REVISÃO INTEGRATIVA: SOFRIMENTO MENTAL E SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

INTEGRATIVE REVIEW: MENTAL DISTRESS AND BURNOUT SYNDROME IN NURSING PROFESSIONALS

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411301413


Giovana Oliveira Reis
Orientadora: Ma. Kennia Rodrigues Tassara
Orientadora: Professora: Dra. Lucíola Silva Sandim.


RESUMO

Atualmente identificada como um risco ocupacional, ou seja, uma doença profissional, a síndrome de burnout tem se desenvolvido e exposto em diversas áreas profissionais, com predomínio maior naquelas que atuam assistindo pessoas eque envolvem cuidados, como: a saúde, educação, segurança pública e outros. Seu acometimento provém de sobrecarga física ou mental e estresse excessivo, relacionados ao trabalho, compreendendo exaustão emocional, distanciamento das relações pessoais e diminuição do sentimento de realização pessoal. A finalidade desse artigo foi realizar uma revisão bibliográfica verificando a ocorrência nas diversas áreas profissionais da síndrome de burnout e seus efeitos.

De acordo com os resultados desse estudo, ficou comprovado que ainda há carência de pesquisas em algumas áreas profissionais. Isso comprova que é essencial e necessário obter um conhecimento mais sólido e aprofundado, sobre a manifestaçãoda burnout; a fim de ter uma melhor compreensão para elucidação deste mal. Assim entende-se ser necessário seu reconhecimento, para que surjam ações de políticas públicas direcionadas para a manutenção da saúde e bem-estar laboral.

Palavras-Chave:Estresse; Síndrome do Esgotamento; Esgotamento Profissional.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o esgotamento profissional surge como uma preocupação urgente, especialmente entre aqueles que trabalham em ambientes laborais desafiadores e exigentes. Esta condição, frequentemente chamada de burnout, caracteriza-se por um estado de exaustão física e emocional, frequentemente ligado à exaustão crônica, despersonalização no cumprimento das tarefas profissionais e uma sensação de redução da realização pessoal no trabalho (MARINHO et. al., 2024).

  1. Giovana Oliveira Reis, discente do curso superior de Enfermagem do Unicerrado
  2. Ma. Kennia Rodrigues Tassara, docente do curso superior de Enfermagem do Unicerrado.Dra.Luciola SilvaSandim,docentedocurso superiordeEnfermagemdo Unicerrado.

A Síndrome de Burnout (SB) foi identificada pela primeira vez pelo psiquiatra Herbert Freudenberger em 1974 e atualmente está listada na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) com o código QD85. Pode ser definida como uma resposta prolongada a estressores crônicos no trabalho, que se apresenta em três aspectos interconectados: esgotamento emocional, despersonalização e redução da realização pessoal (PERNICIOTTI et al., 2020).

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a 11ª Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), que está programada para entrar em vigor em 2022. Nesta revisão, a Síndrome de Burnout foi categorizada como um fenômeno ocupacional e definida como uma síndrome decorrente do estresse crônico no ambiente de trabalho, que não foi gerenciado de forma eficaz (QUEIROZ, 2023).

Assim, o esgotamento emocional, nesses casos, pode ser caracterizado por sensações de estar sobrecarregado e sem recursos físicos e emocionais, resultando em falta de energia para enfrentar as demandas do trabalho. Tal aspecto é considerado a principal e mais evidente manifestação da síndrome no campo da saúde, ligada a sentimentos de frustração porque os profissionais percebem que não têm mais energia para atender os pacientes como antes (PERNICIOTTI et al., 2020).

Trata-se de uma realidade cada vez mais comum entre os trabalhadores, especialmente entre aqueles da Atenção Primária à Saúde (APS), o que representa um desafio considerável para a atenção da saúde desses profissionais. A Atenção Primária à Saúde é, como se sabe, fundamental no sistema de saúde, atuando como a porta de entrada para os serviços médicos e desempenhando funções de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas condições de saúde (MARINHO et. al., 2024).

