REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408241455
Jéssica Maria De Sousa Carvalho
Maria Beatriz Leandro De Souza
Stephanie Lara Soares Matos
Orientadora: Prof.°. Ms. Sarah Mourão
Co-Orientadora: Enf. Ginna Rocha
RESUMO
A exposição solar é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de Câncer de Pele que afeta, principalmente, os trabalhadores ao ar livre, sendo considerado um critério de risco ocupacional, além disso, a falta de investimento dos empregadores na saúde dos trabalhadores é determinante para o desenvolvimento dessa neoplasia. Partindo desse pressuposto, o objetivo geral é disseminar informações sobre o Câncer de Pele ao público de agricultores, com o intuito de promover a prevenção e diagnóstico precoce a estes. A ação propriamente dita foi desenvolvida no formato de palestra, dinâmica educativa e finalizada com agendamento para consulta médica dos participantes interessados. O processo de acompanhamento ocorreu entre os dias 21 de setembro à 03 de novembro de 2023 pela equipe multidisciplinar da ESF-Gergelim-I. Realizou-se ainda uma revisão bibliográfica para embasamento teórico deste trabalho nas plataformas de dados inseridas no portal regional da biblioteca virtual em saúde – BVS, Google acadêmico, Scielo, no Pubmed. Frente aos resultados alcançados, constatou-se a presença de 03 consultas médicas com 03 trabalhadores agrícolas abordados na ação no período entre 21 de setembro a 03 de novembro de 2023. Os resultados foram satisfatórios, com isso conseguiu-se atingir os objetivos do presente trabalho.
Palavras-chaves: Saúde do homem. Agricultor. Câncer de Pele.
1. INTRODUÇÃO
Buscando relacionar a saúde do homem agricultor no sertão e a problemática do câncer de pele, este trabalho tem como abordagem uma visão educativa da importância da prevenção e do diagnóstico antecipado para os trabalhadores agrícolas adscritos na Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Gergelim, no município de Araripina, no estado de Pernambuco.
Trabalhadores com idade avançada, acima de 60 anos, e baixo nível de escolaridade apresentam maiores riscos para desenvolver essa patologia. Além disso, a falta de investimento dos empregadores na saúde dos trabalhadores é determinante para o desenvolvimento dessa neoplasia (Farias et. al., 2021).
Com base nos dados do relatório de cadastro individual gerado através do prontuário eletrônico do cidadão (PEC), gerado na ESF de Gergelim, observou-se que, dentre os cidadãos ativos, um total de 696 (seiscentos e noventa e seis) se declararam como trabalhadores volantes da agricultura, sendo este um número significativo. Desta forma, tem-se a necessidade de proporcionar a população e trabalhar com ela para fornecer informações visando melhorias e otimização dos serviços da saúde pública.
A problemática do estudo tem como direcionamento a exposição solar, muitas vezes sem proteção, como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, sendo considerado um critério de risco ocupacional.
O câncer de pele pode ser dividido em melanoma e não melanoma; sendo o primeiro originado nos melanócitos e o segundo de células basais ou escamosas. No que diz respeito ao câncer de pele não melanoma, este é o mais corriqueiro no Brasil e mais comum em pessoas com mais de 40 anos.
O presente estudo se justifica pelo diagnóstico situacional da ESF – Gergelim, na qual há uma alta prevalência de trabalhadores rurais entre a população adscrita, o que resulta em risco aumentado para o desenvolvimento de câncer de pele e suas consequências, sendo de suma importância a prática de ações educativas para conscientizar a população acerca da relevância da prevenção e diagnóstico prévio do câncer de pele.
Este projeto abordou fatores de risco, equipamentos individuais de proteção (EPIs), autoexame individual de pele e reforçou a importância de olhar, conhecer e cuidar do corpo, bem como, de manter uma rotina anual de consultas ao médico, com uma visão voltada, em especial, para a rotina da atenção básica, que, na área abordada, é quem cobre a população.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
✔ Disseminar informações sobre o Câncer de Pele ao público masculino de agricultores, com o intuito de promover a prevenção e diagnóstico precoce.
