REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12043775
Breno Ricardo Barroso Lima1,3.
Prof. Dr. Darlan Ferreira da Silva2,3.
Orientador: Dr. Darlan Ferreira da Silva.
INTRODUÇÃO: A qualidade do solo pode ser avaliada por indicadores químicos, físicos e biológicos, importantes para identificar prováveis causas da falta de sustentabilidade de cultivos sucessivos e averiguar a qualidade daquele solo. Os resíduos de serviços de saúde são os resíduos gerados nas instituições destinadas à preservação da saúde da população.
OBJETIVOS: Geral: Avaliar o comportamento dos metais pesados (Cu ou Fe) em solo por meio de ensaios de adsorção, assim como, determinar a concentração destes contaminantes. Específicos: Validar métodos de determinação dos metais cobre e ferro; Caracterizar físico-quimicamente amostras de solo; Verificar a concentração de metais pesados.
MÉTODOS: As amostras coletadas foram secas ao ar e passadas em peneiras de 2mm. Destas amostras foram determinados os parâmetros de pH, acidez trocável, cálcio, magnésio, capacidade de troca catiônica e fósforo disponível. Para os ensaios de adsorção 2 g de solo foram misturados a 20 mL de solução metálica contendo os cátions Cu e Fe, em diferentes concentrações iniciais. As soluções dos metais foram preparadas a partir dos seus sais Cu(NO3)2 e Fe(SO4)2 em 0,01 mol L-1 de NaNO3 (relação solo:solução 1:10) e avaliados as concentrações antes e depois dos testes.
RESULTADOS: O pH das amostras com valor aproximadamente entre 4,5, a acidez trocável variou de 1,2 a 3,5 cmolc/kg. Os teores de cálcio e magnésio apresentaram com cálcio variando de 0,8 a 5,3 cmolc/kg e magnésio de 0,3 a 1,8 cmolc/kg. Os teores de fósforo com valores entre 2 e 10 mg/kg. A Capacidade de Troca Catiônica (CTC) foi aproximadamente 12,5 mmolc/kg, nas amostras contaminadas em laboratório, os teores de Cu foi de 135 mg/kg e os teores de Fe foi de 234,5 mg/kg. Nas amostras não contaminadas, os teores de Cu e Fe foram mais baixos, variando de 89 mg/kg para Cu e de 156, 2 mg/kg para Fe.
CONCLUSÃO: Verificou-se a presença de metais pesados em concentrações elevadas nas amostras contaminadas sugere a necessidade de medidas de monitoramento e remediação para evitar impactos negativos no meio ambiente e na saúde pública.
Palavra-chave: Gestão Ambiental, Cu e Fe, Contaminação.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Soil quality can be assessed by chemical, physical and biological indicators, which are important to identify probable causes of the lack of sustainability of successive crops and to ascertain the quality of that soil. Waste from health services is the waste generated in institutions intended to preserve the health of the population.
PURPOSE: General: Evaluate the behavior of heavy metals (Cu or Fe) in soil by means of adsorption tests, as well as determine the concentration of these contaminants. Specific: Validate methods for determining copper and iron metals; Physicochemically characterize soil samples; Check the concentration of heavy metals.
METHODS: The collected samples were air-dried and passed through 2 mm sieves. From these samples, the parameters of pH, exchangeable acidity, calcium, magnesium, cation exchange capacity and available phosphorus were determined. For the adsorption assays, 2 g of soil were mixed with 20 mL of metal solution containing Cu and Fe cations, at different initial concentrations. The metal solutions were prepared from their Cu(NO3)2 and Fe(SO4)2 salts in 0.01 mol L-1 of NaNO3 (soil:solution ratio 1:10
RESULTS: The pH of the samples with a value approximately between 4.5, the exchangeable acidity ranged from 1.2 to 3.5 cmolc/kg. The calcium and magnesium contents ranged from 0.8 to 5.3 cmolc/kg and magnesium from 0.3 to 1.8 cmolc/kg. Phosphorus levels between 2 and 10 mg/kg. The Cation Exchange Capacity (CEC) was approximately 12.5 mmolc/kg. In samples contaminated in the laboratory, the Cu contents ranged from 89 mg/kg and the Fe contents ranged from 156,2 mg/kg. Not in the samples.
