RESTAURO ARQUITETÔNICO DA IGREJA DE SENHORA DE SANT’ANA EM RIO DE CONTAS – BA: TEORIA E PRÁTRICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412171351


Ana Clara Silva Luiz1;
Erika Alezard Ostermann2;


RESUMO

Este artigo busca analisar os conceitos das teorias do restauro no contexto da restauração da Igreja de Senhora de Sant’Ana, em Rio de Contas, e investigar sua adequação a algumas dessas teorias. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma abordagem metodológica que incluiu pesquisa bibliográfica, com foco no estudo das principais teorias do restauro, e uma análise em campo, observando as condições atuais do edifício e as intervenções realizadas. Os resultados indicam que cada teoria apresenta particularidades que precisam ser consideradas com a especificidades em cada situação. No caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana, a aplicação prática das ideias teóricas exigiu ajustes que respeitassem tanto os valores históricos e culturais do edifício quanto os desafios técnicos do contexto contemporâneo. As teorias forneceram um embasamento essencial, mas o processo de restauração também demonstrou a importância de um diálogo dinâmico entre teoria, prática e a conscientização social sobre a preservação do patrimônio histórico. Para finalizar uma restauração bem-sucedida, é necessário integrar os fundamentos teóricos com uma análise prática detalhada e um compromisso coletivo com a valorização do patrimônio. Esse equilíbrio permite intervenções que preservam a autenticidade e reforçam o papel cultural do edifício na memória e na identidade do local.

Palavras-chave: Restauro. Preservação. Igreja de Senhora de Sant’Ana. Teoria do Restauro. 

ABSTRACT

This article seeks to analyze the concepts of restoration theories in the context of the restoration of the Church of Senhora de Sant’Ana, in Rio de Contas, and investigate their adequacy to some of these classic theories. To achieve this objective, a methodological approach was carried out that included bibliographical research, focusing on the study of the main restoration theories, and an analysis in the field, observing the current conditions of the building and the interventions carried out. The results indicate that each theory presents particularities that need to be considered with the specificities of each case. In the case of the Church of Senhora de Sant’Ana, the practical application of theoretical ideas required adjustments that respected both the historical and cultural values of the building and the technical challenges of the contemporary context. Theories provided an essential foundation, but the restoration process also demonstrated the importance of a dynamic dialogue between theory, practice and social awareness about the preservation of historical heritage. It is concluded that, for a successful restoration, it is necessary to integrate the theoretical foundations with a detailed practical analysis and a collective commitment to the valorization of heritage. This balance allows interventions that preserve authenticity and reinforce the cultural role of the building in the memory and identity of the place

Keywords: Restoration. Preservation. Church of Senhora de Sant’Ana. Restoration Theory.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta uma introdução ao conceito de preservação arquitetônica, destacando seus objetivos e instrumentos, com foco na conservação e restauração. A preservação é descrita como um conjunto de ações que visam manter a integridade e perenidade de bens culturais, essenciais para preservar a história e identidade cultural. Dentro deste contexto, a restauração aparece como uma intervenção específica, que busca assegurar a eficácia e a continuidade de um bem cultural, corrigindo danos já ocorridos. Já a conservação é apresentada como uma medida mais preventiva e contínua, destinada a evitar ou retardar o processo de deterioração (Ferreira, 1999).

O artigo busca discutir as relações entre as diversas teorias de restauração e conservação e sua aplicação prática, com foco nos princípios que orientam intervenções na arquitetura. Para isso, foi analisado o caso de restauração da Igreja de Senhora de Sant’Ana, na cidade de Rio de Contas, Bahia. Essa escolha parte do reconhecimento de que, embora as teorias forneçam diretrizes valiosas para o trabalho com patrimônios históricos, a aplicação dessas ideias no contexto real, frequentemente, exige adaptações e um esforço considerável para respeitar e valorizar as obras (Cau/br, 2014).

Com esta pesquisa foi analisado como as teorias do restauro se enquadram na restauração e valorização do patrimônio da Igreja de Senhora de Sant’Ana localizada em Rio de Contas. O impacto do restauro foi analisado não apenas em termos estruturais, mas também como uma capacidade de preservar a história cultural do local, buscando compreender como as conexões das teorias se enquadram em uma prática eficaz, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos da preservação. As teorias do restauro oferecem uma base metodológica essencial para a preservação e recuperação de edifícios históricos, com a finalidade de equilibrar a conservação dos elementos originais com intervenções necessárias para prolongar a vida útil das estruturas.

