RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA SOBRE MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8097499


Mylena Monteiro da Silva Moreno1
Laynara Santos Silva2


RESUMO: A automedicação é um fenômeno bastante discutido na cultura médico-farmacêutico, não sendo restrita apenas ao Brasil, gerando assim uma preocupação global, pois afeta um número grande de países. Este trabalho objetiva-se analisar as medidas de prevenção e controle de automedicação entre idosos sob a perspectiva do farmacêutico. A metodologia configura-se como pesquisa do tipo descritiva, com abordagem qualitativa, baseada na revisão sistemática da literatura. Os resultados demonstraram que o farmacêutico atua principalmente na prevenção da automedicação, sendo que, em muitos casos, esse fenômeno ocorre justamente em razão da dificuldade de acesso do usuário da saúde a este profissional. Percebeu-se que a automedicação é um grave problema de saúde pública no país, principalmente no que tange a população idosa, oferecendo riscos e danos severos a esses sujeitos, podendo contribuir para o aumento da morbimortalidade. Nota-se que há vários fatores que favorecem a automedicação em idosos, dentre eles, está à dificuldade no acesso ao farmacêutico, fatores como condições de moradia e de acesso aos serviços de saúde, escolaridade e recomendação por familiares ou amigos. Vários usuários que praticam automedicação utilizam – se de receitas antigas para a aquisição de medicamentos. Salienta que no Brasil há uma prevalência maior entre os idosos, de fármacos analgésicos / antitérmicos e anti-inflamatórios.

Palavras-chave: Automedicação. Idoso. Controle. Farmácia.

ABSTRACT: Self-medication is a much-discussed phenomenon in the medical-pharmaceutical culture, and is not restricted to Brazil, thus generating a global concern, as it affects a large number of countries. This work aims to analyze the prevention and control measures of self-medication among the elderly from the perspective of the pharmacist. The methodology is a descriptive research, with a qualitative approach, based on a systematic review of the literature. The results showed that the pharmacist acts mainly in the prevention of self-medication, and, in many cases, this phenomenon occurs precisely because of the difficulty of the health user’s access to this professional. It was noticed that self-medication is a serious public health problem in the country, especially with regard to the elderly population, offering risks and severe damage to these subjects, and may contribute to increased morbidity and mortality. It is noted that there are several factors that favor self-medication in the elderly, among them is the difficulty in accessing the pharmacist, factors such as housing conditions and access to health services, education and recommendation by family or friends. Several users who practice self-medication use old prescriptions to purchase medication. He points out that in Brazil there is a higher prevalence of analgesic / antipyretic and anti-inflammatory drugs among the elderly.

Keywords: Self-medication. Elderly. Control. Pharmacy.

1 INTRODUÇÃO

A automedicação é um fenômeno bastante discutido na cultura médico-farmacêutico, não sendo restrita apenas ao Brasil, gerando assim uma preocupação global, pois afeta um número grande de países (MALIK et al, 2020; QUISPE-CÃNARI et al, 2021).

Ademais, a corrida entre as propagandas alienáveis supera as campanhas de orientação sobre os riscos de se automedicar tornando-se desproporcionais e acabam facilitando esse processo. Diante disso, tal prática continua se perpetuando tendo como seus principais representantes aqueles pacientes que fazem o uso de medicamentos com o intuito de aliviar sinais e sintomas de caráter físico ou psicológico (BARROSO, 2017). 

O risco do seu uso inadequado de medicamentos, pode contribuir com um diagnóstico equivocado, onerar o sistema de saúde além da ocorrência dos casos de dependência e intoxicações. Sendo esta, a primeira causa de intoxicação humana por agente tóxico, correspondendo a 28,6% do total de casos no país (MATOS et al, 2018). 

Os idosos acabam sendo o grupo mais suscetível da população no que diz respeito ao uso de medicamentos, pois são eles que acabam sendo constantemente apresentados pelas propagandas de medicamentos, principalmente através da internet além de que é nessa fase onde se iniciada a utilização de anticoncepcionais, anorexígenos para a perda de peso e anabolizantes, tendo como perspectiva a obtenção de um corpo perfeito tão cobrado pela sociedade atual (PEREIRA, 2017).

A aplicação do estudo justifica-se em razão de poder contribuir com a prevenção da prática de automedicação, e assim, fortalecer a discussão e aprimoramento de políticas públicas vigentes de enfrentamento desse agravo à saúde, reduzindo a morbimortalidade de idosos e consequentemente desonerando o Sistema de Saúde.