CONCLUSION: The presence of heavy metals in high concentrations in contaminated samples suggests the need for monitoring and remediation measures to avoid negative impacts on the environment and public health.
Keywords: Environmental Management, Cu e Fe, Contamination.
1 INTRODUÇÃO
O solo pode ser definido como uma mistura de materiais inorgânicos e orgânicos, formados a partir de uma série de processos operantes na superfície terrestre que ocasionam a decomposição de rochas e minerais primários, graças à ação de agentes atmosféricos, físicos, químicos e biológicos (EMBRAPA, 1997).
Ressalta-se que para a avaliação da qualidade do solo é indispensável a seleção dos indicadores adequados, os quais referem-se às características que influenciam a capacidade do solo para realizar a produção de culturas ou funções ambientais. Essa avaliação pode ser realizada por indicadores físicos, químicos e biológicos (FERNANDES, 2019).
A resolução CONAMA 420/2009 (alterada pela Resolução CONAMA 460/2013), orienta sobre critérios e valores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Valores de Referência de Qualidade (VRQ) correspondem à concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo, sendo determinada com base na interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solo.
A contaminação do solo se caracteriza pela introdução de substâncias em concentrações superiores às observadas em condições naturais, o que não significa necessariamente danos ao meio ambiente, porém quando a concentração é alta, há fenómenos de toxicidade em qualquer organismo e pode-se considerar que há poluição (FERREIRA, 2020).
Em lixões ocorre a produção de chorume, decorrente da decomposição de resíduos sólidos, que gera diversos tipos de substâncias tóxicas, tais como metais pesados (OLVEIRA; MIRANDA; SOARES, 2019). Os metais pesados são elementos metálicos com uma densidade superior a 5 g/cm3, capazes de formar sulfuretos, os quais possuem elevados níveis de reatividade e bioacumulação, ou seja, são capazes de desencadear diversas reações químicas não metabolizáveis (organismos vivos não podem degradá-los), fazendo com que permaneçam em caráter cumulativo ao longo da cadeia alimentar (SOUZA et al.,2018).
As técnicas de remediação de solos contaminados por metais pesados envolvem processos físicos, químicos, biológicos e térmicos, podendo serem classificadas de acordo com o local de remediação (LIU et al., 2018).
O crescimento da população mundial levou a um aumento na geração de resíduos provenientes do ciclo de interação entre a sociedade, a economia e a natureza, que desencadeou diversos cenários que compõem o Espaço Geográfico (INÁCIO, 2020). Entre os resíduos sólidos destacam-se os aqueles provenientes de serviços de saúde (RSS), que apesar de representarem de 1 a 2% do total gerado, revelam-se como um importante componente na gestão de resíduos, em razão da possibilidade de contaminação do ambiente e do risco à saúde pública (UEHARA; VEIGA; TAKAYANAGUI, 2019).
Em face disso, observou-se a importância de mensurar este tema, pois os resíduos ganharam destaque no cenário nacional devido ao crescimento econômico do país nos últimos anos aliado ao crescimento das cidades, e da mudança de vida do brasileiro. Um dos maiores problemas da atualidade em relação aos resíduos sólidos, refere-se ao descarte, quando a gestão e a disposição são realizadas de forma incorreta podendo causar impactos, tais como: degradação do solo, comprometimento dos corpos d’água e mananciais, intensificação de enchentes; contribuindo assim para a poluição do ar e proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos. Nesse contexto, o descarte dos resíduos tem produzido risco e comprometimento dos recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações (KLEIN et al., 2018).