Nesse sentido, há de se enfatizar que as demandas nesse ambiente são complexas e variadas. Assim, os profissionais como médicos, agentes comunitários, enfermeiros e outros integrantes das equipes frequentemente lidam com uma carga de trabalho intensa, interagem com um elevado número de pacientes e precisam balancear múltiplas responsabilidades. O esgotamento profissional na APS surge ocorre, em geral, quando esses trabalhadores sofrem de exaustão emocional, o que ocasiona na entrega de um

atendimento pouco adequado aos pacientes e uma sensação de desrealização pessoal no trabalho (SILVA et al., 2020).

Nas últimas décadas, as modalidades e dinâmicas de trabalho sofreram mudanças que impactaram diretamente a saúde dos profissionais. Aumentou-se demasiadamente a competitividade entre empresas, o que passou a demandar mais dos funcionários e resultou em pressões persistentes e um ritmo de trabalho mais intenso.

Ainda, há de se mencionar que profissionais de enfermagem podem ter jornadas de 8 ou 12 horas. Entretanto, em alguns locais de trabalho, essa jornada pode chegar a 18 ou até 24 horas. Já a equipe médica pode ter plantões de 6 a 12 horas. Até mesmo nos casos em que um profissional trabalha com plantões e tem uma folga prolongada, como é o caso da escala 12×36 (12 horas seguidas de trabalho e 36 horas de folga), se a carga horária perdurar por muito tempo tal folga pode não reparar o estresse crônico acumulado (PERNICIOTTI, 2020).

A Síndrome de Burnout se caracteriza por sintomas psicológicos e físicos como, quadros de aflição, nos quais o portador perde a vontade de sair da cama, alterações de sono e apetite, bem como, dores no estômago, cefaleia, fadiga excessiva, alterações no ritmo intestinal, dificuldade de concentração, alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca (CARNEIRO; OLIVEIRA, 2022).

O impacto da síndrome de burnout, pode ocasionar mudanças de comportamento, afetando de forma negativa os serviços prestados e acarretando prejuízos significativos à vida do indivíduo. Além disso, há falhas no consenso acerca dos parâmetros e estudos, afetando assim, a identificação da doença e ocasionado um diagnóstico tardio (PERNICIOTTI et.al., 2020).

No Brasil ainda não existem muitos estudos publicados sobre esse assunto, o que destaca a relevância desta pesquisa, considerando a influência do adoecimento dos profissionais de saúde na qualidade de vida dos pacientes, ocasionando impactos sociais, pessoais e institucionais. Diante do exposto, a questão norteadora que motivou a confecção desta revisão integrativa da literatura foi: O sofrimento mental relacionado à síndrome de burnout em profissionais de enfermagem, pode ocasionar dano nos cuidados realizados ao paciente ? Visto que a saúde do trabalhador de enfermagem que apresenta exaustão emocional pode obter uma queda na qualidade do trabalho.

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura sobre os impactos da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem. Durante o segundo semestre de 2024 serão realizadas pesquisas nas bases de dados: Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Google Scholar e serão priorizados apenas os estudos publicados nos últimos 5 anos (2019-2024) em língua portuguesa e inglesa.

O levantamento será realizado a partir de agosto de 2024. Além disso, os seguintes descritores de busca serão aplicados:esgotamentoprofissionaland pessoalde enfermagem and saúde do trabalhador and saúde mental. O método de busca booleana será aplicado visando possibilitar um acesso mais preciso aos materiais a serem escolhidos, utilizando o operador AND.

Após o levantamento serão lidos os resumos dos principais artigos apontados pela pesquisa e serão descartados aqueles que não apresentarem informações sobre os impactos da síndrome de burnout diretamente no resumo. Durante a leitura dinâmica dos artigos, serão descartados aqueles que não apresentarem dados pertinentes para a pesquisa, o que levará à quantidade de artigos finais para a confecção da respectiva revisão integrativa.

Os artigos que contemplarem temas relevantes para este trabalho serão incluídos e abordados não só na metodologia, como também discutidos nos resultados em detrimento da relevância para o tema.

RESULTADOS

Os resultados esperados desta pesquisa incluem a obtenção de dados detalhados sobre a prevalência e os fatores associados à Síndrome de Burnout entre profissionais de enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Espera-se identificar os principais estressores e as condições de trabalho que contribuem para o desenvolvimento da SB, bem como avaliar a eficácia das estratégias atuais de enfrentamento e suporte oferecidas a esses profissionais.

