REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7950389
Jaqueline Apoliana dos Santos¹
Mariana Fidelis Parreira¹
Tairo Vieira Ferreira²
RESUMO
Este estudo teve como objetivo conhecer os principais riscos de automedicação, além de distinguir a relevância da venda controlada de medicamentos, pois sabe-se que a automedicação é o uso de medicamentos sem nenhuma prescrição realizada por um profissional capacitado nem no início com a prescrição e nem no decorrer do tratamento, sendo uma prática muito comum entre a população, podendo causar vários fatores adversos à saúde. Assim, dentro deste aparato, foi realizado um estudo de revisão bibliográfica, de caráter descritivo e abordagem qualitativa, em publicações disponíveis por meios eletrônicos, publicados nos idiomas português, compreendendo o período de 2013 e 2022. Ao concluir o trabalho, pode-se dizer que os medicamentos são de suma importância para a população na promoção à saúde. Já a automedicação é considerada um problema de saúde pública, pois eles podem ocasionar danos, e os riscos da automedicação são diversos. Dentre eles, o atraso de diagnóstico ou feito incorretamente possibilitam o agravamento de diversos distúrbios. Além disso, o uso indiscriminado de alguns medicamentos como analgésicos, antitérmicos e os antibióticos podem ocasionar sérios danos quando administrado de forma incorreta. Assim, a venda controlada de medicamentos, torna-se essencial.
Palavras chave: Medicamentos. Automedicação. Riscos à saúde. Venda controlada.
ABSTRACT
This study aimed to identify the main risks of self-medication, in addition to distinguishing the relevance of the controlled sale of medicines, since it is known that self-medication is the use of medicines without any prescription carried out by a trained professional, not even at the beginning with the prescription and nor during treatment, which is a very common practice among the population and can cause several adverse health factors. Thus, within this apparatus, a bibliographic review study was carried out, with a descriptive character and a qualitative approach, in publications available electronically, published in Portuguese, covering the period from 2013 to 2022. Upon concluding the work, it can be said that medicines are of paramount importance for the population in promoting health. Self-medication is considered a public health problem, as they can cause damage, and the risks of self-medication are diverse. Among them, the delay in diagnosis or incorrectly made make it possible for the aggravation of several disorders. In addition, the indiscriminate use of some medications such as analgesics, antipyretics and antibiotics can cause serious damage when administered incorrectly. Thus, the controlled sale of medicines becomes essential.
Keywords: Medicines. Self-medication. Health risks. Controlled sale.
1 INTRODUÇÃO
Os medicamentos são essenciais para a saúde da sociedade, pois são produtos estabelecidos com o objetivo de diagnosticar, prevenir e curar diversas patologias, bem como produzir alívio aos sintomas, sendo que o seu consumo é o método mais comum de terapia usado pela população (PEREIRA, et al, 2015).
Assim, pode-se dizer que a automedicação consiste no uso de medicamentos por indivíduos para tratarem doenças autodiagnosticadas ou tratar sintomas sem prescrição ou supervisão de um profissional capacitado (FELIPPI, 2021; MOURA, 2022).
Além do mais, a automedicação é um fenômeno extremamente comentado pelos profissionais da saúde e não é restrito apenas ao Brasil, mas em todos os cantos do planeta, gerando, assim, uma preocupação global, pois simula um número grande de países (MOURA, 2022).
Sendo assim, entende-se que a automedicação é a prática de qualquer indivíduo abordarem as suas próprias doenças, ou seja, consumirem medicamentos por conta própria, visto que os medicamentos isentos de prescrição (MIP´s) são as principais causas da automedicação ou medicação sem orientação farmacêutica, pois eles são mais fáceis de serem adquiridos (ARRAIS et al., 2016).
Contudo, observa-se que existem diversos medicamentos de uso mais simples e comuns, que estão disponíveis em farmácias, drogarias ou supermercados, podendo ser adquiridos sem necessidade de receita médica, como os analgésicos e antitérmicos, sendo que o Brasil é conhecido como um dos principais consumistas mundiais de medicamentos (FERNANDES; CEMBRANELLI, 2015).
