REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA SOBRE OS AVANÇOS NA COMPREENSÃO E TRATAMENTO DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

INTEGRATIVE REVIEW OF THE LITERATURE ON ADVANCES IN THE UNDERSTANDING AND TREATMENT OF PRIMARY HEADACHES IN CHILDREN AND ADOLESCENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10960101

Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP


Debora Adriana Trnovsky1; Felipe Finger Hollen2; Gabriel Silva Campos3; Kauany Buzo Babora4; Marlos Vinicius Bosi Rasmussen5; Najida Mendes da Silva6; Rafael de Souza7; Rayane Niara Mendes da Silva Moreira8; Silas Soares Souto9; Viviane Mara Margiotti Fernandes10


RESUMO

Este artigo apresenta uma revisão abrangente dos avanços na compreensão e tratamento das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Inicialmente, abordamos a epidemiologia e prevalência dessas dores de cabeça nesse grupo populacional, considerando variações de acordo com faixa etária, sexo e região geográfica. Em seguida, discutimos os possíveis mecanismos causais e fatores de risco associados, incluindo aspectos genéticos, ambientais e psicossociais. Além disso, apresentamos as abordagens diagnósticas e de avaliação, destacando critérios diagnósticos e exames complementares necessários para um diagnóstico preciso. No que diz respeito ao tratamento, exploramos tanto as opções medicamentosas quanto as não medicamentosas, incluindo terapias comportamentais e estratégias de relaxamento. Por fim, examinamos o impacto das cefaleias primárias na qualidade de vida dos pacientes pediátricos, ressaltando consequências físicas, emocionais e sociais, bem como as implicações a longo prazo. Este trabalho oferece uma visão abrangente do estado atual do conhecimento sobre cefaleias primárias em crianças e adolescentes, destacando áreas que necessitam de mais pesquisas e desenvolvimentos futuros para aprimorar o manejo dessas condições.

Palavras-chave: cefaleias primárias, crianças, adolescentes, epidemiologia, tratamento.

ABSTRACT

This article presents a comprehensive review of advances in understanding and treating primary headaches in children and adolescents. Initially, we address the epidemiology and prevalence of these headaches in this population group, considering variations according to age, gender, and geographical region. Next, we discuss possible causal mechanisms and associated risk factors, including genetic, environmental, and psychosocial aspects. Additionally, we present diagnostic and evaluation approaches, highlighting diagnostic criteria and complementary tests necessary for an accurate diagnosis. Regarding treatment, we explore both medicinal and non-medicinal options, including behavioral therapies and relaxation strategies. Finally, we examine the impact of primary headaches on the quality of life of pediatric patients, emphasizing physical, emotional, and social consequences, as well as long-term implications. This work provides a comprehensive overview of the current state of knowledge about primary headaches in children and adolescents, highlighting areas that require further research and future developments to enhance the management of these conditions.

Keywords: primary headaches, children, adolescents, epidemiology, treatment.

1. INTRODUÇÃO

As cefaleias primárias representam uma das queixas mais comuns em crianças e adolescentes, com impacto significativo na qualidade de vida e no funcionamento diário. Sendo um sintoma frequentemente subestimado, a compreensão e o tratamento adequado das cefaleias primárias em jovens são de extrema importância para mitigar o sofrimento e prevenir complicações futuras.

O crescente reconhecimento da prevalência e da complexidade dessas condições tem motivado a comunidade médica e científica a aprofundar seus conhecimentos sobre as cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Avanços significativos têm sido feitos no entendimento dos fatores etiológicos, diagnóstico precoce e opções terapêuticas para esse grupo populacional específico.

O objetivo deste artigo é revisar os avanços recentes na compreensão e tratamento das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Serão analisados estudos epidemiológicos, pesquisas clínicas e revisões sistemáticas que abordam diversos aspectos relacionados às cefaleias primárias, desde sua prevalência até as estratégias terapêuticas mais eficazes.

Ao entendermos melhor as características, os desafios diagnósticos e as opções de tratamento disponíveis para as cefaleias primárias em crianças e adolescentes, poderemos fornecer cuidados mais abrangentes e personalizados, visando melhorar a qualidade de vida e o bem-estar desses jovens pacientes.