2.2 Objetivos Específicos
✔ Elucidar informações sobre o Câncer de Pele e seus tipos, a fim de minimizar a desinformação dos agricultores a respeito de tal patologia.
✔ Orientar sobre os fatores de risco para o desenvolvimento do Câncer de Pele e medidas que podem ser adotadas para prevenir a doença.
✔ Orientar a respeito das etapas do autoexame da pele.
✔ Reforçar acerca da importância do autoexame para detecção e diagnóstico precoce do Câncer de Pele.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Câncer de pele: definição e tipos
A pele é o órgão que cobre todo o corpo humano protegendo-o, uma vez que trabalha para manter a homeostase, ela é dividida em: epiderme, derme e tecido subcutâneo. Sendo a primeira mais externa, a segunda mais vascularizada e a terceira mais adiposa. (BRASIL, 2023a).
O mesmo documento reitera que as doenças são manifestações patológicas que acometem a saúde do ser vivo, inúmeras enfermidades têm surgido constantemente como ameaça à saúde humana, o que nos preocupa é que a mudanças climáticas também são determinantes na incidência de doenças transmitidas por alimento, água e sua exposição excessiva ao sol, o que é tem desencadeado dados estatísticos alarmante como o câncer de pele, que é o eixo central do nosso estudo ((BRASIL, 2023a).
O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo. No entanto, alguns órgãos são mais acometidos do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser atingido por tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos. Dentre os diversos tipos de câncer podemos citar: Anal, Bexiga, Boca, Colo do útero, Corpo do útero, Esôfago, Estômago, Fígado, Infantojuvenil, Intestino, Laringe, Leucemia, Linfoma de Hodgkin, Linfoma não Hodgkin, Mama, Ovário, Pâncreas, Pênis, Próstata, Pulmão, Sistema nervoso central, Testículo, Tireoide, Tumor Neuroendócrino, finalmente, o Pele melanoma e Pele não melanoma, que será discutido nos próximos parágrafos. (BRASIL, 2023b). O câncer de pele pode ser dividido em melanoma e não melanoma; sendo o primeiro originado nos melanócitos e o segundo de células basais ou escamosas. De acordo com Bates, 2018, o melanoma é menos comum, contudo, o mais letal, representando mais de 70% das causas dos óbitos por câncer de pele, ele tem a aparência de um sinal comum tons acastanhados, porém podem sangrar, mudar de cor, de formato ou de tamanho. (Farias; Tocantins; Santos, 2022).
Os mesmo autores afirmam que o tipo não melanoma se divide em dois subgrupos: carcinomas basilares e carcinomas espinocelular. O basilar surge nas células basais, é o mais prevalente dentre todos, encontra-se na camada mais profunda da epiderme e surge em regiões com maior exposição ao sol. Enquanto o espinocelular surge nas células escamosas e embora também surjam em áreas do corpo que tenham maior exposição ao sol, tem relação maior com feridas crônicas e cicatrizes na pele.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA (Brasil, 2023) o câncer de pele melanoma tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele) e é mais frequente em adultos brancos:
O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. Nos indivíduos de pele negra, ele é mais comum nas áreas claras, como palmas das mãos e plantas dos pés. Embora o câncer de pele seja o mais frequente no Brasil e corresponda a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país, o melanoma representa apenas 4% das neoplasias malignas do órgão. É o tipo mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom se detectado em sua fase inicial. (Brasil, 2023a, p.1).
Entende que os sintomas do melanoma surgem em qualquer parte do corpo, é um dos cânceres mais agressivos e a probabilidade de causa metástase é maior, por isso o recomendado é observar manchas, pintas ou sinais, já que o prognóstico pode ser considerado bom se detectado inicialmente (Brasil, 2023a).