No caso específico da Igreja de Senhora de Sant’Ana, essas diretrizes são especialmente importantes, considerando a relevância histórica, cultural e arquitetônica do edifício. A restauração dessa obra não se limitou ao âmbito técnico: também envolve o respeito pela autenticidade da construção, o cuidado com os materiais originais e a integração de métodos modernos que assegurem a durabilidade sem comprometer a essência do patrimônio.

Ao garantir a preservação da igreja, não apenas se protegeu um marco arquitetônico, como também se fortaleceu a memória coletiva e a identidade cultural da região. Dessa forma, o restauro torna-se um instrumento poderoso de conexão entre o passado e o presente, ao mesmo tempo em que contribui para o futuro, promove a conscientização sobre a importância do patrimônio.

O estudo se fundamentou em teorias distintas tais como as de Eugène Viollet-Le-Duc, entende que a restauração deve ocorrer de maneira drástica, demolindo o edifício existente e resconstruindo-o com materiais de alta qualidade (Oliveira, 2008), já John Ruskin, exaltava a preservação do estado original das obras, valorizando as riquezas e o estado cultural (Oliveira, 2008), Camillo Boito, acreditava que a restauração só deveria ser feita quando necessária (Boito, 2003), e Cesare Brandi, o qual defendeu que a composição para a intervenção deve se aplicar de maneira única (Brandi, 204, p. 31).

Diante disso, esse artigo tem como objetivo geral, analisar se a edificação da Igreja de Senhora de Sant’Ana de Rio de Contas- Bahia, se enquadra em alguma teoria do restauro, assim, destacando a importância da mesma. 

Suma-se a isso, os objetivos específicos que, por sua vez, se baseiam em discutir sobre as teorias de restauro dos principais teóricos; analisar a edificação da Igreja de Senhora de Sant’Ana- BA e seu restauro; e por fim, enfatizar a importância do restauro, que atenda as demandas do presente sem anular a edificação como suporte da memória e da história da cidade.

Entretanto, a prática nem sempre permite uma aplicação rigorosa dessas ideias, devido às especificidades de cada obras e às condições encontradas no momento de intervenção. O Caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana exemplifica essa complexidade. Como bem de valor histórico e cultural significativo, sua restauração exigiu um equilíbrio delicado entre recuperar elementos danificados e respeitar os matérias e técnicas originais. Esse tipo de intervenção vai além das questões técnicas, envolvendo também desafios culturais e sociais, como o envolvimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), trazendo a valorização da memória coletiva associada ao patrimônio histórico.

O estudo busca refletir sobre como as teorias de restauração e conservação podem dialogar com a prática, adaptando-se às exigências do contexto real, sem perder de vista os princípios fundamentais. Ao destacar a importância do respeito pela autenticidade e da valorização da história da obra, o trabalho reforça a necessidade de intervenções conscientes e bem fundamentadas. Assim, contribui de forma relevante para a preservação do patrimônio histórico e a formação de abordagens que conciliem teoria e prática de maneira eficiente e responsável. 

Partindo desse ponto, a problemática que delimitou a temática desta pesquisa foi: a edificação da Igreja de Senhora de Sant’Ana – BA se enquadra em alguma teoria do restauro?

2 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram utilizados dois métodos complementares: a pesquisa bibliográfica e a visita de campo. A pesquisa bibliográfica proporcionou uma base teórica sólida e aprofundada sobre as teorias do restauro aplicadas à arquitetura, como foco no edifício histórico tombado Igreja de Senhora de Sant’Ana. Essa etapa incluiu a análise de artigos, sites especializados, teses e livros, permitindo compreender os princípios fundamentais do restauro e suas implicações práticas. Como destaca Gil (2002, p. 3): “A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados bibliográficos. ”

Já a visita de campo possibilitou uma análise direta das condições da Igreja de Senhora de Sant’Ana, em Rio de Contas, verificando se as ações de preservação e conservação implementadas estão de acordo com alguma teoria do restauro. Por meio da observação no local, foi possível avaliar o estado de conservação da estrutura, a qualidade dos materiais utilizados, a integridade dos elementos arquitetônicos e os impactos das intervenções realizadas. Essa abordagem prática permitiu confrontar a teoria com a realidade, enriquecendo a compreensão sobre a preservação do patrimônio histórico.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

O foco é discutir as relações entre algumas teorias do restauro e sua aplicação prática, com análise focada no caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana, em Rio de Contas, Bahia. A pesquisa parte do entendimento de que, embora as teorias ofereçam fundamentos essenciais, a prática muitas vezes requer adaptações e esforços adicionais para garantir que as intervenções respeitem e preservem o valor original da obra, conciliando tradição e inovação.

