RISCOS E IMPLICAÇÕES DA INFECÇÃO DA TOXOPLASMOSE EM NEONATOS E GESTANTES

RISKS AND IMPLICATIONS OF TOXOPLASMOSIS INFECTION IN NEONATES AND PREGNANT WOMEN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8253856


Elaynne Jeyssa Alves Lima1; Julia Seraphim2
Maria Clara Dos Santos Pereira3; Samara Rafisa Miranda Santos4
Cláudio Guerra de Lima5; Luiz Carlos Moraes França6
Bruno Soares de Jesus7; André Vitor Gomes da Silva8
Leticia de Azevedo Costa9; Mirian Vieira Teixeira10
Douglas dos Santos Taborda11; Leonardo Pereira de Barros12
Duanne Edvirge Gondin Pereira13


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Toxoplasmose Congênita é uma patologia infecciosa causada pelo Toxoplasma gondii, um parasito intracelular obrigatório pertencente à família Sarcocystidae, e do filo apicomplexa. Sendo considerada uma dentre as principais infecções parasitárias em humanos em todo o mundo, tal condição tem afetado cada vez mais gestante e neonatos. OBJETIVO: Investigar riscos e implicações da infecção por Toxoplasma gondii em neonatos e gestantes. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura em que a construção da pesquisa está amparada na questão ” Quais os riscos e implicações da infecção da toxoplasmose em neonatos e gestantes?”. A pesquisa foi conduzida em 2023, através de buscas nas bases de dados virtuais em saúde LILACS, PubMed e Scielo.  Além disso, foram utilizados dados disponíveis no site do Ministério da Saúde, publicados entre o período de 2012 a 2022. As palavras-chave utilizadas nas buscas foram “infecção”, “neonatos” e “toxoplasmose”. RESULTADOS: A toxoplasmose  congénita  pode causar nascimentos prematuros, malformações cerebrais ou hepáticas, comprometimento do sistema nervoso central, retardo no crescimento, problemas oculares e, em casos mais graves, levar ao óbito do recém-nascido. CONCLUSÃO: É de extrema importância realizar o acompanhamento pré-natal de forma adequada e identificar gestantes com infecção, pois isso possibilita o controle, a prevenção e o tratamento adequado da toxoplasmose congênita, diminuindo as chances de ocorrência de sequelas.

Palavras-chave: Infecção. Neonatos. Toxoplasmose.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Congenital Toxoplasmosis is an infectious pathology caused by Toxoplasma gondii, an obligate intracellular parasite belonging to the Sarcocystidae family, and the apicomplexa phylum. Being considered one of the main parasitic infections in humans worldwide, this condition has increasingly affected pregnant women and neonates. OBJECTIVE: To investigate risks and implications of Toxoplasma gondii infection in neonates and pregnant women. METHODOLOGY: This is an integrative literature review in which the construction of the research is supported by the question “What are the risks and implications of toxoplasmosis infection in neonates and pregnant women?”. The research was conducted in 2023, through searches in the virtual health databases LILACS, PubMed and Scielo.  In addition, data available on the Ministry of Health website, published between 2012 and 2022, were used. The keywords used in the searches were “infection”, “neonates” and “toxoplasmosis”. RESULTS: Congenital toxoplasmosis can cause premature births, brain or liver malformations, central nervous system impairment, growth retardation, eye problems and, in more severe cases, lead to the death of the newborn. CONCLUSION: It is extremely important to perform prenatal care properly and identify pregnant women with infection, as this enables the control, prevention and adequate treatment of congenital toxoplasmosis, reducing the chances of sequelae occurring.

Keywords: Infection. Neonates. Toxoplasmosis.

INTRODUÇÃO

A toxoplasmose congênita é uma patologia infecciosa causada pelo Toxoplasma gondii, um parasito intracelular obrigatório pertencente à família Sarcocystidae, e do filo apicomplexa (SIQUEIRA-BATISTA et al., 2020). A infecção por Toxoplasma gondii (toxoplasmose) é uma das mais conhecidas infecções parasitárias em humanos em todo o mundo (TEIMOURI et al., 2020). Sendo capaz de infectar células de seres humanos e animais, sendo assim, uma grave ameaça durante a gravidez (WUJCICKA et al., 2018).