Assim, pode-se ressaltar que diversos fatores econômicos, políticos e culturais têm contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde pública, pois muitos pacientes recorrem à prática da automedicação, utilizando medicamentos isentos de prescrição médica e sem nenhuma orientação do farmacêutico, pois quanto maior for a disponibilidade de produtos no mercado, maior será a familiaridade do usuário leigo com os medicamentos (PEREIRA et al., 2015).
Essa é uma atividade que vem se tornando cada vez mais comum por diversos fatores, entre eles a dificuldade de acesso a serviços básicos de saúde para a população, falta de fiscalização na venda de medicamentos, onde sintomas mais comuns, como dores de cabeça e no corpo, são comuns em diversas patologias, o que ocasiona no aumento de as pessoas se automedicarem (HOFFMANN et al., 2017).
Desse modo, pode-se dizer que essa facilidade em adquirir medicamento, impulsiona as pessoas a comprá-los sem necessidade, pelo fácil acesso a eles, porém essa prática poderá ter consequências desagradáveis, trazendo diversos riscos para o indivíduo, pois o uso irracional de medicamentos poderá gerar efeitos adversos, prejudicando a saúde do indivíduo ou até levá-lo à morte (DHAMER et al., 2012).
Assim, dentro deste aparato, o objetivo deste estudo foi conhecer os principais riscos de automedicação, além de apontar a relevância da venda controlada de medicamentos.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho fundamentar-se-á num estudo de revisão bibliográfica de caráter descritivo e abordagem qualitativa.
A coleta de dados será realizada por meio de busca online das produções científicas como Bireme, Medline, Scielo, Lilacs, entre outros, compreendendo o período de 2013 e 2022, além dos trabalhos de relevância. Para levantamento de bibliografia, serão utilizadas as publicações em língua portuguesa, artigos científicos, periódicos e dissertações; através do sistema on-line, como o Google acadêmico, além de livros pertinentes ao tema.
Após o levantamento bibliográfico, realizar-se-á a leitura exploratória do material encontrado, obtendo uma visão global de interesse, ou não, à pesquisa. Em seguida, foi feita uma leitura seletiva, que permitiu determinar qual material bibliográfico fosse de interesse da pesquisa através dos descritores: Medicamentos; Automedicação; Riscos à saúde; Venda controlada.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 AUTOMEDICAÇÃO
O consumo de medicamentos vem crescendo cada vez mais em todo o mundo, dificultando o uso racional de medicamentos, descrito como a prescrição apropriada do medicamento para a enfermidade a ser tratada, sendo comprovados de forma científica sua eficácia e segurança, em dose e tempo corretos e com custo acessível (ESHER; COUTINHO, 2017; CARRASCO, 2020; MOURA, 2022).
A automedicação é definida como uso de medicamentos para o tratamento de doenças, sintomas diagnosticados pela própria pessoa ou advindos de prescrições antigas, podendo ser por utilização de plantas medicinais e medicamentos tradicionais. (SOUZA et al. 2021; BRAGA; SILVA, 2021).
Contudo, a automedicação é a utilização de medicamentos por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas, para tratamento de doenças cujos sintomas são percebidos pelo usuário, sem a avaliação prévia de um profissional de saúde. É considerado um problema social de grande relevância, pois é uma prática cultural e está relacionada a velhos hábitos da população (SILVA, 2021).
Sabe-se que a automedicação ocorre quando uma pessoa tem a iniciativa em obter e utilizar um medicamento que acredita ser benéfica no tratamento de doenças ou alívio de seus sintomas, medicamentos estes que o indivíduo poderá comprar sem receita médica ou sem a indicação de um profissional habilitado (PEREIRA et al., 2015; MAURÍCIO, 2022).
A automedicação pode ser qualificada em diversas maneiras, destacando-se a obtenção de medicamentos sem receita médica, reutilização de receitas antigas, utilização de medicamentos através da indicação de pessoas não habilitados como amigos, parentes e vizinhos, ou ainda o ato de prolongar o tratamento com fármacos não respeitando o tempo orientado pelo profissional que o prescreveu (TORRES; SERRANO; COÊLHO, 2018, p. 10).
