RETOMADA DAS COBERTURAS VACINAIS NO BRASIL, RELAÇÃO DE COBERTURA ENTRE OS ANOS DE 2022 E 2023

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11557376


Heitor Marcuzzo de Oliveira1,
Marcelo Osaka Messias2,
Mariana Kely Diniz Gomes de Lima3 


RESUMO    

Através do Programa Nacional de Imunizações o PNI, o Brasil tem apresentado muitos êxitos sendo referência internacional em questão de distribuição de imunobiológicos gratuitamente em todo território nacional. Há alguns anos o governo está em alerta pelo crescente declínio na adesão as vacinas, na maioria dos casos por uma percepção errônea de que as doenças estão extintas principalmente após a COVID19. Através dessas informações o governo vem implementando cada vez mais ações socioeducativas quanto a conscientização da importância das vacinas. Este estudo examina a eficácia dos programas de conscientização sobre as vacinas, comparando a cobertura vacinal entre os anos de 2022 e 2023, permitindo uma análise descritiva a partir da coleta de dados, incluindo a comparação percentual de adesão entre os principais imunobiológicos disponíveis no SUS.  

Palavras-Chave: vacina, doenças, imunização, SUS.   

INTRODUÇÃO   

O primeiro indício de vacina é documentado na China no século X, os cientistas converteram as cascas das feridas da varíola em pó, aplicando sobre as feridas de pessoas já contaminadas, esse método ficou conhecido como variolação.  

A primeira vacina foi criada no século XVIII e idealizada pelo médico Edward Jenner, nessa época a varíola era a maior ameaça aos seres humanos, desde e então os imunizantes sofreram um grande avanço tendo cobertura para diversas patologias como poliomielite, sarampo, caxumba, hepatites entre muitos outros. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina evita cerca de até três milhões de mortes ao ano sendo considerado um dos maiores avanços na medicina (BUTANTAN, 2021). 

No Brasil a vacina foi introduzida pelo Marquês de Barbacena que trouxe a técnica de Portugal criada por Edward Jenner e, foi colocada em prática na Bahia.  

A vacinação é a melhor forma de conter doenças, protegendo a si mesmo e seus familiares já que muitas doenças são transmitidas através de contato ou pelo ar.  

As políticas públicas de imunização do Brasil é referência internacional a décadas, sendo a vacinação obrigatória em muitos casos (BUTANTAN, 2021). 

Hoje a vacinação no Brasil é realizada através do programa nacional de imunizações (PNI), criado em 1973 e instituído pela lei 6.259/75. PNI é responsável pela distribuição de vacinas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e é devido ao trabalho tão bem realizado do programa que algumas doenças como poliomielite e varíola não tem casos documentados há anos, a PNI distribui 45 imunobiológicos gratuitamente em distintas faixas etárias (BUTANTAN, 2021). 

Mesmo com um programa muito bem estabelecido de fácil acesso e gratuito, uma percepção errônea da população de que não é necessária a vacinação porque as doenças desapareceram, diminuiu a taxa de cobertura de imunização dos brasileiros em 2017, houve a menor taxa de vacinação contra 17 doenças, o que gerou um alerta e novas campanhas do ministério da saúde enfatizaram a importância da vacinação (ZORZETTO, 2018). 

Em 2021, uma em cada cinco crianças com menos de um ano de idade não recebeu todas as doses de vacinas. É notável que o risco de um surto de doenças que podem ser evitadas através da vacina é uma eminência, muitos estudos apontam que tudo isso é decorrente de uma hesitação em relação as vacinas, o que aumentou durante a pandemia da COVID-19 (OPAS, 2023). 

METODOLOGIA   

O estudo abordou medidas quantitativas para avaliar se a implementação de novos programas de conscientização quanto a importância da vacinação surtiu efeito satisfatório. Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, de natureza quantitativa e descritiva, focando a análise na adesão vacinal entre os anos de 2022 e 2023 no Brasil.  

