REVISÃO INTEGRATIVA: FATORES ASSOCIADOS À ALERGIA MEDICAMENTOSA  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11662523


Weslley Samuel Camelo Costa1
Orientador: Prof. Dr. Matheus Silva Alves2


Resumo 

Introdução: As doenças alérgicas, incluindo as alergias medicamentosas, são um problema crescente globalmente, afetando especialmente crianças. Elas resultam de reações de hipersensibilidade do sistema imunológico a alérgenos. Existem quatro tipos principais de hipersensibilidade: Tipo I (imediata), Tipo II (citotóxica), Tipo III (mediada por complexo imune) e Tipo IV (tardia). As alergias medicamentosas são causadas por uma reação exagerada do sistema imunológico a certos medicamentos, sendo mais comuns com antibióticos e anticonvulsivantes. Estas reações podem variar de leves a graves, incluindo anafilaxia, e são difíceis de diagnosticar devido à semelhança com outras reações adversas e à falta de testes específicos. A educação dos pacientes sobre a prevenção e gestão das alergias medicamentosas é essencial para reduzir riscos e melhorar a segurança do tratamento. Objetivo: Apresentar evidências e identificar lacunas no conhecimento para reconhecimento da alergia medicamentosa. Metodologia: Essa pesquisa consolida e sintetiza pesquisas sobre alergias medicamentosas, identificando lacunas no conhecimento e formulando recomendações práticas para a farmacologia. Serão excluídos trabalhos duplicados, com conflitos de interesse não declarados, incompletos ou sem controle de viés, para garantir uma revisão confiável e clara. A alergia a medicamentos é um desafio multifacetado que demanda uma abordagem colaborativa. Ao integrar informações genéticas, ambientais e clínicas, podemos melhorar o cuidado aos pacientes e reduzir reações adversas severas. Na pesquisa sobre alergia medicamentosa, encontramos informações incompletas devido a restrições de direitos autorais. Analisamos cuidadosamente a qualidade dos estudos. Dos 15 artigos encontrados, apenas 8 foram utilizados, os outros 7 foram considerados insuficientes. Em resumo, a alergia medicamentosa é complexa e requer uma abordagem interdisciplinar para prevenção, diagnóstico e tratamento. Integrar dados genéticos, ambientais e clínicos pode melhorar a gestão dos pacientes e reduzir reações adversas graves.

Palavras-chave: alergia, efeitos adversos, sistema imunológico, prescrições, medicação, Alérgenos, Hipersensibilidade.

ABSTRACT: Allergic diseases, including drug allergies, are a growing problem globally, especially affecting children. They result from hypersensitivity reactions of the immune system to allergens. There are four main types of hypersensitivity: Type I (immediate), Type II (cytotoxic), Type III (immune complex-mediated) and Type IV (delayed). Drug allergies are caused by an overreaction of the immune system to certain medications, and are more common with antibiotics and anticonvulsants. These reactions can range from mild to severe, including anaphylaxis, and are difficult to diagnose due to their similarity to other adverse reactions and the lack of specific tests. Patient education about the prevention and management of drug allergies is essential to reduce risks and improve treatment safety. The aim is to synthesize evidence, identify gaps in knowledge and offer insights for future research and clinical practice. This integrative review consolidates and synthesizes research on drug allergies, identifying gaps in knowledge and formulating practical recommendations for pharmacology. Duplicate works, with undeclared conflicts of interest, incomplete or without bias control will be excluded, to ensure a reliable and clear review. Drug allergy is a multifaceted challenge that demands a collaborative approach. By integrating genetic, environmental and clinical information, we can improve patient care and reduce severe adverse reactions. In drug allergy research, we found incomplete information due to copyright restrictions. We carefully analyze the quality of the studies. Of the 15 articles found, only 8 were used, the other 7 were considered insufficient. In summary, drug allergy is complex and requires an interdisciplinary approach to prevention, diagnosis and treatment. Integrating genetic, environmental and clinical data can improve patient management and reduce serious adverse reactions.

Keywords: allergy, adverse effects, immune system, prescriptions, medication, allergens, hypersensitivity.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente as doenças alérgicas são consideradas um problema cada vez mais prevalente a nível global, aparecendo com frequência nos primeiros anos de vida. Embora exista uma grande heterogeneidade associada ao seu conceito e à semiologia em si, a patologia alérgica pode ser definida como uma reação de hipersensibilidade motivada por um mecanismo imunológico. Podemos afirmar que este mecanismo condiciona o tipo de reação que se estabelece entre o sistema imune do indivíduo e o alérgeno e, desta forma, condicionará também as características das manifestações clínicas que se estabelecem. (SANTOS,Ângela Sofia Ramos Cardoso da Costa,2017).

