REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10685303
Márcio Cardoso dos Santos Júnior1
Lorena Souza2
Bruno de Sousa Carvalho Tavares3
RESUMO
A automedicação é uma prática de tomar medicamentos sem orientação médica. Logo, o objetivo desta pesquisa foi descrever os riscos à saúde decorrentes da automedicação, que é considerado um problema de saúde pública. Logo, a metodologia utilizada foi uma Revisão de Literatura com abordagem qualitativa, a qual foi estruturado a partir de publicações científicas selecionadas conforme os critérios de inclusão e exclusão, com publicações de 2013 a 2023. Os resultados da pesquisa mostraram que a prática da automedicação se apresenta como um problema social, que traz riscos e prejuízos a saúde, podendo provocar reações alérgicas, dependência e até a morte, pois os riscos mais frequentes para a saúde daqueles que estão habituados a se automedicar estão o perigo de intoxicação e resistência aos medicamentos. Diante disso, é pertinente ressaltar que um dos principais fármacos mais usados pela população brasileira, a título de exemplo destes medicamentos, está o Paracetamol, que pode ocasionar hemorragias quando associado a medicamentos anticoagulantes, lesões hepáticas quando usado ao mesmo tempo ao álcool e irritações gástricas com seu uso indiscriminado.
Palavras-chave: Automedicação. Assistência Farmacêutica. Riscos à saúde.
1. INTRODUÇÃO
A automedicação é um risco a saúde pública, pois dentre os fatores que cooperam para essa prática estão a ausência de fiscalização dos órgãos competentes e a carência de orientação por parte dos profissionais de saúde credenciados para definir o medicamento a ser usado, bem como males que o uso indevido ou exagerado pode acarretar.
Nesse cenário, é pertinente ressaltar que a prática da automedicação ocorre em demasia devido a extensa disponibilidade de produtos farmacêuticos, bem como a facilidade para a compra de medicamentos; cultura de comodidade, associada ao consumo de fármacos e a noção de que a farmácia se define como um comércio de conveniência, requerendo uma melhor e maior atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) diante da prática em estudo.
A partir do exposto, destaca-se a importância da atuação do farmacêutico diante da automedicação, aja vista que este profissional é considerado um promotor da saúde que auxilia ao usuário na automedicação do seu tratamento de maneira efetiva, garantindo uma terapia correta perante as doenças manifestadas, evitando riscos e prejuízos a saúde. Diante disso, levantou-se o seguinte problema: Quais os riscos e prejuízos a saúde a automedicação podem provocar na pessoa?
Para tanto, o objetivo geral foi descrever os riscos à saúde decorrentes da automedicação. Enquanto os objetivos específicos foram: descrever os riscos que a automedicação pode provocar na saúde humana; promover a identificação dos principais fármacos utilizados, os fatores que contribuem para essa prática, os riscos que causa a saúde; destacar a importância do farmacêutico na orientação do uso racional de medicamentos e na atenção farmacêutica.
A automedicação apresenta-se como uma prática bastante comum mundialmente, caracterizando-se como o uso de medicamentos sem prescrição, orientação ou acompanhamento médico, podendo assim acarretar danos muito graves a saúde, sobretudo, de pessoas que tem o hábito de se automedicar. Diante disso, destaca-se a importância da realização desta pesquisa, pois a temática traz em seu escopo relevância acadêmica, cientifica e social.
Sendo assim, descrever no trabalho em tela os prejuízos a saúde decorrentes da automedicação trouxe contribuições para o profissional que atua na área de Farmácia, pois no campo de atuação irá realizar um trabalho fundamental em prol da população, principalmente aquelas tem o hábito de se automedicar, pois o uso irracional de medicamentos pode acarretar implicações, tais como: reações alérgicas, dependência e até a morte.