Assim, desse contexto, frente à crescente na morbimortalidade de indivíduos idosos no Brasil, a pesquisa visou esclarecer o seguinte problema de pesquisa: Como o farmacêutico pode contribuir no que tange a prevenção e controle da automedicação frente aos idosos?

Diante o exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar as medidas de prevenção e controle de automedicação entre idosos sob a perspectiva do farmacêutico. Especificamente, busca-se elencar os principais medicamentos utilizados em automedicação no Brasil, e apontar os principais fatores que favorecem a prática de automedicação.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Automedicação em idosos

Nos países que estiveram presentes, observa-se um aumento no índice de pessoas idosas, devido ao avanço na expectativa de vida. Esse fenômeno é reflexo dos progressos médicos e das medidas de saúde adotadas. No entanto, esse novo panorama demográfico é motivo de preocupação devido às necessidades de cuidados especiais exigidos por essa população (NEGRÃO 2019).

A automedicação refere-se à ação em que o paciente ou seus responsáveis ​​tomam a iniciativa de buscar alívio dos sintomas por meio do uso de medicamentos ou produtos que acreditam ser eficazes para esse propósito, sem necessariamente procurar orientação especializada (GUSMÃO; XAVIER; MOTA; et al, 2018).

É fundamental ter em mente que a automedicação pode acarretar alterações farmacocinéticas devido a fatores fisiológicos relacionados ao metabolismo do idoso e aos medicamentos já em uso. Em outras palavras, o risco de ocorrência de insônia medicamentosa aumenta em um organismo afetado pela idade (OLIVEIRA; BARROSO; BICALHO; et al, 2018).

Quando utilizada de forma respiratória, a automedicação pode mascarar os diagnósticos na fase inicial de uma doença. Isso é evidente no caso do diagnóstico de apendicite aguda. O paciente apresenta sintomas iniciais simples e, sem saber ao certo do que se trata, decide se auto medicar sem orientação profissional. Como consequência, o tratamento se torna mais complexo após o uso incorreto da medicação, pois o quadro pode evoluir para uma peritonite grave (LOPES; JÚNIOR, 2021).

Embora a automedicação represente maiores riscos para a população idosa, ainda existem poucas políticas públicas destinadas a mitigar ou prevenir esse problema fora do contexto hospitalar (SECOLI; MARQUESINI; FABRETTI; et al, 2018).

Para Garcia (2018), os fatores mais frequentes que induzem ao uso da automedicação incluem dificuldades de acesso aos serviços de saúde, sobras de tratamentos anteriores, propaganda de medicamentos, conselhos de terceiros e leis no assunto. Como resultado desse envolvimento intoxicações e permaneceram medicamentosas, gastos necessários, erros ou atrasos nos diagnósticos, resistência antimicrobiana e até mesmo risco de óbito.

2.2 Contribuições do farmacêutico na prevenção e controle da automedicação

A automedicação se refere ao ato de tomar medicamentos por contra própria sem uma prescrição médica, sem conhecimento sobre a medicação e se pode lhe trazer benefícios ou não para determinado mal-estar, assim, colocando sua saúde em risco. Na maioria das vezes, as pessoas acabam optando pela automedicação por oferecer um meio mais fácil e de rápida solução para o alívio de sintomas constantes, sem levar em conta a importância de procurar um serviço médico. Ela também é conhecida como a prática de uso de medicamentos que não precisam de receita médica para tratar pequenos sintomas, como resfriados, enxaqueca, etc (GUEDES; ANDRADE, 2021).

Atualmente, a automedicação quando orientada pelo farmacêutico é vista como uma realidade irreversível, sendo considerada como parte integrante dos sistemas de saúde. Ela permite uma maior autonomia por parte da população nos cuidados com sua própria saúde e colabora com os governos na medida em que evita um número insustentável de consultas médicas (CIM, 2007).

É imprescindível a inclusão do farmacêutico no processo de automedicação responsável. Observa-se que o modelo que conduz à automedicação inicia-se com a percepção do problema de saúde pelo usuário, onde se apresentam duas opções: a) não tratar; b) tratar com remédio caseiro ou automedicação com medicamentos. Na maioria das vezes, o usuário procura uma farmácia (ZUBIOLI, 2000).