Embora possam existir naturalmente no solo, a contaminação por metais pesados representa uma grande ameaça para as cadeias alimentares e para a saúde humana, e podem ter diversas origens como a agricultura, urbanização, industrialização, mineração como também os resíduos dos serviços de saúde (ZENG et al.,2021).
Desta maneira, este trabalho foi desenvolvido com objetivo geral em avaliar o comportamento dos metais pesados (Cu ou Fe) em solo por meio de ensaios de adsorção, assim como, determinar a concentração destes contaminantes. E como objetivos específicos: validar métodos de determinação dos metais cobre e ferro; estimar um planejamento fatorial, principais fatores/parâmetros na produção do adsorvente; caracterizar físico-quimicamente amostras de solo.
2 MÉTODOS
Para elaboração do presente trabalho foi realizada uma revisão integrativa de estudo experimental, por meio de uma pesquisa quantitativa. A discussão dos resultados foi com base em artigos na literatura.
2.1 Coleta e análise
Foram coletadas amostras de solo na cidade de Colinas/MA. As amostras coletadas foram secas ao ar e passadas em peneiras de 2mm de diâmetro de malha (TFSA) para posterior análise. Para análise química do solo, as alíquotas das amostras de solo homogeneizadas foram utilizadas para as análises químicas de pH, acidez trocável, cálcio, magnésio, fósforo, nitrogênio e CTC, segundo procedimentos da EMBRAPA (2017). Para a determinação de PH, foram pesados 10 g de amostra seca e em seguida adicionados 25 mL de solução de CaCl2, 0,01 mol L-1. A mistura foi agitada manualmente e mantida em repouso por aproximadamente 1 h até a leitura em pHmetro. Para o procedimento da acidez trocável foi pesado cinco gramas de amostra de solo, pesados e transferidos para um Erlenmeyer de 125 mL e adicionados 50 mL de KCl 1 mol L-1. A mistura foi agitada manualmente algumas vezes e é deixada em repouso durante 30 minutos. Em seguida, a mistura foi filtrada em papel de filtro adicionando-se duas porções de 10 mL de KCl. Ao filtrado, foi adicionado 6 gotas de fenolftaleína a 0,1 % m/v e titulado com NaOH 0,01 mol L1. A acidez trocável foi calculada usando a equação, a seguir:
Para o procedimento do Cálcio e magnésio, 12,5 g de amostra foram adicionados 125 mL de solução de acetato de amônio a pH 7. A mistura foi agitada com movimentos circulares várias vezes durante o dia. Após a última agitação, deixada em repouso por 16 h. No dia seguinte, a mistura foi filtrada. A determinação do cálcio e do magnésio foi feita em espectrofotômetro de absorção molecular baseado na reação com EDTA.
Para o procedimento do Fósforo disponível, cinco gramas da amostra de solo foram pesados e transferidos para um Erlenmeyer de 125 mL, em seguida foi adicionado 50 mL de solução ácida diluida de H2SO4 0,0125 mol L-1 + HCl 0,05 mol L-1 (Mehlich-1). A solução foi agitada por 30 min em agitador horizontal e deixada em repouso por 16 h. No dia seguinte, a solução foi filtrada em papel de filtro comum. A determinação do fósforo disponível na amostra foi feita com solução ácida de molibodato de amônio diluído e ácido ascórbico 3% em espectrofotômetro, a 660 nm.