Existem quatro tipos principais de hipersensibilidade:

✔ Tipo I (Imediata): Envolvendo IgE e liberando histamina rapidamente. Exemplos incluem alergias alimentares, rinite alérgica, asma alérgica e anafilaxia;

✔ Tipo II (Citotóxica): Envolvendo IgG ou IgM e destruição celular. Exemplos incluem reações de transfusão sanguínea e doença hemolítica do recém-nascido;

✔ Tipo III (Mediada por Complexo Imune): Complexos antígeno-anticorpo causam inflamação. Exemplos incluem lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide;

✔ Tipo IV (Tardia): Envolvendo linfócitos T e inflamação retardada. Exemplos incluem dermatite de contato e tuberculose (Abbas, A. K,2018). 

Os sintomas podem surgir poucos minutos depois da administração da medicação, seja por via intravenosa, oral ou uso tópico. Geralmente, os pacientes apresentam coceira, angioedema (inchaço) no rosto e garganta, olhos vermelhos, tortura e podem ter desmaios. Em casos mais graves, a alergia pode evoluir colocando o paciente em risco de perder a vida.

Diante dos sintomas de alergia, é importante buscar ajuda médica rapidamente para que as condutas adequadas sejam tomadas para restabelecer a saúde do paciente, evitando quadros mais graves com risco de morte. (BRIANNA NICOLETTI, 2023). 

Esse termo alergia medicamentoso, é utilizado quando o corpo reage a um certo tipo de medicamento que pode ser prejudicial ao corpo, pois afeta o sistema imunológico. A alergia basicamente é uma resposta do sistema de certas substâncias que entram no nosso corpo. O próprio corpo ataca a si mesmo, causando diversas consequências, que podem ser mais ou menos graves, isso vai depender de pessoa para pessoa. A alergia pode acontecer de várias formas na pele, por exemplo, causando bolhas, erupções e coceira. (FERNANDEZ, Tahia D. et al., 2014.).

A reação alérgica (RA) aos medicamentos é causada devido a uma atividade exagerada do sistema imunológico contra determinado remédio, que é reconhecido como um invasor pelo organismo. Alguns medicamentos que mais causam alergia, por exemplo, são alguns antibióticos como penicilina, ampicilina e tetraciclina e uns Anticonvulsivantes como Carbamazepina, Lamotrigina ou Fenitoína. Entretanto, qualquer remédio pode causar alergia quando é usado na veia durante muito tempo, em alguns a alergia é causada por alguns componentes na embalagem que podem incluir corantes, proteína de ovo ou látex. (Manuel Reis,2022)

As reações dependentes de anticorpos IgE específicos são em geral de instalação rápida e podem ser tão intensas a ponto de colocar em risco a vida do paciente, como ocorre no choque anafilático. As RAs podem ser classificadas em: a) imediatas – ocorrem nos primeiros 30 minutos a 2 horas após a administração do fármaco; b) aceleradas – ocorrem entre 2 e 48 horas (urticária, broncoespasmo, febre, nefropatia), c) reações tardias – após 48 horas da ingestão do fármaco (erupções cutâneas, febre, doença do soro, anemia hemolítica, trombocitopenia, nefropatia). (Phil Schatz,2020).

Dentre as reações graves, o choque anafilático chama a atenção por seu potencial letal. Outras reações severas incluem a necrose epidérmica tóxica (em torno de 30%), a síndrome de Stevens-Johnson (5%), a síndrome de hipersensibilidade (10%) e manifestações em outros órgãos, incluindo fígado, rim, pulmão e células da circulação sanguínea. (Aparecida Tiemi,2003).

A resposta imunológica protege o corpo contra patógenos e substâncias estranhas, sendo composta pela imunidade inata (rápida e não específica) e a adaptativa (específica e com memória). A IgE é um anticorpo que, ao se ligar aos mastócitos, desempenha um papel crucial nas reações alérgicas. Os mastócitos, por sua vez, liberam mediadores inflamatórios ao serem ativados pela IgE ligada a alérgenos, resultando nos sintomas alérgicos. 

Este estudo visa elucidar, com rigor metodológico, os fatores etiológicos intrínsecos ao desenvolvimento de reações alérgicas medicamentosas. Através da análise sistemática das variáveis bioquímicas e farmacodinâmicas, propõe-se a mapear os mecanismos subjacentes que precipitam a hipersensibilidade a agentes farmacológicos, contribuindo assim para a expansão do corpus de conhecimento na área de alergologia farmacêutica e para a elaboração de protocolos de prevenção mais robustos.