No que diz respeito ao câncer de pele não melanoma, este é o mais corriqueiro no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Embora apresente altos índices, o percentual de cura é maior se for detectado e tratado precocemente. Entre os tumores de pele, é o mais frequente e de menor mortalidade, entretanto, se não tratado adequadamente pode deixar mutilações significativas: Mais comum em pessoas com mais de 40 anos, o câncer de pele é raro em crianças e negros, com exceção daqueles já portadores de doenças cutâneas. Porém, com a constante exposição de jovens aos raios solares, a média de idade dos pacientes vem diminuindo. Pessoas de pele clara, sensível à ação dos raios solares, com história pessoal ou familiar deste câncer ou com doenças cutâneas prévias são as mais atingidas. O câncer de pele não melanoma apresenta tumores de diferentes tipos. Os mais frequentes são o carcinoma basocelular (o mais comum e também o menos agressivo) e o carcinoma epidermóide (Brasil, 2023b).
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer – INCA (Brasil, 2023b), o número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimados, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 220.490, o que corresponde a um risco estimado de 101,95 por 100 mil habitantes, sendo 101.920 em homens e 118.570 em mulheres.
Partindo desse pressuposto, é importante frisar que a exposição constante aos raios solares sem proteção em pessoas que são portadoras de doenças cutâneas e com histórico familiar podem desencadear o desenvolvimento do câncer de pele não melanoma. Por isso, a sensibilização e a conscientização dos cuidados com o corpo segundo Bates (2018), são primordiais.
3.2 Fatores de risco, EPIs e prevenção do câncer de pele
Os principais fatores de risco para o câncer de pele não melanoma são: exposição prolongada e repetida ao sol, pessoas que trabalham sob exposição direta ao sol, indivíduos de pele clara, olhos claros, albinos ou sensíveis à ação dos raios solares, fatores genéticos, doenças cutâneas prévias, exposição a câmeras de bronzeamentos artificiais são agravantes que influenciam no desenvolvimento desta neoplasia (Brasil, 2020). A patologia é predominante em pessoas maiores de 40 anos, com alta exposição a agentes químicos, histórico familiar ou exposição contínua aos raios ultravioletas do sol (Moura, 2017).
Outrossim, se dá a equipamentos que podem ser úteis para a proteção contra os raios solares, ou seja, será útil para prevenção de patologias, é fazer uso no dia a dia de chapéus, bonés, camisetas com proteção UV, óculos escuros com lentes com proteção UV, evitar exposição solar entre os horários de 10h e 16h, uso de protetor solar diariamente. Outro aspecto que é importante observar é aparecimento de pintas que:
[…] podem ser classificadas em uma regra chamada ABCDE, que consiste em avaliar cinco características distintas. Uma mesma pinta pode apresentar uma ou mais dessas categorias e quanto maior o número, maior o grau de suspeita de ser um tumor de pele. Alguns tumores malignos de pele, porém, fogem dessa descrição e o melhor é procurar um especialista se você suspeitar de algo diferente. (Bussolotti, 2023, s.p.)
É de conhecimento de todos, que um dos métodos mais eficazes contra as radiações solares é a uso de filtros solares, pois possuem a capacidade de estabilizar os raios fotoquímicos através de suas propriedades absortivas refletoras, fazendo com que a pele não absorva os raios, minimizando os efeitos nocivos que eles causariam. Vale ressaltar, que para uma proteção eficaz os filtros devem ter fatores de proteção acima de 15 e devem ser reaplicados de 2 a 3 horas (Campos; Faria; Santos, 2018).
Ademais, é necessário o cuidado com o corpo e observar quaisquer sinais e sintomas que possam surgir como: manchas pruriginosas, descamativas ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, formato ou cor e feridas que não cicatrizam em 4 semanas. O câncer de pele pode se desenvolver principalmente nas áreas do corpo que são mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas (Brasil, 2020).