2. EPIDEMIOLOGIA E PREVALÊNCIA DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A epidemiologia e prevalência das cefaleias primárias em crianças e adolescentes são temas de grande relevância na área da saúde, pois fornecem insights sobre a frequência e a distribuição dessas condições dentro dessa faixa etária. Estudos epidemiológicos ao longo das décadas têm contribuído para uma melhor compreensão dessas questões.

De acordo com esses estudos, a incidência e prevalência das cefaleias primárias em crianças e adolescentes variam consideravelmente. Por exemplo, o estudo pioneiro de Bille (1962) revelou que as cefaleias são uma queixa frequente na infância, com uma prevalência significativa entre os jovens. Desde então, estudos subsequentes, como o de Silampää (1983), têm corroborado esses achados, destacando que a prevalência das cefaleias primárias pode aumentar ao longo dos primeiros anos escolares.

Além disso, a prevalência das cefaleias primárias pode variar de acordo com diferentes fatores, como faixas etárias, sexo e região geográfica. Por exemplo, estudos como o de Barea et al. (1996) demonstraram que a prevalência das cefaleias primárias pode aumentar durante a adolescência e ser mais comum em meninas do que em meninos. Além disso, Al Jumah et al. (2002) investigaram a prevalência das cefaleias entre escolares em uma região específica e observaram variações geográficas significativas.

Aspectos como fatores de risco e possíveis influências ambientais também são importantes considerações na epidemiologia das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Estudos têm explorado a relação entre estresse, ansiedade, estilo de vida e o desenvolvimento das cefaleias primárias nesse grupo populacional. Por exemplo, fatores como pressão acadêmica, ambiente familiar e exposição a certos estímulos ambientais podem desempenhar um papel no surgimento e na frequência das cefaleias primárias em crianças e adolescentes.

Em suma, a epidemiologia e prevalência das cefaleias primárias em crianças e adolescentes são temas complexos e multifacetados, que requerem uma abordagem abrangente e multidisciplinar. Estudos como os de Bille (1962), Silampää (1983), Barea et al. (1996) e Al Jumah et al. (2002) fornecem informações valiosas para entender melhor a magnitude e os determinantes dessas condições nesse grupo populacional específico.

3. ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS ÀS CEFALEIAS PRIMÁRIAS

A etiologia das cefaleias primárias em crianças e adolescentes é multifacetada, envolvendo uma interação complexa de fatores genéticos, ambientais e psicossociais. Compreender esses mecanismos causais é fundamental para o manejo eficaz dessas condições na população pediátrica.

3.1.     Fatores Genéticos:

Estudos têm sugerido uma predisposição genética para o desenvolvimento de cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Pesquisas como as de Hyams et al. (1996) identificaram uma possível associação entre histórico familiar de cefaleia e o aumento do risco de desenvolver essas condições na infância. Fatores genéticos podem influenciar a sensibilidade à dor, a regulação dos neurotransmissores e a resposta a estímulos ambientais, contribuindo assim para a manifestação das cefaleias primárias.

3.2.     Fatores Ambientais:

Ambientes físicos, sociais e culturais também podem desempenhar um papel importante na etiologia das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Por exemplo, exposição a determinados estímulos ambientais, como luz intensa, ruído excessivo ou mudanças climáticas, pode desencadear episódios de cefaleia em indivíduos predispostos. Além disso, estilo de vida, como padrões de sono irregulares, dieta inadequada e falta de atividade física, pode aumentar o risco de desenvolver cefaleias primárias.

3.3.     Fatores Psicossociais:

Estresse, ansiedade, problemas familiares, pressão acadêmica e outros fatores psicossociais têm sido amplamente associados ao desenvolvimento e à manutenção das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Estudos como os de Gherpelli et al. (1998) destacam a importância do contexto emocional e social na manifestação das cefaleias. Mecanismos de regulação do estresse, como o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal e a resposta do sistema nervoso autônomo, podem estar envolvidos na fisiopatologia dessas condições.