A classificação da automedicação, é feita de três formas: a primeira é a cultural, que é aquela que se caracteriza pelo uso de produtos naturais sendo passada por várias gerações. A segunda é considerada uma orientação na qual o indivíduo já conhece o remédio, sua eficácia e seus possíveis efeitos colaterais. Já a terceira é como ela é induzida, o seu incentivo, quando é realizada através de campanhas publicitárias, seja em folders ou pela internet (BRASIL, 2020; GUEDES; ANDRADE, 2021; LOPES, 2022).
A automedicação, o ato de tomar remédios por conta própria, sem orientação do profissional, é uma prática que está se tornando cada vez mais comum e que está relacionada à iniciativa do próprio indivíduo em usar espontaneamente algum medicamento, como forma de conseguir benefícios no tratamento de doenças ou alcançar alívio imediato dos sintomas (GAMA, SECOLI, 2017, p. 17).
A automedicação é considerada como uma prática frequente, e possui como finalidade intervir no tratamento de diversos sintomas ou estado de saúde sem quem ocorra a prescrição por um profissional credenciado (SANTOS, 2022; MAURÍCIO, 2022).
Observa-se que a presença da automedicação vem crescendo em todo mundo, até mesmo no Brasil e, por conseguinte, em regiões mais desprovidas, devido à falta de recursos orçamentários destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e o número insuficiente de médicos que atendem na rede pública (SANTOS, 2022; COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022).
De acordo com o levantamento bibliográfico, a maior ingestão de medicamentos sem orientação médica acontece nas classes sociais mais elevadas, bem como entre indivíduos com maior grau de escolaridade, isso se deve ao fato, de eles possuírem mais informações sobre alguns medicamentos ou, até mesmo, por se sentirem mais confiantes para se automedicar (COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022; MOURA, 2022).
Estudos como de Cruz et al. (2019) e Moura (2022), esclarecem que cerca 80% da população brasileira faz, ou já fez, uso de automedicação, sendo que 35% dos medicamentos são vendidos para esse fim. A prevalência dessa prática no Brasil, foi de 16,1%, sendo que o sexo feminino possui um acometimento maior do que o masculino (ARRAIS et al., 2016; MOURA, 2022).
3.2 RISCOS DE AUTOMEDICAÇÃO
A automedicação pode ocasionar danos à saúde e sua prática, com o passar dos anos, vem crescendo no Brasil e em outros países, sendo que os fatores econômicos, políticos e culturais têm colaborado para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde pública (LOYOLA FILHO et al., 2013; SILVA 2021).
De Acordo com Pereira et al. (2015) pode-se dizer que a principal causa da automedicação é a facilidade que o indivíduo possui em ter acesso a eles, pois existem um número alto de farmácias, além das práticas comerciais que são exercidas por inúmeros estabelecimentos de condutas duvidosas.
O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder determinados sintomas, se o medicamento for antibiótico, a atenção deve ser redobrada, pois o uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microrganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. Outra preocupação em relação ao uso de medicamentos refere-se a combinação inadequada (SOARES et al., 2017, p. 4).
Assim, pode-se ressaltar que os riscos da automedicação são diversos e, dentre eles, estão o atraso de diagnóstico ou diagnóstico incorreto causado pelos sintomas, possibilitando o agravamento de outros distúrbios. Deste modo, o uso de medicamento inadequado, sua administração e dosagem de forma errada, e seu uso por longo prazo poderá ocasionar sérios prejuízos à saúde como reações alérgicas, intoxicações, entre outras patologias (MATOS, et al, 2018; SILVA, 2021).
Além disso, o uso incorreto de medicamentos poderá trazer dependências ao paciente, como por exemplo, tomar anti-inflamatório toda vez que sentir alguma dor, pois esse medicamento pode acarretar dependência ao princípio ativo do remédio, implicando em resistência ao seu efeito e cada vez doses mais altas precisarão ser ingeridas para se alcançar o alívio necessário (CLAVERO, 2016; BRAGA; SILVA, 2021).