Para a Capacidade de Troca Catiônica (CTC), Dois gramas de amostra foram transferidos para um Erlenmeyer de 250 mL e adicionado 1 g de carvão ativo e, em seguida, 100 mL de HCl (0,5 mol L-1). A mistura foi agitada por aproximadamente 30 min, filtrada a vácuo, lavando o filtro com água e em seguida com 2 porções de 50 mL de solução de acetato de cálcio, completando o volume com água até atingir 250 mL e titulado com NaOH 0,1 mol L-1 adicionando-se 6 gotas de fenolftaleína a 0,1% como indicador. A capacidade de troca catiônica do solo foi calculada pela Equação:
Para os ensaios de adsorção, foram pesados 2 g de TFSA e adicionados 20 mL de solução metálica contendo os cátions Cu e Fe, em diferentes concentrações iniciais. As soluções dos metais foram preparadas a partir dos seus sais Cu(NO3)2 e Fe(SO4)2 em 0,01 mol L-1 de NaNO3 (relação solo:solução 1:10). Todos os experimentos foram realizados em triplicata. As concentrações dos metais variaram de 100 a 1000 mg L-1.
Os ensaios de adsorção foram realizados sobre agitação por 24 h à temperatura ambiente. Após este período, o material será centrifugado (500 rpm, 10 minutos) e o extrato foi utilizado para quantificação dos teores dos metais selecionados. A determinação foi feita via espectrofotometria.
A determinação dos teores de Cu e Fe foram realizados tanto nas amostras contaminadas em laboratório, quanto nas amostras “livres de contaminação”. A digestão das amostras de solo foi feita em bloco digestor (150°C por 2h) utilizando HCl:HNO3, 3:1, v/v. Os extratos obtidos foram filtrados e diluídos para posterior análise.
2.2 Critérios para Levantamento de Artigos
Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), com base nos descritores: contaminação do solo, metais pesados, análise química, metais cobre e ferro, com recorte temporal de 2015 a 2024. Em seguida as informações colhidas foram apresentadas em tabelas, desenvolvidas para possibilitar o leitor uma maior aplicabilidade da pesquisa elaborada.
3 RESULTADOS
3.1 Análise do Solo: as características e contaminação por metais pesados
O solo do município de Colinas, Maranhão, foi analisado através do comportamento dos metais pesados (Cu ou Fe), por meio de ensaios de adsorção, demonstrando as características físico-químicas dos solos, como pH, acidez trocável, cálcio, magnésio, fósforo, nitrogênio e CTC, são cruciais para determinar o comportamento de adsorção desses metais, Tabela 1 e Tabela 2, a seguir:
Tabela 1. Propriedades Físico-Químicas do Solo Analisado
Propriedade | Valor |
pH | 4,5 |
Acidez trocável | 1,2 a 3,5 cmolc/kg cmolc/kg |
Cálcio e magnésio | Ca ( 0,8 a 5,3 cmolc/kg) e mag (0,3 a 1,8 cmolc/kg) |
Fósforo disponível | 2 e 10 mg/kg |
CTC | 12,5 mmolc/kg |
Textura | Argilosa |
Fonte: dados da pesquisa (2024)
O pH das amostras demonstrou ácido com valor aproximadamente entre 4,5, caracterizando solo ácido. A acidez trocável variou de 1,2 a 3,5 cmolc/kg, indicando uma variação na capacidade do solo de trocar íons com a solução do solo.
Os teores de cálcio e magnésio apresentaram ampla variação, com cálcio variando de 0,8 a 5,3 cmolc/kg e magnésio de 0,3 a 1,8 cmolc/kg, sugerindo diferença na capacidade de troca catiônica entre as amostras. Os teores de fósforo disponíveis foram baixos em todas as amostras, com valores entre 2 e 10 mg/kg, o que pode indicar limitações na disponibilidade de fósforo para as plantas na maioria das áreas amostradas. A Capacidade de Troca Catiônica (CTC) foi aproximadamente 12,5 mmolc/kg, demonstrando a variação na capacidade do solo em reter nutrientes e outros cátions. A textura do solo se caracterizou como solos argilosos
Tabela 1. Ensaios de Adsorção e teores de metais pesados
Cu | Fe | |
Ensaios de Adsorção | 20% a 70% | 15% a 60% |
Teores totais dos metais pesados no solo (contaminados em laboratório) | 135mg/kg | 234, 5mg/kg |
Teores totais dos metais pesados no solo ( não contaminados em laboratório) | 89 mg/kg | 156,2 mg/kg |
Fonte: dados da pesquisa (2024)
Os ensaios de adsorção mostraram que a capacidade de adsorção dos metais Cu e Fe pelo solo aumentou com a concentração inicial dos metais na solução. A porcentagem de adsorção variou de 20% a 70% para Cu e de 15% a 60% para Fe, com adsorção máxima ocorrendo nas concentrações mais altas. Estes resultados indicam que os solos das áreas amostradas possuem uma capacidade moderada de adsorção de metais pesados, o que pode influenciar a mobilidade e disponibilidade destes metais no ambiente.
