SAÚDE DA MULHER: A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8100999


Adaelma da Silva Costa Vaz1
Ivanete Maria Pereira da Conceição1
Leane Rodrigues Franc Elin1
Marcelo Lima da Silva1
Tamiris dos Santos Linhares1
Ludmylla Paula Xavier2


RESUMO:

INTRODUÇÃO: Violência obstétrica é o termo utilizado para agrupar todos os tipos de violência sofridos pela mulher durante a gravidez, parto, pós-parto, aborto e puerpério. Ocorrendo tanto de forma verbal, institucional, moral, física e psicológica. A partir desse modelo gestacional, o tema violência obstétrica começa a ganhar visibilidade através de movimentos feministas, obras artísticas e documentários durante o século XXI. OBJETIVOS: Evidenciar a importância da atuação do enfermeiro na prevenção da violência obstétrica no âmbito hospitalar e descrever o protagonismo da mulher na cena de parto. METODOLOGIA: trata-se de uma revisão bibliográfica, realizada por meio de pesquisa descritiva, exploratória com coletas de dados. Elaborada a partir de material já publicado. A amostra foi constituída por 26 artigos em língua portuguesa, cujas palavras chaves foram encontradas via DECS-descritores. RESULTADO E DISCUSSÃO: Apesar das orientações à prática do modelo de humanização ao parto, a realidade de muitos hospitais não condiz com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde e OMS. Nota-se, que a adesão aos seus princípios tem se mostrado insuficiente para reverter o modelo intervencionista da atenção obstétrica. CONCLUSÃO: Portanto vimos que o presente trabalho visa esclarecer sobre os problemas enfrentados pelas parturientes nas unidades de saúde em relação ao cuidado ofertado por parte de alguns profissionais da área, e através deste estudo levar tal conscientização a população adscrita, visto que as mulheres sofrem esse tipo de violência diariamente através da equipe multiprofissional, não somente na área hospitalar, mas também na extra hospitalar, deve-se ter atenção para com as parturientes e total humanização.

Palavras chaves: violência obstétrica; enfermeiro; parto humanizado.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Obstetric violence is the term used to group all types of violence suffered by women during pregnancy, childbirth, postpartum, abortion and puerperium. Occurring both verbally, institutionally, morally, physically and psychologically. From this gestational model, the theme of obstetric violence begins to gain visibility through feminist movements, artistic works and documentaries during the twenty-first century. OBJECTIVES: To highlight the importance of nurses’ actions in the prevention of obstetric violence in the hospital environment and to describe the role of women in the birth scene. METHODOLOGY: this is a bibliographic review, carried out through descriptive, exploratory research with data collection. Drawn from material already published. The sample consisted of 26 articles in Portuguese, whose keywords were found via DECS-descriptors. RESULT AND DISCUSSION: Despite the guidelines to the practice of the model of humanization to childbirth, the reality of many hospitals does not match what is recommended by the Ministry of Health and WHO. It is noted that adherence to its principles has been shown to be insufficient to reverse the interventionist model of obstetric care. CONCLUSION: Therefore, we saw that the present study aims to clarify the problems faced by parturients in health units in relation to the care offered by some professionals in the area, and through this study bring such awareness to the enrolled population, since women suffer this type of violence daily through the multidisciplinary team, not only in the hospital area, but also in the extra hospital, We must pay attention to the parturients and total humanization.

Keywords: obstetric violence; nurse; humanized childbirth

1- INTRODUÇÃO

A violência obstétrica é caracterizada pela apropriação do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde, tratamento desumanizado, abuso da medicação e patologização dos processos naturais. Com isso é possível observar que tais atos desencadeiam em inúmeras consequências às mulheres, que vão desde a violação dos seus direitos a um bom atendimento, ao risco de sua integridade física e mental em um momento de extrema particularidade e vulnerabilidade (OLIVEIRA et al; 2017).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014) a violência obstétrica foi recentemente identificada como uma questão de saúde pública, que atinge de forma direta as mulheres e seus bebês. Entretanto, ao analisar o âmbito brasileiro, percebe-se que os ideais preconizados pela OMS não são devidamente efetivados e a falta de informação por parte das parturientes e ausência de preparo profissional são agentes impulsionadores para problemática (LEAL et al; 2018). 