Os remédios que são isentos de prescrição médica e os de uso contínuo que são de venda sob prescrição médica, mas sem retenção de receita, são os mais empregados como forma de automedicação, sendo que isso poderá acarretar diversos fatores adversos, como problemas governamentais de déficit do acesso ao sistema de saúde, de livre verificação a informações, que é a internet, tornando-a um meio mais fácil de curar ou amenizar alguma dor ou doença (BRASIL, 2020; COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022).
A falta de conscientização da população sobre o uso adequado dos medicamentos e o dimensionamento dos fatores de risco implicados nos tratamentos de doenças que não são de etiologia bacteriana, reverbera no aumento da prevalência da automedicação com antibiótico. De acordo com as entidades de saúde, cerca de 700.000 mil mortes por ano são decorrentes de doenças resistentes aos antimicrobianos. Além disso, constatou-se que 50% dos antibióticos são utilizados erroneamente, culminando na seleção de cepas resistentes, dificultando o tratamento das enfermidades (BATISTA, 2020, p. 14).
Assim, conforme esclarece Moraes, Araújo e Braga (2018), a prática de automedicação de modo considerado irracional poderá causar efeitos colaterais ou desenvolver algumas ocorrências que podem ser definidas como sendo indesejáveis durante todo o procedimento medicamentoso do paciente.
O desenvolvimento de efeitos adversos a algumas medicações podem ser considerados uma questão de saúde pública (SOUSA et al.,2018). Portanto, a realização da automedicação de maneira irracional se torna um perigo à saúde, podendo tornar-se evidente eventos com interações medicamentosas, intoxicações, reações adversas, reações alérgicas, dependência, bem como diagnósticos equivocados e ocultamento de doenças graves (GALATO; MADALENA; PEREIRA, 2014; MORAES et al., 2018).
3.3 VENDA CONTROLADA DE MEDICAMENTOS
Dentro da venda controlada de medicamentos, pode-se ressaltar que é essencial que os medicamentos sejam prescritos e administrados de forma correta, ou seja, a dose e o período de duração correto do tratamento, que os critérios de qualidade sejam requeridos, e que sempre ocorra o cumprimento da terapêutica prescrita corretamente para que assim o tratamento decorra da melhor forma possível, trazendo alívio e a cura para o paciente (ROCHA, 2014; BRASIL, 2020).
O correto uso dos medicamentos está entre as diretrizes da Política Nacional de Medicamentos e da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, pois existe uma grande relevância em divulgar as informações corretas sobre os riscos da automedicação e sobre os benefícios que o uso correto de medicamentos ocasiona perante a sociedade (BRASIL, 2020).
Vários fármacos que deveriam ser utilizados somente com prescrição médica são comercializados de forma indiscriminada por estabelecimentos farmacêuticos. Os fármacos que são comercializados sem prescrições médicas permitem que a automedicação ocorra, tornando-a um problema de saúde pública. Diversos fatores tais como má qualidade da oferta dos fármacos, não cumprimento da obrigatoriedade das receitas e a carência de informações para com a população em geral explicam a implementação de estratégias do uso racional de medicamentos (SILVA, et al, 2021, p. 20).
Vários fármacos que deveriam ser utilizados somente com prescrição médica são comercializados de forma indiscriminada por estabelecimentos farmacêuticos. Esses fármacos que são comercializados sem prescrição médica permitem que a automedicação ocorra, tornando-a um problema de saúde pública (COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022).
De acordo com Moura (2022), o uso indiscriminado de alguns medicamentos como analgésicos, antitérmicos e os antibióticos, pode ocasionar sérios danos, por exemplo, intoxicação medicamentosa, se o mesmo for administrado de forma incorreta. Além disso, observa-se que os casos de intoxicação pelo uso incorreto de remédios, ocupa o primeiro lugar no Brasil. Os fatores que auxiliam para esse aumento nos casos de intoxicação causada por medicamentos são causados principalmente por marketing persuasivo que tem como principal objetivo induzir o consumo de medicamentos para garantir resultados rápidos para as patologias (MIRANDA, VIEIRA, 2013; MOURA, 2022; SANTOS, 2022).