Desse modo, devido ao aparecimento desses sinais e sintomas, cabe ao paciente procurar o mais rápido possível ajuda médica para confirmar o diagnóstico, iniciando o tratamento precocemente, para que desta forma tenha um prognóstico eficaz, além do mais, é de extrema importância que os profissionais de saúde estão comprometidos com o trabalho de rastreio do câncer de pele com a população assistida pela ESF (Machado et al., 2021).
3.3 Autoexame do Câncer de pele
O INCA (2021) reforça que a prevenção e a detecção precoce são fundamentais para a cura do câncer de pele, assim, faz-se necessário que a pessoa conheça seu corpo. Conforme Bates (2018) aparecimento de lesões novas ou modificações de lesões preexistentes precisam ser investigadas, e, o autoexame é fundamental para tal propósito e é necessário em todos os casos supramencionados.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia sugere que as pessoas façam o autoexame de pele por ser um exame simples, onde apenas se precisa de espelhos para aplicação de seu método, e com isso fazer a inspeção de toda a pele. Ideia reforçada por Bates (2018), que diz que o paciente precisa de um espelho de corpo inteiro, de um espelho de mão e um aposento bem iluminado e capaz de proporcionar a privacidade necessária.
Ainda segundo Bates (2018), deve-se examinar o próprio corpo de frente e de costas no espelho, os lados direito e esquerdo, depois antebraços, braços e as regiões palmares, pernas e pés. E, com um espelho de mão, a parte posterior do pescoço e do couro cabeludo, por fim, as nádegas.
Uma vez que o diagnóstico precoce ajuda no bom prognóstico e nas chances de cura, é importante que a pessoa crie essa rotina e a aplique mensalmente, e percebendo qualquer alteração que se procure um médico, conforme orienta a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2021).
4. METODOLOGIA
Trata-se de um projeto de intervenção (PI) quanti-qualitativo para prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele, ofertado aos usuários referidos como trabalhadores rurais, na comunidade atendida pela Equipe de Saúde da Família (ESF) – Gergelim I, da cidade Araripina, município do interior de Pernambuco. Este PI foi elaborado por meio da aplicação do método do Planejamento Estratégico Situacional, por Estimativa rápida. Teve como abordagem uma pesquisa quanti-quali, ao adotar esse tipo de pesquisa foi possível determinar os problemas prioritários encontrados na referida população, assim como a identificação dos nós críticos e as ações a serem propostas, de acordo com Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde preconizado por Campos, Farias e Santos (2018).
O estudo apresenta dados coletados no município, no período de agosto a setembro de 2023, por meio do PEC, de reuniões semanais entre as alunas do curso de Medicina da Faculdade Paraíso – Araripina e a preceptora e enfermeira (figura 1), bem como com a toda equipe de saúde multiprofissional, buscando identificar os problemas e potencialidades que influenciam a saúde do homem agricultor da comunidade adscrita.
Figura 1: Acadêmicos e a preceptora nos preparativos para ação inicial
Fonte: Própria das Autoras (2023).
Após as reuniões com a equipe multiprofissional, foram coletados os dados referentes aos nós críticos, utilizados para a elaboração do projeto de intervenção, seguindo os passos propostos no Módulo de Planejamento e Avaliação em Saúde de Campos, Faria e Santos (2018): 1) Definição dos problemas; 2) Priorização de problemas; 3) Descrição do problema; 4) Explicação do problema; 5) Seleção dos nós críticos – identificar as causas que precisam ser enfrentadas; 6) Desenho das operações; 7) Identificação dos recursos críticos; 8) Análise da viabilidade do plano; 9) Elaboração do plano operativo; e 10) Gestão do plano – discutir e definir o processo de acompanhamento.