A Igreja de Senhora de Sant’Ana simboliza não apenas um marco arquitetônico, mas também um patrimônio cultural e religioso significativo para a comunidade local. Assim, sua restauração envolve a preservação de seus elementos materiais e de seu valor simbólico. A pesquisa avalia como princípios teóricos, como os de Eugène Viollet-Le-Duc, John Ruskin, Camillo Boito e Cesare Brandi, seguiram o processo de intervenção, ao mesmo tempo em que considera as adaptações realizadas para atender às especificidades do edifício e às condições atuais.

3.1 O CONCEITO DE RESTAURO SEGUNDO EUGÈNE VIOLLET-LE-DUC, JOHN RUSKIN E CAMILLO BOITO

Há duas grandes correntes doutrinárias sobre a restauração do patrimônio histórico (Choay, 2003, p. 153): o intervencionista e o anti-intervencionista. A primeira corrente é simbolizada, por Viollet- Le-Duc e a segunda por John Ruskin.

Os intervencionistas consideram que restaurar um edifício significa “restituí-lo a um estado completo, que pode nunca ter existido”. Sendo assim, se um edifício não continha todos os elementos necessários a compor um estilo, estes deveriam ser acrescentados no processo de restauração (Choay, 2003, p. 156-157). 

A segunda defende um anti-intervencionismo radical, onde “não se tinha o direito de tocar nos monumentos antigos, que pertenciam, em parte, àqueles que os edificaram e, também, às gerações futuras”. Para os anti-intervencionistas, a “restauração é impossível e absurda”, pois equivaleria a “ressuscitar um morto”, além de romper com a autenticidade da obra. Todavia, esses doutrinadores não excluem a possibilidade da manutenção, desde que imperceptível (Choay, 2003, p. 154-156; Ruskin, 1901, p. 353).

Em relação à corrente anti-intervencionista, Ruskin sustentava que a arquitetura era essencial à lembrança, sendo o meio mantenedor das ligações com o passado e a identidade coletiva. Nos edifícios antigos, por exemplo, pode-se perceber o valor incorporado pelo trabalho das gerações pretéritas, desde as moradias humildes às mais luxuosas (Choay, 2003, p. 139-141). 

O citado teórico era contrário à industrialização e valorizava o trabalho manual realizado nos edifícios antigos, assim como as marcas decorrentes da passagem do tempo, por entender que ambos conferiam um caráter sagrado às edificações. Para Ruskin, o homem produzia, ao mesmo tempo, um objeto útil e uma obra de arte. Neste contexto, discorre sobre o dualismo entre a beleza e a utilidade sugerindo uma sutil distinção entre a arquitetura e a construção (Benevolo, 1976, p. 198; 200; Choay, 2003, p. 154). 

Em sua obra Pedras de Veneza, critica as intervenções que lesam a estrutura da malha urbana das cidades antigas. Sugere ainda que, no caso específico de Veneza, a arquitetura doméstica como um todo desempenha o papel de monumento histórico. A mais, prenunciou a inclusão dos conjuntos urbanos na herança a ser preservada, além de ampliar a proteção dos monumentos em escala internacional (Choay, 2003, p.180-182). 

Camillo Boito partiu das idéias de Ruskin e Viollet-le-Duc, conciliando-as no restauro filológico. Entendia que a restauração só deveria ser praticada em casos extremos, quando todos os outros meios de salvaguarda (manutenção, consolidação, intervenções imperceptíveis) tivessem fracassado. Ademais, formulou um conjunto de diretrizes para a conservação e a restauração dos monumentos históricos. Suas idéias auxiliaram na separação precisa entre os conceitos de restauração e conservação. Enunciou sete princípios fundamentais para a intervenção em monumentos históricos:

[…] ênfase no valor documental dos monumentos, que deveriam ser preferencialmente consolidados a reparados e reparados a restaurados; evitar acréscimos e renovações, que, se fossem necessários, deveriam ter caráter diverso do original, mas não poderiam destoar do conjunto; os completamentos de partes deterioradas ou faltantes deveriam, mesmo se seguissem a forma primitiva, ser de material diverso ou ter incisa a data de sua restauração ou, ainda, no caso das restaurações arqueológicas, ter formas simplificadas; as obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente necessário, evitando-se a perda dos elementos característicos ou, mesmo, pitorescos; respeitar as várias fases do monumento, sendo a remoção de elementos somente admitida se tivessem qualidade artística manifestamente inferior à do edifício; registrar as obras, apontando-se a utilidade da fotografia para documentar a fase antes, durante e depois da intervenção, devendo o material ser acompanhado de descrições e justificativas e encaminhadas ao Ministério da Educação; colocar lápide com inscrições para apontar a data e as obras de restauro realizadas (Boito, 2003, p. 21).