Assim, Brasil (2020) esclarece que o consumo de medicamentos de forma inadequada pode ocasionar sérios danos, dentre eles podemos citar o agravamento de doenças e o mascaramento de determinados sintomas, de forma que os medicamentos, como os antibióticos, podem levar ao aumento da resistência de alguns micro-organismos, comprometendo a eficácia do tratamento.
Além disso, observa-se que diversos efeitos podem surgir com o uso indiscriminado de medicamentos, entre eles: reações alérgicas, dependências, intoxicações, complicações hepáticas e até problemas gástricos, podendo esses efeitos surgirem de curto, médio ou longo prazos (ROCHA, 2014; SOUZA et al., 2020).
3.4 ATENÇÃO FARMACEÚTICA
A Atenção Farmacêutica é uma prática que tem como principal finalidade melhorar a qualidade de vida do paciente que faz uso de medicamentos, otimizar o tratamento farmacológico e prevenir problemas relacionados ao uso de medicamentos. Assim, ela é o componente da prática profissional onde o farmacêutico interage de forma direta com o paciente visando atender suas necessidades relacionadas aos medicamentos (BRASIL, 2020; LOPES, 2022; SANTOS, 2022).
A Atenção Farmacêutica, dentro da assistência farmacêutica, corresponde a atividades específicas que são desenvolvidas pelo farmacêutico, tendo como fundamental objetivo, abordar e tratar dos cuidados com o paciente, com um acompanhando contínuo do tratamento medicamentoso, onde esse profissional orientará sobre o uso correto dos medicamentos, buscando melhorar as condições de vida do paciente. Entretanto, é fundamental que o profissional farmacêutico busque por conhecimentos para o aprimoramento desses serviços (SANTANA et al ,2019; (COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022).
A profissão farmacêutica está em fase de transformação em busca do resgate do farmacêutico como profissional da saúde, procurando se restabelecer na conduta de suas atividades e atuação de sua prática profissional. O resgate das funções do farmacêutico e de suas ações como profissional de saúde vem sendo realizado através da prática da atenção farmacêutica, portanto pode-se observar que o profissional está conquistando seu espaço diante de suas ações nesse campo de atuação (COSTA et al, 2021, p. 10).
A realização de atividades voltadas à prática farmacêutica é de grande relevância, pois acolhe uma demanda social, através do acompanhamento do tratamento farmacológico do paciente, pois, só assim, ele poderá promover uma terapêutica essencial e efetiva, com resultados satisfatórios, buscando a redução dos problemas relacionados aos medicamentos e bem-estar do paciente (MATOS, 2018; SANTOS, 2022).
A atenção farmacêutica é uma porção da prática profissional do farmacêutico onde ele tem o contato direto com o paciente, auxiliando nas suas dúvidas e necessidades relacionadas aos medicamentos, além do uso de forma correta e eficaz, sendo o profissional farmacêutico um agente importante na conscientização das ações realizadas através dessa prática (CAMPOS; TEIXEIRA; CASALIM, 2019, p. 16).
A atenção farmacêutica pode auxiliar e orientar de forma correta a administração dos medicamentos que se dá pela quantidade, tempo e hora, e informar os efeitos adversos do uso inadequado deles, pois só quando estas forem transmitidas corretamente perante a população, a automedicação irá diminuir (SORTERIO, 2018; SANTOS, 2022).
Além do mais, conforme Santana (2017), o farmacêutico tem amplo conhecimento quando o tema é o uso racional de medicamentos, pois possui conhecimento técnico e de competências indispensáveis na identificação de possíveis eventos adversos ocasionados pelo uso dos medicamentos. E sua atuação junto à sociedade é de grande relevância, assim como sua atuação integrando equipes multidisciplinares, agregando valores e trazendo resultados positivos para que os pacientes possam ser beneficiados (SANTANA, 2017; BATISTA, 2020).