Os dados que serão levantados permitirão formular recomendações práticas para melhorar as condições de trabalho e a saúde mental dos enfermeiros, contribuindo para a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável. Além disso, espera-se que a pesquisa forneça uma base sólida para futuras políticas públicas voltadas à proteção da saúde mental dos profissionais de enfermagem.

A síndrome de burnout é geralmente causada por uma combinação de fatores pessoais e ambientais. Aqui estão os principais fatores contribuintes:

  1. Excesso de carga de trabalho
    • Volume e intensidade: Trabalhar muitas horas ou lidar com uma carga de trabalho constante e pesada.
    • Pressãoporresultados: Exigências contínuas por alta performance ou resultados rápidos.
  2. Falta de controle
    • Autonomia limitada: Sensação de que não se tem controle sobre o trabalho ou sobre como realizá-lo.
    • Recursosinadequados: Falta de suporte, ferramentas ou tempo para concluir as tarefas de maneira eficiente.
  3. Ambiente de trabalho tóxico
    • Clima de hostilidade: Ambientes com conflitos constantes, falta de respeito, ou liderança autoritária.
    • Faltadereconhecimento: Esforços não são valorizados, gerando sensação de que o trabalho não tem propósito.
  4. Desiquilíbrio entre vida pessoal e trabalho
    • Faltadedescanso: Dificuldade em separar a vida profissional da pessoal, o que impede a recuperação adequada do estresse.
    • Horasextrasconstantes: Trabalhar continuamente além do horário, sem tempo para lazer ou relaxamento.
  5. Alta responsabilidade e pouca recompensa
    • Demandasemocionais: Cargos que exigem envolvimento emocional intenso, como profissões de cuidado (saúde, educação) ou serviço ao cliente.
    • Recompensasinsuficientes: Salário, benefícios ou oportunidades de crescimento não estão à altura das responsabilidades.
  6. Expectativas pessoais elevadas
    • Perfeccionismo: Pessoas que impõem altos padrões a si mesmas, levando a frustração constante por não atingir essas metas.
    • Dificuldadeemdelegar: Sentir-se responsável por tudo e sobrecarregar-se com atividades que poderiam ser divididas.
  7. Falta de suporte social
    • Isolamento: Ausência de uma rede de apoio no trabalho, como colegas ou superiores dispostos a ajudar.
    • Faltadecomunicação: Pouco espaço para diálogos abertos sobre dificuldades e desafios no trabalho.

Esses fatores, especialmente combinados, podem aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de burnout.

Os sintomas da síndrome de burnout, também conhecida como esgotamento profissional, podem variar, mas geralmente incluem os seguintes aspectos:

  1. Cansaçofísicoeemocionalextremo: Sensação de exaustão constante, mesmo após descansar.
  2. Diminuiçãododesempenho: Queda na produtividade e dificuldade de concentração ou de tomar decisões.
  3. Alterações de humor: Irritabilidade, impaciência, ansiedade, ou sentimentos de frustração e desânimo.
  4. Isolamentosocial: Evitar o contato social, tanto no trabalho quanto fora dele, e sentir-se desconectado dos outros.
  5. Problemasdesaúde: Distúrbios do sono, dores de cabeça, problemas

gastrointestinais e baixa imunidade, aumentando a propensão a doenças.

  1. Sensaçãodeincompetência: Falta de confiança nas próprias habilidades e sentir-se incapaz de cumprir tarefas ou responsabilidades.
  2. Despersonalização: Sentir-se distante emocionalmente do trabalho e das pessoas, como se estivesse “no automático”.
  3. Perdademotivação: Perda de entusiasmo pelo trabalho e uma falta de interesse nas tarefas diárias.

Esses sintomas podem evoluir lentamente, agravando-se com o tempo se a pessoa não buscar ajuda e estratégias de enfrentamento.

O provável impacto do projeto inclui a sensibilização dos gestores de saúde e formuladores de políticas sobre a importância de abordar a SB, a implementação de programas de suporte mais efetivos, e a melhora na qualidade dos cuidados prestados aos pacientes, decorrente de um ambiente de trabalho mais equilibrado e saudável. Por fim, os resultados poderão contribuir para a literatura acadêmica, ampliando o conhecimento teórico sobre a relação entre estresse ocupacional e saúde mental no âmbito da enfermagem.

