RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

RISK OF TYPE 2 DIABETES MELLITUS IN PRIMARY HEALTH CARE 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7677742


Fábia Luanna Leite Siqueira Mendes Santos1 
Liudmila Miyar Otero2 
Eliana Ofelia Llapa Rodriguez2 
José Rodrigo Santos Silva3 
Adhara Shuamme Bento Fraga4 
Patrick dos Santos França5 
Ângela Maraiza Dantas Cavalcante5 
Cristiane Franca Lisboa Gois2 


Resumo 

Objetivo: classificar o risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 em 10 anos e  relacionar o grau de risco com as variáveis sociodemográficas e clinicas. Método: estudo  transversal realizado com 200 indivíduos. Para classificar o risco da doença foi utilizado o  Finnish Diabetes Risk Score – FINDRISC. Resultados: a idade média foi 45 anos, a maioria  era do sexo feminino, casada ou vivia em união estável. Quanto ao risco de desenvolver a  doença, 14,5% apresentaram risco baixo; 30,0% pouco elevado, 25,5% moderado, 24,0% alto  e 6,0% muito alto. Os fatores associados ao risco foram: idade, escolaridade, circunferência  abdominal, índice de massa corpórea, hiperglicemia prévia e histórico familiar da doença.  Conclusão: a maioria dos indivíduos foi classificada em risco que variou de moderado a muito  alto. Ao considerar que a maior parte dos fatores de risco é modificável, ações efetivas para a  prevenção da doença devem ser implementadas para mudança do perfil epidemiológico. 

Descritores: Diabetes Mellitus Tipo 2; Fatores de Risco; Grau de Risco; Atenção Primária à  Saúde. 

Abstract 

Objective: to classify the risk for developing Type 2 Diabetes Mellitus in 10 years and to relate  the degree of risk with sociodemographic and clinical variables. Method: cross-sectional study  with 200 individuals. To classify the risk of the disease, the Finnish Diabetes Risk Score – FINDRISC was used. Results: the average age was 45 years, most were female, married or  living in a stable relationship. As for the risk of developing the disease, 14.5% had a low risk; 30.0% low, 25.5% moderate, 24.0% high and 6.0% very high. Factors associated with risk were:  age, education, waist circumference, body mass index, previous hyperglycemia and family  history of the disease. Conclusion: most individuals were classified at risk ranging from  moderate to very high. Considering that most of the risk factors are modifiable, effective actions  to prevent the disease must be implemented to change the epidemiological profile. 

Key words: Diabetes Mellitus, Type 2; Risk Factors; Risk Grade; Primary Health Care.

Introdução 

As doenças crônicas não transmissíveis constituem um problema de saúde pública (FIGUEIREDO; CECCON; FIGUEIREDO, 2021). Esforços têm sido envidados para a  identificação de risco e detecção precoce dessas doenças. Com relação ao Diabetes Mellitus (DM), a identificação do risco está relacionada à possibilidade de diagnóstico e tratamento  precoce, além de permitir o planejamento de ações de prevenção da doença e de suas  complicações (SBD, 2019-2020). 

Nessa vertente, sugere-se rastreamento de DM2 para os indivíduos com idade < 45 anos que apresentam sobrepeso ou obesidade e mais um fator de risco, considerando o pré-diabetes;  história familiar de DM (parente de primeiro grau); raça/etnia de alto risco para DM (negros  hispânicos e índios da etnia Pima); mulheres com diagnóstico prévio de DM Gestacional;  história de doença cardiovascular; hipertensão arterial; HDL-c (colesterol da lipoproteína de  alta densidade) < 35 mg/dL e/ou triglicérides > 250 mg/dL; síndrome de ovários policísticos;  sedentarismo e acantose nigricans (SBD, 2019-2020). 

Estudo realizado no sul do Brasil revelou que a maioria dos participantes apresentou risco  discretamente moderado e moderado. Os homens apresentaram maior prevalência de alto risco.  As variáveis idade, obesidade, circunferência abdominal (CA), sedentarismo e histórico  familiar de DM apresentaram razão de prevalência significativa para o alto risco (ARAÚJO et  al., 2015).  

