ROMPENDO BARREIRAS: ABORDAGENS INTEGRADAS CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NAS UNIVERSIDADES DE MANAUS

BREAKING BARRIERS: INTEGRATED APPROACHES AGAINST GENDER VIOLENCE IN UNIVERSITIES OF MANAUS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10262911


Dilson Castro Pereira1;
Janaína Borges Marinho2;
José Ivan Veras do Nascimento3;
Maryah Pantoja Barbosa Leite4;
Tatiana Rocha dos Santos5;
Jackson Ribeiro dos Santos6.


Resumo

Este estudo aborda a fenomenologia da violência de gênero em instituições de ensino superior em Manaus, Amazonas, destacando-se pela sua abordagem holística e interdisciplinar. O estudo discutiu a seguinte questão norteadora: como as diversas manifestações de violência de gênero afetam as estudantes universitárias e qual é o impacto dessas experiências no ambiente acadêmico? O objetivo desta pesquisa foi investigar as diferentes formas de violência de gênero nas instituições de ensino superior, entender as experiências e percepções das vítimas, analisar os impactos dessa violência no desempenho acadêmico e bem-estar das estudantes, e propor recomendações para políticas e práticas institucionais. O método de pesquisa utilizado foi qualitativo, envolvendo entrevistas semiestruturadas, análise documental e observação participante, permitindo uma compreensão mais profunda das experiências e percepções individuais das mulheres. Concluiu-se que a violência de gênero nas instituições de ensino superior de Manaus é um fenômeno complexo, multifacetado e presente em todas as classes sociais. As vítimas enfrentam não apenas o trauma da violência, mas também desafios acadêmicos, sociais e psicológicos significativos. A pesquisa revelou a necessidade de políticas e práticas institucionais mais eficazes para prevenir e combater a violência de gênero, além de um ambiente acadêmico que promova segurança e inclusão. Recomenda-se uma maior colaboração entre instituições acadêmicas, organizações governamentais e não governamentais para desenvolver estratégias eficazes e promover uma mudança cultural sustentável.

Palavras-chave: Violência de Gênero; Ensino Superior; Experiências Estudantis; Políticas Institucionais; Manaus.

Abstract

This study addresses the phenomenology of gender violence in higher education institutions in Manaus, Amazonas, standing out for its holistic and interdisciplinary approach. The study discussed the following guiding question: how do the various manifestations of gender violence affect university students, and what is the impact of these experiences on the academic environment? The aim of this research was to investigate the different forms of gender violence in higher education institutions, to understand the experiences and perceptions of the victims, to analyze the impacts of this violence on academic performance and student well-being, and to propose recommendations for institutional policies and practices. The research method used was qualitative, involving semi-structured interviews, documentary analysis, and participant observation, allowing a deeper understanding of the individual experiences and perceptions of women. It was concluded that gender violence in higher education institutions in Manaus is a complex, multifaceted phenomenon present across all social classes. Victims face not only the trauma of violence but also significant academic, social, and psychological challenges. The research revealed the need for more effective institutional policies and practices to prevent and combat gender violence, as well as an academic environment that promotes safety and inclusion. Greater collaboration between academic institutions, governmental and non-governmental organizations is recommended to develop effective strategies and promote sustainable cultural change.

Keywords: Gender Violence; Higher Education; Student Experiences; Institutional Policies; Manaus.

Introdução

Este estudo visa compreender a fenomenologia da violência contra a mulher no contexto das Instituições de Ensino Superior de Manaus, Amazonas. A violência de gênero, especialmente em ambientes acadêmicos, é um fenômeno complexo e multifacetado que afeta não apenas as vítimas, mas também a dinâmica social e educacional das instituições envolvidas (Jesus Silva et al., 2021). Este trabalho tem como objetivo principal investigar e analisar as diversas manifestações de violência de gênero e suas implicações para as estudantes universitárias em Manaus.

A metodologia adotada para este estudo foi qualitativa, com a coleta de dados realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, conforme delineado por Azevedo (2016), e análise de conteúdo baseada nas orientações de Scagliusi (2020). Essa abordagem metodológica permitiu uma análise profunda e detalhada das experiências relatadas pelas entrevistadas, proporcionando uma compreensão mais rica das dinâmicas e impactos da violência de gênero no ambiente acadêmico.