As análises dos teores totais de Cu e Fe nas amostras de solo revelaram que, nas amostras contaminadas em laboratório, os teores de Cu de 135 mg/kg e os teores de Fe variaram de 334 mg/kg. Nas amostras não contaminadas, os teores de Cu e Fe foram mais baixos, variando de 89 mg/kg para Cu e de 156,2 mg/kg para Fe. Esses dados indicam uma concentração elevada de metais pesados nas áreas potencialmente contaminadas, o que pode ter implicações importantes para a saúde ambiental e agrícola dessas áreas.
3. 2 Levantamento dos artigos
Foram selecionados 3 trabalhos para a discussão, que estão transcritas no item 4. Visto que, foram os que mais atendiam aos objetivos da pesquisa e ao recorte temporal com até 10 anos a data do presente artigo. A seguir os detalhes dos artigos selecionados está descrito no Quadro 1, abaixo.
Quadro 1: Artigos utilizados nesta revisão integrativa.
Procedência | Título do Trabalho | Autores | Periódico | Considerações relevantes do trabalho |
SciELO | Laboratory synthesis of goethite and ferrihydrite of controlled particle sizes | Villacís-García, M. et al., | Boletín de la Sociedad Geológica Mexicana, 67(3), p. 433-446, 2015 | Análise de metais pesados. |
Google Acadêmico | Metais Pesados em Solos: Aspectos Gerais | BURAK, D. L. et al., | Estudos Avançados em Produção Vegetal. 32(1), p. 571-592, 2017 | Expõe os problemas ambientais da presença metais pesados. |
SciELO | Valores de referência da concentração de metais pesados em solos naamazônia central | REBÊLO, A. G.de M. et al., | Quim. Nova. 43 (5), p. 534-539, 2020 | Analisa, dos valores de concentração de metais pesados. |
4 REVISÃO INTEGRATIVA
O município de Colinas localiza-se na Mesorregião Leste do Maranhão, dentro da Microrregião da Chapada do Alto Itapecuru. Conforme o IBGE (2010) a área de Colinas abrange 1.981 km², com uma população aproximada de 39.167 habitantes e uma densidade demográfica de 19,77 habitantes por quilômetro quadrado (CORREIA FILHO et al.,2011). Em análise dos aspectos socioeconômicos o IBGE (2010) afirmou que 54,03% da população de Colinas lançam seus dejetos diretamente no solo, ocasionando poluição do solo.
Desta maneira, avaliação das características do solo e a contaminação do solo por metais pesados de amostras de solo na cidade de Colinas, demonstrou que o pH do solo apresentou-se ácido e a textura argilosa indicam uma moderada capacidade de adsorção de metais pesados, pois solos argilosos e com maior teor de matéria orgânica tendem a apresentar maior capacidade de adsorção devido à alta área superficial e maior quantidade de sítios de adsorção, pois a capacidade de adsorção observada nos ensaios indica que, embora os solos possam reter metais pesados, a mobilidade desses metais pode ser influenciada por mudanças nas condições ambientais, como pH e concentração de íons competidores.