Seus hospedeiros podem ser gatos e outros felinos, porém, o ser humano também pode ser feito hospedeiro. O protozoário pode ser encontrado em diferentes fases de desenvolvimento, sendo estes: (1) oocistos, (2) taquizoítos e (3) bradizoítos, no qual ocorrem dentro das células epiteliais do intestino do gato e de outros felídeos (ENGROFF et al., 2021). A contaminação não é transmitida de pessoa para pessoa, ela pode ocorrer por meio da ingestão de cistos presentes na água e alimentos mal preparados (LUDWIG et al., 2021).

Neste sentido, a toxoplasmose gestacional tem uma distribuição mundial e alta prevalência, sendo encontrada em quase todos os países e em variados ambientes, condições sociais e clima. Por exemplo, no continente Africano a taxa de prevalência é de 30% a 68,4%, na Europa é de 32,8%, na América do Sul (Argentina) é de 18,3%, 32,8%, na Itália, 30% na Nigéria, 68,4% na Etiópia e 67,5% no Egito. No território Brasileiro a taxa de prevalência conforme as características, como o clima, cultura, variabilidade da Toxoplasmose Gestacional e fatores socioeconômicos, estão distribuídos por estados brasileiros e indica que o estado do Mato Grosso do Sul apresenta a maior taxa de prevalência, sendo esta de 92%, e em seguida São Paulo com 68% (SOUSA, 2020).

Atualmente, no Brasil, desde 2015, é realizada uma vigilância no tange os índices referentes à infecção do toxoplasma em neonatos (SOUSA, 2020). Com o propósito de contribuir com estudos e análises sobre essa realidade, este trabalho busca discutir as consequências dessa infecção, bem como as precauções e tratamentos disponíveis para enfrentá-la.

A compreensão dos riscos e implicações da toxoplasmose em neonatos e gestantes permite identificar medidas preventivas eficazes. Isso inclui o estabelecimento de programas de rastreamento, a promoção de educação em saúde e a adoção de práticas que minimizem a transmissão do parasita durante a gravidez.

Sendo assim, o presente estudo possui como objetivo investigar os riscos e implicações da infecção por Toxoplasma gondii em neonatos e gestantes.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo da revisão integrativa da literatura, que permite o levantamento e análise de estudos na literatura de forma sistemática (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

A questão norteadora desta revisão de literatura será elaborada de acordo com a estratégia PICo – População, Interesse, Contexto. Dessa forma, foi abordada a seguinte ampla questão: ” Quais os riscos e implicações da infecção da toxoplasmose em neonatos e gestantes?”.

Para elaboração da pesquisa foram incluídos artigos publicados entre o período de 2012 a 2022, no idioma português, inglês e espanhol, que contribuem com o tema. Desta forma, foram excluídos trabalhos que não contemplam o tema em questão, publicações antecedentes ao ano de 2012, e artigos que se expõem nas plataformas de pesquisa como artigos sem acesso ao texto completo. Além disso, foi verificado o site do Ministério da Saúde, no intuito de coletar números oficiais acerca das incidências, no que tange a infeção por Toxoplasmose, em território nacional.

Em relação à coleta de dados, a mesma foi realizada por meio da busca avançada de artigos científicos nas bases de dados do LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde); PUBMED e Scielo (Scientific Electronic Library Online). Para a busca dos estudos nas respectivas bases de dados foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) em português “Infecção”. “Neonatos”. “Toxoplasmose.”, e seus análogos em inglês e espanhol.

Após a separação dos seis artigos utilizados para a elaboração desta revisão integrativa da literatura, procedeu-se à elaboração de um resumo acerca do conteúdo presente no material escolhido. Realizou-se uma análise crítica de cada artigo científico, com o objetivo de estabelecer relações entre o conteúdo de cada um deles e a proposta da pesquisa em questão.

E, para organização do material coletado, foi criada uma tabela no programa Microsoft Word, onde o material escolhido foi organizado da seguinte forma: Autor/ano; Objetivo; Metodologia e Resultado. A organização do material coletado, mediante a utilização de tabelas, foi desenvolvida no intuito de auxiliar e facilitar a análise dos dados, além de explanar acerca das ideias centrais das principais obras trabalhadas ao decorrer do trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Desta forma, com base nos descritores utilizados, foram verificados 83 documentos. Sendo obtido, após filtragem, 16 artigos, tendo sido utilizado apenas 6 artigos para análise e discussão. Também foram verificados documentos disponíveis no site do Ministério da Saúde. Sendo assim, na tabela abaixo é possível visualizar alguns trabalhos selecionados, no intuito de auxiliar na construção do trabalho desenvolvido:

Esses estudos, em conjunto, fornecem informações valiosas sobre a toxoplasmose gestacional, evidenciando a necessidade de aprimorar estratégias de prevenção, diagnóstico e manejo terapêutico para reduzir a incidência e os impactos dessa infecção em gestantes e seus recém-nascidos. A abordagem qualitativa e quantitativa dessas pesquisas oferece uma visão abrangente e aprofundada sobre diferentes aspectos da toxoplasmose gestacional, enriquecendo o conhecimento científico sobre o tema.