A partir do exposto, os resultados voltados para os prejuízos a saúde decorrentes da automedicação poderão servir de alerta de que tal prática reflete em um problema de saúde pública que precisa receber melhor e maior atenção pelos órgãos competentes da necessidade de se desenvolver políticas públicas, visto que dentre os riscos mais frequentes para a saúde daqueles que estão habituados a se automedicar estão o perigo de intoxicação e resistência aos medicamentos.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
O presente artigo utilizou como metodologia uma Revisão de Literatura com abordagem qualitativa, a qual foi estruturado a partir de publicações científicas selecionadas conforme os seguintes critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão foram: pesquisas científicas no formato de teses, livros, monografias, dissertações e artigos científicos; pesquisas realizadas nas bases de bases de dados: Scielo, Portal CAPES, Google Acadêmico; pesquisas científicas de 2013 a 2023; pesquisas científicas que correspondam os objetivos específicos; pesquisas em português e inglês. Pesquisas científicas com as seguintes palavras-chaves: Automedicação. Assistência Farmacêutica. Riscos à saúde. Enquanto os critérios de exclusão foram: pesquisas que não tenham comprovação científica, pesquisas científicas que antecedam 2013; pesquisas científicas que apresentem apenas o resumo, pesquisas que não correspondam os objetivos específicos da pesquisa.
2.1 Resultados e Discussão
2.1.1 Riscos que a automedicação pode provocar na saúde humana
A prática da automedicação foi definida por o consumo de medicamentos sem prescrição ou supervisão médica, ato de uso de drogas para fins terapêuticos em busca de alívio, prevenção e recuperação sem o profissional da saúde. O Brasil é um dos países com maior taxa de consumidores mundiais de medicamentos, aumentando o índice da automedicação. A OMS registrou que o uso de 50% de medicamentos prescritos, foram vendidos e dispensados de forma incorreta, logo os pacientes administraram de maneira errada. Pois, a prevalência de 16,1% no país de hábitos de consumir medicamentos, no começo da pandemia em 2019, pelo COVID-19. Essa prevalência três meses depois foi elevada para 20,2%, onde esse aumento da automedicação decorreu do principal objetivo de prevenir o COVID-19 (OLIVEIRA, 2021).
A automedicação pode provocar vários riscos à saúde, pois essa prática decorre de um aumento significativo que evidentemente merece atenção, compreendendo as várias formas pelas quais as pessoas decidem, sem avaliação médica, o medicamento e como irá usá-lo para alívio sintomático da dor e, supostamente a cura. O Conselho Federal de Farmácia (CFF), no ano de 2019 apresentou uma estimativa de que 77% dos brasileiros tem o hábito de se automedicar, ou seja, diante da saúde ameaçada estes recorreram a uso de medicamentos sem prescrição médica, configurando-se no uso indiscriminado de medicamentos, pois essa prática define como a ingestão de fármacos sem determinação médica, buscando alívio, prevenção e recuperação sem a orientação do farmacêutico (MORAES; ARAÚJO; BRAGA, 2016; HERNANDEZ; ALMEIDA NETO, 2018; OLIVEIRA, 2021).
A automedicação promove o uso impróprio e exagerado de medicamentos sem avaliação apropriada influência no progresso da resistência microbiana contraindo de mecanismos biológicos de barreira, e, resultando assim, em um obstáculo na terapia das enfermidades. Sendo assim, a automedicação e o uso irracional de medicamentos se está se tornando cada vez mais um grave, sendo considerado como um problema de saúde pública. Pois, a prática de automedicação tem preocupado muito, pois como a grande procura por medicamentos sem orientação de um profissional que pode acarretar danos e riscos inerentes à saúde da pessoa (MORAES; ARAÚJO; BRAGA, 2016; TEIXEIRA; FIGUEIREDO; FRANÇA, 2019; SILVA, 2022).
O Brasil é visto como um dos principais consumidores de produtos farmacêuticos, sendo a maioria dos fármacos consumidos são caracterizados como medicamentos de venda livre, considerados “seguros” desde que usados com finalidade e forma correta. Mas, a escassez no sistema básico de saúde faz com que os usuários busquem por alternativas mais rápidas para o tratamento de diversas manifestações clínicas, realizando o autodiagnóstico e a automedicação com diversas classes de medicamentos, especialmente os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que são os medicamentos mais usados em todo o mundo, representando 31% do mercado farmacêutico, uma vez que não precisam de prescrições médicas, sendo mais acessíveis ao público, além de estarem disponíveis facilmente em farmácias e drogarias (SANTOS, et al., 2022).
