RISCOS E DESAFIOS ENFRENTADOS PELA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA ABORDAGEM SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411171617


Hevellyn Cristinny Lima da Silva1;
Thaís Silva de Oliveira2;
Caroliny Medeiros de Souza3


RESUMO

O presente estudo tem como finalidade analisar os principais riscos e desafios enfrentados pela gravidez na adolescência, partindo da perspectiva da enfermagem. Objetiva investigar os aspectos físicos, emocionais e sociais da maternidade precoce, buscando compreender como a atuação da enfermagem pode contribuir para mitigar esses riscos e promover a saúde das adolescentes gestantes. Para isso, adotou-se uma metodologia de revisão integrativa da literatura, na qual foram analisados artigos científicos publicados entre 2010 e 2023, incluindo autores clássicos, sem marcador temporal, abordando a temática da gravidez na adolescência e o papel da enfermagem no cuidado dessas jovens. Os resultados indicaram que a gravidez na adolescência está associada ao aumento significativo de complicações obstétricas, como partos prematuros, baixo peso ao nascer e hipertensão gestacional, além de maiores taxas de mortalidade materna e infantil. Do ponto de vista psicológico e social, observouse que a gestação precoce eleva o risco de abandono escolar, isolamento social e dependência financeira, fatores que agravam a vulnerabilidade das adolescentes. A discussão destacou a importância de uma abordagem integral por parte da enfermagem, que vai além do cuidado clínico, oferecendo suporte emocional e educacional às jovens mães. Conclui-se que a atuação da enfermagem é essencial para enfrentar os desafios impostos pela gravidez na adolescência, sendo crucial a implementação de políticas públicas que incentivem o pré-natal adequado, a educação sexual e o empoderamento das adolescentes. Além disso, destaca-se a necessidade de uma rede de apoio multiprofissional, visando garantir a saúde e o bem-estar das mães adolescentes e de seus bebês.

Palavras-chave: Gravidez na adolescência; Enfermagem; Educação sexual.

INTRODUÇÃO

Falar de gravidez na adolescência é um fenômeno que persiste como um desafio significativo para a saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento. No caso do Brasil, a alta taxa de gestação entre adolescentes, particularmente em comunidades mais vulneráveis, reflete questões estruturais que envolvem fatores socioeconômicos, culturais e educacionais, mesmo que a adolescência seja uma fase marcada por mudanças biológicas, emocionais e sociais, a ocorrência de uma gestação durante esse período acarreta riscos específicos tanto para a saúde da gestante quanto para o desenvolvimento saudável do feto, colocando em evidência a importância de abordagens preventivas e de cuidado especializado no âmbito da enfermagem.

A proporção de gestantes adolescentes tem se mantido estável nas últimas décadas, com uma em cada seis mulheres brasileiras engravidando durante a adolescência. Diante desse cenário, o problema de pesquisa deste estudo busca responder à seguinte questão: quais são os principais riscos e desafios enfrentados pelas gestantes adolescentes, e como a enfermagem pode contribuir de forma eficaz para mitigar esses riscos? A hipótese estabelecida é que a adoção de uma abordagem integral pela enfermagem, que contemple tanto os aspectos clínicos quanto o suporte emocional e social, pode reduzir significativamente os riscos físicos e psicológicos enfrentados por adolescentes grávidas, além de promover a continuidade dos estudos e a inserção no mercado de trabalho.

Do ponto de vista clínico, a gravidez na adolescência está associada a uma série de complicações, como a maior probabilidade de partos prematuros, baixo peso ao nascer e hipertensão gestacional, além de maiores riscos de mortalidade materna e infantil, sendo esses riscos são exacerbados pela falta de acompanhamento pré-natal adequado, geralmente devido à desinformação ou ao difícil acesso aos serviços de saúde. Além disso, o impacto psicológico da gestação, em uma fase em que a jovem ainda está em processo de formação da identidade e maturidade emocional, não pode ser ignorado, já que, frequentemente, essas jovens mães enfrentam sentimentos de insegurança, medo e incerteza quanto ao futuro, questões intensificadas por fatores como o abandono escolar, a dependência financeira e a falta de apoio familiar ou social.

Sob a ótica da enfermagem, é fundamental adotar uma abordagem integral que contemple não apenas os cuidados clínicos, mas também o suporte emocional e psicossocial necessário para essas adolescentes, assim, a enfermeira desempenha um papel crucial na orientação, prevenção e acompanhamento das gestantes adolescentes, trabalhando na promoção da saúde e na educação sexual, com foco na prevenção de futuras gestações e na garantia de um cuidado adequado tanto para a mãe quanto para o bebê. Com isso, programas de saúde voltados para a gravidez na adolescência devem incluir, além do pré-natal, iniciativas que promovam o empoderamento das jovens, incentivando-as a continuarem seus estudos e a se integrarem no mercado de trabalho, assegurando o acesso aos direitos reprodutivos e à saúde sexual.