 Durante o trabalho de parto a violência obstétrica é o termo utilizado para agrupar todos os tipos de violência sofrido pela mulher durante a gravidez, parto, pós-parto e aborto, ocorrendo de forma verbal, institucional, moral, física e psicológica. Os impactos causados por estas práticas são graves, podendo, assim, ocasionar consequências psicológicas semelhantes às de mulheres vítimas de estrupo, gerando dificuldades de aceitação do seu corpo e na demora para retornar à sua vida sexual (SIPIÃO; VITAL, 2015 apud COELHO et al; 2020)

A partir do século XX, com o aumento da tecnologia deu-se início a hospitalização do parto que passou a ser visto como um evento patológico. Desde então vários fatores foram evidenciados como prática de violência contra o desejo da mulher. Dentre essas evidências, observa-se que o parto natural está associado à dor intensa e sofrimento da gestante, que se predomina pelo atual modelo de assistência obstétrica que é definido como tecnocrático. A partir desse modelo gestacional, o tema violência obstétrica começa a ganhar visibilidade através de movimentos feministas, obras artísticas e documentários durante o século XXI, (BRANDT et al 2018). 

Um dos atuais desafios na tratativa do parto natural está relacionado com o uso de métodos não farmacológicos e ações humanizadas na hora do parto que é um momento tão aguardado pela família. Contudo, a incidência de violência obstétrica sofrida pelas gestantes é alarmante, obstruindo o pensamento das mulheres de um parto tranquilo e menos doloroso possível. Desse modo, a garantia de um parto natural e humano dependerá de todos os profissionais envolvidos, e essa missão deve se basear nos valores de ética, para que a mãe e seu recém-nascido vivenciam esse momento esperado. (DINIZ et al 2014 apud RUPPENTAL, 2021). 

De acordo com a pesquisa de TEDESCO et al 2004 apud MATOSO et al 2018, uma das questões mais preocupantes na assistência ao parto, é a sua crescente medicalização e cirurgia ficação, tendo o Brasil como uma das mais altas taxas de cesáreas do mundo sendo elas de (36,4%) comparado a vários outros países do os EUA (24,7%), Canadá (19,5%), Dinamarca (13,1%) e Austrália (7,5%). A enfermagem pode desenvolver um papel fundamental para evitar esses números de abuso contra as mulheres. Por isso é indispensável o conhecimento técnico e científico do profissional para desenvolver cuidados efetivos durante o trabalho de parto, como: avaliar a necessidade de dieta zero, ocitocina durante o trabalho de parto entre outros 

Diante dessa problemática, elabora-se a seguinte questão norteadora: Como a enfermagem pode contribuir para redução dos casos de violência obstétrica? visto que muitos casos são identificados, mas não são repassados aos órgãos competentes para que se tomem as devidas providências. Enfim, evidenciar a importância da atuação do enfermeiro, na prevenção da violência obstétrica no âmbito hospitalar, relatar a vivência da mulher em relação ao parto violento, assim como, ressaltar a humanização no trabalho de parto e nascimento como também, descrever a importância do protagonismo da mulher na cena de parto. 

2- METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, realizado por meio de pesquisa descritiva, exploratória com coletas de dados, com a finalidade de sintetizar os resultados de forma abrangente e sistemática, esclarecendo as variadas formas de violência obstétrica para que as gestantes saibam identificar os sinais e sintomas das situações de abusos, desrespeito e maus tratos que evidenciam a falta de profissionalismo desvalorizando a dignidade humana.

           A revisão bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com o material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Na pesquisa bibliográfica, é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras possam apresentar segundo SOUSA, 2021.

Para a busca dos estudos a base de dados escolhida foi: Scientific Eletonic Library Online (Scielo) e Google Acadêmico, sendo escolhidos dessas plataformas, desta forma, foram analisados 40 artigos para o desenvolvimento do trabalho, feito recorte de inclusão e exclusão de acordo com a temática. dando prosseguimento houve a exclusão de 15 artigos por questões de duplicidade e coerência, restando assim 25 artigos que foram utilizados neste trabalho, entre monografias e revistas publicados entre os anos de 2017 a 2022. 