A automedicação configura-se como um fenômeno global e potencial contribuinte para a resistência dos patógenos aos antibióticos. Os efeitos adversos de tais práticas precisam sempre ser enfatizadas para a comunidade e medidas para contê-las. O uso excessivo e irracional de antimicrobianos sem orientação médica pode resultar em maior probabilidade de terapia inadequada, incorreta ou indevida, diagnóstico incorreto, atrasos no tratamento adequado, resistência a patógenos e aumento da morbidade. Nessa perspectiva, faz-se necessário aumentar a conscientização e implementar legislações para promover práticas judiciosas e seguras, além de um melhor conhecimento e compreensão sobre a automedicação podem resultar em uso racional e, portanto, limitar os problemas emergentes de resistência microbiana. Assim, pode-se dizer que a automedicação é um círculo vicioso em que o usuário tem sua parcela de responsabilidade, principalmente, quando o medicamento auto prescrito não soluciona o problema de saúde, fazendo com que os pacientes procurem alternativas, muitas vezes sob a forma de outros medicamentos, ainda sem a orientação adequada (FIUZA, 2019; SILVA; QUINTILIO, 2021; FALÇONI, et al., 2022).
2.1.2 Identificação dos principais fármacos utilizados, os fatores que contribuem para prática da automedicação
Dentre os principais fármacos mais utilizados pela população brasileira destaca-se os analgésicos, a título de exemplo destes medicamentos, está o Paracetamol, que pode ocasionar hemorragias quando associado a medicamentos anticoagulantes, lesões hepáticas quando utilizado concomitantemente ao álcool e irritações gástricas com seu uso indiscriminado. Outro exemplo de medicamento ainda dentro da classe dos analgésicos é Ácido Acetil Salicílico, conhecido como o AAS, cujo qual pode causar riscos de complicações pertinentes aos efeitos colaterais como a Síndrome de Reye que é potencialmente fatal causando danos irreversíveis ao fígado e ao cérebro, além de causar também em alguns casos hemorragias, e em pacientes com dengue, pode levar a óbito. Conforme a ANVISA, os medicamentos que mais causam intoxicação são os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios (HERNANDEZ; ALMEIDA NETO, 2018; XAVIER, et al., 2021).
No Brasil, a automedicação vem crescendo consideravelmente ao longo dos anos. Sendo assim, menciona-se que, mesmo que não existindo motivos pelo uso exagerado, alguns fatores cooperam para essa prática, como: sistema público de saúde falho que muitas vezes não provê as necessidades dos pacientes, insumos escassos, condições muitas vezes precárias, profissionais sem interesse pelo trabalho, tempo lento para consulta, espera dos pacientes por uma terapêutica eficaz com alívio imediato de sintomas, estímulo a automedicação por meio de publicidade, dificuldade em marcar consultas médicas, vendas livres de medicamentos, livre acesso as informações sobre doenças através da internet, falta de fiscalização na venda de medicamentos prescritos, divulgação de medicamentos pela mídia. etc.
(MORAES; ARAÚJO; BRAGA, 2016; HERNANDEZ; ALMEIDA NETO, 2018; TEIXEIRA; FIGUEIREDO; FRANÇA, 2019; SILVA, 2022).
A automedicação se intensificou depois da pandemia do COVID-19 em 2019, com o aumento da transmissão e morte mundo inteiro, especificamente no Brasil, a automedicação se intensificou na época em que milhares de pessoas passaram a se automedicar devido as falsas informações preventivas como o “Kit-covid” composto por medicamentos como, Azitromicina, Cloroquina, Hidroxicloroquina e ivermectina. Pois, a procura desses fármacos, foi identificado o aumento de vendas no comércio durante a pandemia. Podendo afirmar por meio de pesquisa que 79% da população relata fazer o uso de medicamentos sem prescrição médica. Caracterizando um problema de automedicação com graves riscos à saúde humana, podendo apresentar reações adversas, efeitos colaterais e maléficos à saúde pelo abuso do uso de medicamentos por conta própria, como ainda antivirais, vitaminas C, D e outros com eficácia à imunidade (OLIVEIRA, 2021; SILVA, 2022).