O presente estudo tem como objetivo geral analisar os principais riscos e desafios enfrentados pela gravidez na adolescência, sob a perspectiva da enfermagem. Para atingir este objetivo, serão abordados os seguintes objetivos específicos: Investigar as complicações físicas e clínicas mais comuns durante a gravidez na adolescência; Analisar os impactos psicológicos e sociais da maternidade precoce; e Avaliar o papel da enfermagem no acompanhamento e prevenção de novas gestações em adolescentes, com foco em práticas educativas e suporte psicossocial.

Para realizar essa investigação, a pesquisa adota uma metodologia baseada na revisão de literatura sobre o tema, buscando compreender os principais riscos clínicos e psicossociais enfrentados por adolescentes grávidas. A coleta de dados inclui a análise de artigos científicos, diretrizes de programas de prevenção e cuidados voltados para adolescentes grávidas. Esses dados serão analisados à luz de um quadro teórico baseado em conceitos de saúde pública, teorias de desenvolvimento na adolescência e práticas de enfermagem voltadas para o cuidado humanizado, a fim de oferecer uma visão ampla e fundamentada do papel da enfermagem na mitigação dos riscos da gravidez precoce.

O artigo está dividido em três partes principais. A primeira parte, Adolescência e sexualidade, discute o contexto sociocultural e biológico da adolescência, explorando as questões relacionadas à educação sexual e à formação da identidade sexual. Na segunda parte, Papel da enfermagem na promoção de saúde e prevenção de novas gestações, são analisados os desafios e contribuições da enfermagem no acompanhamento de gestantes adolescentes, com subseções dedicadas aos aspectos físicos e clínicos da gravidez na adolescência (3.1) e aos impactos psicológicos e sociais dessa condição (3.2).

1. ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE: UM PERÍODO DE TRANSFORMAÇÕES E DESAFIOS PSICOSSOCIAIS

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069 de 1990, o artigo 2º define como criança a pessoa com até 12 anos incompletos, e como adolescente, aquele com idade entre 12 e 18 anos, onde em situações de regulamentação previstas em lei, o estatuto pode ser aplicado a indivíduos com até 21 anos (Cremonese et al., 2017). Assim, a palavra “adolescência” tem origem no verbo “adolescer”, que significa “crescer em direção à maturidade” (Schoen-Ferreira et al., 2010), refletindo o caráter evolutivo de uma fase crucial no desenvolvimento humano, caracterizada por mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais, sendo essa etapa marcada pela transição da infância para a vida adulta, onde o corpo infantil dá lugar a um corpo sexualizado, e o adolescente passa a lidar com os desafios dessa nova realidade.

Segundo Figueredo et al. (2017), a adolescência é um período de “acontecimentos psíquicos, marcado por sofrimentos incontornáveis, aliados ao conhecimento de que o adolescente está caminhando inexoravelmente em direção à idade adulta”, como um processo de maturação envolve não apenas o luto pelo corpo infantil, mas também a aceitação de um novo corpo sexual e social. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2017) define adolescentes como pessoas que possuem entre 12 e 18 anos, uma faixa etária em que ocorrem profundas transformações corporais e emocionais, como aponta Ferreira e Nelas (2016):

(…) o conflito dominante da adolescência, seria entre a formação da identidade e a difusão da identidade. Aquilo que resultou das crises anteriores é integrado num todo coerente, num sentimento de ser diferenciado dos pais. Deste modo, o processo de formação da identidade pressupõe a integração das identificações infantis precoces com outros aspectos psicológicos e psicossociais, no entanto, deve-se atender a que o indivíduo ingressa ao longo do ciclo da vida em novas crises de desenvolvimentos, como sejam: a intimidade e a generatividade (Ferreira; Nelas, 2016). 

 Diante disso, a sexualidade, que se manifesta nessa fase, vai além da simples biologia, sendo moldada por fatores psicológicos, sociais e culturais, como Pinto et al. (2023), relatam que “a sexualidade começa a passar a aparência biológica e se revela como uma ocorrência da psicologia individual relacionada com a vida social”, influenciada por crenças pessoais, valores familiares e os preconceitos da sociedade. Nesse contexto, a adolescência é também um período de intensa exploração da sexualidade e dos papéis de gênero, conforme aponta a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2017), a curiosidade por novas experiências pode levar os adolescentes a se exporem a situações de risco, como a experimentação de drogas lícitas e ilícitas, além de aumentar sua vulnerabilidade a infecções sexualmente transmissíveis e à gravidez precoce, esse cenário é agravado por fatores culturais e ambientais que influenciam o comportamento sexual dos adolescentes (Batista et al, 2021).

O início precoce da vida sexual, aliado ao uso inadequado ou à falta de métodos contraceptivos, é uma das principais causas de gestações inesperadas entre adolescentes (Carvalho; Oliveira, 2020). Além disso, a prática da masturbação, que geralmente tem início na adolescência, é uma introdução à sexualidade, ocorrendo de maneira espontânea e natural (Fontenele; Miranda, 2017), onde o primeiro relacionamento amoroso e a prática da masturbação tornam-se mais frequentes, sendo nesse período, o essencial que os adultos ao redor do adolescente não reprimam seus desejos, mas sim avaliem se essas mudanças são saudáveis ou se há riscos patológicos, como a masturbação excessiva ou o desenvolvimento de medos que podem levar à depressão (Maranhão et al., 2017).