A busca na base de dados orientou-se pelos descritores da saúde (DECS) pelas palavras chaves violência obstétrica, parto e parto humanizado. Assim, utilizaremos a plataforma Microsoft Word e Excel em formato de planilha contendo informações específicas como: Título do artigo, Autores, ano de publicação, delineamento do estudo, resultados e conclusões auxiliando na realização do presente trabalho.

 Foram selecionados 26 artigos em língua portuguesa dentre os anos de 2017 – 2022 que atendiam aos critérios de inclusão do tema abordado e que evidenciam as práticas de violência obstétrica, a coerência no texto, a abordagem científica frente a temática desenvolvida e uso de uma linguagem mais fácil para melhor entendimento do leitor.

Após a seleção foram excluídos 15 artigos por duplicidade, temas não condizentes com o assunto abordado, linguagem de difícil entendimento, conteúdo com pouca relevância frente ao que buscamos para a confecção do trabalho. 

Dessa forma, não haverá necessidade de submissão ao Comitê de Ética em pesquisa, vale ressaltar uma vez que, por não se tratar de uma pesquisa com seres humanos, conforme resolução no. 466/12, no que diz respeito à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe com consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, por si e/ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à participação na pesquisa.

 Entende-se por esse processo de consentimento livre esclarecido a todas etapas a serem necessárias e observadas para que o convidado a participar de uma pesquisa possa se manifestar de forma autônoma consciente, livre e esclarecida. 

   Quebra de anonimato, estresse, divergências de pensamentos por trata-se de uma pesquisa em grupo, danos morais. Expansão de conhecimento, busca por melhorias na qualidade do trabalho, valorização acadêmica, agregação de conhecimento.

4- RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1- A VIVÊNCIA DA MULHER EM RELAÇÃO AO PARTO VIOLENTO

A violência obstétrica pode ser considerada uma espécie de violência de gênero, simbólica e institucional arraigada ao cotidiano feminino, em muitas circunstâncias, é naturalizada. Todavia, o aumento do acesso à informação, entre outros fatores, vem ocasionando mudança de postura, constatada pelo crescimento das denúncias e demandas judiciais e é possível identificar o desconhecimento dos magistrados sobre o tema, o que redunda, em algumas ocasiões, na mitigação dos direitos pelo próprio judiciário, citado por (ALMEIDA et al., 2023).

Segundo a (OMS), no mundo inteiro, muitas mulheres sofrem abusos, desrespeito e maus tratos durante o parto nas instituições de saúde. As consequências desse tipo de violência podem ser devastadoras para a mulher, e muitas vezes causam um trauma físico e psicológico, relacionado às atitudes e procedimentos desrespeitosos, esse tipo de tratamento não só viola os direitos das mulheres, como também ameaça o direito à vida (Martins et al 2019). Porém, a violência obstétrica é diretamente proporcional ao nível de vulnerabilidade e classe econômica da mulher mais baixa, sendo esta mais propensa a sofrer esse tipo de abuso. (MOURA et al., 2021)

 Esse tipo de violência atinge mulheres de todas as classes sociais, todavia, as mulheres pobres e negras, numa interação entre gênero, classe social e raça, são vitimadas com mais frequência, expostas a um poder institucional opressor, dominador e excludente. Somam-se a essas, as adolescentes, as mulheres com baixa escolaridade, dependentes químicas, as que vivem em situação de rua e as que não tiveram acompanhamento pré-natal. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Ábramo, corrobora a íntima ligação entre gênero, classe e raça, quando o assunto é violência obstétrica, sendo negra, muito jovem e de baixo poder aquisitivo, as possibilidades deste tipo de violência são maiores. (BRITO, OLIVEIRA & COSTA, 2020).

No entanto, a mulher deve ser encorajada a conhecer o funcionamento do seu corpo, deve ser esclarecida sobre o que irá acontecer durante o seu trabalho de parto e compreender que a dor faz parte do momento do nascimento do seu filho. As informações que serão repassadas para a mulher são de extrema importância para que ela consiga compreender o que sucederá no momento de dar à luz, redigir um plano de parto lhe traz essas informações e consequentemente maior segurança na hora do parto (SILVA; FREITAS; SILVA, 2023).  