2. METODOLOGIA

2.1 Casuística

Este inquérito científico é fundamentado na metodologia de revisão integrativa, que consiste em uma abordagem sistemática para a consolidação e síntese de pesquisas existentes, permitindo a identificação de lacunas no conhecimento e a formulação de recomendações práticas para a área da farmacologia sobre alergia medicamentosa.

2.2 Coleta de Dados

Para a revisão integrativa, será realizada uma busca exaustiva nas bases de dados LILACS, SCIELO e Google Acadêmico. O intervalo temporal para a seleção de publicações é de 2003 a 2023, e serão considerados artigos nos idiomas português e inglês. As palavras-chave utilizadas serão: “Alergia”, “medicamentos” e “hipersensibilidade”. Os critérios de inclusão abrangem artigos que discutem a temática central da revisão e que se enquadram no período temporal selecionado. Os critérios de exclusão aplicam-se a estudos incompletos ou duplicados.

2.3 Análise de Dados

A análise dos dados será realizada mediante uma avaliação criteriosa da qualidade metodológica dos estudos selecionados, utilizando-se de técnicas estatísticas e qualitativas conforme aplicável. Serão incluídos na análise apenas documentos que ofereçam contribuições relevantes para o entendimento da alergia medicamentosa. 

3. RESULTADOS

Através das pesquisas existentes, foram destacadas áreas onde há informações ou entendimento sobre alergia medicamentosa. Foram encontrados materiais bem abrangentes, mas também muito incompletos e sem a possibilidade de uso, pois muitos desses materiais são pertencentes a sites com direitos reservados e houve uma exclusão de materiais incompletos.  e houve uma análise bem cuidadosa da qualidade metodológica dos estudos selecionados. Para essa pesquisa foram encontrados cerca de 15 artigos onde só 12 foram usados e outros 3 foram considerados bem insuficientes e incompletos. Por isso eles não se encontram nessa revisão

4. REVISÃO INTEGRATIVA 

Um artigo de revisão publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology em 2019 categoriza as alergias em respiratórias, alimentares, cutâneas e a medicamentos. Destaca-se a necessidade de reconhecimento precoce e manejo apropriado para prevenir complicações.

A alergia a medicamentos é uma reação adversa do organismo após o contato com determinadas substâncias encontradas nos remédios. Ou seja, o sistema imunológico reage à medicação e produz anticorpos para eliminar a substância do corpo. Essa ação é chamada de Reação de Hipersensibilidade a Medicamentos (RHM) imunológica (alérgica).  (BRIANNA NICOLETTI,2023).

Um artigo da revista “Journal of Asthma and Allergy” de 2018 discute o mecanismo de ação e as manifestações clínicas das alergias medicamentosas. Essas reações resultam de uma resposta imunológica adversa desencadeada pela exposição a um medicamento específico. Isso pode levar a uma ampla gama de sintomas, desde erupções cutâneas e prurido até sintomas respiratórios, gastrointestinais e, em casos graves, anafilaxia. A diversidade de apresentações clínicas destaca a complexidade das alergias medicamentosas e a importância do diagnóstico precoce e do manejo adequado dessas reações. 

A alergia medicamentosa emerge como um problema significativo, com uma incidência global de até 10%. Esta condição pode acarretar riscos graves à saúde, inclusive a possibilidade de morte, especialmente em casos de anafilaxia.

O papel do farmacêutico é crucial na prevenção e manejo das alergias medicamentosas. Eles desempenham um papel fundamental na educação dos pacientes sobre os riscos associados aos medicamentos, na identificação precoce de alergias conhecidas ou potenciais, e no aconselhamento sobre alternativas seguras de medicamentos. Sua contribuição é vital para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.

Mas será que toda reação é uma alergia?

Não, nem toda reação a um medicamento é necessariamente uma alergia. Uma reação adversa a medicamentos pode ocorrer por várias razões, incluindo efeitos colaterais farmacológicos, intoxicação, interações medicamentosas, entre outros, que não envolvem necessariamente uma resposta imunológica alérgica. (John M. Kelso, 2010).

Os sintomas podem surgir poucos minutos depois da administração da medicação, seja por via intravenosa, oral ou uso tópico. Geralmente, os pacientes apresentam coceira, angioedema (inchaço) no rosto e garganta, olhos vermelhos, tortura e podem ter desmaios. Em casos mais graves, a alergia pode evoluir colocando o paciente em risco de perder a vida.