É pertinente ressaltar que uma grande parte da população brasileira se automedicou na pandemia do COVID-19, onde a vitamina C e D foram as mais vendidas, além da hidroxicloroquina sulfato. Nesse período, o Conselho Federal de Farmácia enfatizou que todos os medicamentos oferecem riscos à saúde sendo usados de forma incorreta. Logo, os principais grupos de medicamentos utilizados foram os analgésicos, anti-inflamatórios, além dos antipiréticos. Diante desse aumento do consumo de alguns medicamentos e de seu uso prolongado, problemas de saúde futuros poderiam vir a aparecer em decorrência dessa conduta. Logo, a automedicação de determinados medicamentos sem a devida prescrição pode levar a consequências futuras, como a vitamina C, por exemplo, apesar de parecer inofensiva, o uso exagerado dela pode levar a problemas renais, gastrointestinais e entre outros (PINTO, et al., 2021; SILVA, 2022).
Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que são os medicamentos mais usados sem prescrição médica, conforme a Instrução Normativa (IN) n°11/2016, são: analgésicos, anti-inflamatório, antiácidos, laxantes, antidiarreicos, antimicrobianos tópicos, antifúngicos, antissépticos, vitaminas, aminoácidos, minerais e outros. Verifica-se que a dispensação desses fármacos acompanhada da orientação de profissional habilitado muitas vezes não ocorre e boa parte das vezes é realizada por indivíduos que não tem conhecimentos científicos sobre estes medicamentos. Entre os principais riscos associados a automedicação com MIPs: está a possibilidade de esconderem sintomas de uma doença em desenvolvimento, interação com outros tratamentos que pode vir acompanhada de toxicidade ou perda do efeito farmacológico, aumento do tempo de uso dos medicamentos e uso de doses incorretas (SANTOS, et al., 2022).
2.1.3 A importância do farmacêutico na orientação do uso racional de medicamentos e na atenção farmacêutica.
O farmacêutico por meio da Lei nº 13.021/2014 é um profissional que é respaldado legalmente para atuar na promoção da saúde, caracterizando um controle indispensável no uso indiscriminado de medicamentos, especificando de forma clara e objetiva os sinais e sintomas da doença como ainda sobre o tratamento com o uso de fármacos sob prescrição médica afiançando o uso correto a partir de informações seguras. A finalidade de reforçar o combate a automedicação e/ou o uso indiscriminado de medicamentos sem determinação médica e ao mesmo tempo impedindo o uso abusivo de fármacos em prol a saúde do paciente foi criada a RDC nº 585/2013 que tratou das atribuições do profissional farmacêutico, que desempenham uma atuação importante, pois estes profissionais devem ter conhecimentos específicos sobre os fármacos (BRASIL, 2013; BRASIL, 2014; SANTOS, et al., 2022).
O farmacêutico desempenha um papel ímpar com a equipe da saúde, para desenvolver atendimentos propostos para pacientes contaminados visando a diminuição das contaminações para afiançar uma redução de novas infecções nos hospitais, por meio da ação dos atendimentos e serviços farmacêuticos durante todo o processo. Logo, o farmacêutico por ter conhecimentos específicos pode atuar na farmacovigilância e atenção farmacêutica (AF), realizando rastreamento, identificação, além de orientação das pessoas sobre o uso irracional de medicamentos para tratamentos de doenças, visando o bem-estar mental, físico e social destas, priorizando um tratamento mais humanizado (OLIVEIRA, 2021).
A AF é de extrema importância, pois o farmacêutico exerce papel fundamental no controle da transmissão da doença e na atenção às necessidades da população, de forma a promover o uso racional de medicamentos. Logo, apenas é possível uma AF através de profissional habilitado, como o farmacêutico que passa a assumir a responsabilidade e o protagonismo na implementação de estratégias para promoção do uso racional de medicamentos, devido as consequências lesivas do seu uso inadequado. O trabalho do farmacêutico é considerado elemento fundamental da qualidade da AF que, por sua vez, tem implicações diretas na eficiência dos sistemas de saúde e no sucesso da terapia medicamentosa, pois o farmacêutico tem como função desenvolver várias atividades voltada para AF, como promover o uso racional de medicamentos, além da promoção, proteção e recuperação da saúde e ajudando com o cuidado aos pacientes (SANTANA, et al., 2018; ROCHA; GIOTTO, 2020; BARROS, 2021).