Ainda nesse contexto, observando o cenário é importante citar as práticas que afetam o estado psicológico das mulheres, como as ações verbais ou comportamentais que venham a causar na mulher sentimentos de inferioridade, vulnerabilidade, abandono e instabilidade emocional. Consequentemente essa prática de violência já é normalizada dentro do comportamento social (SANTOS; MELO; TAVEIRA, 2023). No que tange às intervenções voltadas para as mulheres, é pontuado a necessidade de fornecer informações sobre as questões que envolvem a violência obstétrica, ter acesso a base de evidências e informações imparciais sobre intervenções obstétricas, promovendo o fortalecimento da mulher como sujeito de direito e de sua autonomia na assistência que lhes é prestada (SILVA, et al, 2023).

Nesta condição, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento é direcionado para avaliar cordialmente as usuárias que necessitam de cuidados de saúde de forma integral, não impondo regras, mas ouvindo suas queixas e proporcionando que a mesma exponha suas inseguranças. É necessário prestar orientações aos seus familiares a fim de garantir a continuidade nas articulações dos serviços para que seja alcançada a efetivação do cuidado. A utilização do programa sendo liderada pelo enfermeiro mostra mudanças preventivas na assistência promovendo a humanização e trazendo conforto e segurança para as mulheres (SANTOS; MELO; TAVEIRA, 2023).

Em suma, a violência obstétrica pode causar sofrimento e efeitos na saúde de quem a vivência, impactando negativamente na qualidade de vida das mulheres. Portanto, são necessárias práticas públicas efetivas para o combate a esse tipo de violência por meio da avaliação contínua e permanente da prestação de serviços de atenção obstétrica (RODRIGUES; FERREIRA & SILVA, 2023)

4.2 O DESCONHECIMENTO SOBRE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Em decorrência do desconhecimento das parturientes quanto à violência obstétrica, durante o pré-natal, muitas mulheres não percebem que foram violadas e violentadas durante o parto, uma vez que, as informações e orientações sobre a temática não são explicadas. Assim, constata-se que as mulheres mais acometidas, são as pardas, multíparas, sem instrução e que, pelo fato de não terem o conhecimento sobre a temática, acreditam que as medidas adotadas são normais e necessárias para que tudo ocorra bem e não cause danos ao bebê (CONCEIÇÃO et al 2021).

Nota-se que, a negligência e a atenção desumanizada são os fatores preponderantes e que remetem à hierarquização e hegemonia dos profissionais da saúde, principalmente no que se diz respeito à relação médico-paciente que inferiorizam as mulheres e banalizam a violência obstétrica com a finalidade de acelerar os processos e procedimento (BITENCOURT, OLIVEIRA; RENNO, 2021). Relatando que são condutas praticadas sem embasamento científico, de forma inapropriada que poderiam ser evitadas. Que vão desde atitudes de abusos de poder, decisões sem o consentimento da mulher, verbalizações inadequadas dirigidas a ela e ausência de orientações. (ORSO et al., 2021)

Visto que na categoria “Desconhecimento de profissionais e parturientes” os profissionais identificaram o desconhecimento de profissional e parturiente no processo de parto como fator para a ocorrência de violência obstétrica. No cenário atual brasileiro de atenção ao parto, o exercício dos profissionais de saúde não se encontra embasado em evidências e estaria vinculada ao desconhecimento e a uma crença dos profissionais de que a experiência profissional importa mais do que a produção científica da área de obstetrícia. (BITENCOURT; OLIVEIRA; RENNÓ, 2021)

Afinal violência obstétrica decorre do desconhecimento da mulher em relação aos seus direitos sexuais e reprodutivos. Elas não conseguem diferir se sofreram ou não ações violentas pois confiam nos profissionais, e também pela própria ocasião de fragilidade física e emocional que os procedimentos obstétricos trazem. Como contribuição para a prática, espera-se que os profissionais que atuam no atendimento ao ciclo gravídico-puerperal reflitam sobre a importância da assistência pautada em princípios humanísticos e evidências científicas sólidas. (BITENCOURT; OLIVEIRA; RENNÓ, 2021

A violência não está somente nos procedimentos técnicos, porém pode ser através de abusos verbais e psicológicos, efetuados com gritos, negam à presença do acompanhante, uso de bordão ofensiva, destratadas por chorar de dor, repreensões, xingamentos, ameaças, utilizam ainda jargões pejorativos e piada. Percebe-se que os caracterizadores da violência obstétrica são todos aqueles cometidos contra a mulher no exercício de sua saúde sexual e reprodutiva, podendo ser cometidos por profissionais de saúde, servidores públicos, profissionais técnico administrativos de instituições públicas e privadas citado por (Almeida et al., 2023).