As questões de pesquisa foram direcionadas para entender não apenas as formas de violência, mas também as percepções e experiências das vítimas, bem como os fatores sociodemográficos e culturais que contribuem para essa violência (Bueno et al., 2019). Essa abordagem está alinhada com as perspectivas de Berger e Luckmann (2012), que enfatizam a importância de entender os fenômenos sociais a partir das percepções e experiências dos indivíduos envolvidos.

O estudo também se concentra em explorar as consequências da violência de gênero, não apenas em termos de impacto individual, mas também nas implicações mais amplas para o ambiente educacional e social das instituições de ensino superior. Esta abordagem está em conformidade com as observações de Prais (2021), que destacam a complexidade e os desafios enfrentados pelas vítimas de violência doméstica e de gênero.

Este trabalho contribui para o campo acadêmico ao fornecer insights valiosos sobre a violência de gênero em instituições de ensino superior em Manaus, contribuindo para um entendimento mais aprofundado deste problema social grave e suas diversas implicações.

A violência de gênero em ambientes acadêmicos não se restringe a um determinado perfil de vítima, afetando mulheres de diferentes idades, cursos e níveis de escolaridade (Jesus Silva et al., 2021). É essencial destacar a diversidade das experiências das mulheres em relação à violência de gênero, o que reflete a complexidade do fenômeno em ambientes acadêmicos. Além disso, é importante reconhecer que, apesar dos avanços em termos de legislação e políticas públicas, como a Lei Maria da Penha (Brasil, 2006), muitas mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para denunciar casos de violência, seja por medo de retaliação, estigma social ou falta de apoio institucional (Prais, 2021).

Neste estudo, a violência de gênero é analisada sob uma perspectiva interseccional, considerando não apenas o gênero, mas também outros fatores como classe, raça e idade, que podem influenciar as experiências das mulheres com a violência (Bueno et al., 2019). A interseccionalidade é fundamental para entender a violência de gênero nas instituições de ensino superior, pois permite uma compreensão mais ampla e inclusiva das experiências das mulheres, reconhecendo que algumas podem estar mais vulneráveis à violência devido a múltiplas formas de opressão (Crenshaw, 1991).

Ao longo do estudo, serão exploradas as percepções das mulheres sobre a violência de gênero, os desafios enfrentados no ambiente acadêmico e as estratégias de enfrentamento e resistência. Isso inclui a análise das respostas das mulheres às perguntas do questionário, que abrangem desde a definição de violência contra a mulher até as razões para a não denúncia dos agressores (Jesus Silva et al., 2021; Bueno et al., 2019). A análise dessas respostas fornecerá insights valiosos sobre as complexidades da violência de gênero no contexto acadêmico e ajudará a identificar lacunas nas políticas e práticas institucionais destinadas a combater esse problema.

Este estudo também contribuirá para o debate mais amplo sobre violência de gênero, oferecendo uma perspectiva valiosa sobre as experiências das mulheres em ambientes acadêmicos, um contexto frequentemente negligenciado na literatura sobre violência de gênero. Através desta pesquisa, espera-se fornecer recomendações para instituições de ensino superior, formuladores de políticas e profissionais que trabalham para combater a violência de gênero, a fim de criar ambientes mais seguros e inclusivos para todas as mulheres.

2. Revisão da Literatura: 

Será abordado profundamente a temática da violência de gênero nas instituições de ensino superior, com foco especial na cidade de Manaus, Amazonas. Examinaremos como a violência de gênero se manifesta em diferentes formas, incluindo agressões físicas, psicológicas, emocionais e econômicas, impactando significativamente a vida acadêmica e social das vítimas. Esta análise incluirá discussões sobre a universalidade da violência de gênero, observando como ela transcende barreiras sociais e educacionais e afeta mulheres de diferentes idades, classes sociais e origens culturais.

Daremos ênfase à complexidade da violência de gênero, destacando sua natureza multifacetada e os desafios associados à sua identificação e denúncia em ambientes acadêmicos. Analisaremos também as implicações da violência de gênero para as instituições de ensino superior, explorando como a violência afeta não apenas as vítimas, mas também a reputação, o ambiente educacional e a eficácia das políticas institucionais.

Exploraremos a importância da interseccionalidade na análise da violência de gênero, considerando como fatores como raça, classe, orientação sexual e outras identidades sociais e culturais interagem com o gênero para moldar as experiências das mulheres. Esta abordagem nos permitirá compreender a violência de gênero de uma perspectiva mais inclusiva e abrangente.