O farmacêutico contribui para o autocuidado, acompanhando a farmacoterapia, contribuindo assim para minimizar e prevenir problemas decorrentes da utilização incorreta de medicamentos. Os farmacêuticos são os únicos profissionais de saúde que possuem conhecimento técnico para desempenhar a atenção farmacêutica no uso racional de medicamentos, pois seu conhecimento está voltado ao bem-estar físico, mental e social dos indivíduos, permitindo um tratamento adequado ao paciente do medicamento (RODRIGUES et al., 2018; GUEDES; ANDRADE, 2021).
A automedicação responsável pode representar economia para o indivíduo e para o sistema de saúde, evitando congestionamentos nos serviços em saúde. A automedicação irracional aumenta o risco de efeitos adversos e de mascaramento de doenças, o que pode retardar o diagnóstico correto. Diante disso, tratamentos mais complexos, invasivos, caros e com recuperação lenta podem tornar-se necessários, o que reflete em custo para os sistemas de saúde (FERREIRA; CARVALHO, 2021, p. 6).
O farmacêutico tem papel fundamental na etapa de orientação da população para o uso correto de medicamentos (SOARES, 2017). São especializados para atuar em diversas áreas, como: farmacologia, em hospitais, em laboratórios de análises clínicas, nas farmácias e drogarias, bem como pela orientação e dispensação segura, junto à população, orientando, de forma segura, sobre como usar o medicamento, a dose correta, o tempo de tratamento, os riscos ou benefícios, ou sendo dizer que o paciente deve procurar uma unidade de saúde (SOARES, 2017; SORTERIO, 2018; COSTA JÚNIOR; OLIVEIRA, AMORIM, 2022).
Portanto, o farmacêutico deve ser efetivamente incluído às equipes de saúde para promover a melhoria da utilização dos medicamentos e o uso correto dos mesmos (SOTEIRO, 2018; BATISTA, 2021). Assim, fica clara que é essencial a atenção farmacêutica na sociedade, pois esse profissional ajuda na diminuição dos índices de automedicação, evitando o uso de doses e medicamentos inadequados (SILVA, 2021; SANTOS, 2022). Sendo que a sua orientação é fundamental para o uso consciente de medicamentos (VIEIRA, 2017; SILVA, 2021; LOPES, 2022).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir este estudo, pode-se dizer que os medicamentos são de suma importância para a população na promoção da saúde e no auxilio e controle de epidemias. Sendo considerado um elemento relevante, que visa trazer benefícios e bem-estar ao paciente, quando a medicação é realmente prescrita por um profissional habilitado.
Assim, pode-se dizer que a automedicação é considerada um problema de saúde pública, pois consiste na utilização de medicamentos por conta própria para tratamento de doenças sem a avaliação prévia de um profissional de saúde. Medicamentos estes que podem ser comprados sem receita médica ou sem a indicação de um profissional habilitado.
A automedicação pode ocasionar danos à saúde, pois a sua principal causa é a facilidade do indivíduo de ter acesso a eles, assim, pode-se ressaltar que os riscos dessa prática são diversos. Dentre eles, estão o atraso de diagnóstico ou diagnóstico incorreto causado pelos sintomas, o que possibilita o agravamento de diversos distúrbios. Assim, o uso exagerado de analgésicos, antitérmicos e os antibióticos, podem ocasionar sérios danos, como a intoxicação medicamentosa, quando administrado de forma incorreta.
Deste modo, a venda controlada de medicamentos torna-se essencial, pois eles devem ser prescritos e administrados de forma correta, ou seja, a dose e o período de duração adequadas do tratamento devem ocorrer da melhor forma possível, trazendo alívio e a cura para o paciente.
Além disso, a atenção farmacêutica torna-se primordial, pois ela tem como principal finalidade melhorar a qualidade de vida do paciente que faz uso de medicamentos, podendo, também, otimizar o tratamento farmacológico e prevenir problemas relacionados ao uso de medicamentos. Tudo isso, visando sempre a orientação sobre os reais riscos que o uso indiscriminado de medicamentos pode ocasionar.
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1Acadêmica do 10º período do Curso de Farmácia do Centro Universitário do Sudoeste Goiano – UNIBRÁS.
²Professor Mestre em Biologia Molecular e Celular do Curso de Farmácia do Centro Universitário do Sudoeste Goiano – UNIBRÁS. e orientadora da pesquisa.