Para Higa et al. (2015), compreender a sexualidade como parte do amadurecimento físico e psicossocial dos adolescentes é fundamental, uma vez que essa população é vulnerável tanto em suas relações sexuais quanto emocionais, assim, torna-se importante criar estratégias que promovam boas práticas sexuais e o bem-estar emocional dos jovens. Nesse caso, a visão de Foucault (1988) sobre a sexualidade é relevante para a discussão sobre o desenvolvimento sexual na adolescência, já que a sexualidade está frequentemente sob a ótica da repressão, e as crianças e adolescentes são ensinados a não falar sobre o tema, reforçando uma cultura de silêncio. 

Em contraposição, Freud (1905) sugere que a sexualidade deve ser trabalhada desde a infância, pois está ligada à busca por prazer em diferentes partes do corpo, não apenas na região genital, sendo uma manifestação natural do ser humano. Assim, a orientação sexual, que pode ser homoafetiva ou heteroafetiva, também se define nessa fase, e o apoio emocional é crucial para que o adolescente exerça sua sexualidade de forma saudável (Maranhão et al, 2017).

Portanto, a adolescência é uma fase de intensas transformações, onde a sexualidade emerge como um aspecto central do desenvolvimento, onde compreender as influências culturais, psicológicas e sociais que moldam esse processo é essencial para promover a saúde e o bem-estar dos adolescentes, garantindo que eles tenham um suporte adequado para enfrentar os desafios dessa fase.

2. O PAPEL DA ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO DE NOVAS GESTAÇÕES

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1990 e 2001, a taxa de fecundidade entre adolescentes de 10 a 14 anos dobrou, enquanto a taxa de fecundidade no grupo de 15 a 19 anos aumentou em 26%, em contrapartida, a fecundidade entre mulheres adultas apresentou uma queda constante e significativa ao longo do mesmo período (IBGE, 2019). Com isso, no Brasil, em 2017, as adolescentes representavam 16% dos quase três milhões de gestações registradas, e só no Distrito Federal, onde ocorreram 44.007 nascimentos no mesmo ano, 11% (n=4.910) eram filhos de mães adolescentes (Brasil, 2017).

Diante desses dados, pode-se perceber que a gravidez na adolescência é uma questão de saúde pública que exige atenção e apoio integral para garantir a proteção e o bem-estar das jovens envolvidas, assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que toda criança e adolescente têm direito ao lazer, à segurança, ao desenvolvimento saudável e à saúde de qualidade, incluindo seus direitos sexuais e reprodutivos como parte essencial dos Direitos Humanos (Brasil, 2018). Por isso, para garantir que os adolescentes possam exercer esses direitos de forma consciente, o conhecimento torna-se fundamental para o empoderamento e autonomia, permitindo que eles sejam protagonistas de suas escolhas de saúde (Brasil, 2018).

A equipe de enfermagem, em conjunto com a unidade básica de saúde (UBS) do município de cada adolescente, tem a importante missão de desenvolver educação em saúde. Devendo acolher todas as adolescentes e realizar as intervenções necessárias conforme a necessidade de cada uma, desempenhando um papel fundamental desde o início, realizando a ausculta sobre a situação, buscando informações sobre todo o contexto do ocorrido e desenvolvendo ações educativas e assistenciais que visem a singularidade de cada paciente (Ventura, 2018).

O acolhimento de enfermagem é abrangente, englobando várias fases e situações. Em casos de maternidade precoce, que frequentemente se tornam de risco, esse acompanhamento deve ser progressivo, seguindo todos os protocolos e visando a melhor qualidade de vida para a adolescente (Izidro, 2019). Deve-se acompanhar a adolescente durante todo o período de gestação, parto, puerpério e desenvolvimento da criança. O acompanhamento pré-natal é de suma importância, tanto para monitorar o desenvolvimento do feto quanto para avaliar a situação clínica materna através dos achados, realizando ações preventivas, promotoras, diagnósticas e curativas. Isso garante que a adolescente tenha um bom desenvolvimento gestacional, e, se necessário, seja encaminhada para consultas de alto risco (Lima, 2017).

Durante a gestação, o pré-natal é fundamental para garantir uma gravidez segura e saudável, sendo recomendado pelo Ministério da Saúde, acompanhamento rigoroso para as gestantes, especialmente em casos de baixo risco, com pelo menos seis consultas pré-natais distribuídas ao longo da gestação (Brasil, 2012). Assim, Soares (2020) reforça isso dizendo que esse acompanhamento permite a identificação precoce de anormalidades, proporcionando intervenções adequadas quando necessário. 

Mesmo assim, apesar da importância do pré-natal, há desafios significativos no acesso e na qualidade do atendimento prestado às adolescentes grávidas, como mostram Maranhão et al (2018) que evidenciaram no Piauí, que jovens mães e gestantes frequentemente sofrem julgamentos por parte dos profissionais de saúde, o que dificulta a adesão às consultas. Em contrapartida, Dias et al (2020) mostraram que algumas gestantes relataram sentir-se acolhidas, embora ainda haja relatos de xingamentos e dúvidas quanto à capacidade das jovens de assumir as responsabilidades da maternidade.