Entretanto, esta pesquisa apresentou algumas limitações. Uma delas foi a dificuldade em encontrar estudos relevantes, pois a inclusão de estudos de baixa qualidade pode afetar a confiabilidade dos resultados desta revisão. Além disso, algumas publicações estavam restritas por assinaturas ou acesso pago, o que dificulta o acesso.

Quadro 1 – Analise dos artigos coletados durante a pesquisa.

AUTOR/ANOOBJETIVOMETODOLOGIARESULTADO
SOUSA, 2020.Verificar a prevalência de toxoplasmose congênita entre gestantes assistidas em pré-natal em determinadas unidades de saúde em um município de médio porte na região norte do Brasil, bem como descrever o processo em que se realiza o manejo terapêutico, tendo por base os registros clínicos.Qualitativo.Segundo o estudo realizado foi observado que a taxa de prevalência para toxoplasmose gestacional, no que tange a infecção aguda no município de Gurupi-TO, foi elevada no que diz respeito ao período e que correu a pesquisa. A proporção de gestantes susceptíveis foi de 53,7%, o que mostra certa carência em relação ao acompanhamento pré-natal. Outro dado, disponibilizado pela pesquisa, diz respeito à idade gestacional, onde foi observado que a mesma esta associada há frequência da doença, aguda ou crônica.
COLOMÉ; ZAPPE, 2021.Tem por intuito contribuir para a elaboração de estratégias de acolhimento para esse público. Frente a fenômenos como um surto de toxoplasmose.Qualitativo e Quantitativo.O presente trabalho abordou o recorte de uma pesquisa que teve como objetivo compreender a vivência da maternidade no contexto da toxoplasmose frente à ocorrência de um surto da doença na cidade em que a pesquisa foi realizada. Assim, a categoria abordada se refere à percepção das participantes acerca da responsabilização do surto e da assistência em saúde recebida. Foi possível perceber a mobilização das mães a respeito da compreensão da causa da doença, o que pode ser entendido como parte do processo de elaboração dos sofrimentos experenciados por conta da infecção.
AL-YAMI et al., 2021.Verificar a incidência geral de toxoplasmose congênita, tanto patente quanto infecção ‘silenciosa’, entre mulheres grávidas na Província Oriental da Arábia Saudita. O estudo tentaria relacionar os resultados do sangue do cordão umbilical com o tempo de seroconversão da mãe, sublinhando a importância da intervenção precoce nestes casos.Quantitativo.Os achados do presente estudo indicam a extrema necessidade de desenvolver e implementar programas preventivos contra a infecção por Toxoplasma gondii, bem como um programa de educação em saúde sobre como evitar a toxoplasmose para todas as mulheres soronegativas durante a gravidez.
DIESEL, 2019.Descrever uma população de gestantes diagnosticadas com toxoplasmose e seus respectivos recém-nascidos, descrevendo o protocolo hospitalar para tratamento e acompanhamento.Quantitativo.O presente estudo sugere que a pesquisa de PCR do líquido amniótico pode ser útil para identificar pacientes com maior potencial de complicações fetais, que podem se beneficiar do tratamento poliantimicrobiano. Pacientes com resultados de PCR negativos devem continuar prevenindo infecção fetal com monoterapia, sem risco de comprometimento fetal ou materno.
TORRES, 2015.Elaborar um plano de intervenção visando interromper atitudes de risco entre gestantes susceptíveis a Toxoplasmose.Quantitativo.Por meio do plano proposto foi possível aplicar ações preventivas para a Toxoplasmose Congênita, desta forma, foi possível informar acerca de todas as sequelas e implicações que a doença traz para o concepto e a família. Sendo assim, foi possível confirmar que a educação em saúde é de suma importância no que tange a prevenção da Toxoplasmose. Desta forma, o profissional de saúde é parte importante na prevenção da doença visto a sua importância na transmissão do conteúdo que contempla as informações no que se relacionam as precações da doença.
AVELAR, 2015.Realizar uma pesquisa acerca da soroprevalência para toxoplasmose em mães e seus respectivos RNs atendidos na MCO, tendo como delimitação o ano de 2014, no período de janeiro a dezembro de 2014. Bem como, analisar os principais fatores e riscos ligados à soroprevalência da infecção nas gestantes.Quantitativo.Foi possível observar que a porcentagem de gestantes soropositivas para T. gondii foi relativamente alta (51%). Além isso as gestantes, que participaram da pesquisa, apresentaram marcadores sorológicos de primo-infecção. Tendo os recém-nascidos de mães soropositivas não apresentado IgM positivo. Dentre os principais fatores de risco associados à infecção pelo T.gondii foi observado: grau de escolaridade e idade.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2023.