   Outrossim, a discriminação baseada em certos atributos, como tratamento diferencial com base em atributos considerados positivos, como ser casada, adulta, branca, classe média, despreciando aquelas que tem atributos considerados negativos, abandono ou recusa de assistência e detenção nos serviços (Coelho, Andrade & Almeida, 2020). Além do mais a violência obstétrica é uma prática comum nos ambientes hospitalares brasileiros, mas é um tema quase invisível, no entanto o excesso de intervenções no parto dentro das instituições tem contribui para os altos índices de morbimortalidade materna e neonatal, (Silva et al., 2023).

 Diante desses achados, ações de conscientização e orientação dos profissionais de saúde devem ser desenvolvidas, mantendo o foco nos profissionais de enfermagem mais próximos da clientela, por meio de programas de capacitação e campanhas de prevenção para prestar atendimento humanizado e adequado à assistência à saúde no contexto do trabalho de gestação e parto (RODRIGUES, FERREIRA & SILVA, 2023)

4.3 Humanização no Trabalho Parto e Nascimento

             A humanização do parto se configura como um direito em todo o país e visa o bem-estar das mulheres atendidas, sem exceções, englobando a individualização de condutas, o direito à privacidade e empatia (BRITO et.al, 2021). Esse tema vem sendo muito discutido no meio dos profissionais de saúde que trabalham na área, pois divide opiniões. Alguns profissionais da área levam a humanização do parto como se fosse algo irrelevante e preferem optar pelo modelo biomédico de assistência, não levando em consideração as vontades da parturiente, fazendo com que o parto seja algo mecânico. (CARDOSO, ROCHA, 2023). 

Exclusivamente, durante o acolhimento ao parto, ações propostas pelo ministério da saúde encontram-se baseadas nas instruções ao parto normal da (OMS). Dessa forma as condutas acrescentadas no parto normal são definidas e quatro categorias: procedimentos claramente úteis e que precisam ser estimuladas; procedimentos prejudiciais ou insuficientes e que devem ser abolidos; práticas com indícios falhos para sustentar uma orientação e que precisam ser aplicadas com prudência; práticas regularmente empregadas de maneira inadequada, ocasionando mais desvantagem que melhorias (SILVA et al.,2020).

  Segundo a Resolução do COFEN n° 0516/2016 é que ampara sobre o tema em estudo, a qual dispõe sobre “Normatização a atuação e a responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz na assistência às gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos nos serviços de obstetrícia, Centros de Parto Normal e/ou casas de parto e outros locais onde ocorra a assistência” (COFEN, 2016). Deste modo, o papel da enfermagem é acolher e questionar à parturiente se existe dúvidas ou medo sobre o trabalho de parto; oferecendo informações sobre os sinais e sintomas, ensinar a identificar e como aliviá-los, bem como o tempo e intervalos para cada exame. (LEMOS, et al 2019 apud SANTOS, MELO & TAVEIRA 2023).

Porém a prestação de cuidado humanizado, está diretamente relacionada às condições de serviço, como, por exemplo, a remuneração dos profissionais de saúde, a quantidade satisfatória de profissionais no trabalho, a relação ética entre a ação humanizada e a ética no trabalho, bem como o ato colocar a ação humanizadora como centro da ética profissional, a disposição para as relações humanas, ter o conhecimento técnico e científico, além do desenvolvimento de atividades de educação continuada. Essas questões são apontadas como mecanismos que favorecem o atendimento ao paciente de forma humanizada (UHATELA,2022).

  Entre as atuações que podem trazer conforto e um mínimo de respeito às gestantes, por exemplo, identificaram que a utilização da música tem efeito analgésico em parturientes, perceberam, ainda, que os sons que mais relaxavam eram o de piano e ondas do mar. Já Leal, trazem em seus estudos que a puérpera que tiver o prazer de vivenciar um parto humanizado, jamais se arrependerá de passar algumas horas sentindo dor, uma vez que esse sofrimento momentâneo contribui bastante para o elo que é criado entre mãe e filho, conforme (Brito et al.,202I).