Nesse contexto, a orientação e o apoio emocional desempenham um papel crucial na vida dos adolescentes, proporcionando um ambiente seguro para suas vivências sexuais e reduzindo o risco de uma maternidade ou paternidade indesejada (Febrasgo, 2017), sendo esse um apoio que pode minimizar os riscos e permitir que os jovens desfrutem dessa fase com mais segurança e qualidade de vida. Com isso, o papel da enfermagem na promoção da saúde das gestantes adolescentes vai além do acompanhamento clínico e do suporte emocional durante a gravidez, a educação sexual e reprodutiva é um dos pilares na prevenção de novas gestações na adolescência (Alves; Souza, 2018), já que estudos mostram que adolescentes que já passaram por uma gestação têm maior chance de engravidar novamente em um curto intervalo de tempo, perpetuando um ciclo de vulnerabilidade social e econômica (Ferreira, 2021). Assim, os programas de prevenção voltados para adolescentes devem incluir discussões sobre contracepção, planejamento familiar e os direitos reprodutivos, permitindo que as jovens façam escolhas conscientes sobre seus corpos e sua sexualidade (Oliveira, 2020). 

Independentemente das dificuldades enfrentadas, é dever dos profissionais de saúde garantir um acolhimento humanizado e uma assistência integral às gestantes, independentemente de suas condições sociais (Soares, 2020). A equipe de enfermagem, em especial, desempenha um papel crucial durante o puerpério, sendo a linha de frente no cuidado pós-parto e na identificação de possíveis complicações que possam impactar a saúde da mãe e do bebê (Soares, 2020).

Apesar dos desafios inerentes à gravidez na adolescência, Oliver et al (2018) observam que algumas jovens consideram a gestação um momento de reflexão e de amadurecimento, percebendo o nascimento do filho como uma oportunidade para reorganizar suas vidas e assumir novas responsabilidades. No entanto, o período gestacional é particularmente delicado para adolescentes, pois envolve profundas alterações biológicas, emocionais e sociais. Isso afeta não apenas a jovem, mas também seu círculo familiar e social, exigindo o apoio de uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e educadores (Maciel et al., 2019).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) reconhecem a gravidez na adolescência como um problema de saúde pública e recomendam a educação sexual integrada e abrangente como medida preventiva (Brasil, 2020), onde esse tipo de educação, em parceria com instituições de ensino, família e sociedade, pode fortalecer os adolescentes para enfrentar os desafios da juventude e promover uma sexualidade responsável e respeitosa.

Dentro disso, a enfermagem desempenha um papel central na transmissão dessas informações de forma clara e acessível, desmistificando mitos sobre métodos contraceptivos e reforçando a importância de uma sexualidade responsável (Costa; Gonçalves, 2019). Além disso, outro aspecto crucial da atuação da enfermagem é a sensibilização da comunidade e das escolas para a importância da educação sexual desde os primeiros anos da adolescência, com políticas públicas voltadas para a prevenção da gravidez precoce devem envolver ações integradas entre escolas, unidades de saúde e a sociedade em geral, tendo o objetivo de oferecer uma rede de proteção eficiente para as adolescentes (Ferreira, 2021), onde a enfermagem pode atuar como facilitadora nesse processo, articulando ações que envolvam jovens, famílias e educadores.

Portanto, a atuação da enfermagem no contexto da gravidez na adolescência é ampla e multifacetada, englobando desde o cuidado clínico e emocional da gestante até a promoção de uma cultura de saúde e prevenção, onde o investimento em ações educativas e de suporte social são essenciais para reduzir as taxas de gravidez precoce e garantir que as jovens possam ter um futuro com mais oportunidades e menor vulnerabilidade.

2.1 Aspectos Físicos e Clínicos da Gravidez na Adolescência

A puberdade é um período de intensas mudanças físicas e hormonais, e marca o início da adolescência, momento em que o corpo passa a se preparar para a maturidade sexual, partindo de alterações que incluem o crescimento de pelos nas axilas, genitália, braços e pernas, aumento da produção de testosterona, surgimento da acne, e, em meninos, o crescimento do pênis e testículos, enquanto nas meninas ocorre o crescimento das mamas e a menarca, a primeira menstruação (Brasil, 2018). Entretanto, ocorre de maneira diferente em cada indivíduo, dependendo de fatores genéticos e hormonais (Soares, 2020).

Para as meninas, a menarca é um marco importante da maturidade reprodutiva, embora a maturidade psicossocial ainda não tenha sido alcançada. Segundo Gemelli et al, 2020, o processo hormonal que leva à ovulação e menstruação envolve hormônios como o Hormônio Folículo-estimulante (FSH) e o Hormônio Luteinizante (LH), que regulam o ciclo menstrual e preparam o organismo para a reprodução, obtendo uma variabilidade no início da menarca que reflete fatores como genética, nutrição e saúde física e mental.

