REGISTRO DOI: 0.5281/zenodo.10116297
Ana Beatriz Gonçalves Da Silva;
Ana Beatriz Oliveira Ribeiro;
Vinicius Matheus De Matos;
Orientador: Prof. Esp. Bruna Marçal Guidoti Eleutério
1 INTRODUÇÃO
O atuar do farmacêutico na atenção farmacêutica tem amadurecido e sido observada como essencial para prevenir, identificar e decidir os problemas pautados ao uso do medicamento.
A automedicação sofre influências diretas ou indiretas de uma série de fatores políticos, econômicos, sociais e regulamentares das sociedades onde convivem as pessoas. Recorda-se também que tal prática remonta até mesmo aos primórdios da vivência humana, já que, desde aquela ocasião, os indivíduos já buscaram alívio para dores e desconfortos por meio de plantas medicinais e remédios caseiros (CRUZ; CARAMONA; GUERREIRO, 2015).
O acesso aos medicamentos desenvolveu acentuadamente, especialmente, a partir das décadas de 1970 e 1980, período em que aumentou o autocuidado por meio de atos autônomos de atenção, análise e terapêutica das doenças sem contar com ajuda profissional (CRUZ; CARAMONA; GUERREIRO, 2015).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 50% dos medicamentos são prescritos e dispensados erroneamente, fazendo com que metade dos pacientes os empreguem ainda de forma imperfeita (DOMINGUES et al, 2015 APUD PAIM et al, 2016).
Comenta-se também que o Brasil se destaca no consumo mundial de medicamentos sem prescrição, sendo avaliado o primeiro da América Latina e o quinto do mundo (SOUZA et al, 2011).
Conforme estudos de Ivannissevich (1994), de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), quase 80 milhões de brasileiros se automedicam. Estudar o assunto da automedicação constitui envolver-se de acordo com a teoria com uma temática que diz respeito à fato de inúmeros indivíduos no Brasil e no mundo que se valem de recomendações de amigos, familiares e conhecidos para começarem ou avançarem terapêuticas de saúde (PAIM et al, 2016).
Na visão de Domingues et al (2015) apud Paim et al (2016), o mercado de medicamentos no Brasil abrange a cifra anual de mais de 22 bilhões de dólares. Tal presente e questão acrescem as oportunidades de uso irracional ou de automedicação por parte dos utentes. A automedicação ocorre, já que, quando a pessoa ou responsável resolve qual medicamento e como emprega-lo sem avaliação nem concordância médico para mitigar os sintomas exibidos ou mesmo para melhorar as doenças. Há compartilhamento de remédios com pessoas da família, amigos e conhecimento, claramente descumprindo as determinações profissionais (PEREIRA et al, 2007).
A reutilização de medicamentos que foram prescritos antes (sem supervisão profissional), além do autorreconhecimento de doenças e sintomas, seguidos de autocuidados espontâneos dos próprios doentes. OLIVEIRA, et al, 2007).
A clara prevalência da automedicação, se dá por causa da dificuldade de ascensão aos serviços de saúde, costumes dos próprios indivíduos de quererem resolver ligeiramente problemas de saúde, por conceitos de amigos e familiares que vão expor elevadas tecnologias para o aconselhamento e por reproduções de conhecimentos anteriores. Com isso, as condições econômicas antagônicas, as facilidades de acesso ao medicamento e o fato do doente analisar a sua situação patológica de menos valor ou já ter sentido uma sintomatologia análoga, consegue estabelecer aclarações de recurso à automedicação. (ALVES., 2012).
Um fator dominante na automedicação é o uso de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP’s). Estas drogas podem originar um alto ímpeto a saúde do indivíduo, sobretudo o uso de paracetamol, dipirona e os salicilatos; estes medicamentos lideram os fármacos que são adquiridos por automedicação, e estão relacionados a sintomas como hemorragias gastrointestinais causadas pelo uso ineficaz de salicilatos, lesões no fígado originadas pelo uso do paracetamol e aplasia medular causada pelo uso indiscriminado de dipirona (OLIVEIRA, 2016).
Alguns autores alegam que, o consumo irregular de medicamentos são os maiores responsáveis pelas causas de intoxicação, fato este que é pertinente com o apelo das publicidades aleatórias, facilidade de compra e carência dos programas educativos em saúde, o que leva ao uso indiscriminado (MOTA et al., 2012).