Por outro lado, procurou separar os conceitos de conservação e restauração, considerando a primeira como a única coisa a se fazer, uma obrigação indispensável à sobrevivência do bem. Já para segunda, reservou um princípio distinto indispensável, algumas vezes contrário à conservação. Estando relacionada às ações de Viollet-le-Duc (Boito, 2003, p. 22-23). ]

Em relação à escultura, alertou para os perigos dos “completamentos” que conduziriam a enormes enganos e alterações no equilíbrio da composição. Considerava estas intervenções como perigosas, por induzir ao erro, além de não valorizar as ações anteriores, recomendando a retirada destes acréscimos. Julgava importantes as técnicas de proteção as esculturas expostas à intempéries, de forma que pudessem sair dos museus e voltar ao seu local de origem. Em relação à escultura, julgava inconcebíveis as restaurações e acrescentava que deveriam ser retiradas, sem misericórdia, todas aquelas feitas anteriormente (Boito, 2003, p. 44). 

No que se refere à pintura, julgava a restauração necessária para reavivar a obra, mas ressaltava o princípio da mínima intervenção e da “distinguibilidade”. Todavia, ressaltava que o ponto chave das restaurações da pintura era parar a tempo e contentar-se com o menos possível (Boito, 2003, p. 24-25; 53). 

No que toca à arquitetura, discordava de Ruskin, quando este dizia que o edifício tinha que ser deixado à mercê do tempo e cair em ruínas, desconsiderando suas sugestões de conservações periódicas para garantia de sobrevivência da obra. Já em relação à Viollet-le-Duc, alertava sobre o perigo de se alcançar o estado completo, que pode nunca ter existido, assumindo o restaurador a posição do arquiteto original. Ressaltava, ainda, os riscos de falsificação deste tipo de intervenção (Boito, 2003, p. 24-25). 

Nesse contexto, defendeu as conservações periódicas como meio de evitar o restauro, admitindo-o apenas quando indispensável à preservação da memória. Todavia, adiciona que os “completamentos” e os acréscimos deveriam ser distintos do original, marcando o seu próprio tempo (Boito, 2003, p. 24-25). Por fim, concluiu:

1º É necessário fazer o impossível, é necessário fazer milagres para conservar no monumento o seu velho aspecto artístico e pitoresco. 

2º É necessário que os completamentos, se indispensáveis, e as adições, se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras de hoje (Boito, 2003, p. 60-61).

3.2 A RESTAURAÇÃO SEGUNDO CESAR BRANDI

Para Cesar Brandi, o reconhecimento da obra de arte deriva da conscientização do valor que se tem impregnado nela, seja pelo aspecto material, pela notoriedade do autor ou, ainda, pela técnica utilizada. A restauração, assim, será condicionada pela obra de arte, tendo em vista seu valor estético e histórico fortemente presente, além do aspecto físico (Brandi, 1977, p. 4-6). 

A imagem de uma obra de arte não depende, exclusivamente, do corpus, da substância material que a compõe. Ao contrário, uma mesma substância pode apresentar-se ora como obra de arte ora como simples matéria prima, dependendo de sua trajetória histórica. Uma pedra de mármore, não trabalhada, tem valor distinto do de uma escultura, porque a esta se agregam valores culturais e históricos que a tornam mais que simples matéria. 

Tem-se, assim, que a matéria atua mais como um veículo de transmissão da imagem do que como um condicionante desta. Portanto, os esforços de pesquisa relacionados à conservação devem se concentrar no corpus que contém a imagem, a fim de que esta não se perca no tempo. Para tanto, Cesar Brandi fixa dois axiomas, duas diretivas a serem observadas no ato de restauração (Brandi, 1977, p. 7-8): Deve-se restaurar apenas a matéria da obra de arte, o veículo que contém a imagem; e o restauro deve tomar como alvo o restabelecimento de uma unidade potencial da obra, desde que isto seja possível sem que se cometa um falso artístico ou histórico e sem cancelar os sinais da passagem do tempo.