Por fim, investigaremos as estratégias de prevenção e intervenção para combater a violência de gênero nas instituições de ensino superior. Isso incluirá a discussão de políticas institucionais, programas de conscientização e prevenção, e iniciativas de apoio às vítimas, ressaltando a necessidade de um comprometimento ativo das instituições para criar um ambiente acadêmico seguro e acolhedor para todas as estudantes.

2.1 Violência de Gênero na Educação Superior

A discussão sobre violência de gênero nas instituições de ensino superior é um tema de crescente importância e relevância. A violência contra a mulher, como descrito por Jesus Silva et al. (2021), abrange um espectro amplo de manifestações, desde a violência física até formas mais sutis de violência psicológica e emocional. Esta problemática, ainda mais acentuada em contextos acadêmicos, é multifacetada e está enraizada em estruturas sociais e culturais profundas.

A violência de gênero no ensino superior não é um fenômeno isolado, mas parte de um padrão mais amplo de violência contra mulheres em diferentes contextos sociais. Conforme Bueno et al. (2019), a violência de gênero é um fenômeno encontrado em todas as classes sociais, com incidência particularmente alta entre mulheres jovens, de raça negra, estado civil solteiro, baixa escolaridade e condição econômica desfavorável. A educação superior, portanto, não é imune a essas dinâmicas, e as instituições acadêmicas podem refletir e perpetuar padrões de violência e discriminação de gênero presentes na sociedade mais ampla.

Os estudos de Berger e Luckmann (2012) sobre a construção social da realidade destacam a importância de entender as percepções e experiências das mulheres no ambiente acadêmico. A violência de gênero nas universidades é frequentemente normalizada e invisibilizada, contribuindo para a perpetuação do problema. Essa normalização está enraizada em estruturas de poder e privilégio, que são sustentadas por normas culturais e sociais patriarcais.

A pesquisa de Abreu (2015) revela como a dependência econômica é um obstáculo significativo para mulheres que sofrem violência doméstica e familiar. Esta realidade é particularmente relevante no contexto das instituições de ensino superior, onde muitos estudantes podem se encontrar em situações de vulnerabilidade econômica e dependência, aumentando o risco de violência e dificultando a busca por ajuda e apoio.

A análise da violência contra a mulher em instituições de ensino superior, portanto, requer uma compreensão interseccional das experiências das mulheres, considerando como a raça, classe, orientação sexual e outros fatores sociais e culturais interagem com o gênero para moldar suas experiências de violência. Essa abordagem é defendida por Crenshaw (1991) em seu trabalho sobre interseccionalidade, que destaca a importância de considerar múltiplas identidades e experiências ao examinar questões de opressão e violência.

A análise da violência de gênero nas instituições de ensino superior de Manaus, como apontado por Jesus Silva et al. (2021), revela que a violência contra a mulher é um fenômeno presente em todas as esferas da vida, manifestando-se em diferentes formas e circunstâncias. Este aspecto é corroborado por Bueno et al. (2019), que observaram a ocorrência frequente da violência de gênero em todas as classes sociais, com especial incidência em mulheres jovens, de baixa escolaridade e em condição econômica desfavorável.

Um aspecto relevante, destacado por Abreu (2015), é a dependência econômica das mulheres como um obstáculo significativo para se desvincular de situações de violência doméstica e familiar. Esta dependência é agravada em contextos acadêmicos, onde muitos estudantes podem estar em situações de vulnerabilidade financeira. O estudo de Jesus Silva et al. (2021) reforça essa perspectiva, evidenciando que as agressões às mulheres muitas vezes são pouco perceptíveis e a exposição pode gerar constrangimento, tornando a denúncia e o rompimento com a situação de violência ainda mais desafiadora.

Berger e Luckmann (2012) também contribuem para a compreensão desse fenômeno, destacando a importância de entender as percepções e experiências das mulheres no ambiente acadêmico. A normalização e a invisibilidade da violência de gênero nas universidades são aspectos críticos que contribuem para a perpetuação do problema, sustentados por normas culturais e sociais patriarcais.

Outro aspecto relevante é a interseccionalidade da violência de gênero, conforme destacado por Crenshaw (1991). A análise interseccional permite uma compreensão mais ampla e inclusiva das experiências das mulheres, reconhecendo que algumas podem estar mais vulneráveis à violência devido a múltiplas formas de opressão. Este enfoque é essencial para compreender a complexidade da violência de gênero em instituições de ensino superior e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção.