A ação propriamente dita foi desenvolvida no formato de palestra, dinâmica educativa e finalizada com agendamento para consulta médica dos participantes interessados. O processo de acompanhamento ocorreu entre os dias 21 de setembro a 03 de novembro de 2023 pela equipe multidisciplinar da ESF-Gergelim- I, desenvolvida em 2 (duas) etapas: Palestra e dinâmica educativa com distribuição de panfleto informativo, seguida de agendamento para consulta médica dos participantes interessados, no intuito de vincular e desenvolver a assiduidade do público-alvo a ESF.
Realizou-se ainda uma revisão bibliográfica para embasamento teórico deste trabalho nas plataformas de dados inseridas no portal de dados nacional da biblioteca virtual em saúde – BVS, tendo como buscador de dados os sites, a saber: Google acadêmico, Scielo, no Pubmed. Sendo utilizado os seguintes descritores: Câncer de pele; Saúde pública; Atenção Básica; Saúde; Exposição ocupacional; Raios ultravioleta; Saúde do agricultor. Para redação do texto foram aplicadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e às orientações da disciplina Interação em saúde na comunidade (IESC).
5. RESULTADOS ESPERADOS
Com base no Relatório de Cadastro individual fornecido através do PEC, observou-se que, dentre os 2331 (Dois mil trezentos e trinta e um) cidadãos ativos descritos como pertencentes ao sexo masculino, 696 (seiscentos e noventa e seis) declaram-se como trabalhadores volantes da agricultura.
Gráfico 1: Relatório de Cadastro individual fornecido através do PEC
Fonte: Relatório de Cadastro individual fornecido através do PEC (2023).
A ação ocorreu no dia 21.10.2023 no período matutino, com a participação de 22 (vinte e dois) agricultores, sendo esta desenvolvida em 2 (duas) etapas: Palestra e dinâmica educativa com distribuição de panfleto informativo, seguida de agendamento para consulta médica dos participantes interessados, no intuito de vincular e desenvolver a assiduidade do público-alvo a ESF. Na ocasião houve ainda a colaboração do representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sendo estes parceiros e facilitadores na captação dos trabalhadores agrícolas para participarem da ação. A figura 2, apresenta uma mostra do projeto em ação inicial, visando a capacitação dos trabalhadores de saúde, já que se trata de acadêmicos em processo formativo com o objetivo de fomentar reflexões sobre a importância de incluir na pauta do planejamento e na implementação de atividades ações relacionadas à saúde do trabalhador camponês. E na figura 3, a realização da dinâmica, evidenciando os cuidados e proteção com a pele.
Figura 2: Ação inicial: Palestra e dinâmica educativa
Fonte: Própria das Autoras (2023).
Figura 3: Dinâmica
Fonte: Própria das autoras (2023).
Destacamos a participação ativa dos agricultores como positiva durante a ação, estando estes envolvidos nas atividades e com questionamento que foram sanados ao longo do evento resultando no agendamento imediato de consultas. Contudo, essa prática não é corriqueira, os estudos mostram um afastamento significativo desse público a serviço de saúde, mesmo amparados pelo Constituição Federal de 1988 em seu art. 196 que garante: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (Brasil, 1996) A realidade não faz jus a constituição, isso é reforçado por Miranda, Aleixo e Moreira (2022) que afirmam: “os camponeses como comunitários no âmbito da zona rural tendem a estarem menos favorecidos a serviços sociais, sobretudo a saúde, devido aos agentes e atenção social chegarem mais lentamente a essa parcela da sociedade.”
O processo de acompanhamento da intervenção se deu através do monitoramento semanal pela equipe multiprofissional juntamente com as estudantes de medicina para avaliação das ações realizadas, bem seus impactos na comunidade. Constatou-se a presença de 03 consultas médicas com 03 trabalhadores da agrícolas abordados na ação no período entre 21 de setembro a 03 de novembro de 2023. Assim podemos afirmar que obtivemos os resultados esperados de forma satisfatória e com isso conseguimos atingir os objetivos do presente trabalho.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização do projeto de intervenção na Estratégia de Saúde da Família Gergelim-PE, espera-se o aumento do discernimento sobre as informações acerca do entendimento sobre o Câncer de Pele, seus fatores de risco, prevenção e o incentivo para que os agricultores que participaram da ação se tornem mais assíduos a ESF, ou seja, dessa forma busquem o agendamento para consultas médicas periodicamente em qualquer suspeita de tal patologia.