3.4.     Interseção dos Fatores:

É importante ressaltar que esses diferentes fatores não atuam de forma isolada, mas interagem entre si para influenciar o desenvolvimento das cefaleias primárias. Por exemplo, um indivíduo com uma predisposição genética para cefaleias primárias pode ser mais sensível aos efeitos do estresse e da ansiedade, aumentando assim o risco de crises recorrentes. Da mesma forma, fatores ambientais adversos podem exacerbar sintomas em crianças e adolescentes com uma vulnerabilidade genética subjacente.

Em suma, a etiologia das cefaleias primárias em crianças e adolescentes é complexa e multifatorial, envolvendo uma interação entre fatores genéticos, ambientais e psicossociais. Estudos como os de Hyams et al. (1996), Gherpelli et al. (1998) e Argollo e Lessa (2000) têm contribuído significativamente para nossa compreensão desses mecanismos causais e destacam a importância de uma abordagem integrada no manejo dessas condições na população pediátrica.

4. DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS

O diagnóstico e a avaliação das cefaleias primárias em crianças e adolescentes são aspectos cruciais na prática clínica, visando a identificação precisa e o manejo eficaz dessas condições. Para tanto, é necessário adotar uma abordagem abrangente, que inclua tanto critérios diagnósticos bem estabelecidos quanto uma avaliação clínica detalhada.

Os critérios diagnósticos, como os propostos pela International Headache Society (IHS), fornecem diretrizes claras para identificar diferentes tipos de cefaleias primárias com base em características clínicas específicas. Estudos como os de Cano et al. (2000) e Winner et al. (1997) têm contribuído para a validação e refinamento desses critérios, permitindo uma diferenciação mais precisa entre enxaqueca, cefaleia tensional e outros tipos de cefaleia.

Além dos critérios diagnósticos, a utilização seletiva de exames complementares pode auxiliar no diagnóstico diferencial e na exclusão de outras condições subjacentes. Exames de imagem, como ressonância magnética craniana, podem ser indicados em casos selecionados, especialmente quando há sinais de alarme, como alterações neurológicas focais. No entanto, é importante ressaltar que esses exames geralmente não são necessários em casos típicos de cefaleias primárias.

A avaliação clínica detalhada desempenha um papel crucial na identificação e no manejo das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Isso inclui uma história clínica abrangente, avaliação dos padrões de dor, fatores desencadeantes, frequência e duração das crises, além de uma avaliação física completa. Estudos como os de Nodari et al. (2002) e Stafstrom et al. (2002) destacam a importância de uma abordagem sistemática para investigar os sintomas relacionados às cefaleias e descartar outras condições subjacentes.

Em síntese, o diagnóstico e a avaliação das cefaleias primárias em crianças e adolescentes requerem uma abordagem integrada, que combine critérios diagnósticos estabelecidos, exames complementares seletivos e uma avaliação clínica detalhada. Somente por meio dessa abordagem abrangente podemos garantir uma identificação precisa e um manejo eficaz dessas condições, visando melhorar a qualidade de vida e o bem-estar desses pacientes.

5. TRATAMENTO

5.1.     Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso das cefaleias primárias em crianças e adolescentes é uma parte essencial do manejo clínico dessas condições, visando proporcionar alívio da dor aguda e prevenir a recorrência das crises. Este tópico será abordado em duas subseções: tratamento sintomático e tratamento profilático.

5.1.1.  Tratamento Sintomático:

No tratamento sintomático, o foco principal é aliviar a dor durante as crises agudas de cefaleia. Opções medicamentosas comuns incluem analgésicos comuns, como paracetamol e ibuprofeno, que são geralmente eficazes para dor leve a moderada. Estudos como os de Zuccolotto et al. (2002) e Winner et al. (1997) têm demonstrado a eficácia desses medicamentos no alívio sintomático das cefaleias em crianças e adolescentes. Além disso, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) também são frequentemente utilizados e podem ser especialmente úteis em casos de cefaleias associadas a inflamação ou tensão muscular. Combinações de medicamentos, como paracetamol associado a cafeína, também podem ser prescritas para potencializar o efeito analgésico. Em casos mais graves ou refratários, podem ser consideradas opções mais específicas, como os triptanos, embora seu uso em crianças e adolescentes possa ser limitado devido a preocupações com segurança e tolerabilidade.