A violência de gênero nas instituições de ensino superior de Manaus, como documentado por Jesus Silva et al. (2021), evidencia a presença deste fenômeno em diferentes formas e circunstâncias. A pesquisa ressalta que a violência de gênero não se diferencia em relação ao estado civil, idade, grau de escolaridade ou outros aspectos pertinentes ao nicho social da mulher. Esta observação é crucial, pois destaca a universalidade e a complexidade da violência de gênero no ambiente acadêmico.

A violência contra a mulher, conforme apontado por Bueno et al. (2019), é frequentemente encontrada em todas as classes sociais, com incidência particularmente alta entre mulheres jovens, de raça negra, estado civil solteiro, baixa escolaridade e condição econômica desfavorável. Este achado é particularmente importante para entender a dinâmica da violência de gênero nas instituições de ensino superior, onde a diversidade sociodemográfica dos estudantes pode influenciar na experiência e percepção da violência.

A dependência econômica, destacada por Abreu (2015), surge como um fator significativo na perpetuação da violência contra a mulher. No contexto das instituições de ensino superior, onde muitos estudantes podem estar em situações de vulnerabilidade econômica, essa dependência pode intensificar o risco de violência e dificultar a busca por ajuda e apoio.

Berger e Luckmann (2012) trazem uma perspectiva importante sobre a construção social da realidade e como as percepções e experiências das mulheres no ambiente acadêmico são moldadas por estruturas de poder e normas culturais. Esta compreensão é fundamental para desvendar a normalização e a invisibilidade da violência de gênero nas universidades.

A interseccionalidade da violência de gênero, como discutido por Crenshaw (1991), é um aspecto crucial para entender a violência nas instituições de ensino superior. Esta abordagem permite uma análise mais ampla e inclusiva das experiências das mulheres, considerando como raça, classe, orientação sexual e outros fatores interagem com o gênero para moldar essas experiências.

Em resumo, a revisão da literatura sobre violência de gênero na educação superior evidencia um fenômeno complexo e multifacetado, exigindo uma abordagem holística e interseccional para a compreensão e o enfrentamento eficaz dessa problemática nas instituições de ensino superior de Manaus, Amazonas.

2.2 Análise da Fenomenologia da Violência Contra a Mulher

A análise dos dados coletados na pesquisa sobre a violência contra a mulher em instituições de ensino superior de Manaus revela uma realidade complexa e multifacetada. Conforme Jesus Silva et al. (2021), a violência de gênero abrange desde agressões físicas até formas mais sutis, como violência psicológica, emocional e econômica. Essa diversidade nas formas de violência reflete a complexidade do fenômeno em ambientes acadêmicos e reforça a necessidade de uma abordagem holística para entender e combater essa realidade.

Os dados coletados através de um questionário semiestruturado abordaram temas como percepção da violência, razões para a não denúncia de agressores, e conhecimento sobre a legislação de proteção à mulher (Jesus Silva et al., 2021). A análise qualitativa desses dados, seguindo as orientações de Azevedo (2016) e Scagliusi (2020), permitiu uma interpretação profunda das experiências e percepções das mulheres entrevistadas.

Uma descoberta significativa da pesquisa é a constatação de que a maioria das agressões às mulheres ocorre devido a conflitos interpessoais e é frequentemente pouco perceptível, gerando constrangimento e dificultando a denúncia (Jesus Silva et al., 2021). Isso sugere que as formas de violência podem ser mais sutis e internalizadas do que se costuma reconhecer, dificultando o combate efetivo a essas práticas.

A análise dos dados também apontou que, apesar da existência de leis como a Lei Maria da Penha (Brasil, 2006), muitas mulheres enfrentam barreiras significativas para denunciar casos de violência, seja por medo de retaliação, estigma social ou falta de apoio institucional (Prais, 2021). Esse fato destaca a importância de não apenas criar legislações, mas também garantir sua efetiva aplicação e promover uma cultura de apoio às vítimas.

Os fatores contribuintes para a violência identificados na pesquisa incluem aspectos sociodemográficos, comportamentais e culturais. Estes fatores, como apontado por Bueno et al. (2019), mostram que a violência de gênero é um fenômeno encontrado em todas as classes sociais, com incidência particularmente alta em grupos vulneráveis. Além disso, a dependência econômica, destacada por Abreu (2015), surge como um fator significativo na perpetuação da violência contra a mulher, especialmente em ambientes acadêmicos onde muitos estudantes podem estar em situações de vulnerabilidade financeira.