Observa-se, que o perfil de um profissional humanizado é aquele que permite ouvir, compreender, aconselhar e respeitar as opiniões, queixas e necessidades dos pacientes. Afinal a humanização consiste no ato ou efeito de humanizar, de tornar-se mais humano e benévolo, diante da situação em que se encontra a paciente. Além disso, o intuito é prevenir e diminuir as vítimas de violência obstétrica com a finalidade de proporcionar segurança e conforto à mulher (SANTOS, MELO & TAVEIRA 2023).

Desse modo, a mulher tende a apresentar um melhor desempenho durante o parto e pós-parto, se receber apoio e segurança de um acompanhante. No entanto, mesmo com a existência da Lei do Acompanhante, ainda há muito a ser construído para que haja o respeito a essa lei que assegura a presença de um acompanhante escolhido pela parturiente. A resistência é de alguns profissionais que consideram que a sala de parto vaginal não é lugar para acompanhante, por não estar preparado emocional e psicologicamente citado por (VILAÇA et al;2021).

Logo, é de extrema relevância a ações   educativas de qualidade durante o pré-natal, pois influencia na cadeia de opiniões e crenças acerca das vias de parto e, desse modo, promover a melhoria da autonomia da mulher na escolha final (CARVALHO; CERQUEIRA, 2019).  Também a atuação da enfermeira obstétrica no cenário de parto é fundamental para reconfigurar o modelo predominante e tradicional da assistência obstétrica no Brasil, centrado no médico obstetra e na atenção hospitalar. (LIMA et al; 2020).

4.4 A IMPORTÂNCIA DO PROTAGONISMO DA MULHER NA CENA DO PARTO

             Antigamente o atendimento ao parto era realizado por parteiras, conhecidas pelas suas experiências, embora não possuíssem o conhecimento científico. Assim os acontecimentos na vida da mulher se sucediam em sua residência, onde existia uma troca de informações, sendo considerada desconfortável a parturição (JESUS, 2022). Nota-se, nos anos 80, condutas invasivas, caracterizadas por autoritarismo e falta de evidências científicas predominavam no campo obstétrico. Nesse sentido, há duas décadas a OMS reuniu informações baseadas em evidências e então propôs quais condutas eram de fato recomendadas e deveriam ser mantidas e quais devem ser abandonadas pelo potencial risco prejudicial segundo (MORAIS, et al, 2019). 

 Desde então a OMS, o Ministério da Saúde vem ao longo dos últimos anos pondo em voga diversas estratégias tendo, como objetivo oferecer um serviço de pré-natal de melhor qualidade, ampliando seu acesso e cobertura além, de garantir que a assistência ao parto às gestantes e ao recém-nascido, bem como a assistência ao puerpério, estejam de acordo com os direitos de cidadania. Baseando-se nessa perspectiva, o Ministério de Saúde no ano de 2000, institui o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) (MORAIS, et al, 2019). 

Sendo assim, o protagonismo da mulher é um dos pilares do PHPN, tem, como principal objetivo assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, a perspectiva dos direitos de cidadania. Esse programa veio para assegurar e garantir os direitos das gestantes, do recém-nascido e da família.  Abrangendo, a assistência desde o pré-natal até o puerpério, propiciando um atendimento digno e de qualidade, sem perder o foco no bem-estar materno e fetal, promovendo assistência obstétrica de forma humanizada e segura (SILVA, LEITE; BEZERRA, 2021).

 Porém a humanização durante o parto é muito mais do que tratar bem ou com delicadeza, essa assistência humanizada está relacionada com o empoderamento dessa mulher para que ela volte a ser protagonista do ato de parir. (SILVA; LEITE & BEZERRA, 2021). Portanto o ato de parir deve ser considerado como um processo fisiológico, natural feminino, na qual a equipe de saúde acompanhe a gestante deve disponibilizar para que ela seja a protagonista desse evento, garantido laços familiares e uma transição com boas qualidades físicas e emocionais para o bebê. Tendo objetivo de redução de tempo no trabalho e no alivio da dor, atingido através de métodos não farmacológicos (JESUS, 2022).

Depois de duas décadas de orientações à prática do modelo de humanização da assistência ao parto, a realidade de muitos hospitais não condiz com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde e OMS. Embora, os profissionais envolvidos conhecem os principais aspectos da humanização, constatar-se que a adesão aos seus princípios tem se mostrado insuficiente para reverter o modelo intervencionista da atenção obstétrica, uma vez que a frequência das intervenções é significativamente maior em mulheres com gestações consideradas de risco habitual. (MORAIS, et al, 2019).