A gravidez na adolescência, no entanto, impõe sérios riscos à saúde da jovem mãe e do bebê, já que adolescentes com menos de 16 anos são mais suscetíveis a deficiências nutricionais e complicações obstétricas, por seus corpos ainda não estão totalmente preparados para a gestação, com essas complicações podem incluir: toxemia gravídica, disfunção uterina e síndromes hemorrágicas, além de aumentar os índices de mortalidade materna (Correia et al., 2011). Outro fator crítico é a desproporção cefalopélvica, condição em que o tamanho da cabeça do feto é desproporcional ao tamanho da pelve da mãe, tornando o parto mais complicado, além das adolescentes grávidas serem mais propensas a desenvolver anemia gestacional e baixo peso materno, o que pode levar a desfechos adversos, como prematuridade e baixo peso ao nascer (Silva et al., 2020). Além disso, Berllitz (2020) também aponta para o impacto significativo de condições como eclâmpsia e complicações durante o parto, como cesarianas de emergência.

Diante desses cenários, Pinto et al (2023), retrata que “a gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública no Brasil devido ao aumento relativo da fecundidade em mulheres com até 19 anos de idade”, e envolve um conjunto de riscos à saúde da jovem gestante e do feto, que podem ser minimizados por um acompanhamento adequado. Assim, o acompanhamento pré-natal realizado por profissionais de enfermagem é essencial para monitorar a evolução da gestação e oferecer suporte adequado, como destacado por Cordeiro et al. (2021), esse acompanhamento não é apenas clínico, mas também educativo, com o objetivo de orientar a mãe adolescente e sua família sobre os cuidados necessários e possíveis complicações, se fazendo fundamental que as adolescentes grávidas busquem assistência em saúde, já que sua condição pode ser considerada de alto risco e exige monitoramento contínuo por profissionais capacitados (Santos et al., 2018; Mata et al., 2018).

No entanto, as adolescentes tendem a iniciar o pré-natal tardiamente, muitas vezes por não reconhecerem a gestação ou por medo do julgamento social, onde entre os principais riscos clínicos estão o parto prematuro, a restrição de crescimento intrauterino e a hipertensão gestacional (Silva, 2018), sendo que em muitos casos, a imaturidade física da adolescente, que ainda está em processo de crescimento, pode acarretar complicações durante o parto, aumentando o risco de cesarianas e intervenções obstétricas (Souza; Mendes, 2020). Bem como, Infecções do Trato Urinário (ITU) e síndromes hipertensivas, que são condições comuns em gestantes adolescentes, e essas complicações podem aumentar o risco de parto pré-termo e recém-nascidos com sequelas (Santos et al., 2018). 

Além disso, Batista (2020) reforça que a gravidez na adolescência, por ocorrer em uma fase de constantes mudanças e adaptações, pode levar a problemas como parto prematuro, anemia, aborto espontâneo e depressão pósparto, evidenciando a importância de um suporte integral à saúde dessas jovens. Como um aumentos nas complicações, Bouzas e Santos (2018), salientam que as complicações associadas à gravidez na adolescência incluem pré-eclâmpsia, eclâmpsia, desproporção pélvica-fetal e, em casos extremos, tentativas de interrupção da gravidez por métodos inseguros, o que agrava ainda mais os riscos para a saúde da adolescente. 

Oliveira e Lopes (2019), apontam ainda a questão nutricional como um fator relevante a se considerar na vida de muitas adolescentes, especialmente aquelas em situações socioeconômicas vulneráveis, que não têm acesso a uma alimentação adequada, o que pode prejudicar o desenvolvimento saudável do feto, além do baixo peso ao nascer ser uma complicação recorrente entre gestantes adolescentes, sendo um fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas ao longo da vida da criança. Com isso, o papel da enfermagem nesse contexto se faz fundamental para garantir que essas jovens recebam orientações claras sobre os cuidados necessários, além da importância de um acompanhamento pré-natal regular e do acesso a programas de suplementação alimentar, quando necessário (Santos; Ferreira, 2021). 

Diante de tantos desafios, a prevenção, o apoio psicológico e o acompanhamento contínuo da enfermagem, são cruciais para garantir melhores desfechos para a mãe e o bebê. A enfermeira atua não apenas na detecção precoce de possíveis complicações, mas também na criação de vínculos de confiança com a gestante, promovendo um ambiente acolhedor que incentive a continuidade do acompanhamento.

2.2 Impactos Psicológicos e Sociais da Gravidez na Adolescência

A gravidez na adolescência não se limita às questões físicas, envolvendo também um forte impacto emocional, já que muitas adolescentes, ao descobrir a gestação, enfrentam sentimentos de medo, ansiedade e confusão, especialmente quando não contam com apoio familiar ou social (Costa, 2017), trazendo consequências complexas e multifatoriais que afetam não apenas a saúde física da jovem mãe e do bebê, mas também seu bem-estar emocional, econômico e social. Segundo Rosaneli et al (2020), muitas adolescentes não estão preparadas física, emocional e financeiramente para lidar com a gestação, o que as coloca em um ciclo de pobreza que pode se perpetuar por gerações. 