Entende-se por falso artístico ou histórico a representação que pretende apresentar como autêntica a mera reconstituição de obra que se desgastou ao longo do tempo. Seria possível, por exemplo, reconstituir uma estátua que teve partes de si deterioradas com o tempo. Contudo, isso romperia a linha de continuidade histórica daquele monumento, fazendo com que a réplica fosse equiparada ao original. 

A reconstituição de uma obra, ainda que se utilizem os mesmos materiais, não configura restauração, na medida em que conforma um falso estético e histórico. O lugar, assim como a matéria, contribui para a manifestação da imagem. Portanto, a remoção de uma obra de arte do lugar de origem apenas deverá acontecer quando indispensável à sua conservação (Brandi, 1977, p. 11-12). 

A mais grave heresia da restauração é o restauro de repristinação, aquele que abole o laço de tempo entre o período em que a obra foi concluída e o presente. Para que seja uma operação legitima, a restauração não deve reverter a degradação natural das obras, retirando-lhe os traços decorrentes da passagem do tempo, nem abolir sua história. A ação de restauro deverá se dar de modo pontual, como evento histórico, por ser uma ação humana e se inserir no processo de transmissão da obra de arte no futuro (Brandi, 1977, p. 26). 

Cada caso de restauro será um caso a parte, seja pelo conceito da obra de arte como único, seja por sua singularidade irrepetível no contexto histórico. A obra de arte é, em primeiro lugar, resultante do fazer humano. Por isso, não deve depender do gosto ou da moda para ser reconhecida. A consideração histórica se coloca acima da estética. Assim, do ponto de vista artístico, a ruína se integra a um determinado complexo monumental ou paisagístico, determinando o caráter de uma zona (Brandi, 1977, p. 30; 39-41). 

No caso das ruínas, ainda que mantenham seu caráter histórico, os vestígios estéticos, por serem resultado de uma destruição, excluem a possibilidade de intervenção direta. Desta forma, faz-se necessária uma vigília conservativa e a consolidação da matéria. É recorrente a ilusão de reerguer a ruína e transformá-la em forma. Ainda que se tenha documentado o estado original da obra, a reconstrução, a repristinação ou a cópia, não podem ser tratadas como um tema de restauro, mas como mera reprodução fria dos procedimentos de formulação da obra de arte (Brandi, 1977, p. 31). 

Ao restabelecer a unidade potencial de uma obra, não se deve fazê-lo ao ponto de destruir sua autenticidade, sobrepondo a ela uma realidade histórica “inautêntica”. A legitimidade da conservação da ruína reside no juízo histórico que será dado ao objeto da intervenção, como testemunho mutilado, mas ainda reconhecível, de uma obra ou evento humano (Brandi, 1977, p. 32). 

Historicamente, é legítima a conservação dos acréscimos, enquanto a remoção, quando justificada, deve ser feita de modo a deixar traços de si mesma sobre a obra (Brandi, 1977, p. 35). A reconstituição é diferente do acréscimo. Neste, pode-se completar ou desenvolver, sobretudo na arquitetura, funções diversas das iniciais. Aquela, por outro lado, tem como escopo remodelar a obra, intervindo de maneira análoga ao processo criativo originário, fundindo o velho no novo, de forma a não diferenciá-los. Portanto, quanto mais o acréscimo se aproximar da reconstituição, pior será. Já a reconstituição será tão melhor quanto se afastar do acréscimo e visar à constituição de uma unidade nova sob a antiga (Brandi, 1977, p. 36- 37). 

Portanto, deve-se conservar a ruína do monumento no âmbito em que se insere. Reconduzir a obra a sua unidade originaria é como substituí-la por um “ex-novo”. Em suma, é sempre um juízo de valor que determina a prevalência de uma ou outra instância na conservação, na remoção dos acréscimos ou na reconstituição (Brandi, 1977, p. 42-46). 

O restauro preventivo serve como tutela, remoção de perigos e garantia de condições favoráveis. Não consiste apenas em intervenções práticas sobre a matéria da obra, mas em qualquer procedimento que assegure, no futuro, a conservação desta como imagem e matéria (Brandi, 1977, p. 54-55). 

A falsificação se funda no juízo. O mesmo objeto pode ser considerado imitação ou falsificação, conforme a intenção com qual fora produzido ou colocado em circulação. Brandi diferencia três casos (Brandi, 1977, p. 65-67): A primeira como cópia, a segunda como imitação e a terceira como falsificação. 