Portanto, é evidente a necessidade de conscientização da população no que se refere ao uso correto dos fármacos disponíveis no mercado, sendo indispensável a participação do farmacêutico nesse processo. Em razão disso, nota-se que os farmacêuticos necessitam de conhecimentos científicos adequados para informar sobre os riscos e possíveis consequências da automedicação, esclarecendo dúvidas e reforçando a importância de somente utilizar fármacos quando prescritos por profissionais devidamente habilitados, respeitando a posologia (BARROSO, 2017).

Dentre todas as faixas etárias, destacam-se os idosos como os que consomem uma quantidade maior de medicamentos sem prescrição, que pode ser dado pelo fato de serem os que mais sofrem com doenças quando comparados com outras faixas etárias ou por fazerem a utilização, de dois a cinco fármacos diariamente, tornando-os mais sensíveis a efeitos adversos e a interações medicamentosas. Assim, os idosos se tornam os mais suscetíveis à automedicação (PEREIRA et al., 2017).

Destaca-se ainda que, o acompanhamento dos idosos no decorrer do processo terapêutico, é um passo essencial para a promoção da utilização correta dos medicamentos, e, por meio da abordagem educativa, é possível a colaboração entre os profissionais de saúde, o que favorece o esclarecimento das dúvidas, redução da ansiedade e aumento da eficácia das medidas objetivadas (LUTZ; MIRANDA; BERTOLDI, 2017). 

3  METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, a partir de uma revisão da integrativa da literatura que aborda o risco de automedicação em idosos.  Conforme Turato (2015), as pesquisas descritivas têm como objetivo principal demonstrar as características de determinada população ou fenômeno que é estudado, podendo também determinar as relações entre variáveis distintas. De acordo com Mendes, Silveira e Galvão (2008) a revisão da literatura contribui para a construção de uma análise ampla do que já foi discutido quanto ao tema, sendo possível realizar discussões sobre os métodos e os resultados dos estudos analisados.

A pesquisa foi realizada nos meses de julho de 2022 a junho de 2023, através do acesso às seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, Portal de periódicos da Capes, Medical Literatura e Analysis and Retrieval System Online – Mediline, e Literatura Latino – Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS e Bases de dados de Instituições de Ensino Superior – IES. Tendo como descritores, conforme definição dada por meio dos Descritores em ciência da Saúde (DeCS/MeSH) os seguintes: Automedicação. Idoso. Controle. Farmácia.

Os critérios de inclusão adotados foram: artigos completos, publicados entre os anos de 2012 a 2022, em português e inglês. Os critérios de exclusão adotados foram: artigos sem resumo nas bases de dados, conteúdo que não correspondia ao problema de pesquisa, ou com objetivo do estudo não condizente com o desta pesquisa.

Após leitura e releitura dos estudos e a aplicação dos filtros para critérios de inclusão e exclusão, obteve-se o total de 08 estudos que atendiam as necessidades para discussão do trabalho e concederam a amostra final. A seguir, apresenta-se o fluxograma (figura 1) de escolha dos estudos inseridos na revisão da literatura.

FIGURA 1: fluxograma da seleção de artigos.

Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos

4 RESULTADOS 

A seguir, apresentam-se os estudos inseridos no estudo. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram inseridos oito estudos que corresponderam aos critérios previamente definidos. Foi elaborada uma tabela para apresentar as pesquisas incluídas no estudo para se obter uma visualização completa de identificação e apresentação, são apresentando autor/ano de publicação, objetivo, metodologia e principais resultados, conforme mostra o Quadro 1.

Quadro 1: Resultados obtidos após a análise.