Quadro –Artigos utilizados nesta revisão, que abordam sobre a percepção da Síndrome de Burnout, em profissionais de Enfermagem.
ArtigoTipodeEstudoMetodologiaResultados
Autores:Mariana, Mayara e Margareth

Ano:2019.

Pesquisa de campo
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido no período de setembro 2019, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA).Aponta-se para a necessidade de estudos e avaliações no âmbito da saúde mental dos profissionais de enfermagem que atuam nas urgências e emergências.
Autores: Carneiro, Clayver e Eliel.



Ano:2022..

Pesquisa de campo
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o esgotamento profissional de trabalhadores da saúde, e em casos mais graves, que poderão gerar o Burnout.São necessárias mais pesquisas no cenário nacional sobre a Síndrome de Burnout, nos trabalhadores da área da saúde;
Autores:Elizabeth, Maria Giovana e Jeferson.



Ano:2020.

Pesquisa de campo
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o esgotamento profissional de trabalhadores da saúde, e em casos mais graves, que poderão gerar o Burnout.Em relação aos gestores e empregadores, é urgente a atenção mais qualificada na direção de formulação e execução de políticas públicas. Neste sentido, como estratégia de cuidado em saúde mental dos trabalhadores, sugere-se mapeamento do perfil epidemiológico dos profissionais em sofrimento psíquico e com diagnósticos de transtornos mentais
Autores: Ana Carla, Graziela, Laís, Larissa, Shaila e Marianne.



Ano:2022

Pesquisa qualitativa
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo revisão integrativa, de cunho exploratório descritivo.Foi possível observar que a dinâmica de trabalho, gera uma tensão ocupacional, havendo a necessidade do monitoramento da saúde física e mental dos trabalhadores, com frequência.


Autores:Jakson, Erismar, Ilana, Jéssica, Natanael, Manoel, Daiane, Ana Paula, Jessica, Maria Augusta.

Ano:2024



Pesquisa de campo

Trata-se de uma revisão sistemática de literatura, a qual foi realizada com o propósito de compilar, analisar e sintetizar criticamente as evidências disponíveis sobre o esgotamento profissional (burnout) entre profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS).

As conclusões fornecem uma visão abrangente dos fatores que contribuem para o esgotamento profissional em profissionais de saúde da APS, bem como das estratégias eficazes de enfrentamento. Destaca-se a necessidade de intervenções específicas, tanto a nível individual quanto organizacional, para promover o bem-estar desses profissionais e fortalecer a qualidade dos serviços prestados na Atenção Primária à Saúde.
Autores:Queiroz e Sthefany

Ano:2023

Pesquisa de campo
O presente estudo caracteriza- se como uma revisão de escopo (Scoping Review). Esta revisão segue as instruções do método de Joanna Briggs institute. O estudo foi delineado como uma revisão de escopo, por ter como intuito mapear a literatura sobre um respectivo tema, tendo como objetivo se aprofundar e ofertar uma visão mais descritiva do assunto, além de examinar a extensão, o alcance e a natureza da investigação, a fim de de identificar todas as lacunas de pesquisas existentes (O estudo foi delineado como uma revisão de escopo, por ter como intuito mapear a literatura sobre um respectivo tema, tendo como objetivo se aprofundar e ofertar uma visão mais descritiva do assunto, além de examinar a extensão, o alcance e a
É importante monitorar a saúde desses profissionais, visto que muitas vezes o sofrimento e o desgaste mental sofrem uma banalização, e muitas pessoas não dão a importância devida aos seus problemas de saúde, podendo em um futuro próximo ter a qualidade de sua assistência prestada aos pacientes comprometida e, desse modo, evoluir para um quadro mais complicado de seu estado emocional e de saúde. Além disso, constata -se a necessidade de estudos mais amplos que incluam análises criteriosas da relação entre a saúde mental e o trabalho dos enfermeiros.


natureza da investigação, a fim de de identificar todas as lacunas de pesquisas existentes.
DISCUSSÃO

No Brasil, o Decreto3.048,de6demaiode1999, aprovou o Regulamento da Previdência Social, que, em seu Anexo II, trata dos agentes patogênicos responsáveis por causar doenças profissionais. O item XII da tabela de TranstornosMentaisedoComportamentoRelacionadosaoTrabalho(Grupo V da Classificação Internacional de Doenças – CID-10) menciona a “Sensação de Estar Acabado” (também denominada como “Síndrome de Burnout” ou “Síndrome do Esgotamento Profissional”) como sinônimos para o Burnout, que, na CID-10, é classificado sob o código Z73.01.