5.1.2. Tratamento Profilático: 

No tratamento profilático, o objetivo é prevenir a recorrência das crises de cefaleia, especialmente em pacientes com cefaleias frequentes ou incapacitantes. Diversos medicamentos são utilizados com essa finalidade, incluindo betabloqueadores como o propranolol, anticonvulsivantes como o divalproato de sódio, e agentes bloqueadores dos receptores de cálcio como a flunarizina. Estudos como os de Campo et al. (2001) e Zeiter e Hyams (2002) têm evidenciado a eficácia desses medicamentos na redução da frequência e gravidade das crises de cefaleia em crianças e adolescentes. Além disso, abordagens não medicamentosas, como modificação do estilo de vida, terapia cognitivo-comportamental e biofeedback, podem ser úteis como complemento ao tratamento farmacológico para melhorar os resultados a longo prazo.

Em resumo, o tratamento medicamentoso das cefaleias primárias em crianças e adolescentes envolve uma abordagem multimodal que inclui tanto tratamento sintomático para alívio da dor aguda quanto tratamento profilático para prevenção de crises recorrentes. Estudos como os de Zuccolotto et al. (2002), Winner et al. (1997), Campo et al. (2001) e Zeiter e Hyams (2002) fornecem evidências importantes para orientar as recomendações terapêuticas e melhorar os resultados clínicos nesse grupo populacional específico.

5.2.     Abordagem não medicamentosa

As abordagens não medicamentosas desempenham um papel significativo no tratamento das cefaleias primárias em crianças e adolescentes, oferecendo alternativas complementares ou mesmo primárias ao tratamento farmacológico. Estratégias como terapias comportamentais, relaxamento, biofeedback e outras técnicas têm sido exploradas como parte integrante do manejo clínico dessas condições. Estudos como os de Winner et al. (1997), Aromaa et al. (2000) e Guidetti e Galli (2001) têm investigado a eficácia e a aplicabilidade dessas abordagens na população pediátrica.

Terapias comportamentais, como terapia cognitivo-comportamental (TCC), têm sido amplamente estudadas e demonstraram benefícios significativos no controle das cefaleias em crianças e adolescentes. A TCC foca na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento que podem contribuir para o desenvolvimento e manutenção das cefaleias, promovendo estratégias de enfrentamento mais adaptativas.

Além disso, técnicas de relaxamento, como relaxamento muscular progressivo e respiração profunda, têm se mostrado eficazes na redução da frequência e intensidade das crises de cefaleia, proporcionando alívio sintomático e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. O biofeedback, que permite aos pacientes monitorar e controlar sinais fisiológicos associados à dor, também tem sido utilizado com sucesso como uma ferramenta complementar no manejo das cefaleias primárias.

Outras abordagens não medicamentosas incluem o estabelecimento de rotinas saudáveis de sono, nutrição adequada e manejo do estresse, que podem desempenhar um papel fundamental na prevenção e gerenciamento das crises de cefaleia. A integração dessas estratégias em um plano de tratamento abrangente e individualizado pode ajudar a melhorar os resultados clínicos e reduzir a dependência de medicamentos.

Em suma, as abordagens não medicamentosas oferecem opções terapêuticas valiosas e complementares no tratamento das cefaleias primárias em crianças e adolescentes. Com base em evidências fornecidas por estudos como os de Winner et al. (1997), Aromaa et al. (2000) e Guidetti e Galli (2001), essas estratégias podem ser incorporadas de forma eficaz no manejo clínico dessas condições, contribuindo para uma abordagem mais holística e integrada ao cuidado pediátrico.