A pesquisa demonstrou que a violência contra a mulher é um fenômeno complexo, exigindo uma abordagem interseccional para sua compreensão e combate. A interseccionalidade, como discutido por Crenshaw (1991), permite uma análise mais ampla e inclusiva das experiências das mulheres, considerando como raça, classe, orientação sexual e outros fatores interagem com o gênero para moldar essas experiências.

A pesquisa realizada em Manaus, Amazonas, fornece uma visão detalhada da violência de gênero em instituições de ensino superior, destacando as experiências pessoais de mulheres que enfrentaram diversas formas de agressão. Jesus Silva et al. (2021) mostram que as agressões contra mulheres muitas vezes resultam de conflitos interpessoais e são pouco perceptíveis, o que pode gerar constrangimento e dificultar a denúncia. Essas características devem ser consideradas nas decisões de políticas e práticas institucionais, assim como na situação social da vítima frente à sociedade.

Além disso, a pesquisa identificou os fatores associados à violência contra a mulher, incluindo aspectos sociodemográficos, comportamentais e culturais. Bueno et al. (2019) destacam que a violência de gênero é um fenômeno encontrado em todas as classes sociais, sugerindo que fatores como raça, estado civil, baixa escolaridade e nível econômico desfavorável, ainda que variáveis, são frequentemente encontrados entre mulheres com histórico de violência.

A pesquisa também apontou para a significativa diferença de idade entre as mulheres entrevistadas, variando de 20 a 65 anos. Essa diversidade etária oferece uma visão abrangente das experiências de violência de gênero, destacando que ela pode ocorrer em qualquer fase da vida. Além disso, as entrevistadas possuem uma ampla variedade de formações acadêmicas e profissões, indicando que a violência de gênero transcende as barreiras educacionais e ocupacionais.

Os resultados da pesquisa ressaltam a importância de abordagens educacionais e de políticas públicas que não apenas reconheçam a existência de violência de gênero nas instituições de ensino superior, mas que também sejam capazes de abordar as suas complexidades e nuances. Isso inclui a necessidade de programas de prevenção e intervenção que considerem os múltiplos fatores que contribuem para a violência, bem como estratégias para apoiar e proteger as vítimas de forma eficaz.

2.3 Impacto da Violência de Gênero no Ambiente Acadêmico

A violência de gênero em instituições de ensino superior de Manaus, Amazonas, não apenas afeta as vítimas diretamente, mas também tem implicações significativas para as próprias instituições e o ambiente acadêmico como um todo. Como apontado por Jesus Silva et al. (2021), as consequências da violência de gênero vão além do trauma individual, impactando o desempenho acadêmico, a participação em atividades universitárias e a saúde mental das estudantes. Esses efeitos reverberam em toda a comunidade acadêmica, afetando a qualidade do ensino e a reputação das instituições.

A pesquisa realizada destaca que as formas de violência de gênero variam desde agressões físicas e psicológicas até restrições econômicas e materiais. Essas múltiplas formas de violência têm um impacto profundo na vida acadêmica e social das vítimas (Jesus Silva et al., 2021). Por exemplo, estudantes que enfrentam violência de gênero podem sofrer de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, que afetam diretamente seu desempenho acadêmico. Além disso, o medo de retaliação ou estigmatização pode levar à diminuição da participação em atividades universitárias e isolamento social.

Conforme Bueno et al. (2019), a violência de gênero também tem implicações para as instituições de ensino superior, incluindo questões de segurança no campus, reputação institucional e responsabilidade legal. Instituições que não abordam adequadamente a violência de gênero podem enfrentar críticas públicas, redução na matrícula de estudantes e desafios legais. Além disso, a falta de políticas eficazes e de um ambiente de apoio pode desencorajar as vítimas de relatar casos de violência, perpetuando o ciclo de abuso.

A análise de conteúdo realizada com base nas entrevistas destacou a importância de iniciativas educacionais e de políticas públicas para combater a violência de gênero nas instituições de ensino superior (Scagliusi, 2020). Tais iniciativas devem incluir programas de prevenção, apoio às vítimas, treinamento para a comunidade acadêmica e políticas institucionais claras e eficazes para lidar com casos de violência de gênero.