Estudo de base populacional com dados de 35.448 adultos e 18.726 idosos coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito  Telefônico (Vigitel) em 2015, demostrou que participantes tinham ao menos dois fatores de  risco para doenças crônicas não transmissíveis, sendo que o tabagismo, excesso de peso,  inatividade física, uso de álcool e alimentação não saudável estavam presentes em 38,5% dos  adultos e 37,0% dos idosos (FRANCISCO et al., 2019). Resultados do estudo vêm ao encontro da necessidade de incluir essas variáveis no planejamento de ações de prevenção do DM e de  suas complicações. 

Ao considerar que a população apresenta um ou mais fatores de risco, torna-se importante  a utilização de instrumentos que possibilitem a sua identificação. Dentre os instrumentos  utilizados temos o Finnish Diabetes Risk Score – FINDRISC, que determina o risco para o  desenvolvimento do DM2 nos próximos 10 anos (LINDSTRÖM; TUOMILEHTO, 2003). 

Com relação à atividade prática de rastreamento dos fatores de risco do DM2, recomenda se que sejam desenvolvidas, preferencialmente, onde os indivíduos são habitualmente tratados  (SBD, 2019-2020).  

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo classificar o risco para o  desenvolvimento de DM2 em 10 anos e relacionar o grau de risco com as variáveis  sociodemográficas e clinicas de indivíduos acompanhados em uma Unidade Básica de Saúde  (UBS) de um município do Nordeste do Brasil. 

Método 

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal realizado com indivíduos  adultos em seguimento na Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Aracaju, capital  do estado de Sergipe, Brasil. Aracaju possui 43 Unidades Básicas de Saúde que oferecem  serviços à população em geral. A unidade selecionada possui quatro equipes da Estratégia  Saúde da Família (ESF) que acompanham mais de 16 mil indivíduos cadastrados.  

A população alvo do estudo foi composta pelos indivíduos cadastrados pelas ESF da  referida UBS. A amostra foi não probabilística, por conveniência, composta por 200 indivíduos  que compareceram à unidade por livre demanda ou para algum atendimento, cadastrados por  uma das equipes. Foi escolhido este tipo de amostra pela dificuldade de se fazer um sorteio  sistematizado para seleção dos indivíduos de forma aleatória. Foram eleitos como critérios de  inclusão: idade igual ou superior a 18 anos e não ter diagnóstico de DM autorreferido. Adotou 

se o critério de possuir 18 anos ou mais, considerando o ponto de corte adotado na pesquisa de  base populacional Vigitel, que retrata as estimativas sobre frequência e distribuição  sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26  estados brasileiros e no Distrito Federal (BRASIL, 2020). Foram excluídas as gestantes devido  às especificidades para avaliação dos fatores de risco.  

Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos. 

Um formulário para obtenção das variáveis sociodemográficas (idade em anos; sexo;  estado civil (casado/união estável, solteiro(a), viúvo(a) ou divorciado(a)); cor (branco, amarelo,  pardo, negro); escolaridade (analfabeto, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental  completo, ensino médio incompleto, ensino médio completo, ensino superior incompleto,  ensino superior completo) e renda familiar em reais) e clínicas (prática de atividade física;  ingestão de frutas e legumes; Índice de Massa Corpórea (IMC); CA; uso de medicamentos antihipertensivos; hiperglicemia prévia, histórico familiar de DM, glicemia capilar ao acaso e  glicemia de jejum sérica.  

Os parâmetros adotados para as variáveis clínicas estão descritos a seguir: Para o IMC foi considerado < 18, 5 – baixo peso; ≥ 18,5 e < 25 – eutrófico; ≥ 25 e < 30 – sobrepeso; ≥ 30 e < 35 – obesidade I, ≥ 35 e < 40 – obesidade II, ≥ 40 – obesidade III,  padronizados pela Organização Mundial de Saúde e adotados pelo Ministério da Saúde (WHO,  2000).  