Diante dos sintomas de alergia, é importante buscar ajuda médica rapidamente para que as condutas adequadas sejam tomadas para restabelecer a saúde do paciente, evitando quadros mais graves com risco de morte. (BRIANNA NICOLETTI,2023).

Abordaremos uma variedade de fatores. Através dessa análise crítica de estudos publicados, pretende-se destacar como esses elementos podem influenciar a resposta imunológica a medicamentos e, consequentemente, afetar a saúde dos indivíduos.

Alguns fatores estão associados com o aumento do risco do desenvolvimento de uma alergia ao medicamento. Esses fatores de risco incluem idade, gênero, polimorfismos genéticos, certas infecções virais e fatores relacionados à droga. (Warrington R, Silviu-Dan F, 2011). 

Muitos estudos indicam que um dos fatores que podem influenciar a ocorrência ou até a gravidade desse tipo de alergia. Como por exemplo a mudança climática e até a poluição do ar e até mesmo tabagismo passivo podem alterar a resposta imunológica a medicamentos.

Os fatores ambientais desempenham um papel importante na predisposição e manifestação de alergias medicamentosas. A exposição a certos agentes ambientais pode influenciar a resposta imunológica do organismo, aumentando a probabilidade de desenvolver reações adversas a medicamentos. (Chang et al, 2017).

Além disso, um estudo longitudinal realizado por Smith et al. (2019) e publicado na revista “Environmental Health Perspectives” investigou a relação entre a exposição a produtos químicos ambientais, como ftalatos e bisfenol A (BPA), e o risco de alergias medicamentosas em uma coorte de crianças. Os resultados indicaram uma associação entre níveis mais altos de exposição a esses produtos químicos e uma maior incidência de reações alérgicas a medicamentos ao longo do tempo. 

Isso também vale para produtos químicos e pesticidas presentes nos alimentos que consumimos diariamente, pois muitos deles podem alterar a resposta imunológica do nosso corpo segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).  

A resposta imunológica a alergias medicamentosas é influenciada por diversos fatores individuais, incluindo genética (como o alelo HLA-B*57:01), idade, sexo, histórico de atopia (asma ou eczema), doenças preexistentes (como HIV), uso concomitante de outros medicamentos. (Pichler W.J,2018).

Essa revisão enfrenta limitações pois, muitos estudos utilizam definições diferentes para alergia medicamentosa, o que pode dificultar a comparação direta dos resultados. 

Nessa revisão serão excluídos trabalhos duplicados, com conflitos de interesses não declarados, incompletos, insuficiente e com ausência de controle de viés. Esses critérios vão ajudar a assegurar que a revisão integrativa vá se basear em estudo de confiança proporcionando assim uma visão clara e confiável.  

 5. CONCLUSÃO                                    

Concluindo, a alergia medicamentosa é um problema muito multifatorial que precisa de uma abordagem interdisciplinar para prevenção, diagnóstico e tratamento. A integração de dados genéticos, ambientais e clínicos pode melhorar significativamente a gestão dos pacientes e reduzir a incidência de reações adversas graves.

REFERÊNCIAS 

Abbas, A. K. Robbins & Cotran Patologia Básica: Bases Patológicas das Doenças. Elsevier, 2018.

Chang, Y. S., Trivedi, M. K., Jha, A., & Lin, Y. F. Allergens in atopic dermatitis. In The Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology (Vol. 10, Issue 3, p. 21). SanovaWorks, 2017.

FERNANDEZ, Tahia D. et al. Allergic reactions to antibiotics in children. Current opinion in allergy and clinical immunology, v. 14, n. 4, p. 278-285, 2014.

KELSO, John M. Título do Livro ou Artigo. Local de publicação: Editora, 2010.

Niccoletti, B. Alergia a Medicamentos: Tudo o que você precisa saber sobre essa perigosa condição, 2023.

Pichler, W. J. Adverse side-effects to biological agents. In Personalized Treatment of Acute and Chronic Illness (pp. 347-356). Karger Publishers, 2018.

REIS, Manuel. Alergia a medicamentos: o que é, sintomas, causas e o que fazer, 2022.

SANTOS, Ângela Sofia Ramos Cardoso da Costa et al. Alergias Medicamentosas na Infância. 2017. Tese de Doutorado. Universidade de Coimbra.

Schatz, Phil. “19.1: Hipersensibilidades.” OpenStax CNX.2020

TIEMI, Aparecida. Título do Livro ou Artigo. Local de publicação: Editora, 2003.

Warrington, R., & Silviu-Dan, F. (2011). Risk factors for drug allergy. In The Journal of Allergy and Clinical Immunology (Vol. 127, Issue 3, pp. AB131). Mosby.


1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.