Diante disso, pode-se dizer que o farmacêutico é um profissional da saúde que presta AF, apresentando como função principal no aconselhamento e orientação do paciente, pois é fato dizer que a sociedade faz uso da farmácia como a 1ª opção de cuidado à saúde, sendo que a maioria faz o uso irracional de medicamentos, o que futuramente acarreta um grande agravo para a saúde. Pois, o uso desnecessário de medicamentos expõe a pessoa a riscos de Reações Adversas a Medicamentos (RAM) intoxicação medicamentosa, formando, deste modo, uma das maiores causas de morbidade e mortalidade muito expressivas, colocando o uso de forma irracional ou incorreta do medicamento como um dos problemas de saúde que atinge o cenário mundial (BUENO, 2017; FERREIRA; TERRA JÚNIOR, 2018).
A AF demonstrou uma importância perante a sociedade e aos profissionais da saúde, por ser uma área farmacêutica responsável por tornar mínimo os efeitos colaterais dos problemas relacionados aos medicamentos (PRMs). Logo, compete ao profissional farmacêutico atuar de forma expressiva em relação a assistência farmacêutica tendo em vista a melhoria do bem-estar da sociedade. Para tanto, deve se capacitar os profissionais de saúde, disponibilizando para os mesmos informações sobre os danos à saúde pelos PRMs (PINTO et al., 2021).
A automedicação atrelada ao uso irracional dos medicamentos vem auxiliando de maneira expressiva para o surgimento de plausíveis implicações adversas, acarretando um impacto exagerada na saúde populacional, pois erros nessas condições podem acometer ao sofrimento humano, a incapacidade, pode diminuir a qualidade de vida e a morte, além de causar um custo maior, e desperdício de recursos para sociedade e ao sistema de saúde. Tudo isso, em decorrência da falta de conhecimento (RODRIGUES; PIPPER; COSTA, 2022).
Nessa perspectiva, de forma elucidativa Hernandez, Almeida Neto (2018), dizem que a automedicação é somente um dos tipos de uso irracional de medicamentos, que assumem outras formas como: uso abusivo de medicamentos (poli medicação); uso excessivo por via de administração inadequada (injetável ao invés de oral); uso do medicamento como forma exclusiva de cura para doenças (medicalização); uso inadequado de antimicrobianos, tanto em doses incorretas quanto em infecções não-bacterianas; prescrição em desacordo com as normas clínicas.
O uso abusivo e os índices de automedicação, Tritany e Tritany (2020), dizem pode gerar vários riscos à saúde, ou seja, o autodiagnostico incorreto, a opção inadequada do tratamento, atrasar a procura adequada de um profissional capacitado, provocando a RAM devido ao uso de vários fármacos, devido a dosagens incorretas, administração errada, bem como o armazenamento destas medicação de forma incorreta, gerando ainda mais riscos à saúde, podendo ser responsável pela permanência e motivação da hospitalização, agravo de quadros clínicos e ameaça à vida.
O farmacêutico é o profissional qualificado a manusear toda área com precisão e utilização de medicamentos. Na pandemia atualizações do formulário terapêutico contra COVID-19, o profissional estava à frente com conhecimento e informações sobre dosagens, interação medicamentosa, farmacocinética e farmacodinâmica dos fármacos e efeitos adversos, em busca do uso racional dos medicamentos. Existe o papel importante do profissional na epidemiologia, buscando a diminuição da disseminação do vírus em grandes e pequenos bairros. Nas farmácias, a procura por prevenção a saúde por medicamentos ineficazes pelas mídias e fake news elevou o excesso de informações falsas que envolvem fármacos para prevenção viral (TRITANY; TRITANY, 2020; SILVA, 2022).