Sobre isso, Rebêlo (2020), corrobora quando afirma que uma elevada CTC proporciona uma maior retenção do metal no solo, pois solos com alta CTC têm maior número de sítios disponíveis para a adsorção de cátions, o que afeta a retenção de nutrientes e contaminantes, incluindo metais pesados. O pH do solo afeta a carga na superfície das partículas do solo. Solos com pH mais elevado geralmente têm maior CTC porque mais grupos funcionais se tornam ionizados e disponíveis para troca. Evidenciaram ainda que outro fator decisivo na dinâmica do cobre é a capacidade de troca catiônica (CTC) de um solo. A CTC está intimamente ligada às concentrações dos íons trocáveis presentes na solução do solo e aos sítios de troca nas interfaces coloidais do sistema.
Nessa mesma linha de raciocínio Rebêlo (2020), corroboram, afirmando que a adsorção de Cobre (Cu) sofre influência do pH, pois a eficiência de adsorção do cobre tende a aumentar com o pH do solo. Em pH mais alto, o cobre é mais facilmente absorvido pelas partículas do solo devido à diminuição da competição com íons H e à formação de espécies de cobre menos solúveis. Ressaltou que⁺ numerosos estudos sobre a capacidade de solos e absorventes minerais ou orgânicos, em suspensão, para adsorver metais pesados têm demonstrado que o pH é o fator mais influente. Esses estudos, em grande parte, exploram como o pH afeta a quantidade de metais pesados adsorvidos.
Portanto, avaliar o comportamento de metais pesados como cobre (Cu) e ferro (Fe) em solos através de ensaios de adsorção é essencial para entender sua mobilidade, disponibilidade, e impacto ambiental.
Nesse sentido, Burak et al., (2017), relatara que práticas inadequadas como o despejo de lixo no solo, desmatamento, queimadas, e o uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas e fertilizantes, podem causar sérios danos às propriedades do solo, além de aumentar os níveis naturais de metais pesados. Compreender como os solos absorvem metais é crucial, pois a capacidade de adsorção do solo determina os impactos negativos associados a altas concentrações desses elementos. Altas concentrações de metais pesados no solo podem causar sérios danos não somente para o meio ambiente, mas também para os seres vivos.
Burak et al., (2017), apontam que o solo atua como um filtro para metais pesados, retendo muitos desses metais com base em suas propriedades pedológicas e nas características dos próprios metais. Essa retenção se deve, principalmente, à forte ligação dos metais aos minerais silicáticos do solo, à capacidade de complexação proporcionada pela matéria orgânica, e à adsorção em óxidos na forma de complexos de esfera interna. Solos em ambientes tropicais têm uma capacidade adicional de retenção de metais pesados devido à sua composição rica em óxidos.
Sobre isso, avaliação dos metais pesados em solo por meio de ensaios de adsorção é um dos métodos mais populares e eficazes para a recuperação de metais tóxicos de soluções aquosas, principalmente pela flexibilidade de operação, assim, vários adsorventes são utilizados para remoção de íons metálicos tóxicos (BURAK et al., (2017)
Villacís-garcía et al., (2015), afirmam que o fenômeno de adsorção ocorre devido a presença de diversos grupos funcionais que constituem a biomassa, tais como celulose, polioses, proteínas e lignina, resultando de interações eletrostáticas e também da formação de complexos entre íons metálicos e os grupos funcionais presentes na superfície celular, quando estes exibem alguma afinidade química pelo metal.
Já Villacís-garcía et al., (2015), afirma que a adsorção consiste em um processo de separação simples, envolvendo o contato de uma fase fluida livre (líquida), com uma fase rígida permanente (adsorvente), granulada, que tem a propriedade de reter os metais tóxicos contidos no fluido. Como o metal concentra-se na superfície do adsorvente, quanto maior for essa superfície, maior será a eficiência da adsorção. A redução da quantidade de componentes orgânicos e inorgânicos presentes no chorume durante o processo de recirculação, pode ocorrer com a utilização de processos de adsorção, precipitação e quelação/complexação que ocorrem quando há contato do líquido com o RSU aterrado.