Autor/anoObjetivoMetodologiaResultados
Lutz, Miranda e Bertoldi (2017)Avaliar o uso de medicamentos potencialmente inadequados entre idososEstudo transversalDentre os 5.700 medicamentos utilizados, 5.651 puderam ser avaliados quanto à inadequação. Destes, 937 eram potencialmente inadequados para idosos segundo os critérios de Beers de 2012 (16,6%). Cerca de 42,4% dos idosos usaram no mínimo um medicamento considerado potencialmente inapropriado. O grupo de medicamentos para o sistema nervoso correspondeu a 48,9% do total de medicamentos potencialmente inadequados.
Silva et al (2021)Descrever a prática da automedicação em idosos atendidos na Atenção Básica.Estudo transversal, descritivo e exploratório.Um total de 35 idosos integraram a amostra, com média de idade 70 (± 6,6) anos e predominância do sexo feminino (65,7%). Verificou-se que 80% dos participantes referiram fazer uso de medicações de maneira regular, 62,8% não receberam informações sobre os perigos da automedicação, 68,6% toma remédios sem prescrição médica e 48,6% usa medicação indicada por vizinho/amigo/parente.
Barroso et al (2017)Verificar a prevalência da automedicação de idosos, bem como identificar os grupos terapêuticos dos medicamentos auto administrados.Estudo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa.Notou-se que 294 idosos (69,3%) praticam automedicação. As variáveis estado civil, escolaridade, renda familiar, ocupação e número de residentes no domicílio foram estatisticamente significantes. Os grupos terapêuticos mais utilizados foram os analgésicos, antiinflamatórios/antirreumáticos e as drogas para desordens relacionadas à acidez estomacal.
Silva et al (2019)Avaliar o acesso e sua interferência no processo da automedicação em idosos.Estudo de avaliação de serviços com corte seccionalA prevalência de automedicação foi de 66,7%, associada negativamente ao acesso, atributo desfavoravelmente avaliado pelos idosos (média de 3,4). A febre (19,8%) foi a principal queixa motivadora de automedicação, sendo os analgésicos, os fármacos mais utilizados na automedicação. A automedicação apresentou associação significativa entre idade e medicamento sem prescrição médica para febre e cefaléia.
Oliveira et al (2019)Analisar a prevalência de polifarmácia e de polifarmácia excessiva, bem como seus fatores associados, entre idosos atendidos em duas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte-MG.Estudo observacional transversalOs idosos utilizavam, em média, 5,2 fármacos. A prevalência de polifarmácia foi de 57,7% e de polifarmácia excessiva foi de 4,8%. Na análise univariada, mostraram-se associadas à polifarmácia as condições idade ≤ 70 anos, escolaridade > 8 anos, presença de mais de três doenças e presença de sintomas de depressão. Para polifarmácia excessiva, mostraram-se associadas às condições de presença de mais de três doenças, autopercepção da saúde negativa e dependência parcial nas atividades instrumentais de vida diária.
Filho et al (2020)Descrever os principais riscos da automedicação em idosos acometidos pelo coronavírus e outras síndromes respiratórias.Pesquisa exploratóriaA automedicação requer atenção especial em idosos, pois essa faixa etária apresenta um maior risco de interações medicamentosas, com um possível aumento de reações adversas aos medicamentos, podendo assim, causar complicações aos pacientes, principalmente devido às alterações típicas do processo de envelhecimento.
Cardoso et al (2018)Analisar a automedicação em participantes da Associação de Idosos Unidos em Cristo da Cidade de Manaus – AmazonasPesquisa de caráter exploratório-descritivo com abordagem quantitativaA pesquisa relevou que os idosos da associação recorrem às práticas da automedicação em média 3 vezes ao mês ou sempre que a sintomatologia da dor aparece. Esta pesquisa visou contribuir com maiores informações a respeito da pessoa idosa e da vulnerabilidade ao qual este grupo está exposto, a fim de que se possam identificar e gerar futuras ações voltadas ao uso racional de medicamentos.
Oliveira, M. Farias (2021)Caracterizar a prática de automedicação e fatores associados entre pacientes da Atenção Básica em Imperatriz-MADescritivo, de abordagem quantitativa.A automedicação é uma prática frequente entre os usuários de saúde na atenção primária. O estudou evidenciou que a maioria dos usuários eram do sexo feminino, entre 30 a 60 anos, com baixa escolaridade e de maioria com companheiro. A maioria se baseava em receitas antigas para realizar automedicação ou por recomendação de familiares. As principais variáveis que se correlacionaram significativamente com automedicação, foram a escolaridade dos indivíduos o uso de antibiótico, remédios para resfriados e a dor lombar, tendo estes alcançado resultados estatisticamente significativos, ou seja (p < 0,05%).

Fonte: Elaborado pela autora. 2023.

5 DISCUSSÃO

Diante o objetivo de verificar as medidas de prevenção e controle frente à automedicação entre idosos no Brasil, nota-se que nos estudos de Lutz, Miranda e Bertoldi (2017) e Silva et al (2021), que o farmacêutico atua principalmente na prevenção da automedicação, sendo que, em muitos casos, esse fenômeno ocorre justamente em razão da dificuldade de acesso do usuário da saúde a este profissional.

Conforme Silva et al (2017) esse profissional na contemporaneidade, atua via de regra por contato direto com o paciente, na maioria das vezes, após a decisão médica na escolha da terapia farmacológica, tornando-o corresponsável pelas boas práticas do uso e orientações quanto a medicação utilizada pelo o usuário.