Santos et al. (2018) reforçam que o desenvolvimento físico e mental durante a adolescência agrava os desafios da gestação nessa fase da vida, vizando que, no Brasil, adolescentes grávidas precisam lidar não apenas com os cuidados pessoais e do bebê, mas também com outras demandas que competem com o papel de mulher e mãe (Pinto et al, 2023), sendo essa situação ainda mais crítica em contextos de pobreza e baixos níveis de educação formal, que Monteiro et al. (2019) identificam como fatores centrais para a persistência de altas taxas de gravidez precoce em países em desenvolvimento. Esse cenário é agravado em situações de exclusão social, como aponta Silva et al (2021), as adolescentes marginalizadas são as que mais frequentemente enfrentam gravidezes não planejadas. 

Nesse sentido, as causas da gravidez precoce são multifacetada, Zanchi et al (2017), por exemplo, identificam preditores como depressão, suporte familiar limitado, baixo nível educacional e histórias familiares de gravidez precoce. Além disso, os fatores sociais como violência do parceiro, rejeição familiar e pobreza podem levar ao comportamento suicida entre adolescentes grávidas (Musyimi et al., 2020), assim, medidas preventivas, como uma relação familiar atenciosa e um ambiente escolar positivo, são essenciais para reduzir a incidência de gravidez na adolescência, conforme apontado por Dimitriu et al. (2018). 

Essas relações protetoras ajudam a prevenir comportamentos sexuais de risco e gravidezes indesejadas, essa visão corroborada por Rosenberg et al. (2015), observa uma correlação entre a matrícula escolar e a redução da gravidez entre adolescentes, onde o abandono escolar é um dos primeiros reflexos dessa situação, impactando diretamente o futuro profissional e social dessas jovens. Além disso, o isolamento social e a estigmatização da maternidade precoce contribuem para o aumento da vulnerabilidade emocional dessas adolescentes, que muitas vezes precisam lidar com responsabilidades adultas em um momento em que ainda estão em processo de construção de sua identidade (Pinto, 2020).

Além dos riscos biomédicos, Nascimento et al. (2021) sugere que o fenômeno não deve ser visto apenas sob a ótica médica, mas também pelos impactos no estilo de vida, no acesso e uso dos serviços de saúde, e nos determinantes socioeconômicos que cercam essas jovens, enquanto fatores que contribuem para uma série de consequências sociais, como problemas psicossociais e dificuldades no desenvolvimento pessoal e profissional, conforme apontado por Pinheiro et al. (2019), ou seja, a adolescente, que antes era vista como filha, agora precisa assumir o papel de mãe e provedora, enfrentando desafios consideráveis para equilibrar essas novas responsabilidades.

Correia et al. (2011) enfatizam que a gravidez na adolescência pode causar estresse, ansiedade, insônia e, em casos mais graves, depressão pósparto, sendo essas dificuldades agravadas pela falta de apoio familiar e social, o que pode levar a transtornos mentais e até mesmo ao planejamento de atos abortivos (Maciel et al., 2019; Mata et al., 2018). Essas dificuldades são mais vistas em crianças e adolescentes em situação de rua ou extrema pobreza, estando entre as mais vulneráveis à gravidez indesejada e às infecções sexualmente transmissíveis (IST). De acordo com Sousa et al (2019), a falta de conhecimento sobre saúde, direitos e educação escolar limita ainda mais suas opções e aumenta o risco de morbidade e mortalidade materna, assim, a gravidez na adolescência exige uma abordagem abrangente que considere tanto os riscos biomédicos quanto os determinantes sociais e econômicos que cercam essas jovens.

A gravidez na adolescência, especialmente entre jovens de classes sociais mais baixas, pode ser vista de forma naturalizada, sendo considerada por algumas como um caminho para reconhecimento social (Barreto et al., 2011), esse fenômeno é mais comum em contextos onde a expectativa de futuro além da maternidade é limitada, o que reforça a necessidade de intervenções educativas e de políticas públicas voltadas para essas populações. Em uma outra realidade, não distante, Barreto et al. (2011) e Moraes et al. (2018) destacam que adolescentes com vínculos religiosos tendem a valorizar a gravidez, muitas vezes não considerando alternativas como o aborto.

Em todos esses contextos, a enfermagem tem a função de fornecer suporte emocional às gestantes, reconhecendo os desafios psicológicos que elas enfrentam, sendo importante a enfermeira estar preparada para oferecer orientações sobre os direitos das jovens mães, incluindo o direito à educação, ao trabalho e ao acesso a serviços de saúde de qualidade (Silva; Oliveira, 2019). Além disso, é essencial trabalhar em parceria com psicólogos e assistentes sociais para garantir que as adolescentes tenham acesso a uma rede de apoio que as ajude a superar as dificuldades emocionais associadas à maternidade precoce (Gomes, 2018).