Desta forma, ao decorrer deste tópico, será realizada uma discussão acerca dos resultados obtidos mediante a pesquisa bibliográfica. Tendo por pressuposto, discutir acerca dos sintomas e consequências da infeção por Toxoplasma em neonatos e gestantes.

Atuação do Ministério da Saúde no Combate à Toxoplasmose Congênita

A toxoplasmose, embora considerada uma infecção comum, possui sintomas que podem passar despercebidos. De acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, no que diz respeito a sua presença em gestantes, é informado que em alguns casos a infecção ocorre com sinais e sintomas normalmente leves, similares à gripe (BRASIL, 2014).

Ainda, observa-se que o Brasil possui um número considerável de incidências, e que merece uma análise mais aprofundada sobre o tema, visto que ainda não existe uma vigilância epidemiológica específica para a toxoplasmose (SOUSA, 2020).

A indisponibilidade de uma pesquisa mais ampla, acerca dos números que compõem gestantes e neonatos portadores, podem prejudicar na elaboração de uma análise acerca dos problemas da saúde pública no Brasil, afetando diretamente a sociedade, uma vez que, pode vir a afetar as definições de casos adotados, e métodos a serem aplicados durante os exames para diagnóstico, ou seja, pode gerar problemas durante a preservação e controle da doença (BRASIL, 2018).

Segundo Sousa (2020) em um estudo recente, realizou um levantamento por meio de uma pesquisa bibliográfica, acerca dos estados com maiores índices de infecção por toxoplasmose em gestantes e nonatos. No quadro abaixo é possível observar os resultados obtidos:

Quadro 2 – Taxa de Prevalência da Toxoplasmose Gestacional em diversos estados brasileiros.

AUTORANOLOCALPREVALÊNCIA
LIMA et al2019Goiás88,6%
CAMARA; SILVA; CASTRO2015Maranhão77,09%
QUEIROZ et al2017Alagoas75,9%
ROCHA et al2015Tocantins71%
SILVA et al2014Tocantins68,4%
DINIZ et al2017Paraíba67,7%
SARTORI et al2011Goiás67%
AVELAR et al2017Bahia51%
MURATA et al2016São Paulo50%
Fonte: SOUSA, 2020.

Como se pode observar, os dados disponibilizados por Sousa (2020) foram obtidos através de uma revisão bibliográfica, o que demostra a falta de pesquisas por meio dos órgãos públicos. Também se observa que, embora as condições de saúde possam está relacionada às condições desfavoráveis de vida, a distribuição da toxoplasmose ocorre de forma quase que de igualdade nos estados brasileiros.

 Onde Sousa (2020) salienta “que a condição socioeconômica não é um fator determinante na prevalência”. Neste sentido, se faz necessária à aplicação de estudos mais profundos acerca de tal situação, visando maiores respostas no que diz respeito ao público que reside nos locais onde os índices de infecção por Toxoplasmose são mais elevados.

Essa consulta se faz necessária, visto as limitadas informações acerca da toxoplasmose. E pretendendo obter mudanças acerca de tal cenário, desde 2015, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) tem agrupado pessoas que possam auxiliar na construção da vigilância integrada da toxoplasmose gestacional, congênita e adquirida em surtos. E, por meio da publicação da Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, bem como pela Nota Informativa CGDT/DEVIT/SVS/MS nº 26 e Portaria nº 3.502, de 19 de dezembro de 2017, percebe-se maiores tentativas de prevenção da doença, assim como, debates acerca do tratamento (BRASIL, 2018).

Neste sentido, a disponibilização do “Protocolo de notificação e investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita” pode ser vista como uma das vias, encontradas pelo Ministério da Saúde, para tentar driblar os problemas adventos da omissão no que tange as pesquisas e metas de cunho oficial relacionado à prevenção e estudo da toxoplasmose.