Mesmo com a rotina dos partos ocorrendo de maneira intensa em todo território, um momento do parto é visto como uma experiência única a diferir entre cada mulher, desse modo a singularidade de cada mulher deverá ser contemplada, com foco nas suas necessidades, histórias, anseios e perspectivas, sendo a visão da mulher um dos fatores de extrema relevância para o melhoramento de seu   atendimento (ALVES, et al, 2022).

Foi notório, no presente estudo, a participação da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro obstetra, na remodelação do sistema de parto que é implantado na maioria das unidades de saúde do Brasil, portanto os cursos de enfermagem do Brasil devem cada vez mais aprofundar sobre a humanização do parto como ferramenta para acabar com a violência obstétrica (BRITO et al, 2021). Em vista dessa percepção, a atuação do enfermeiro obstetra na assistência ao parto, parto e puerpério está correlacionado, diretamente, à aptidão do cuidado fornecido (RODRIGUES; FERREIRA; SILVA, 2022).

Com base, nesses direcionamentos e conhecendo a necessidade do cuidado focado em reduzir riscos e aumentar a qualidade da assistência, a importância de o enfermeiro possuir para além de habilidades e capacidades técnicas, a potencialidade para atender aos aspectos psicológicos de modo que as mulheres sejam compreendidas, respeitando sua autonomia o direito a escolha do acompanhante e a garantia de que receberão as informações necessárias sobre todas as condutas adotadas conforme (ALVES et al, 2022).

5- CONCLUSÃO

Portanto, o presente trabalho visa esclarecer sobre os problemas enfrentados pelas parturientes nas unidades de saúde em relação ao cuidado ofertado por parte de alguns profissionais de saúde. Visto que, a mulher não tem seus direitos respeitados e isso acaba prejudicando tanto fisicamente, quanto psicologicamente a mesma, durante e após o trabalho de parto. Deve-se então, buscar um atendimento humanizado às gestantes, e através deste estudo levar tal conscientização a população adscrita.

Dessa forma, evidencia-se a importância do enfermeiro obstetra na prevenção da violência obstétrica no âmbito hospitalar, ressaltando a humanização no trabalho de parto e nascimento, relatando a vivência da mulher em relação ao parto violento. É necessário prestar orientações aos seus familiares a fim de garantir a continuidade nas articulações dos serviços para que seja alcançada a efetivação do cuidado.

           Contudo, observou-se que a violência obstétrica ainda é uma realidade nas instituições brasileiras, o não cumprimento do modelo preconizado pela OMS, por parte dos profissionais, que acaba por comprometer o processo do parto, prejudicando a saúde das parturientes de diversas formas. Percebe-se ainda, que são muitos aspectos a serem tratados a fim de promover uma diminuição das práticas de violência. Desse modo, mostra a necessidade de se refletir que é necessário modificar o acesso ao direito reprodutivo básico e implementar estratégicas para aumentar a segurança do parto respeitoso. Assim, a humanização do parto, foi apresentada como um instrumento de combate à violência obstétrica. 

Diante do exposto, espera-se que este trabalho suscitar as reflexões sobre a humanização do cuidado da parturição, que os profissionais tenham consciência do importante papel que desempenham na assistência à mulher, para que situações de violência não sejam mais tão comuns e frequentes como hoje. É fundamental reforçar a qualificação da formação dos futuros profissionais, pois ressalta a importância do conhecimento minucioso para uma assistência segura e humanizada. Desse modo, o presente estudo foi realizado, a fim de compreender a atuação do enfermeiro no parto humanizado, devido ao alto índice de violência obstétrica no âmbito hospitalar.

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Graduandos do curso de enfermagem pelo Cento Universitário Planalto do Distrito Federal de Altamira-UNIPLAN/ E-mail: cazadaelma@gmail.com ivanetenonato29@gamil.com leanerodrigueslr@gmail.com Ml4371465@gmail.com tamireslinhares.tl@gmail.com
2 Enfermeira docente do curso de enfermagem pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal de Altamira-UNIPLAN E-mail: ludimylla56@gmail.com