Com isso, a ação que foi realizada em formato de palestra educativa e informacional, alcançou o seu objetivo de desenvolver um vínculo com os agricultores daquela área, que participaram e contribuíram com suas dúvidas que foram sanadas pelas estudantes de medicina, e alguns que apresentavam alguns sinais e sintomas sugestivos de tal patologia, realizaram o agendamento para realizar uma consulta com a médica da ESF. Nesse viés, foi notório a contribuição positiva do projeto realizado para aquela área assistida. Assim, reforça a importância de políticas públicas em prol da saúde do camponês que tem a agricultura como o único meio de garantir seu sustento e movimentar a economia local, por isso, se faz a necessário reconhecer as realidades e a cultura local para planejar e desenvolver ações apropriadas, entre seus objetivos ou suas estratégias, a importância de incluir nos processos de formação e capacitação dos trabalhadores de saúde conteúdos de saúde do trabalhador.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Instituto Nacional de Câncer – INCA. Câncer de pele melanoma, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pele-melanoma. Acesso em: 4 nov. 2023a.
BRASIL, Instituto Nacional de Câncer – INCA. Câncer de pele não melanoma, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pele-nao-melanoma. Acesso em: 4 nov. 2023b.
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BUSSOLOTTI, Raquel M. Pele: Informe-se e Previna-se. Centro Integrado de Diagnóstico, Tratamento, Ensino e Pesquisa. 2023. Disponível em: https://accamargo.org.br/sites/default/files/2020-08/folheto-pele.pdf. Acesso em: 4 nov. 2023. BICKLEY, Lynn S. Bates: Propedêutica Médica. 12a ed. Guanabara Koogan, 2018.
MIRANDA, Rozilene, ALEIXO, Natacha Cíntia Regina; MOREIRA, Jefferson Vieira. Análise do ambiente e saúde dos camponeses das comunidades Novo Paraíso e Bom Jesus no município de Tefé – Amazonas. Revista Metodologias e Aprendizado, v.5, n.1, p. 92-106, 2022.
FARIAS, Matheus Braz; TOCANTINS, Leon Bamolie Condorcet, SANTOS, Letícia Stefani; DA COSTA, Telma; GALLES, Carolina Barra. BRAZ, Felipe Rodrigues. Risco de Câncer de pele devido à exposição solar ocupacional: uma Revisão Sistemática. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n. 6, p. 26365-26376, nov./dec., 2021.
CAMPOS, Francisco Carlos Cardoso de; FARIA, Horácio Pereira de; SANTOS, Max André dos. Planejamento, avaliação e programação das ações de saúde. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2017. 97p.
MOURA, Paula Francislaina. Câncer de pele: uma questão de saúde pública. Visão Acadêmica, [S.l.], v. 17, n. 4, p. 1518-8361, 2017. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/academia/article/view/49996. Acesso em: 27 jan. 2021.
SARAIVA. Thais. Câncer de pele: saiba como prevenir, diagnosticar e tratar. 2020. Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/noticias/2020/dezembro/cancer-de-pele-saiba-como-prevenir-diagnosticar-e tratar. Acesso em: 2 nov. 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Autoexame na prevenção do câncer de pele. 2011. Disponível em: https://www.sbd.org.br/autoexame-na-prevencao-do-cancer-de pele/. Acesso em: 2 nov. 2023.
MACHADO, C. K. et al. “Pele Alerta Project”: prevention and early detection of skin cancer aimed at beauty professionals. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) – Brazilian Journal of Plastic Sugery, v. 36, n. 2, p. 236–241, 2021.