Desta forma, possíveis lacunas podem vir a ser sanadas. Além de auxiliar na implementação da vigilância integrada da toxoplasmose gestacional e congênita no país. O que pode facilitar o processo de compreensão no que tange os conceitos e causas da Toxoplasmose Congênita.

Riscos e implicações da infecção da toxoplasmose em neonatos e gestantes

Segundo o Ministério da Saúde (2014), estima-se que quase 85% dos recém-nascidos com toxoplasmose congênita não mostram sintomas ao nascimento, porém podem aparecer manifestações clínicas ao decorrer dos primeiros meses de vida, bem como na adolescência ou na vida adulta.

Nos bebês, as alterações mais encontradas, no qual foi confirmado o diagnóstico de toxoplasmose congênita, são retinocoroidite (lesão na retina), hepatoesplenomegalia (hipertrofia do fígado e baço), icterícia (aspecto amarelado em mucosas e região cutânea), estrabismo, crises convulsivas, restrição do crescimento intrauterino, hidrocefalia, macro ou microcefalia, destemias (alterações de temperatura) (COLOMÉ; ZAPPE, 2021). e/ou comprometendo a saúde ocular.

Segundo Martins (2002) os recém-nascidos, apresentam um risco elevado de adquirirem cefaleias, espasticidade ou paresias, déficits acentuados de visão, hidrocefalia ou microcefalia, calcificações intracranianas, surdez e atraso mental. Ainda de acordo com Barbosa et al. (2015) a toxoplasmose congênita no neonato pode manifestar-se afetando o sistema nervoso central.

Observa-se que “a infecção pode causar nascimento prematuro, aborto espontâneo, morte ou sequelas severas no neonatal, como a Tétrade de Sabin” (TORRES, 2015). A toxoplasma pode ser transmitido da mãe para o feto quando a gestante é infectada pelo T. gondii durante a gravidez, resultando em aborto ou malformações fetais (AL-YAMI et al., 2021).

Além disso, a transmissão da toxoplasmose ainda poderá ocorrer de variáveis formas. Sendo algumas destas por meio de transfusão sanguínea; ingestão de alimentos que estejam contaminados com oocistos; e através da transmissão congênita (COLOMÉ; ZAPPE, 2021).

A infecção congênita é quando a gestante se contamina durante a gestação e o agente etiológico atravessa a barreira placentária, portanto, durante o pré-natal, o teste sorológico pode ser realizado, possibilitando a identificação de pacientes e assim realizar a prevenção primária. Também permite a detecção de infecção aguda por T. gondii e orientando a realizar o tratamento para reduzir a probabilidade de transmissão fetal, que é próximo de 40% em mulheres não tratadas (DIESEL et al., 2019).

Tratamentos Realizados por Portadores da Toxoplasmose Congênita

A evolução da toxoplasmose tende a se apresentar de forma benigna em indivíduos imunocompetentes, desta forma, o tratamento realizado é sintomático, com exceções de infecção aguda durante a gestação, ou quadros onde é apresentada uma evolução atípica da doença (BRASIL, 2021).

No Guia de Vigilância Sanitária, são apontadas algumas ações, no caso de infeção por gestantes, que devem ser realizadas durante o tratamento, tais como: ações transversais de diagnóstico, acompanhamento, investigação, tratamento e vigilância (BRASIL, 2021).

O Ministério da Saúde aconselha gestantes, recém-nascidos ou pacientes com algum grau de comprometimento do sistema imunológico, a seguirem as recomendações presentes nos documentos disponibilizados pelo mesmo, como forma de prevenção da doença, e combate aos sintomas.

Em casos onde ocorre a manifestação ocular da toxoplasmose, o recomendado é que seja realizada uma consulta com o médico especialista (BRASIL, 2021). E, medicamentos como espiramicina, sulfadiazina e pirimetamina, podem ser utilizados para o tratamento da doença, e estão disponíveis de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

CONCLUSÃO

 Este estudo sobre os riscos e implicações da infecção da toxoplasmose em neonatos e gestantes proporcionou uma análise aprofundada e abrangente sobre esse tema de grande relevância na área da saúde materno-infantil. A partir das diversas fontes de pesquisa consultadas, foi possível reunir informações fundamentais para entender os desafios enfrenados pelas gestantes e recém-nascidos diante dessa infecção.

A toxoplasmose congênita é uma condição séria que requer cuidados preventivos adequados durante a gestação para evitar a transmissão do parasita ao feto e garantir a saúde e o desenvolvimento saudável do recém-nascido.