A classificação do IMC para indivíduos com 60 anos e mais é especifica, todavia, foi  considerado fator de risco IMC igual ou maior a 25Kg/m2 para qualquer idade, acrescido de  um ou mais fator de risco para DM2 (ADA, 2019). O peso foi mensurado com uso de balança  digital modelo LD1050, Líder, com capacidade máxima de 300Kg e graduação de 100 gramas.  Para mensuração da altura foi utilizado o estadiômetro acoplado à balança. 

Para a CA foi considerado como parâmetro de normalidade valores < 80 cm e < 94 cm.  Risco cardiovascular aumentado valores ≥80 cm e ≥94 e de risco muito aumentado ≥88 cm e  ≥102 cm, para mulheres e homens, respectivamente, padronizados pela Organização Mundial  de Saúde e adotados pelo Ministério da Saúde (WHO, 2000). Para a aferição da CA foi  posicionada a fita métrica ao redor do abdômen, na altura do ponto médio entre o rebordo costal  inferior e a crista ilíaca (BRASIL, 2014). 

Para a glicemia capilar foi considerada alterada valor ≥ 200 mg/dl. Para a glicemia sérica,  valores de jejum ≥ 100mg/dl e < 126 mg/dl. O jejum é definido como a falta de ingestão calórica  por no mínimo 8 horas (SBD, 2019-2020).  

O segundo instrumento utilizado foi o Finnish Diabetes Risk Score – FINDRISC, para  avaliação do risco de desenvolver DM2 em 10 anos. Este instrumento foi desenvolvido na  Finlândia e validado pelo Departamento de Saúde Pública da Universidade de Helsinki (Lindström; Tuomilehto, 2003) . Trata-se de um instrumento que, embora não se tenha  referência quanto à validação para o português, tem sido utilizado em pesquisas realizadas no  Brasil (ARAUJO et al., 2015; CANDIDO et al., 2017; MARINHO et al., 2013), também consta como ferramenta para rastreamento do DM2 sugerida pela mais recente Diretriz da Sociedade  Brasileira de Diabetes(SBD, 2019-2020). 

O FINDRISC é composto por oito variáveis: idade, CA, IMC, prática de atividade física,  consumo de frutas e legumes, uso de anti-hipertensivo, histórico familiar de DM e histórico de  glicemia sanguínea alta. Os escores são classificados de acordo com o risco para o  desenvolvimento do DM2: baixo risco (<7 pontos), pouco elevado (entre 7 e 11 pontos),  moderado (entre 12 e 14 pontos), alto (entre 15 e 20 pontos) e muito alto (mais de 20 pontos) 
(ARAÚJO et al., 2015).  

A coleta de dados foi iniciada após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em  Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (CAAE: 79300117.5.0000.5546). Foi realizada  no período de março a junho de 2018, duas vezes por semana em dias não fixos, tendo sido  coletados, em média, dados de seis indivíduos por dia. Foi realizada por duas enfermeiras e dois  alunos da graduação de enfermagem devidamente treinados. Os potenciais participantes eram  abordados na sala de espera da Unidade Básica de Saúde e convidados para a sala de reuniões,  local onde era explicado sobre a pesquisa, incluindo seu objetivo e direitos dos participantes,  em seguida foi oferecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para leitura e  assinatura, após concordar em participar. Para os participantes que não sabiam ler o pesquisador  procedeu a leitura.  

Os dados foram compilados no Programa Microsoft Office Excel versão 2010, com dupla  digitação e validação para checagem de erros. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva univariada e inferencial. A análise descritiva procedeu com a categorização dos dados  e obtenção das respectivas frequências e percentuais.  

Para a análise inferencial foi realizado o cruzamento entre as variáveis utilizando os testes  de Qui-Quadrado (sexo, cor, ingestão de frutas e legumes) e Exato de Fisher (escolaridade,  IMC, CA, atividade física, histórico familiar). O software utilizado para a análise estatística foi  o R, versão 3.4.0 e o nível de significância adotado em todos os testes de hipótese foi de 5%. 