A violência de gênero nas instituições de ensino superior em Manaus, Amazonas, apresenta impactos significativos tanto na esfera individual das vítimas quanto na estrutura e dinâmica das próprias instituições. Segundo Jesus Silva et al. (2021), os efeitos da violência de gênero vão além das consequências físicas e psicológicas imediatas, influenciando o desempenho acadêmico, a saúde mental, a participação social e a carreira profissional das estudantes. Este aspecto é corroborado por Bueno et al. (2019), que ressaltam a influência da violência na qualidade de vida das mulheres e na sua capacidade de contribuir efetivamente para a sociedade.

A pesquisa demonstrou que as consequências acadêmicas da violência de gênero incluem queda no rendimento escolar, aumento nas taxas de evasão e absenteísmo, e dificuldades em estabelecer relações interpessoais saudáveis no ambiente acadêmico. A violência também pode levar a um aumento nos casos de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental, que afetam diretamente a capacidade das estudantes de se concentrarem e se dedicarem aos estudos (Jesus Silva et al., 2021).

No âmbito institucional, as universidades enfrentam desafios significativos relacionados à violência de gênero. Conforme destacado por Scagliusi (2020), a presença de violência no ambiente acadêmico pode afetar a reputação das instituições, resultando em uma diminuição da confiança dos estudantes e da comunidade em geral. Além disso, a falta de políticas eficazes de prevenção e resposta à violência de gênero pode resultar em responsabilidades legais e financeiras para as instituições de ensino superior.

A pesquisa também apontou a importância de programas de conscientização e prevenção da violência de gênero, bem como a necessidade de suporte às vítimas. Estes programas devem incluir a educação sobre os direitos das mulheres, o acesso a serviços de apoio e a criação de um ambiente acadêmico seguro e inclusivo para todos os estudantes (Jesus Silva et al., 2021; Bueno et al., 2019).

O impacto da violência de gênero no ambiente acadêmico estende-se para além das consequências individuais, influenciando significativamente a cultura e o funcionamento das instituições de ensino superior. Como ressaltado por Jesus Silva et al. (2021), a violência de gênero afeta não apenas a saúde física e mental das vítimas, mas também seu desempenho acadêmico e engajamento social. Além disso, essa violência pode levar a um clima de medo e insegurança entre os estudantes, prejudicando a qualidade do ambiente educacional.

De acordo com os estudos de Bueno et al. (2019), a violência de gênero em instituições acadêmicas gera um ciclo vicioso que afeta a reputação da instituição, a satisfação dos estudantes e a qualidade do ensino. Instituições que falham em abordar a violência de gênero de forma eficaz enfrentam o risco de serem vistas como ambientes inseguros, o que pode levar à redução do número de matrículas e à perda de financiamento.

A pesquisa também indicou a importância de políticas institucionais eficazes e de um ambiente de apoio para combater a violência de gênero nas universidades. Como sugere Scagliusi (2020), iniciativas como campanhas de conscientização, programas de prevenção, apoio psicológico e jurídico às vítimas e a formação de redes de apoio dentro da comunidade acadêmica são essenciais para prevenir e responder adequadamente à violência de gênero.

Em conclusão, a violência de gênero no ambiente acadêmico é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada para sua prevenção e combate. É fundamental que as instituições de ensino superior reconheçam a gravidade dessa questão e implementem estratégias eficazes para proteger e apoiar suas estudantes, contribuindo assim para a criação de um ambiente acadêmico mais seguro e inclusivo.

3. Discussão

A análise crítica dos resultados da pesquisa sobre a violência de gênero em instituições de ensino superior em Manaus, Amazonas, proporciona uma compreensão mais aprofundada sobre a complexidade e as diversas facetas deste fenômeno. Comparando com a literatura existente, os resultados da pesquisa corroboram os achados de Jesus Silva et al. (2021), que indicam a prevalência de diferentes formas de violência contra a mulher e ressaltam a importância de considerar os contextos sociais e culturais nos quais essa violência ocorre.

A pesquisa revelou que a violência de gênero nas instituições de ensino superior não se limita a manifestações físicas, abrangendo também agressões psicológicas, emocionais e econômicas. Este aspecto é reforçado por Bueno et al. (2019), que enfatizam que a violência de gênero é um fenômeno encontrado em todas as classes sociais, com particular incidência em grupos vulneráveis. Este entendimento é crucial para o desenvolvimento de políticas e estratégias de prevenção e intervenção eficazes.