Outro desafio enfrentado pelas gestantes adolescentes é o cuidado com o recém-nascido, na inexperiência e na falta de preparo emocional, existe a possibilidade de prejudicar o vínculo mãe-bebê, o que pode gerar dificuldades no cuidado diário com a criança, incluindo a amamentação e a estimulação adequada para o desenvolvimento infantil (Santana, 2021). Por isso, Souza e Mendes (2020) relatam que programas de capacitação e acompanhamento, com a presença ativa de profissionais de enfermagem, são essenciais para garantir que as jovens mães adquiram habilidades parentais e desenvolvam uma relação saudável com seus filhos.

3. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO SEXUAL NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A ausência de uma educação sexual adequada é um dos principais fatores que contribuem para a vulnerabilidade dos adolescentes, especialmente no que tange à gravidez precoce. Muitos jovens apresentam lacunas significativas em seu conhecimento sobre métodos contraceptivos, o que eleva o risco de uma gravidez não planejada. A falta de informações claras e acessíveis sobre saúde reprodutiva coloca esses adolescentes em situações de risco, agravadas pela carência de orientações preventivas (Lima et al., 2017).

O movimento da promoção da saúde torna-se política de saúde no Brasil, e a escola é um ambiente favorável para utilização de recursos educativos com esta finalidade. Embora haja intenso movimento e ações com vistas à promoção da saúde, os serviços de saúde e a escola não contemplam as 35 necessidades do adolescente, por ser uma pessoa com características de riscos, vulnerabilidades e demandas específicas de cuidados (Brasil, 2017. Pág. 02).

A escolaridade desempenha um papel preventivo relevante, pois estudos indicam que as taxas de gestação entre adolescentes tendem a diminuir à medida que o nível de escolaridade aumenta (Neves et al., 2015). No entanto, a baixa escolaridade está frequentemente associada ao abandono escolar, uso de substâncias ilícitas e comportamentos de risco, o que reforça a necessidade de práticas educativas e preventivas mais assertivas, tanto nas escolas quanto nos serviços de saúde (Cremonese et al., 2017). As escolas, além de serem espaços de aprendizado, devem proporcionar um ambiente onde os adolescentes possam expressar dúvidas, compartilhar experiências e receber orientações adequadas sobre saúde sexual (Costa et al, 2016).

Essa educação em saúde pode ser desenvolvida diretamente na escola ou na Atenção Primária à Saúde (APS), em colaboração com profissionais da área da saúde, da educação e, quando possível, com a participação dos pais ou responsáveis pelos adolescentes. Dessa forma, todos terão acesso às informações necessárias para evitar situações que possam trazer consequências a longo prazo e permanentes. O acesso à informação amplia a compreensão e mantém a sociedade informada sobre diversas situações, fornecendo dados essenciais para a promoção e prevenção de eventos relacionados à saúde (Brasil, 2017).

4.1 Acesso a Informações e Métodos Contraceptivos

Embora o acesso a métodos contraceptivos tenha aumentado, muitos adolescentes ainda enfrentam dificuldades para compreender ou utilizar esses métodos de maneira correta. O desconhecimento pode ser dividido em duas categorias: falta de conhecimento sobre os tipos de métodos contraceptivos e desconhecimento sobre como utilizá-los adequadamente (Ferreira et al., 2014; Ribeiro et al., 2017). A falta de acesso a informações de qualidade e à orientação adequada continua sendo um desafio, resultando não apenas em gestações indesejadas, mas também em um aumento nas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) (Ferreira et al., 2014).

Adolescentes que utilizam métodos contraceptivos hormonais, como a pílula anticoncepcional, relatam problemas como esquecimento e uso incorreto, o que pode resultar em gravidez indesejada, mesmo com o uso do método. Além disso, o preservativo masculino, amplamente utilizado, também é frequentemente aplicado de maneira inadequada, como apenas no momento da penetração, o que reduz sua eficácia (Molina et al., 2015).

A atuação do enfermeiro é fundamental na promoção da educação sexual. Como facilitador no processo de orientação, o enfermeiro pode criar um espaço de diálogo aberto, livre de julgamentos, para esclarecer dúvidas e incentivar o uso correto dos métodos contraceptivos, promovendo assim a prevenção da gravidez precoce (Frigo et al., 2012; Costa et al., 2016).

4.2 Desafios no Acesso aos Serviços de Saúde

O acesso aos serviços de saúde é essencial para a promoção da educação sexual e a prevenção da gravidez na adolescência. Esses serviços oferecem um espaço importante para discutir saúde sexual e métodos contraceptivos, permitindo que os adolescentes recebam orientações antes mesmo de iniciarem sua vida sexual. No entanto, a falta de qualificação dos profissionais de saúde para lidar com o público adolescente e a baixa procura dos jovens por esses serviços são barreiras significativas para a redução das taxas de gravidez precoce (Ferreira et al., 2014; Cremonese et al., 2017).

No Brasil, a gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública, dada sua magnitude e os desafios sociais associados, como o abandono escolar, a discriminação social e o apoio insuficiente da família e do parceiro. As equipes de saúde, especialmente no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF), têm um papel crucial na construção de parcerias com as escolas, oferecendo um atendimento integral e multidisciplinar que possa educar e conscientizar os adolescentes sobre a importância do sexo seguro e do uso correto dos métodos contraceptivos (Moura; Gomes, 2014).