Resultados 

Dos 200 (100%) participantes investigados a média de idade foi 45 anos. A maioria era  do sexo feminino (77%), casada ou vivia em união estável (55,5%). Quanto à escolaridade, 36% tinham cursado até o ensino fundamental incompleto ou era analfabeto. Os participantes tinham em média 12 anos de estudo, quanto à renda familiar média, foi de 1204,58 reais e a  maior parte se declarou parda (59,2%),

A Tabela 1 mostra a avaliação do risco de desenvolver DM2 em indivíduos em  seguimento na APS segundo o FINDRISC. A maioria dos indivíduos foi classificada em risco  que variou entre moderado, alto ou muito alto. 

Tabela 1 – Avaliação do risco de desenvolver DM2 entre indivíduos em seguimento na  APS segundo o FINDRISC. Aracaju, Sergipe, Brasil, 2018. 

Ao avaliar a associação do risco de desenvolver DM2 com o sexo, a cor, a escolaridade e  a idade encontrou-se associação estatisticamente significativa (p<0,05) entre risco alto/muito  alto com a escolaridade e a idade. O risco foi maior entre os indivíduos com menos anos de  estudo e mais idade (Tabela 2).  

Tabela 2 – Avaliação do risco de desenvolver DM2 entre indivíduos em seguimento na  APS segundo sexo, cor, escolaridade e idade. Aracaju, Sergipe, Brasil, 2018. FINDRISC 

A Tabela 3 mostra os resultados do teste de associação entre o risco de desenvolver DM2  com IMC, CA, a prática de atividade física, a ingestão de frutas e legumes, o uso de  medicamentos anti-hipertensivos, a hiperglicemia previa e o histórico familiar de DM.  

A maior parte dos indivíduos com IMC acima de 30 kg/m2, CA classificada como de risco  muito aumentado, que faziam uso de medicamento anti-hipertensivo e tinham familiares com  DM, apresentou risco alto ou muito alto para DM2.  

Entre os indivíduos com glicemia capilar alterada, um maior número apresentou risco alto  e muito alto e, entre os que apresentaram glicemia normal, a maioria apresentou risco baixo ou  levemente elevado. 

Tabela 3 – Avaliação do risco de desenvolver DM2 entre indivíduos em seguimento na  APS segundo IMC, CA, atividade física, ingestão de frutas e legumes, uso de  medicamentos anti-hipertensivos, hiperglicemia prévia e histórico familiar de DM.  Aracaju, Sergipe, Brasil, 2018. 

Quanto à glicemia capilar ao acaso, dos 200 participantes, seis apresentaram valores  iguais ou acima de 200mg/dl. Para estes foi solicitado exame de glicemia sérica de jejum, com  dois tendo apresentaram glicemia alterada. Ao relacionar o valor da glicemia capilar e as  variáveis sociodemográficas e clínicas, obtive-se que os indivíduos do sexo masculino, com  idade superior a 64 anos, IMC entre 25 e 30 kg/m2, apresentaram glicemia alterada (p<0,05).  Não foi observada associação estatisticamente significativa com a atividade física, CA, ingestão  de frutas e legumes diariamente, hiperglicemia prévio ou histórico familiar de DM. 

Discussão

Dos indivíduos investigados, 30% apresentaram risco que variou entre alto e muito alto  para desenvolver DM2 em 10 anos, resultado que vem ao encontro do identificado em estudo  realizado na Paraíba (LIMA et al., 2018).  

Ao analisar as variáveis sociodemográficas e o risco de desenvolver DM2, observou-se  que a maior parte dos indivíduos com 45 anos ou mais apresentou risco que variou de moderado  a alto ou muito alto, assim como os que tinham mais baixa escolaridade. Em estudo realizado  na região sudeste do Brasil foi identificado que indivíduos analfabetos ou com baixa  escolaridade apresentaram prevalência de DM duas vezes maior do que aqueles com mais de  oito anos de estudo (FLOR; CAMPOS, 2017). Outro verificou que a coocorrência de dois ou  mais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis entre adultos e idosos foi mais  elevada naqueles com menor escolaridade (FRANCISCO et al., 2019). Esses resultados  mostram que a escolaridade é uma variável importante na identificação de risco para o  desenvolvimento do DM, pois a população pode subestimar os fatores de risco e,  consequentemente, o autocuidado para a sua prevenção (ARAÚJO, 2018). 