Os dados foram coletados a partir do departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), que surgiu em 1991, com a criação da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), pelo decreto 100 de 16.04.1991, o DATASUS tem como responsabilidade prover os órgãos do SUS de sistema de informação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle, tendo desenvolvido em quase 25 anos 200 sistemas que auxiliam diretamente o Ministério da Saúde (DATASUS, 2023). 

De acordo com o censo atualizado pela última vez em 22 de dezembro de 2023; a população brasileira foi estimada em 203.080.756 pessoas, onde 99,4% entre 6 e 14 anos frequentam a escola, 5,6% são analfabetos e a mortalidade infantil encontra-se em 11.20% (IBGE, 2023).  

A coleta de dados dispensou a necessidade de pesquisa presencial nas unidades básicas de saúde ou hospitais, baseando-se exclusivamente em informações epidemiológicas presentes no portal do DATASUS. 

O presente trabalho não foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) por se tratar de dados secundários. No entanto, os dados coletados são destinados ao uso exclusivo da pesquisa, com a finalidade de análise de dados quantitativos e comparativos fornecidos pelo DATASUS, sobre a cobertura vacinal no Brasil nos anos de 2022 a 2023.  

Os benefícios da pesquisa estão direcionados à comunidade científica, oferecendo uma análise detalhada quanto à eficácia do emprego de políticas governamentais para conscientização da importância da vacinação.  

RESULTADOS 

Na região norte no ano de 2000, a vacina BCG por exemplo teve um total de 137,71 doses aplicadas em média e já nos anos de 2021 e 2022, 75 e 71,33 respectivamente. Obviamente que essa vacina em questão envolve a natalidade. A vacina de hepatite B por exemplo no ano de 2000, foram aplicadas 97,54 doses na região norte e nos anos de 2021 e 2022, 55,31 e 53,03, uma queda onde há o aumento crescente da população, em 2000 a população da região norte era de 12.893.561 habitantes e em 2022 uma crescente para 17.354.884, então como são aplicadas menos doses de vacina a cada ano que se passa? 

No dia 29 de fevereiro, a Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (SEIDIGI/MS) apresentou, durante a 2ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite de 2024 (CIT), o Índice Nacional de Maturidade Saúde Digital (INMSD) e o novo fluxo para envio de dados de vacinação da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) para estados e municípios. As ações pactuadas demonstram o compromisso da secretaria com a melhoria contínua das soluções em TIC, em apoio aos entes federativos, e o avanço igualitário da transformação digital do SUS (SEIDIGI, 2024). 

Em 2023, segundo dados do DATASUS, houve uma crescente nas vacinações, isso devido há implementações governamentais quanto a disseminação de informações quanto a importância, calendário vacinal e desmitificação quanto as fakes News amplamente divulgadas. Novos programas foram criados, almejando redes sociais, televisão e outros meios de comunicação para alcançar o maior público possível.  

Os dados a seguir seguirão o modelo de tabulação de acordo com os dados disponíveis no DATASUS, sobre a cobertura vacinal nos anos de 2022 e 2023, assim como descrição dos programas implementados.  

Entre os anos de 2022 e 2023 é notável que a cobertura vacinal foi muito melhor no ano de 2023 do que em 2022, apresentando melhores resultados quanto a cobertura vacinal. No entanto a vacina BCG foi a única que houve uma baixa significativa. No ano de 2022 a cobertura para a BCG foi de mais de 90% em todo território brasileiro. De acordo com ministério da saúde no ano de 2023 nasceram vivos cerca de 2.532.053 crianças nesse ano (IVIS, 2024), dentre esses nascidos apenas 77,5% receberam o imunizante, sendo uma porcentagem significativa dos quais não receberam a dose vacinal.  