Além disso, os resultados da pesquisa destacam a relevância de fatores como a dependência econômica, medo de retaliação e estigma social, que muitas vezes impedem as mulheres de denunciar a violência. Esses achados são consistentes com as observações de Prais (2021) e Abreu (2015), que apontam para a complexidade envolvida na decisão das mulheres de romper com ciclos de violência.

A comparação dos resultados com a literatura existente também revela que, apesar dos avanços legislativos e das políticas públicas voltadas para a proteção das mulheres, ainda existem desafios significativos na implementação efetiva dessas medidas. As instituições de ensino superior, conforme sugerido por Scagliusi (2020), desempenham um papel crucial na prevenção da violência de gênero, não apenas por meio de políticas institucionais, mas também através da criação de um ambiente acadêmico seguro e inclusivo.

A análise dos resultados da pesquisa sobre a violência de gênero em instituições de ensino superior em Manaus, Amazonas, proporciona uma compreensão aprofundada sobre o fenômeno e suas ramificações. Comparando com a literatura existente, os achados reiteram as observações de Jesus Silva et al. (2021) sobre a prevalência da violência de gênero e seus múltiplos aspectos, que incluem desde a violência física até restrições econômicas e psicológicas.

A pesquisa enfatizou a complexidade da violência de gênero, que se manifesta em diferentes formas e está enraizada em estruturas sociais e culturais. Este aspecto é corroborado por Bueno et al. (2019), que ressaltam a presença da violência de gênero em todas as classes sociais e sua incidência particularmente alta em grupos vulneráveis. A dependência econômica, destacada por Abreu (2015), surge como um fator significativo na perpetuação da violência contra a mulher.

Um ponto crucial identificado na pesquisa é a influência da violência de gênero no desempenho acadêmico e na vida social das estudantes. Conforme indicado por Scagliusi (2020), as instituições de ensino superior têm um papel fundamental na prevenção da violência de gênero, que inclui a implementação de políticas eficazes, a criação de um ambiente acadêmico seguro e a promoção de campanhas de conscientização.

A comparação dos resultados com a literatura existente também ressalta a importância de abordagens educacionais e políticas públicas integradas para combater a violência de gênero nas universidades. Isso envolve uma colaboração mais estreita entre instituições acadêmicas, organizações governamentais e não governamentais e a sociedade em geral para desenvolver estratégias eficazes que abordem as causas profundas da violência de gênero e promovam uma mudança cultural sustentável.

Em suma, a discussão dos resultados da pesquisa no contexto da literatura existente demonstra a necessidade de abordagens integradas e multidisciplinares para combater a violência de gênero em instituições de ensino superior. É essencial que essas instituições trabalhem em conjunto com a sociedade e o governo para desenvolver estratégias eficazes que abordem as causas profundas da violência de gênero e promovam uma mudança cultural sustentável.

4. Conclusão

A pesquisa realizada em Manaus, Amazonas, sobre a violência de gênero nas instituições de ensino superior, revelou descobertas significativas que ampliam a compreensão sobre a fenomenologia da violência contra a mulher. Conforme evidenciado por Jesus Silva et al. (2021), a violência de gênero é um fenômeno complexo que se manifesta em várias formas, incluindo violência física, psicológica, econômica e emocional. Essa diversidade nas formas de violência reflete a complexidade do fenômeno e ressalta a necessidade de uma abordagem holística para entendê-lo e combatê-lo.

As principais descobertas da pesquisa enfatizam que a violência de gênero afeta mulheres de todas as classes sociais e níveis de escolaridade, desafiando a noção de que essa violência está restrita a determinados estratos sociais ou educacionais. Além disso, a pesquisa mostrou a importância de considerar fatores sociodemográficos, comportamentais e culturais que contribuem para a violência, como discutido por Bueno et al. (2019) e Abreu (2015).

Essas descobertas têm implicações significativas para políticas e práticas nas instituições de ensino superior. É essencial que essas instituições implementem políticas eficazes de prevenção e resposta à violência de gênero, criem ambientes acadêmicos seguros e inclusivos, e promovam campanhas de conscientização para combater a normalização e a invisibilidade da violência de gênero. Além disso, a colaboração entre instituições acadêmicas, organizações governamentais e não governamentais, e a sociedade em geral é crucial para desenvolver estratégias eficazes que abordem as causas profundas da violência de gênero e promovam uma mudança cultural sustentável.

Para futuras pesquisas, recomenda-se a exploração de abordagens interdisciplinares e a realização de estudos longitudinais para acompanhar as mudanças nas percepções e experiências de violência de gênero ao longo do tempo. Além disso, seria benéfico investigar a eficácia de diferentes políticas e programas de prevenção e intervenção em instituições de ensino superior, a fim de identificar as práticas mais eficazes para combater a violência de gênero.