No estudo realizado por Villacís-García et al., (2015), foi observado que a complexação do cobre pela matéria orgânica do solo é a mais forte entre os metais de transição divalentes. Nos óxidos e hidróxidos de ferro nas periferias das argilas silicatadas, os grupos funcionais de superfície são originados pela dissociação de grupamentos hidroxila. A adsorção do cobre pode ocorrer por meio da formação de ligações covalentes ou eletrostáticas, e, este fenômeno é muito importante em solos tropicais, onde a elevada quantidade de oxo-hidróxidos determina uma grande capacidade de retenção do metal.
No que diz respeito Ferro (Fe), Villacís-garcía et al., (2015) apontam que o ferro é o metal de transição mais abundante na crosta terrestre, pode surgir sob a forma de óxidos, hidróxidos e oxihidroxidos de ferro (denominados genericamente por óxidos de ferro) em solos, rochas, lagos, rios, em partículas na atmosfera e em organismo, apresentar diferentes estados de oxidação, desde -2 a +6, mas o estado de oxidação +2, denominado de ferroso, e +3, designado de férrico, são os mais comuns, sua solubilidade e seu estado de oxidação dependem fortemente do pH e do potencial de oxidação redução.
Dessa forma, a capacidade de adsorção observada neste estudo é comparável a outros estudos em solos tropicais. Por exemplo, Rebêlo (2020) em pesquisas realizadas em solos da região amazônica mostrou que solos ácidos e com alta CTC, apresentam maiores capacidades de adsorção para metais pesados, corroborando os resultados obtidos em Colinas .
5 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos indicam que as amostras de solo coletadas na cidade de Colinas apresentam variações na composição química e nas propriedades de adsorção do solo, demonstrando uma considerável capacidade de adsorção para Cu e Fe. A análise do comportamento dos metais pesados (Cu ou Fe) em solo por meio de ensaios de adsorção permitiu verificar as características físico-químicas do solo, como pH, CTC, desempenham um papel crucial na modulação da capacidade de adsorção.
Verificou-se a presença de metais pesados em concentrações elevadas nas amostras contaminadas sugere a necessidade de medidas de monitoramento e remediação para evitar impactos negativos no meio ambiente e na saúde pública. A capacidade de adsorção observada nos ensaios indica que, embora os solos possam reter metais pesados, a mobilidade desses metais pode ser influenciada por mudanças nas condições ambientais, como pH e concentração de íons competidores. O estudo destaca a importância de análises detalhadas para entender a dinâmica dos metais pesados no solo e suas interações com os componentes do solo.
REFERÊNCIAS
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CORREIA FILHO, F. L. et al. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, estado do Maranhão: relatório diagnóstico do município de Colinas. Teresina: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2011. 31p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. 3. Ed. Ver. revista e ampliada. Brasília, 2017. 577p.
FERNANDES, F. S. Indicadores de qualidade do solo em diferentes sistemas de manejo. 37 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis)-Universidade Federal de São Carlos, 2019.
FERREIRA,V.R.N. Avaliação do estado do meio ambiental dos solos na envolvente de unidade industrial. Dissertação (mestrado) -Universidade do Porto em ciências e tecnologia do ambiente.2020.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Santa Inês, 2021. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/santa-ines/panorama. Acessado em 16 de mai. 2024.
INACIO, P. C. O destino dos resíduos sólidos de construção civil-RCC e volumosos de Araraquara-SP. 2020. 110 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia)- Universidade Federal de Uberlândia, Ituiutaba, 2020.
KLEIN, F. B; GONÇALVES-DIAS, S. L. F; JAIO, M. Gestão de resíduos sólidos urbanos nos municípios da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê: uma análise sobre o uso de TIC sem acesso à informação governamental. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana , v. 10, p. 140-153, 2018.
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1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
3Laboratório de Biotecnologia, Universidade CEUMA.