A cópia, é a produção ou reprodução semelhante de um objeto segundo o estilo de um determinado período histórico ou personalidade artística, com o objetivo de documentar, já a imitação se assemelha à cópia, exceto na intenção, que tem como objetivo gerar um engano acerca da época, material ou autor (falso histórico). A falsificação leva a difusão do objeto no comércio, ainda que não tenha a intenção de mudar um engano em relação aos materiais, à época ou ao autor da obra (falso artístico). 

Vários assuntos pertinentes à restauração são tratados na Carta de Restauro de 1972, com o objetivo de suprir a carência de normas jurídicas sobre o tema, estabelecendo as posturas ideais a serem seguidas (Brandi, 1977, p. 132; 154).

3.3 IGREJA DE SENHORA DE SANT’ANA E SEU RESTAURO

A Igreja de Senhora de Sant’Ana se localiza-se no centro da cidade de Rio de Contas, mais especificamente na Rua Duque de Caxias (antigo Largo de Santana). A localização tombada em nível federal desde 1980, encontra-se na sede do município e se caracteriza com remanescente do ciclo da exploração aurífera no Estado da Bahia (Instituto Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1958, p. 325). 

A cidade tem suas principais características arquitetônicas de meados do século XVIII a início XIX, quando a região floresceu impulsionada pela descoberta do ouro. Com a decadência da exploração do ouro e a descoberta das minas de diamante na região de Lençóis, houve um êxodo, acarretando quase uma estagnação econômica que foi, por muito tempo, responsável pela preservação da sua características urbanas e arquitetônicas (Instituto Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1958, p. 325).

Não se tem precisão da data de construção da atual Igreja, Segundo Julieta Trindade Soares a Igreja de “pedras” foi iniciadas ainda no apogeu do ouro, por volta de 1760 pelos Bandeirantes e os irmãos Antônio Bernardes Trindade, José Bernardes Trindade e Manoel Bernardes Trindade. Por volta de 1867. Já em 1886, com as minas de ouro completamente esgotadas e a população empobrecida, paralisa-se a construção da Igreja, ainda inacabada, que assim permanece até o dia atual (Soares, 1997).

Sua construção não apresenta revestimento nas paredes, exceto na parte superior do frontão. Dessa forma, ela possui proporções bem ajustadas, o que a torna harmoniosa e graciosa. Apesar de ser um edifício que não tem grandes dimensões, ocupa uma posição de destaque, funcionando como um ponto de convergência dentro do espaço urbano.

Como apresenta na Figura 1, sua planta é retangular, constituída de nave central e duas falsas naves laterais e capela-mor ladeada por duas sacristias. Arcos plenos em cataria separam internamente os diversos ambientes. Apenas a nave central, capela-mor e sacristias possuem telhado. As naves laterais e base das torres sineiras são térreas, sem coberturas. Precedendo o edifício, existe adro com cruzeiro de madeira sobre pedestal de alvenaria e uma escadaria de pedra (Instituto Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1958, p. 325).

Figura 1- Planta baixa da Igreja de Senhora de Sant’Ana

Fonte: Autoria prória, 2024.

A Igreja de Senhora de Sant’Ana é um exemplo de edificação inacabada, como pode ser observado nas Figuras 2 e 3. As imagens revelam indícios claros da intenção original de continuidade na construção, evidenciados pelas pedras de amarrações presentes nos muros do corpo central. Além disso, as arcadas localizadas na parte superior da nave central indicam que, muito provavelmente, havia um planejamento para a conclusão das galerias laterais. Esses elementos estruturais inacabados sugerem que o projeto inicial era mais ambicioso do que o estágio em que a construção foi interrompida, refletindo o contexto histórico e cultural em que a obra foi concebida.

Conforme as Figuras 4 e 5, a Igreja é constituída de alvenaria autoportante de pedra com argamassa de barro. Foi observado o nível de cuidado adotado na confecção das alvenarias, executadas com pedras muito bem lavradas, cuidadosamente assentadas e embrechadas com seixos de rocha semelhante à alvenaria. Os blocos de grandes dimensões foram assentados na base e todos os muros apresentam estrutura bem armada, tanto no corpo da parede como no encontro das alvenarias.

Apesar da Igreja ter ficado inconclusa, segundo Fernando Leal, a nave, a capela-mor e os corpos adjuntos à ela sempre tiveram cobertura, sendo que em 1914 por ocasião de fortes chuvas todo o telhado desabou. No final dos anos cinquenta após o tombamento pelo IPHAN, visto como nas Figuras 6 e 7, um novo telhado foi instalado, que ainda hoje existente, é construída, na nave a capela-mor, por tesouras de asna e pendural, amarradas por tirantes e na sacristias por peças sem tirantes. Em toda cobertura o madeiramento leve é constituído de caibro e ripa. Somente uma das sacristias possui forro plano (Ipac-sic). 