6. IMPACTO DAS CEFALEIAS NA QUALIDADE DE VIDA

As cefaleias primárias exercem um impacto significativo na qualidade de vida de crianças e adolescentes, afetando não apenas o bem-estar físico, mas também o emocional e o social. O desconforto constante causado pelas dores de cabeça pode interferir nas atividades diárias, como participação escolar, desempenho acadêmico, interações sociais e participação em atividades físicas. Estudos como os de Aromaa et al. (2000), Fearon (2001) e Nodari et al. (2002) têm destacado o impacto negativo dessas condições na vida cotidiana desses jovens.

Do ponto de vista físico, as cefaleias primárias podem resultar em sintomas incapacitantes, como dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som, que podem levar à redução da participação em atividades recreativas e esportivas, bem como a absenteísmo escolar. Esses sintomas podem comprometer o funcionamento geral do indivíduo, levando a um ciclo de dor crônica e incapacidade.

Além disso, o impacto emocional das cefaleias primárias não deve ser subestimado. Crianças e adolescentes que sofrem com dores de cabeça frequentes podem experimentar ansiedade, depressão, irritabilidade e baixa autoestima. A preocupação constante com as crises de dor pode levar a um estado de vigilância constante, afetando negativamente o estado emocional e o bem-estar psicológico desses jovens.

No âmbito social, as cefaleias primárias podem influenciar as relações interpessoais e a participação em atividades sociais. A necessidade de ausentar-se de eventos sociais devido à dor, bem como a necessidade de adaptação das atividades para evitar desencadear ou agravar as crises, pode levar ao isolamento social e à dificuldade em manter amizades e relacionamentos saudáveis.

A longo prazo, as cefaleias primárias não tratadas ou subtratadas podem ter consequências significativas, incluindo a interferência no desenvolvimento cognitivo e emocional, comprometimento do desempenho acadêmico e profissional e impacto negativo na qualidade de vida geral. Portanto, é crucial abordar essas condições precocemente e fornecer um tratamento adequado e abrangente para minimizar seu impacto negativo e melhorar o funcionamento global e o bem-estar desses jovens.

7. CONCLUSÃO

Em síntese, os avanços na compreensão e tratamento das cefaleias primárias em crianças e adolescentes têm proporcionado uma melhor compreensão dos fatores causais, uma avaliação mais precisa e uma gama mais ampla de opções terapêuticas. Estudos epidemiológicos têm contribuído para uma compreensão mais profunda da prevalência e dos fatores de risco associados a essas condições, enquanto pesquisas sobre etiologia têm destacado a influência de fatores genéticos, ambientais e psicossociais.

No que diz respeito ao diagnóstico e avaliação, a utilização de critérios diagnósticos padronizados e a disponibilidade de ferramentas de avaliação têm permitido uma identificação mais precisa das cefaleias primárias em crianças e adolescentes, facilitando o manejo clínico dessas condições.

Quanto ao tratamento, avanços significativos foram feitos tanto em abordagens medicamentosas quanto não medicamentosas. Opções terapêuticas mais eficazes e seguras estão disponíveis para o alívio agudo da dor e para a prevenção de crises recorrentes. Além disso, estratégias não medicamentosas, como terapias comportamentais e relaxamento, têm se mostrado promissoras no controle das cefaleias primárias, proporcionando alternativas complementares ou substitutas aos tratamentos farmacológicos.

Entretanto, apesar desses avanços, ainda há áreas que necessitam de mais pesquisas e desenvolvimentos futuros para aprimorar o manejo dessas condições em crianças e adolescentes. Investigações adicionais são necessárias para elucidar melhor os mecanismos subjacentes das cefaleias primárias nesse grupo populacional, incluindo fatores de risco específicos, aspectos genéticos e modificações ambientais. Além disso, são necessários estudos longitudinais para avaliar o impacto a longo prazo das intervenções terapêuticas e identificar estratégias mais eficazes para prevenção e manejo a longo prazo das cefaleias primárias em crianças e adolescentes.

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1Graduanda em Medicina pela Fundación H. A Barcelo – Facultad de Medicina
2Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
3Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
4Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
5Graduando em Medicina pela Fundación H. A Barcelo – Facultad de Medicina
6Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
7Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
8Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
9Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
10Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil