na Atenção Primária na perspectiva do filósofo Foucault.A compreensão da importância das relações da enfermagem com os pacientes, na Atenção Primária, se faz necessária para o desenvolvimento de interações qualificadas, que potencializam as práticas desse profissional, como ações sociais de atenção à saúde da pessoa idosa.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

Conforme apresentado no quadro 1, os autores abordam temas sobre a saúde, modo de vida da população idosa, bem como os fatores que interferem na qualidade de vida; impacto das ações do profissional de enfermagem na promoção de saúde e prevenção de doenças do idoso. A atuação deste profissional tem relação direta na melhoria do paciente, seja atuando na saúde básica, seja no âmbito hospitalar, tanto na prevenção de doenças e acidentes, quanto no tratamento de saúde.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004), a proporção de pessoas com 60 anos ou mais aumentou de 6,7%, em 1990, para 8,1% em 2000. Essa população também deverá atingir 64 milhões de pessoas em 2050, o que corresponde a 24,6% da população total. É por esta razão que o nosso país vive, hodiernamente, uma transição demográfica, a qual ocorre desde a década de 1960.

Figura 1: Ondas do envelhecimento da população brasileira por grupo etário até 2100.


Pelo gráfico acima, vemos que a população total era de 2,5 mil milhões em 1950, passando para 7,8 mil milhões de pessoas até 2020, devendo atingir 10,9 mil milhões de pessoas em. 2100. O crescimento absoluto foi multiplicado por 4,3 em 150 anos. Mas se o crescimento da população idosa é elevado, o crescimento da população mundial é muito maior.

Neste contexto emergente, a perspectiva de um envelhecimento da população é motivo de preocupação porque necessidades e desafios específicos exigem que as instituições econômicas e sociais repensem para manter a segurança social e fornecer serviços adequados, tais como assistência médica (GRAGNOLATI et al., 2011). Nesse sentido, Borges et al., (2021) relataram sobre a importância não apenas do conhecimento teórico do profissional de saúde, mas também a questão do agir, do interesse em entender a realidade do perfil idoso. Não basta, pois, o domínio do conhecimento pela geriatria se não houver compreensão do contexto do idoso, suas necessidades e dificuldades diárias. Portanto, não basta que o profissional de enfermagem detenha o conhecimento, é indispensável que ele seja proativo e empático em sua atuação. O envelhecimento é parte do processo da vida como um todo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, nas próximas décadas, a população mundial com mais de 60 anos aumentará de 841 milhões para 2 bilhões até 2050. Diante deste cenário, o enfermeiro, assim como os demais profissionais que atuam na geriatria, amparam esse grupo sobre medicamentos e instrução do uso, acompanhamento em prevenção e o tratamento de feridas. Algumas doenças, como diabetes, tornam mais longevas as feridas. Com a adesão dessas medidas torna-se possível o envelhecimento saudável (DAMASCENO; SOUSA, 2019).

De acordo com Brandão et al. (2021), a qualidade de vida do idoso relaciona- se com fatores sociodemográficos, considerando fatores como estado civil, grau de escolaridade, renda e se residente com alguém ou sozinho. O estudo realizado por estes autores revelou que um grupo de idosos que apresentavam baixa qualidade de vida não possuíam emprego ou recebiam renda de até um salário mínimo; além disso, eram maiores de 70 anos e moravam sozinhos. Em contrapartida, os que possuíam mais qualidade de vida sabiam ler e escrever, por exemplo. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é um termo que compreende o contexto cultural, no qual o indivíduo vive, e os valores que ele tem em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Outro aspecto observado na literatura foi, segundo Martins et al (2019), que mesmo havendo diversos regramentos que preservam os direitos do idoso, em diversos aspectos e contextos, ainda há vários empecilhos para a consecução desta ideologia nos locais de saúde. Um dos fatores é o desconhecimento, por parte dos profissionais de saúde, sobre estatutos que lhe assistem como indivíduos com plena capacidade. O cuidado com as pessoas idosas exige abordagem global, interdisciplinar e multidimensional, na qual se considere a maior interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que interfiram na saúde dos idosos, além de se levar em conta a importância do ambiente no qual está inserido (PNSPI, 2019).

É necessário desenvolver a colaboração entre setores do governo e entre os diferentes setores sociais e de saúde que servem as pessoas idosas. Para isso, a política deve definir as diretrizes que norteiam todas as ações no setor da saúde e delinear as responsabilidades da organização para atingir os objetivos explicitados. Para Gordillho et al (2019), considerar as necessidades de saúde do idoso requer atenção específica, o que pode evitar custos exacerbados para o Sistema Único de Saúde, além de proporcionar, sobremaneira, melhores condições de saúde a esse grupo de pessoas.

Em consonância, Menezes et al. (2020), asseveram que alguns padrões de atendimento da enfermagem podem gerar mais efetividade quando se trata de atendimento ao idoso, como: escuta ativa; acolhimento e afeto; cuidado com ênfase nos aspectos biológicos e cuidados direcionados à prevenção de doença e promoção da saúde. Com isso, resta demonstrado que o papel da enfermagem é de fundamental importância para o diagnóstico, tratamento e orientação do paciente idoso. Acrescentando, Tonin (2017), afirma que é imprescindível que a pessoa expresse o que sente e o que se manifesta em seu ser, em todas as dimensões.

Por sua vez, Watson, em sua Teoria do Cuidado humano, prescreve que que a sociedade deve manter os ideais de cuidado humano e a prática de uma ideologia de cuidado voltada para o aspecto transpessoal, de modo a considerar o indivíduo em seus dois aspectos: intrínseco e extrínseco. Muitas vezes, esse perfil não é compreendido pela sociedade em que está inserido, ficando, muitas vezes, isolado de vários grupos. Isso dificulta sua liberdade de se expressar, uma vez que não se sente importante para o meio em que vive. A precariedade de investimentos públicos para atendimento às necessidades específicas da população idosa, além da falta de instalações adequadas, da carência de programas específicos e de recursos humanos se somatizam à ausência de informação, ao preconceito e ao desrespeito às pessoas da terceira idade (PARAHYBA; SIMÕES, 2006).

Ao longo dos anos, 650 mil novos idosos são acrescentados à população brasileira, a maioria com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais. O Brasil, em menos de 40 anos, passou da mortalidade típica de populações jovens para a morbidade complexa e custosa, típica de países com alta expectativa de vida, caracterizados por doenças crônicas. E muitas dessas doenças são de longo prazo , exigindo cuidados contínuos, uso contínuo de medicamentos e avaliação periódica (VERAS, 2009). Como consequência deste fenômeno, tem-se o aumento da necessidade de serviços de saúde entre os idosos.

A partir desse cenário, cabe lembrar o que a Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (2006) do Brasil afirma sobre isso: a abordagem a este grupo populacional deve ter como perspectiva o maior tempo possível de vida com independência, autonomia e exercício da cidadania. Dito isto, os autores Fernandes e Caldas et al, em sua obra, alertam que a interação entre profissional enfermeiro e o idoso é condição fundamental para a integralidade de atenção à saúde desse público. Por ser considerada porta de entrada, a Atenção Primária da Saúde (APS) é uma excelente oportunidade para efetivar um atendimento multidisciplinar, pautado nas competências relacionais do profissional enfermeiro.

É relevante destacar que, para se ter qualidade de vida, é imprescindível que se tenha saúde, além de outros quesitos que garantem uma vida digna, como saneamento básico, alimentação saudável, entre outros fatores que geram vida equilibrada. Um evento iatrogênico, além de indesejável e prejudicial, evidencia a importância da qualidade da assistência e do contexto em que ocorre, o que inevitavelmente leva a uma revisão dos serviços de saúde (PADILHA, 2006).

A fim de se efetivar um atendimento multidisciplinar, além de englobar vários aspectos relacionados ao idoso, como contexto familiar, questões sociais e econômicas, o atendimento humanizado nasce. Para Boff (1999), a ausência de amor, do nascimento à morte, há uma desestruturação e perda do sentido da vida. O cuidado é ato inerente à natureza humana. A Política Nacional de Humanização (PNH) lançada em 2003 foi criada com o intuito de albergar a humanização e empregá-la nos ambientes hospitalares. Nesse diapasão, Corbani et al. (2019) corroboram com a tese de que os profissionais de enfermagem acabam por mecanizar os atendimento, sem observar as necessidades e realidade do indivíduo para o qual prestam atendimento. Para eles, parte dos profissionais de enfermagem não têm conseguido unir os valores ético profissionais com cidadania e humanização. Também não são capazes de perceber a importância e o impacto que têm os serviços ofertados para esse grupo. Tratando como aspecto essencial no tratamento de doenças. Ressalta que esses profissionais esquecem de ouvir com atenção, mantendo certo distanciamento físico, uma vez que não realizam o ato de tocar nessas pessoas. Ainda, não geram uma relação de confiança entre entre o profissional enfermeiro e o paciente. Assim, os enfermeiros exercem protagonismo no atendimento ao o idoso, pois acredita-se que, com a empatia, haverá uma assistência humanizada e um comprometimento com o cuidado personalizado, garantindo o seu equilíbrio físico e emocional (FRANCO, 1999).

No mesmo sentido, Freitas et al. (2020) asseveram que humanizar a assistência à saúde exige muito dos profissionais de enfermagem, uma vez que é indispensável que esses profissionais possuam conhecimento científico e técnico, além de formação humanizada para a prestação de serviços. Isso leva a uma assistência de qualidade aos idosos, fortalecendo relações de intimidade, familiaridade, confiança e credibilidade. Os idosos cumprem os cuidados de saúde, garantindo assim uma maior capacidade de envelhecer com autonomia e independência, quando sentem confiança em alguém. Assim, é imprescindível que esse profissional tenha plena consciência da relevância de seu papel para a qualidade de vida do paciente idoso. Por sua vez, o modelo assistencial é uma construção histórica, política e social, que ocorre em um contexto líquido, sem forma, para atender aos interesses dos grupos sociais. Sendo, pois, uma organização do Estado e da sociedade civil, instituições de saúde, trabalhadores e empresas que atuam no setor para produzir serviços de saúde (LUCENA, 2006).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) considera que as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) têm desenvolvido atividades que estimulam a autonomia e a independência, promovendo a integração social dos idosos e condições recreativas, como atividades físicas, recreativas e culturais. em condições de liberdade, dignidade e cidadania. Com isso, uma variável importante na avaliação da qualidade de vida é a subjetividade, ou seja, a qualidade de vida é levada em consideração pela própria percepção do que é qualidade de vida Dessa forma, as opiniões dos indivíduos serão valorizadas, pois a qualidade de vida não pode ser avaliada segundo um padrão pré-determinado. (YOKOYAMA et al., 2006 e PASCHOAL, 2000).

A análise dos dados recolhidos foi possível verificar que vários fatores podem melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas. A enfermagem visa facilitar o mais alto nível de função ou qualidade de vida, transformando consequências funcionais negativas em consequências positivas, como no exemplo citado por Brunner (2009). “As alterações normais na visão relacionadas com a idade podem ser compensadas aumentando a iluminação durante a leitura ou usando óculos de sol para reduzir o brilho.” Assim, chega-se ao cerne da questão deste trabalho, qual seja: Qual a contribuição do enfermeiro, de forma humanizada, para promoção da qualidade de vida na saúde do idoso? Pode-se constatar que alguns fatores não se pode lançar mão, como: escuta ativa, visão sistêmica com relação ao contexto social e econômico do indivíduo, bem como fatores de autonomia e compreensão de sua saúde.

A enfermagem, como uma das profissões envolvidas no cuidado dos sujeitos, deve mobilizar-se para incentivar os indivíduos a cuidarem de si, com a intenção ou objetivo que é ou deveria ser incutido na relação entre o cuidado de enfermagem e os pacientes (LUNARDI, 1999 apud; KUZNIER, 2007). Dentre as principais atividades de enfermagem que visam a melhoria da qualidade de vida dos idosos estão: ajuda os pacientes a identificarem suas necessidades diante de problemas reais e potenciais decorrentes de condições crônicas, por meio da implementação de atividades educativas que promovem melhoria em sua qualidade de vida (SANTOS et al. 2011, apud; SARAIVA; QUEIROZ 2018).

À vista disso, percebe-se que a atuação do profissional de enfermagem é imprescindível para promoção da qualidade de vida e da saúde da população como um todo, sobretudo dos idosos. O ato de cuidar, por meio de tratamentos e de orientação, faz toda a diferença na vida desse perfil populacional. Ainda, de acordo com a caderneta do idoso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) são várias as atribuições do enfermeiro para proporcionar um envelhecimento saudável, realizando atenção integral às pessoas idosas, assistência domiciliar quando necessário, consulta de enfermagem incluindo a avaliação multidimensional rápida e instrumentos complementares se necessário e orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidadores sobre a correta utilização dos medicamentos, alimentos e exercícios físicos bem como seus benefícios.

CONCLUSÃO

O levantamento dos dados para a realização deste estudo permitiu compreender que o processo de envelhecimento tem-se intensificado ao longo dos anos, ao passo que a natalidade encontra-se em declínio constante. Essa nova estruturação social ocasiona o envelhecimento da humanidade em número cada vez maior. E isso incentiva toda a sociedade, inclusive os profissionais de saúde, família e Estado a desenvolverem meios de proporcionar qualidade de vida para essas pessoas.

Concordamos com as teses que relacionam qualidade de vida e velhice digna, uma vez que entendemos que a saúde é construída com o processo natural e gradual da vida sob vários aspectos. Por isso, os fatores sociais e econômicos podem favorecer ou prejudicar o autocuidado, ao passo que enseja a conscientização de sua saúde física e mental.

Além disso, ficou evidente, o que respondeu à hesitação deste trabalho, que o enfermeiro tem papel fundamental na promoção de saúde deste perfil populacional, uma vez que compete a ele ações de promoção da saúde na comunidade em que está inserido. Nesse aspecto, concluímos que ainda há muita defasagem em razão do distanciamento e ausência de empatia com o público idoso.

Concluímos, portanto, que há muito a ser feito para a transformação em uma sociedade consciente de seu dever frente ao idoso. Restou demonstrado que os profissionais de saúde não estão completamente preparados, tanto no que tange aos aspectos legais (direitos do idoso), quanto no aspecto relacional, baseado na empatia e humanização do atendimento a esse perfil populacional.

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1**Professor orientador André Di Carlo Araújo Duarte. Mestre em Ciências da Saúde. Enfermeiro Especialista em Cardiologia. E-mail: andre.duarte@unils.edu.

Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Graduação em Enfermagem, pelo Curso de Enfermagem do Centro Universitário uniLs