Vale salientar que o uso irracional de medicamentos poderá provocar efeitos antagônicos, desde mascaramento de doenças evolutivas, intoxicação e até a morte. Como por padrão os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), que geram problemas no trato gastrointestinais e têm alta nefrotoxidade (ARRAIS et al, 2016).
A automedicação é um problema multicausal, instigada pela facilidade de contrair medicamentos, propagandas de marketing que estimulam as pessoas a comprarem medicamentos sem necessidade, por recomendações de amigos e familiares, pelo fácil acesso por meio de compras na internet, contudo, essa prática traz efeitos bruscos, causadas pelo uso aleatório de medicamentos (DHAMER et al., 2012).
Destacam-se ainda as discussões a respeito das formas de combate à automedicação, bem como o desempenho do farmacêutico em todo esse procedimento, por essa razão, na pesquisa proposta será buscado responder ao seguinte questionamento: “Quais os riscos associados a automedicação, quais fatores contribuem e os fármacos mais utilizados?
O uso de remédios de maneira incorreta ou irracional pode trazer, ainda, conseqüências como: reações alérgicas, dependência e até a morte. Entre os riscos mais freqüentes para a saúde daqueles que estão habituados a se automedicar estão o perigo de intoxicação e resistência aos remédios.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
– Identificar quais os principais riscos da automedicação para a saúde da população
Objetivos Específicos
–Argumentar sobre às políticas públicas relacionadas aos medicamentos;
-Examinar o acesso aos medicamentos, considerado sua importância na realização do tratamento prescrito;
-Debater sobre os fatores contribuintes para a automedicação.
JUSTIFICATIVA
Deste modo, o estudo se justifica em expor informações acerca da automedicação, que além das causas e riscos agregados para a difusão deste ato, realçando o valor do uso racional dos medicamentos, para que intoxicações, dependências, reações alérgicas e outros agravamentos sejam impedidos, lembrando o desempenho do farmacêutico em diferentes esferas da profissão.
2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
Para realização deste projeto visando conseguir informações sobre a automedicação que é um fenômeno preocupante no Brasil e impulsiona debates na comunidade médico-farmacêutica devido a sua frequência na população brasileira .
Dentre as razões que levam o indivíduo à automedicação pode-se destacar a dificuldade para conseguir consulta médica e de outros profissionais de saúde e o custo dela, a limitação do poder prescritivo relacionado aos poucos profissionais de saúde, falta de fiscalização daqueles que administram o medicamento, influência pelos veículos de comunicação, fatores sócio-econômicos-culturais e profissionais quando são observadas as condições de trabalho.
Autores como: Pepe e Castro (2000), Barros, (1997); Vitor, et al, (2008); Domingues et al. (2015) e outros, compartilharam da literatura que fizeram parte desta temática.
Pepe e Castro (2000) comentaram que os medicamentos têm-se transformado em substâncias essenciais utilizadas para aliviar o sofrimento humano. A cura, o prolongamento da vida, o adiamento de complicações das enfermidades e a promoção da qualidade de vida do indivíduo com algum tipo de moléstia são alguns dos efeitos proporcionados pelos fármacos. Ainda, é considerada uma tecnologia altamente eficiente, quando utilizada de forma adequada, pois influencia consideravelmente na busca do cuidado médico (PEPE; CASTRO, 2000).
Em um dos seus estudos, Barros, 1997; Vitor, et al., (2008) mostraram que a busca pela farmácia é a primeira escolha na resolução de problemas de saúde, bem como a maioria dos medicamentos consumidos que são vendidos sem receitas, principalmente em países com deficiência estrutural no sistema de saúde. E também, muitos dos países industrializados apresentam farmácias, drogarias e supermercados que disponibilizam os medicamentos mais habituais (analgésicos, antipiréticos,) sem a presença do receituário (BARROS, 1997; VITOR, et al., 2008).
Domingues et al., (2015) observou que a prática da automedicação é resultado de diversos fatores, entre os quais o problema do ingresso aos serviços de saúde pela população, a confiança nos melhoramentos da terapêutica/prevenção de enfermidades e a precisão de abrandar sintomas .