Nessa direção, os enfermeiros da ESF precisam de um olhar diferenciado, principalmente  para com os idosos, pois além do baixo grau de escolaridade, eles apresentam dificuldades para  o processamento das informações, inerentes ao processo de envelhecimento. A maioria  dos indivíduos com CA classificada como de risco cardiovascular aumentado ou muito  aumentado, IMC acima do considerado adequado e histórico familiar de pais, irmãos ou filhos  com DM, apresentou risco que variou de moderado a alto ou muito alto. Com relação ao IMC e CA, estudo realizado na Paraíba identificou maior probabilidade de desenvolver DM2 com o  aumento do peso e perímetro abdominal (LIMA et al., 2018). Em outro desenvolvido em São  Paulo com idosos foi observado que a obesidade corporal, assim como a gordura abdominal  elevada, contribuiu para o desenvolvimento do DM2 (ROEDIGER et al., 2018). Nesse sentido, ressalta-se que a aferição da CA e do IMC é simples e fornece informações relevantes para a  sensibilização dos indivíduos quanto ao risco, além de auxiliar no acompanhamento da redução  dos valores a partir de ações de educação em saúde. 

A maioria dos indivíduos que fazia uso de medicamento anti-hipertensivo apresentou  risco alto ou muito alto para desenvolver DM2. Estudo realizado no sudeste do Brasil mostrou  maior prevalência de DM entre indivíduos com hipertensão arterial (FLOR; CAMPOS, 2017). 

Em relação à prática de atividade física e o risco de desenvolver DM2, não houve associação significativa, ressaltando que poucos participantes praticavam. Em outro estudo  realizado em Fortaleza que utilizou o FINDRISC numa amostra de 371 indivíduos, também não  foi observada associação estatisticamente significativa (CANDIDO et al., 2017). Salienta-se, contudo que a prática regular de atividade física favorece o controle metabólico, diminuição do peso e, consequentemente, os níveis glicêmicos, o que contribui para redução dos fatores de  risco para coronariopatia, além de auxiliar na prevenção do DM2 em indivíduos de alto risco (SBD, 2019-2020). 

Os resultados obtidos no presente estudo sobre o risco de desenvolver DM2 em 10 anos  e dos potenciais fatores tais como idade, escolaridade, IMC, CA, hipertensão arterial, história  de hiperglicemia prévia e histórico familiar de DM impõem aos profissionais da ESF planejar  ações que fomentem mudança de hábitos de vida relacionados aos fatores de risco modificáveis,  visando prevenir ou postergar o DM2. 

A realização do estudo em apenas uma Unidade Básica de Saúde do município constitui  uma limitação, pois pode não representar o universo da APS do município investigado. 

Conclusão 

A maioria dos indivíduos foi classificada em risco que variou entre moderado, alto ou  muito alto para o desenvolvimento do DM2 em 10 anos. Os fatores de risco que apresentaram  associação com o risco de desenvolver DM2 foram ter mais idade, baixa escolaridade, CA aumentada, excesso de peso, hiperglicemia prévia e histórico familiar de DM.  

Espera-se que os resultados deste estudo subsidiem as ações de prevenção e controle do  DM2 a partir dos fatores de risco, assim como incentivem o desenvolvimento de ações de  rastreamento da doença entre indivíduos em seguimento na APS. Ademais, que forneça subsídios ao desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a adoção de estratégias para  prevenir ou postergar o DM2 em pacientes de maior risco, o que resultará em melhoria da  qualidade de vida para a população e redução dos gastos públicos com o tratamento da doença  e de suas complicações. 

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1Enfermeira. Mestre. Professora, Universidade Tiradentes. Brasil

2Enfermeira. Doutora. Professora, Universidade Federal de Sergipe. Brasil

3Doutor. Professor, Universidade Federal de Sergipe. Brasil

4Enfermeira Assistencial. Especialista

5Graduando em Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe. Brasil