CONCLUSÃO

A partir de todas as coletas de dados, tanto das medidas socioeducativas, como desmentir as fakes News que são constantes e infundadas, que trazem apenas malefícios à sociedade as deixando vulneráveis vírus/infecções facilmente evitadas pelos imunizantes disponíveis no SUS, de forma gratuita e com fácil acesso, como a novas estratégias implementadas para um alcance nacional cada vez maior, e de qualquer faixa etária como redes sociais, televisão aberta, rádio, panfletos entre outros meios. Sabemos que todo esse esforço das autoridades de saúde vem tendo resultados positivos, no entanto ainda sim há milhões de pessoas não imunizadas e são essas pessoas que agora deveremos buscar meios de chegar até elas. Pessoas não imunizadas além de um risco substancial a elas mesmas, também são riscos para a sociedade como um todo.  

Em 2017, 2018 e 2019, Minas Gerais enfrentou um surto de febre amarela pela baixa adesão vacinal, as autoridades conseguiram contornar a situação com medidas educativas e de incentivo à vacinação para a população (MINAS GERAIS, 2020).

O SUS, disponibiliza 21 imunizantes de forma gratuita, e antes de disponibilizadas para a população, as vacinas passa, por várias fases de avaliação, e só são liberadas quando a ANVISA as aprova como seguras para a utilização. 

É nítido que o trabalho governamental tem tido eficácia, quanto a educação para a população da importância vacinal e isso é demostrado através da crescente retomada de cobertura vacinal em todo o Brasil. No entanto ainda estamos longes de uma cobertura completa e é com esse desafio que novos programas, novas formas de alcance as pessoas deve ser estudada e implementada, para que assim todos estejam seguros contra possíveis epidemias de doenças facilmente evitadas pelo simples ato de vacinar-se. 

REFERÊNCIAS  

1 PORTAL INSTITUTO BUTANTAN. Imunização, uma descoberta da ciência que vem salvando vidas desde o século XVIII. 2021. Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/imunizacao-uma-descoberta-da-ciencia-que-vemsalvandovidas-desde-o-seculo-xviii. Acesso em:

2 ZORZETTO, Ricardo. As razões da queda na vacinação, Ao menos nove fatores contribuem para a redução na imunização infantil e aumentam o risco de doenças graves ressurgirem. Revista FAPESP, São Paulo, v. 19, n. 270, p., 2018. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/as-razoes-da-queda-na-vacinacao/. Acesso em:

3 ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Risco de surto de doenças preveníveis por vacinação é o mais alto em 30 anos, diz diretor da OPAS. 20 abr. 2023. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/20-4-2023-risco-surto-doencaspreveniveis-por-vacinacaoe-mais-alto-em-30-anos-diz-diretor. Acesso em:

4 NSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Censo 2023. Painel de Indicadores. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/indicadores.html. Acesso em: 

5 DATASUS. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/. Acesso em: 

6 SEIDIGI pactua o Índice Nacional de Maturidade Saúde Digital (INMSD) e o novo fluxo de envio de dados vacinais da RNDS para estados e municípios. 2024. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/seidigi-pactua-o-indice-nacional-dematuridade-saude-digitalinmsd-e-o-novo-fluxo-de-envio-de-dados-vacinais-da-rndspara-estados-e-municipios/. Acesso em: 

7 BRASIL. Ministério da Saúde. Plataforma integrada de vigilância em saúde (IVIS). Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos. Disponível em: http://plataforma.saude.gov.br/natalidade/nascidos-vivos/. Acesso em: 04 jun. 2024.  

8 MINAS GERAIS. Secretária de Estado de Minas Gerais. A importância da imunização e os riscos de não se vacinar. Disponível em: https://saude.mg.gov.br/cib/story/13068-aimportancia-da-imunizacao-e-os-riscos-de-nao-se-vacinar. Acesso em: 04 jun. 2024. 


1Graduando do curso de medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal-RO (UNINASSAU).  Heitormarcuzzo2@gmail.com 

2Graduando do curso de medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal-RO (UNINASSAU).  mosakamessias@gmail.com 

3Docente no curso de medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau de Cacoal-RO(UNINASSAU). E-mail:  mariana