O enfermeiro, como profissional qualificado para acompanhar o indivíduo em todas as fases da vida, deve estar inserido nos programas de educação sexual nas escolas. Sua participação contribui para o desenvolvimento de ações e programas voltados à saúde do adolescente e de sua família, atendendo às necessidades reais de ambos. As instituições que trabalham com adolescentes, como escolas e unidades de saúde, precisam incluir a família em suas atividades, oferecendo suporte e orientação para que ela possa desempenhar de forma eficaz o papel de educar os filhos sobre sexualidade. É fundamental que o governo, juntamente com os profissionais de saúde e educação, se empenhem para garantir que os jovens sejam educados não apenas sobre o exercício da sexualidade, mas também sobre seus direitos e responsabilidades, promovendo o respeito mútuo (Izidro, 2019).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo se destaca pela complexidade dos riscos e desafios enfrentados pela gravidez na adolescência e a importância do papel da enfermagem nesse contexto. Assim, ao longo da pesquisa, foi possível analisar de maneira abrangente os impactos físicos, emocionais e socioeconômicos da maternidade precoce, revelando que esse fenômeno exige uma abordagem multidisciplinar e integral, ficando evidente que as complicações clínicas associadas à gravidez na adolescência, como o aumento do risco de partos prematuros, hipertensão gestacional e complicações obstétricas, reforçam a necessidade de um pré-natal rigoroso e contínuo. 

Nesse cenário, a atuação da enfermagem é fundamental, pois vai além do cuidado técnico, oferecendo um atendimento humanizado, que abrange tanto o suporte físico quanto o emocional e educativo, minimizando, assim, os riscos à saúde da mãe e do bebê. Além dos riscos clínicos, o estudo demonstrou que a gestação precoce afeta profundamente a saúde mental das adolescentes, expondo-as a um maior risco de depressão, ansiedade e outras questões emocionais, enquanto esses problemas são agravados pela falta de suporte familiar, social e comunitário, o que contribui para o isolamento e estigmatização das jovens. 

A enfermagem, dentro de uma equipe multiprofissional, tem a capacidade de atuar de forma decisiva na mitigação desses desafios, oferecendo acompanhamento psicossocial, além de promover ações de conscientização sobre saúde sexual e reprodutiva, sendo essas iniciativas essenciais para capacitar as adolescentes a fazerem escolhas informadas, prevenindo gestações indesejadas e reincidentes e promovendo maior autonomia.

No campo socioeconômico, a evidencia é de que a gravidez na adolescência compromete o desenvolvimento educacional e profissional das jovens, limitando suas perspectivas de futuro. Portanto, é imperativo que os programas de prevenção e apoio ofereçam, além do atendimento pré-natal adequado, medidas de capacitação e incentivo para que as adolescentes possam continuar seus estudos e se preparar para o mercado de trabalho, onde a educação sexual e reprodutiva se revela, aqui, como uma estratégia central para prevenir novas gestações e garantir que essas jovens possam traçar trajetórias de vida menos vulneráveis.

Outro ponto crucial, é a necessidade de políticas públicas robustas e direcionadas, como políticas que devem incluir a criação de redes de apoio que envolvam não apenas os profissionais de saúde, como enfermeiros e médicos, mas também educadores, assistentes sociais e a comunidade como um todo. Por isso, apenas por meio de uma ação coletiva e integrada será possível criar um ambiente propício para que essas adolescentes enfrentem os desafios da maternidade precoce com segurança e suporte adequado, assim, a formação de redes de proteção social, associada a programas de educação e saúde reprodutiva, é vital para assegurar que essas jovens recebam o suporte necessário para superar os obstáculos impostos pela gravidez.

Portanto, é possível concluir que, a gravidez na adolescência é um fenômeno que exige respostas contínuas e articuladas de diferentes frentes da sociedade, já que enquanto a atuação da enfermagem, como protagonista nesse processo, for destacada não apenas no cuidado clínico, mas também na construção de estratégias preventivas e educativas que visem o bem-estar integral das adolescentes e de seus bebês. Por isso, investir em políticas públicas que promovam educação sexual, assistência psicossocial e suporte socioeconômico é crucial para reduzir os impactos da gravidez precoce e contribuir para um futuro mais promissor para essas jovens, fazendo com que o papel da enfermagem seja central na criação de soluções que promovam saúde, autonomia e melhores perspectivas de vida para as adolescentes gestantes, assegurando um cuidado humanizado e focado nas necessidades específicas de cada uma.

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1Acadêmico do curso Bacharel em Enfermagem pela Faculdade da Amazônia – UNAMA -Rio Branco.  E-mail: hevellynsilva705@gmail.com 

2Acadêmico do curso Bacharel em Enfermagem pela Faculdade da Amazônia – UNAMA -Rio Branco.  E-mail: thaisoli516@gmail.com 

3Docente no Curso de Bacharelado em Enfermagem, na Faculdade da Amazônia – UNAMA Rio Branco.