Por meio do diagnóstico concretizado por Aquino; Barros; Silva, (2010); Cruz et al., (2014); Souza et al., (2011) puderam verificar que a automedicação é uma prática muito comum, o que explica a precisão de estudo envolvendo aspectos que levam ao uso insensato de medicamentos. No Brasil, 80 milhões de pessoas são aderentes da automedicação e pelo menos 35% dos medicamentos consumidos são conseguidos para a automedicação (AQUINO; BARROS; SILVA, (2010); CRUZ, et.al., (2014); SOUZA, et al., (2011).
Na observação de Lopes (2001) conferiu-se como causa fundamental da automedicação os diferentes tipos de dor, chegando 50,8% dos entrevistados, 23,3% pautados designadamente à dor de cabeça. A gripe, resfriado ou tosse causaram uma prevalência de automedicação de 24,6%, seguido por infecções ou inflamações (10%), dificuldades digestivos ou intestinais (4,3%) e insônia, agonia ou canseira (3,2%). Os demais problemas chegaram 7,1%.
Na visão de Galato, Madalena, Pereira (2012), entre as causas que instigam a automedicação são a falta de acesso ao serviço de saúde e o longo retardamento em obter uma consulta médica. Neste sentido, os valores exagerados de uma consulta na rede particular ainda é um fator acentuado para essa prática. Além dos costumes de gasto de medicamentos sem a devida prescrição médica, a sociedade também é influenciada pelos meios de comunicação social e por inúmeras publicidades que estimulam o consumo dispensável e irracional desses fármacos (GALATO; MADALENA; PEREIRA, (2012); NAVES et al., 2010).
Estudo alcançado por Leite; Vieira; Veber, (2008) mostrou que ainda que os medicamentos sejam bons de curar, prolongar a vida, adiar o aparecimento de complicações agregadas às enfermidades e facilitar o entendimento entre a pessoa e sua doença, eles ainda podem causar em vários prejuízos à saúde, sobretudo quando empregados de modo incorretos e sem orientação médica.
Oliveira, (2016) constatou-se que um fator predominante na automedicação é o uso de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP’s). Estas drogas podem causar um alto risco a saúde do indivíduo, principalmente o uso de paracetamol, dipirona e os salicilatos; estes medicamentos lideram os fármacos que são adquiridos por automedicação, e estão relacionados a sintomas como hemorragias gastrointestinais causadas pelo uso indevido de salicilatos, lesões no fígado causadas pelo uso do paracetamol e aplasia medular causada pelo uso indiscriminado de dipirona (OLIVEIRA, 2016).
Visto que a automedicação é uma dificuldade de saúde pública, o presente trabalho poderá colaborar para uma reflexão dos profissionais do campo da saúde acerca da automedicação. Nesse contexto, estes profissionais precisam estar cônscios dos riscos da automedicação a fim de nortear os doentes a concretizar o uso racional de medicamentos.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Utilizamos de Revisão Literária que, de acordo com Noronha e Ferreira (2000), são estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, onde se discute informações produzidas na área de estudo.
Assim concordando com o autor em tela, a pesquisa foi realizada com base em tal entendimento mediante análise de artigos, monografias, dissertação de mestrado, teses de doutorado, e, pesquisas em livros utilizando como base de dados; SciELO, Portal de Periódicos CAPES; relatando sobre os descritores medicamentos, automedicação, farmácia, enfermidades, saúde.
O conjunto dessas informações possibilitou o conhecimento sobre riscos de automedicação e importância da venda controlada de medicamentos.
Para realizar a pesquisa proposta, serão necessários os seguintes recursos físicos e materiais:
-computador com acesso à Internet;
-impressora laser colorida;
-Espectrofotômetro;
-10 cubetas de vidro;
-Reagentes (especificar);
-Banho-maria 56°C
4 CRONOGRAMA
ETAPAS | MESES DE EXECUÇÃO – 2023 | |||||||||||
JAN | FEV | MAR | ABR | MAIO | JUN | JUL | AGO | SET | OUT | NOV | DEZ | |
Levantamento bibliográfico | X | X | ||||||||||
Produção do projeto | X | X | ||||||||||
Encaminhamento do projeto à Plataforma Brasil | X | |||||||||||
Apresentação do projeto à banca para avaliação | X | |||||||||||
Realização de experimentos e coleta de dados | X | |||||||||||
Tratamento e análise dos dados | X | X | ||||||||||
Redação do trabalho | X | X | X | X | ||||||||
Defesa | X | |||||||||||
Entrega definitiva | X |
REFERÊNCIAS
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