A Síndrome de Bornout é um processo que se desenvolve no convívio de características do ambiente de trabalho e características pessoais. É um óbice que atinge profissionais em serviço, especialmente aqueles voltados para atividades de cuidado com outras pessoas, onde o serviço ou cuidado, regularmente decorre em situações de mudanças emocionais. Ajudar outras pessoas sempre foi reconhecido como objetivo eminente, mas apenas atualmente, tem-se dado atenção para a importância emocional da realização do objetivo. A atuação das profissões que envolvem o cuidado, resulta em uma relação permeada de ambiguidades, como viver com a tênue divisão entre envolver-se profissional e não pessoalmente.

A Síndrome de Bornout, em um cenário psicossocial, é definido como uma síndrome cujos sintomas são sentimentos de despersonalização, esgotamento emocional, e baixa realização pessoal no trabalho.

As principais características são:

  1. Despersonalização: Essa é uma dimensão típica da Síndrome de Burnout e a característica que a diferencia do estresse comum. Inicialmente, a despersonalização surge como uma estratégia de defesa do profissional diante da carga emocional intensa, especialmente em situações de contato direto com outras pessoas. Dessa forma, desenvolvem-se atitudes insensíveis em relação aos outros nas atividades profissionais. O indivíduo cria uma barreira emocional para evitar que os problemas e sofrimentos alheios influenciem sua vida pessoal. O profissional afetado pela Burnout pode agir de maneira cínica, rígida ou até mesmo ignorar os sentimentos de quem está à sua volta.
  2. Exaustãoemocional: Essa característica ocorre quando o profissional percebe que já não possui mais recursos emocionais e energéticos para lidar

com as demandas exigidas pelo trabalho. A exaustão emocional é frequentemente desencadeada por fatores como sobrecarga de tarefas e conflitos pessoais nas relações profissionais, entre outros. Esse esgotamento impacta diretamente a capacidade de executar atividades de forma saudável.

  1. Baixa realização profissional: Esse sintoma se manifesta por meio de uma sensação crescente de insatisfação, tanto consigo mesmo quanto com o desempenho no trabalho. A pessoa começa a se sentir incompetente e a desenvolver baixa autoestima, o que prejudica ainda mais sua motivação e produtividade.

Esse confronto pode ser entendido como o conjunto de esforços e dedicação que uma pessoa emprega para lidar com demandas externas ou internas, percebidas como excessivas ou além de suas capacidades. Dessa forma, a Síndrome de Burnout é considerada uma etapa intermediária na relação entre o estresse e suas consequências. Se mantida por um longo período, o estresse laboral pode gerar efeitos prejudiciais tanto para o indivíduo, resultando em doenças e problemas de saúde, como alterações psicossomáticas (como distúrbios cardiorrespiratórios, gastrite, úlceras, insônia e náuseas), quanto para a organização onde atua, com a queda no rendimento ou na qualidade do trabalho.

A Síndrome de Burnout tem sido reconhecida como uma questão relevante de saúde pública, sendo um dos principais agravos ocupacionais de caráter psicossocial na sociedade contemporânea.

A prevalência da síndrome de burnout tem sido motivo de crescente preocupação em diversos países, especialmente nas últimas décadas. Isso se deve a mudanças nos ambientes de trabalho, como o aumento das pressões por produtividade, a cultura da conectividade constante e o equilíbrio cada vez mais difícil entre vida pessoal e profissional.

Alguns pontos que destacam essa prevalência alarmante:
  1. Aumentodecasosreportados: Estudos e pesquisas apontam que uma porcentagem significativa de trabalhadores relata sentir sintomas relacionados ao

burnout. Em algumas profissões de alta demanda, como saúde, educação e direito, essa taxa é ainda mais elevada.