De acordo com a Figura 8, observa-se que, antes da restauração, a Nave 1 apresentava uma grande quantidade de vegetação crescendo em seu interior, o que reforçava uma imagem de abandono. Além disso, as fissuras existentes, causadas pela falta de cobertura, evidenciavam o estado precário da estrutura. Já na Figura 9, mesmo ainda sem a cobertura completa, é perceptível o progresso realizado durante a restauração. As fissuras foram reajustadas, e o piso recebeu alvenaria em pedras, uma escolha que preserva a identidade histórica do local. Essa intervenção não apenas melhorou a integridade estrutural do espaço, mas também eliminou a sensação de negligência, resgatando sua importância cultural e histórica para a comunidade.

Em 1972, a Igreja encontrava-se inacabada, como pode ser observado na Figura 10. A Nave 2 apresentava arcos incompletos, o que reforçava uma aparência de abandono, similar à situação da Nave 1. Além disso, o local estava tomado por uma vegetação densa, que comprometia ainda mais sua integridade visual e estrutural. Após a restauração, foram construídos arcos que remetem à história original da igreja, mantendo um diálogo respeitoso com seu valor histórico. Embora a cobertura ainda estivesse ausente, as alvenarias foram tratadas e recuperadas, assim como a vegetação, que foi controlada para preservar o aspecto do edifício, conforme apresentado na Figura 11.

Sua fachada principal, composta de duas sequências de vãos superpostos em arco pleno, encimada por um frontão recortado e arrematado por pináculos sobre os cunhais, possui uma relação de cheios e vazios equilibradas, característica construtiva que já havia sido notório no século XVIII. O conjunto apresenta equilíbrio e leveza que, apesar da falta de revestimento das paredes, lhe conferem beleza e imponência dentro do conjunto arquitetônico da cidade. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Observam-se inúmeras ligações com os princípios teóricos clássicos. A Igreja não foi uma intervenção, como propunha Viollet-Le-Duc. Não obstante, buscou-se por meio de prospecções e pesquisas históricas, explicitar o que estava por debaixo das varias intervenções ocorridas. Assim, não se cria nada além daquilo que já se tinha. De tal maneira, utilizou-se com discrição de materiais atuais, somente para consolidar a obra existente. Já para os novos anexos, além dos novos materiais, fez-se uso de uma linguagem contemporânea. 

Dessa forma, percebe-se uma concordância com os princípios de John Ruskin, que valorizava a preservação do edifício em seu estado autêntico, evitando mudanças que comprometessem sua essência histórica. No caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana, esse conceito foi aplicado ao preservar o edifício sem alterar a essência de sua história. As intervenções realizadas respeitaram sua integridade arquitetônica e cultural, garantindo que a memória e os valores associados à construção permanecessem intactos, ao mesmo tempo em que asseguraram sua conservação para as futuras gerações. 

Todavia, é notável que as particularidades do objeto reforçam também a aplicação das teorias de Camillo Boito e dos princípios da Carta de Atenas de 1931, na qual defende que cada caso de restauro deve ser tratado de forma singular, respeitando suas especificidades e aprovando a remoção de elementos quando tivessem qualidade artística inferior à do edifício. No caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana, essa abordagem se manifesta na priorização de sua importância histórica em relação a aspectos estéticos, garantindo que as intervenções realizadas preservassem sua autenticidade e o valor do edifício.

O condicionamento da restauração em relação ao edifício, respeitando o seu aspecto histórico, entende-se também para um princípio de Cesare Brandi. Conforme sua teoria, a restauração deve buscar o restabelecimento da unidade potencial da obra, evitando falsos artísticos ou históricos, enquanto preserva os sinais da passagem do tempo como parte integrante de sua autenticidade. No caso da Igreja de Senhora de Sant’Ana, essa abordagem foi aplicada ao optar pela manutenção de elementos originais e a conservação de vestígios históricos.

À visto disso, Brandi defendia ainda que a remoção de materiais só deveria poderiam ocorrer em situações justificadas e, mesmo assim, conservando as suas marcas no edifício, o que também foi observado nesse restauro. Os acréscimos que destoavam da essência da edificação foram desconsiderados, enquanto as sobrevergas foram mantidas no estado em que se encontravam, evidenciando as marcas das intervenções passadas. 