Diante do exposto, conclui-se que o papel do farmacêutico vai muito além da bancada, ele é responsável por todos os processos de produção de medicamentos, desde a fabricação até o consumidor final. Além de usar o próprio conhecimento para orientar os pacientes quanto ao tratamento, dosagem, efeitos colaterais, ou seja, o uso correto do insumo, com finalidade de alcançar resultados satisfatórios. Importante frisar que os farmacêuticos são os únicos profissionais da saúde que tem potencial formação para desempenhar a AF no uso racional de medicamentos, já que toda sua bagagem de conhecimento acerca do medicamento está direcionada na base da sua formação acadêmica ao bem-estar físico, mental e social dos pacientes, permitindo uma visão humanizada (SILVA; QUINTILIO, 2021; SOUZA; ANDRADE, 2022; SANTOS; ALBUQUERQUE; QUEDES, 2022).
3. CONCLUSÃO
A partir da pesquisa realizada pautada nos riscos à saúde decorrentes da automedicação foi possível registrar a partir estudos apresentados que essa prática é realizada com muita frequência no mundo inteiro, pois o hábito de tomar medicamentos sem prescrição pode agravar ainda mais a doença a qual está sendo tratada, acarretando um problema de saúde pública mundial.
Os resultados da pesquisa mostraram que a prática da automedicação se apresenta como um problema social, que traz riscos e prejuízos a saúde, podendo provocar reações alérgicas, dependência e até a morte, pois os riscos mais frequentes para a saúde daqueles que estão habituados a se automedicar estão o perigo de intoxicação e resistência aos medicamentos.
Diante disso, é pertinente ressaltar que um dos principais fármacos mais usados pela população brasileira, a título de exemplo destes medicamentos, está o Paracetamol, que pode ocasionar hemorragias quando associado a medicamentos anticoagulantes, lesões hepáticas quando usado ao mesmo tempo ao álcool e irritações gástricas com seu uso indiscriminado.
Ressalta-se ainda outro exemplo de medicamento ainda dentro da classe dos analgésicos é Ácido Acetil Salicílico, conhecido como o AAS, cujo qual pode causar riscos de complicações pertinentes aos efeitos colaterais como a Síndrome de Reye que é fatal causando danos irreversíveis ao fígado e ao cérebro, além de ocasionar ainda em alguns casos hemorragias, e em pacientes com dengue, pode levar a pessoa a óbito.
Nessa perspectiva, é relevante mencionar no trabalho em tela que a prática de se automedicar se intensificou depois da pandemia do COVID-19, onde milhares de pessoas passaram a tomar medicamentos sem prescrição médica, como o “Kit-covid” composto por medicamentos como, Azitromicina, Cloroquina, Hidroxicloroquina e ivermectina, além das vitaminas C e D, dentre outros relacionados ao aumento da imunidade.
Sendo assim, nesse cenário centralizados nos riscos à saúde decorrentes da automedicação, surgiu a importância do farmacêutico na orientação do uso racional de medicamentos e na atenção farmacêutica, que é na atualidade é considerado como um profissional extremamente necessário para promover a saúde humana, por ter conhecimentos específicos pode atuar na farmacovigilância e AF, realizando rastreamento, identificação, além de orientação das pessoas sobre o uso irracional de medicamentos para tratamentos de doenças, priorizando o bem estar mental, físico e social das pessoas em tratamento de doenças.
Diante do exposto, é necessário e importante dizer que o papel do farmacêutico vai muito além da bancada, pois esse profissional é responsável por todos os processos de produção de medicamentos. Logo, os farmacêuticos são considerados os únicos profissionais da saúde que tem potencial formação para exercer a AF no uso racional de medicamentos, sendo um profissional necessário para atuar em todos os segmentos da saúde.
Portanto, na conclusão da pesquisa pode-se comprovar que o objetivo geral foi alcançado, visto que foi possível descrever a partir dos estudos apresentados os riscos à saúde decorrentes da automedicação, o que essa prática pode causar na saúde humana. Com isso, destacou-se as contribuições que esse trabalho trouxe para minha formação acadêmica e futuramente profissional.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmico do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera.
2Orientadora Docente do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera.
3Orientador