  1. ImpactodapandemiadeCOVID-19: A pandemia aumentou a carga de trabalho e a pressão emocional, especialmente entre trabalhadores da linha de frente, como profissionais de saúde. Muitos sofreram com exaustão extrema e burnout devido à sobrecarga contínua.
  2. Crescimentodotrabalhoremoto: Embora o trabalho remoto ofereça flexibilidade, ele também trouxe novos desafios, como a dificuldade de desligar- se do trabalho e a pressão de estar disponível o tempo todo, contribuindo para o esgotamento.
  3. Consequências para a saúde mental: O burnout está frequentemente ligado ao aumento de casos de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental. A incapacidade de lidar com o estresse contínuo pode levar a licenças médicas e afastamentos, gerando custos para as empresas e sistemas de saúde.
  4. Profissões de maior risco: Profissões como a de professor, advogado, policial, enfermeiro e médicos têm taxas elevadas de burnout. A alta responsabilidade, o contato frequente com situações de estresse e a falta de apoio são fatores que aumentam o risco.
Dados alarmantes:
  1. OMS: A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o burnout como um fenômeno ocupacional em 2019, reconhecendo sua seriedade e impacto global.
  2. Pesquisas: Estudos indicam que em alguns países, como os Estados Unidos, mais de 50% dos profissionais de saúde relatam sintomas de burnout. No Brasil, pesquisas em diversas áreas mostram taxas elevadas, especialmente em áreas como educação e saúde pública.

A crescente prevalência é um sinal de que mudanças profundas são necessárias em termos de políticas de trabalho, promoção de bem-estar, e conscientização sobre saúde mental.

CONCLUSÃO

A síndrome de burnout representa um grave desafio para os profissionais de enfermagem, uma categoria essencial no sistema de saúde. A elevada carga emocional, o contato constante com o sofrimento humano, jornadas exaustivas e a falta de recursos adequados contribuem para o esgotamento físico e mental desses profissionais. Este estudo demonstrou que a prevalência de burnout na enfermagem é alarmante, sendo uma das profissões mais afetadas por esse fenômeno.

Os efeitos do burnout são profundos, tanto para o indivíduo quanto para o ambiente de trabalho e para a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. O desgaste psicológico pode resultar em maior absenteísmo, rotatividade, e uma redução significativa na qualidade da assistência, impactando diretamente o bem-estar dos pacientes.

É fundamental que sejam adotadas medidas preventivas e intervenções eficazes, como:

  1. Melhorianascondiçõesdetrabalho, com redução da carga horária e maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
  2. Suportepsicológicocontínuo, oferecendo canais de escuta e orientação para lidar com o estresse emocional;
  3. Treinamentoecapacitaçãopara que os profissionais de enfermagem desenvolvam estratégias de enfrentamento ao estresse e ao esgotamento;
  4. Políticasinstitucionaisdevalorizaçãoda profissão, que promovam o reconhecimento e a saúde mental dos enfermeiros.

A prevenção e o tratamento da síndrome de burnout são essenciais para garantir não apenas a saúde dos profissionais de enfermagem, mas também a manutenção de um sistema de saúde mais eficiente e humanizado.

REFERÊNCIAS

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olhar para o esgotamento profissional de trabalhadores da saúde. 2023.

DICO, Ana Carla Pereira et al. Índice de Burnout em profissionais da enfermagem no Brasil. Revista Presença, v. 8, n. 18, p. 21-35, 2022.

ESPERIDIÃO, Elizabeth; SAIDEL, Maria Giovana Borges; RODRIGUES, Jeferson. Saúde mental: foco nos profissionais de saúde. Revista Brasileira de

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MARINHO, J. S.; PURÊZA, E. M.; SANTO, I. M. B. do E.; CARVALHO, J. L. da S.; DA

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Acesso

em: maio de 2024.

PERNICIOTTI, Patrícia et al. Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde: atualização sobre definições, fatores de risco e estratégias de prevenção. Rev. SBPH, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 35-52, jun. 2020. Disponível em:

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 08582020000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em maio de 2024.

QUEIROZ, Sthefany Mariane Avelino de. O impacto do trabalho na saúde mental dos profissionais da área da enfermagem: uma revisão de escopo. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

SILVA, J. F. et al. Síndrome de Burnout em profissionais de Enfermagem no

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discente em Enfermagem, pela Unicerrado.