Essa prática reafirma a importância de respeitar o edifício como um documento vivo do tempo, alinhando-se à visão de Brandi sobre a restauração como um ato de preservação do significado histórico e artístico evitando, assim, a recriações que poderiam comprometer a integridade histórica e a autenticidade da edificação. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As teorias clássicas da restauração, embora concebidas em contextos históricos e culturais diferentes do atual, continuam sendo uma base reflexiva indispensável para guiar as práticas contemporâneas. Esses fundamentos teóricos oferecem diretrizes que, mesmo adaptadas às realidades atuais, permanecem relevantes para a preservação do patrimônio histórico. Conhecer essas teorias profundamente é essencial para estabelecer relações entre seus princípios e sua aplicação prática, bem como para identificar eventuais confrontos e limitações que surgem no contexto de intervenções específicas.

Nesse sentido, teoria e práxis na restauração não devem ser vistas como opostas, mas como complementares. A teoria proporciona o embasamento necessário para orientar as decisões, enquanto a prática traduz esses conceitos em ações concretas, ajustando-os às particularidades de cada caso. Essa interação entre reflexão teórica e ação prática conduz a uma abordagem restaurativa mais completa, fundamentada e eficaz, capaz de respeitar tanto o valor histórico quanto as demandas e desafios contemporâneos do patrimônio.

Contudo, antes de analisar as teorias da restauração, é imprescindível considerar o contexto histórico em que foram elaboradas. Transferindo diretamente para a realidade atual, sem uma reflexão prévia, pode resultar em uma aplicação desprovida de lógica ou adequação. Assim, é necessário ir além das palavras e buscar a essência das ideias que essas teorias originalmente propunham, compreendendo seus princípios fundamentais e sua relevância no momento de sua concepção.

Somente a partir dessa análise cuidadosa é possível adaptá-las de forma coerente ao cenário contemporâneo, respeitando as especificidades e os desafios de cada caso. Essa abordagem reflexiva permite evitar interpretações superficiais e alcançar uma solução mais categórica e fundamentada, lidando com as complexidades do campo da restauração. Dessa forma, teoria e prática se conectam de maneira sólida, permitindo intervenções eficazes e respeitosas para o patrimônio histórico.

Todavia, a teoria, por mais fundamental que seja, muitas vezes não é suficiente para solucionar os problemas práticos que surgem no restauro. Nesses casos, é indispensável analisar os elementos particulares que a obra em questão apresenta, adaptando as intervenções às suas especificidades. Ainda assim, não se deve ignorar ou abandonar os fundamentos teóricos; mesmo que a prática proponha soluções que aparentem contrariar os princípios teóricos, é essencial estabelecer um diálogo contextualizado entre ambos.

Esse equilíbrio entre teoria e prática assegura que as intervenções mantenham um embasamento sólido, mas ao mesmo tempo sejam flexíveis o bastante para atender às demandas únicas de cada caso. Assim, mesmo nos momentos em que as adaptações sejam inevitáveis, o restauro se mantém fiel ao compromisso de preservar o valor histórico e cultural da obra.

Entretanto, a restauração é um tema de grande complexidade e sensibilidade, no qual não há uma solução única, mas sim a que busca pela abordagem mais prudente e adequada a cada caso. Dessa forma, há uma margem para debates e polêmicas, que têm ganhado força à medida que a preservação do patrimônio histórico se torna mais crescente. Todavia, no Brasil, ainda precisa ser discutida e incorporada de forma mais significativa, especialmente pela falta de uma cultura consolidada de reverência e valorização do patrimônio.

Embora existam esforços pontuais e legislações que buscam proteger bens culturais e históricos, é necessário incorporar de forma relevante uma mentalidade que compreenda a importância da preservação para a memória coletiva e a identidade cultural do país. Isso inclui não apenas profissionais da área, mas também a sociedade como um todo, reforçando a necessidade de um diálogo ampliado que envolva teoria, prática e conscientização pública.

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1Estudante de Arquitetura e urbanismo, na Faculdade Independete do Nordestine (FAINOR). E-mail: anaclara1.acsl60@gmail.com.

2Mestra em Arquitetura e Urbanismo na área de restauro pela Universidade Federal da Bahia, Arquiteta pela Universidade Simón Bolívar, Caracas – Venezuela. Especialista em Língua espanhola e Tradução – portuguêsespanhol, espanhol-portugues. Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo na FAINOR. E-mail: kikalezard@gmail.com.