Os estudos de Barroso et al (2017), Silva et al (2019), Oliveira et al (2019), relatam que esse profissional utiliza-se de atendimento humanizado, sendo verdadeiro com os pacientes e buscando construir elos de confiança com o mesmo, esclarecendo todo o tratamento, contribuindo assim para o sucesso terapêutico. 

Segundo Santos et al (2017), a assistência farmacêutica é formada por sistemas de apoio à atenção à saúde, sistemas diagnóstico e terapêutico e sistemas de informações em saúde, visando garantir o acesso ao uso de medicamentos de forma racional. Conforme supra exposto, nesse cenário de atuação, o farmacêutico desempenha uma função técnico-científica essencial na promoção de saúde de usuários, articulando conhecimentos das áreas biológicas e de exatas. 

Após a formulação da Lei Nº 13.021, de 8 de Agosto de 2014, que dispões sobre o exercício e fiscalização das atividades farmacêuticas, houve uma mudança no conhecimento da prática farmacêutica, ficando o profissional responsável por ações e serviços que visem assegurar a assistência terapêutica integral, a promoção, proteção e recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, visando o uso seguro e racional dos fármacos no país.

Os autores Filho et al (2020), Oliveira et al (2019) e Silva et al (2019) corroboram que a automedicação é um grave problema de saúde pública no país, principalmente no que tange a população idosa, oferecendo riscos e danos severos a esses sujeitos, podendo contribuir para o aumento da morbimortalidade. Entre os estudos elencados, notou-se que a escolaridade dos indivíduos se demonstrou como fator considerável para a prática de automedicação. 

Em pesquisa realizada por Muniz et al, (2019) aponta que são múltiplos fatores que influenciam a automedicação, variando desde menor poder aquisitivo, menor escolaridade, bem como as dificuldades de acesso aos serviços básicos de saúde.

As pesquisas dos autores Cardoso et al (2018), Oliveira, M. Farias (2021) ressaltam que a escolaridade pode influenciar no entendimento das informações prestadas pelo profissional de saúde no momento da consulta e influenciar negativamente no entendimento da bula, prejudicando o julgamento crítico do usuário de saúde na diferenciação das classes de medicamentos.

Conforme o estudo de Oliveira et al (2019), Oliveira, M. Farias (2021) vários usuários que praticam automedicação utilizam-se de receitas antigas para a aquisição de medicamentos. Salienta que no Brasil há uma prevalência maior entre os idosos, de fármacos analgésicos / antitérmicos e anti-inflamatórios. 

Diante disso, relacionado aos analgésicos e anti-inflamatórios, o uso indiscriminado tem potencialidade para agravar problemas gástricos, promover ação anticoagulante, prejudicar problemas cardíacos ou renais entre outros (FONTES, 2019). 

Por fim, mesmo que a isenção da prescrição médica se apresenta como um agente facilitador da automedicação, os possíveis riscos de intoxicação por meio da interação medicamentosa e os efeitos adversos resultantes não podem ser negligenciados (ARRAIS et al., 2016).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o término do estudo, observa-se que o Farmacêutico atualmente desempenha papel essencial frente aos serviços de saúde, principalmente no que tange a prevenção e orientação do uso racional de medicamentos por indivíduos idosos, desempenhando função técnico-científica primordial na promoção de saúde de usuários, articulando conhecimentos de diversas áreas do saber, tendo como fim um cuidado humanizado e holístico ao usuário dos serviços de saúde.

São múltiplos os fatores que favorecem a automedicação em idosos, dentre eles, está a dificuldade no acesso ao farmacêutico, fatores como condições de moradia e de acesso aos serviços de saúde, escolaridade e recomendação por familiares ou amigos, sendo necessário a implementação de medidas educativas focadas na atenção à saúde, como projetos sociais de conscientização e políticas inclusivas da saúde para idosos

O estudo possui como limitadores a não consideração de estudos estrangeiros e a investigação se restringir apenas ao profissional farmacêutico. Para outros estudos correlacionados, sugere-se uma amostra mais abrangente. Por fim, espera-se que este estudo possa servir como fonte de dados para outros estudos e políticas direcionadas à favorecimento de melhores índices quanto à automedicação.

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1 Acadêmico do 10º período do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP, Email: mylenamonteiro2270@gmail.com
2Orientadora, Especialista, Professora do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN, 60889988307@professores.facimp.edu.br