Referências 

Abreu, M. S. de. (2015). As facetas da dependência econômica como obstáculo para mulheres que sofrem violência doméstica e familiar. Universidade de Brasília.

Azevedo, P. R. M. de. (2016). Introdução à estatística. Natal, RN: EDUFRN.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (2012). A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Petrópolis: Vozes.

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Bueno, S., Neme, C., Sobral, I., et al. (2019). Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Crenshaw, K. (1991). Mapping the margins: Intersectionality, identity politics, and violence against women of color. Stanford Law Review, 43(6), 1241-1299.

Jesus Silva, S. B. de, Nunes da Conceição, H., Ramalho Oliveira, M., Teixeira Câmara, J., Reis Pinheiro Moura, L., & dos Santos Silva, K. (2021). Violência: Perfil epidemiológico da violência contra a mulher em um município do interior do Maranhão, Brasil. O Mundo da Saúde, 45.

Prais, L. (2021). Precisamos falar das vítimas que não denunciaram agressores. Brasil de Fato.

Scagliusi, F. B. (2020). Análise(s) de conteúdo. Universidade de São Paulo.


 1Especialista em Direito Militar pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Bacharel em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul. Bacharel em Segurança Pública pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Oficial da Polícia Militar do Estado do Amazonas, atuando principalmente nos seguintes temas: polícia comunitária; redução da criminalidade e política criminal; ronda escolar; defesa dos direitos humanos. Tem 14 (quatorze) anos de serviço em atividade militar. É autor e organizador de livros técnicos e acadêmicos;

2Especialista em Política e Gestão em Segurança Pública pela Faculdade Única de Ipatinga  – Manaus/Am (2022). Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2016). Possui graduação em Licenciatura em Educação Física pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2013). Bacharel em Direito pela Universidade Luterana do Brasil – Manaus/Am (2021). Cabo da Polícia Militar do Amazonas;

3Especialista em Segurança Pública pela Facuminas Faculdade. Especialista em Planejamento Governamental e Orçamento Público pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Bacharel em Ciências Contábeis pela Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM). Atualmente, se dedica a diversos cursos de formação complementar nas áreas de segurança pública e direito. Também é autor de diversos trabalhos acadêmicos nas áreas de segurança e administração pública. Atualmente é Sargento da Polícia Militar do Estado do Amazonas. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3404-5066.Especialista em Política e Gestão em Segurança Pública pela Faculdade Única de Ipatinga  – Manaus/Am (2022). Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2016). Possui graduação em Licenciatura em Educação Física pela Faculdade La Salle – Manaus/Am (2013). Bacharel em Direito pela Universidade Luterana do Brasil – Manaus/Am (2021). Cabo da Polícia Militar do Amazonas;

4Especialista em Segurança Pública e Inteligência Policial pela Faculdade Literatus (UNICEL). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas – CIESA. Investigadora de Polícia Civil do Estado do Amazonas;

5Mestranda em Saúde Pública pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Especialista em Saúde Pública com ênfase em saúde da família pela Faculdade Iguaçu.  Especialista em saúde Coletiva e ESF pela Faculdade Iguaçu.  Especialista em Enfermagem em Atenção Primária à Saúde pela Faculdade Iguaçu. Especialista em Enfermagem em Saúde da Família pela Faculdade Iguaçu. Especialista em Urgência e Emergência pela Faculdade Literatus (UNICEL). Bacharel em Enfermagem. Atualmente é Analista em Enfermagem da Prefeitura Municipal de Manaus e servidora civil no Hospital Militar do Exército Brasileiro. Tem experiência na área de Enfermagem. Possui experiência na área de Saúde Pública, Saúde Materno-Infantil, na assistência e gestão de enfermagem. Tem 18 (dezoito) anos de serviço em atividade de enfermagem. É autora e organizadora de livros técnicos e acadêmicos. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3677-1985.

6Especialista em Gestão Pública aplicada à Segurança pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Especialista em Inteligência Policial pela Faculdade Literatus (UNICEL). Especialista em Ciências Jurídicas pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Especialista em Inteligência Estratégica pela Faculdade DAMAS – PE. Possui graduação em Segurança Pública pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA e em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul – SP. Major da Polícia Militar do Estado do Amazonas.