A longo prazo, as sequelasda  da toxoplasmose  congénita  podem causar nascimentos prematuros, malformações cerebrais ou hepáticas, comprometimento do sistema nervoso central, retardo no crescimento, problemas oculares e, em casos mais graves, levar ao óbito do recém-nascido. Ademais, a toxoplasmose congênita pode resultar em pequenas sequelas, tornando crucial a conscientização e a implementação de medidas preventivas para preservar a saúde materno-infantil.

Diante dessa realidade, torna-se imprescindível adotar medidas preventivas em conjunto com uma rotina de exames para evitar a infecção ou facilitar o tratamento das gestantes portadoras. O cuidado adequado e a devida atenção às questões relacionadas à toxoplasmose durante o período gestacional são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.

Portanto, embora a toxoplasmose congênita afete inúmeras gestantes e neonatos, são escassos os programas destinados ao tratamento e à disseminação de informações sobre essa infecção e a implementação de medidas preventivas para preservar a saúde materno-infantil.

É essencial que tanto a gestante quanto as pessoas próximas adotem cuidados adequados e realizem exames regulares para possibilitar um tratamento precoce e apropriado, de acordo com o contexto da paciente. O estudo realizado revela que as consequências da toxoplasmose congênita são amplas e necessitam de uma explanação detalhada, pois podem ocorrer em diversos contextos sociais. Diferentemente do que se acredita, a infecção pelo Toxoplasma gondii vai além da questão do saneamento básico, uma vez que sua transmissão ocorre principalmente pelo contato com animais infectados.

Por fim, é crucial realizar o acompanhamento pré-natal e identificar gestantes com infecção, pois isso permite controlar, prevenir e tratar adequadamente a toxoplasmose congênita, reduzindo as chances de possíveis sequelas.

REFERÊNCIAS 

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AVELAR, M. V. Infecção por toxoplasma gondii em gestantes da Maternidade Climério de Oliveira, Salvador-Bahia, 2014: associação da soroprevalência para anticorpos IgG específicos com fatores de risco. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas, 2015.

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1Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário UniFacid Wyden.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-3516-0018
E-mail:enf.elaynne@gmail.com

2Graduada em Medicina pela Faculdade Brasileira MULTIVIX – Vitória. Residente de Pediatria.
Cachoeiro de Itapemirim – ES. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0001-4094-8360
E-mail: drajuliaseraphim@gmail.com

3Graduada em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Teresina.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0005-2435-7498
E-mail: mariaclara119@outlook.com

4Graduada em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Teresina.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0006-2781-8840 E-mail: samararafisa99@gmail.com

5Graduando em Medicina pela Universidade Tiradentes.
Aracaju – SE. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0004-8194-9353 E-mail: claudio.guerra@souunit.com.br

6Graduado em Enfermagem pelo Centro Universitário Anhanguera de Niterói. Mestre em Enfermagem.
Rio de Janeiro – RJ. ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-6370-115X E-mail: lcmoraesfranca@hotmail.com

7Graduado em Enfermagem pela Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO.
Contagem – MG. ORCID ID: https://orcid.org/ 0009-0000-1986-929X
E-mail: brunosoares.enfer@gmail.com

8Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão.
Paços do Lumiar – MA. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0008-2810-2574 E-mail: enferandrevitor@hotmail.com

9Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Inta – UNINTA.
Sobral – CE. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0006-6081-1464
E-mail: enfleticiadeazevedosud@gmail.com

10Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás. Doutorado em Biologia da Relação Parasito Hospedeiro.
Goiânia – GO. ORCID ID: https://orcid.org/ https://orcid.org/0000-0003-3100-025X E-mail: biomvite@gmail.com

11Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria. MBA em Coaching. Mestre em Educação Física.
Bento Gonçalves – RS. ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-9731-0456
E-mail: douglassantos249@outlook.com

12Graduado em Enfermagem pela Universidade do Estado de Minas Gerais.
Pós-Graduado em Saúde da Família. Mestrando em Cuidado Primário em Saúde.
Montes Claros – MG. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0004-9796-4865
E-mail: enfermeiroleonardo@yahoo.com.br

13Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Pós-graduada em UTI Geral e Gestão da Assistência ao Paciente em Estado Crítico; Pós-graduada em Atendimento Odontológico em Pacientes com Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde; Pós-graduada em Saúde Bucal na Atenção Primária.
Uberlândia – MG. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0009-8175-9863
E-mail: duanneegp@gmail.comm