RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA SÍNDROME DE OVÁRIO POLICÍSTICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

INSULIN RESISTANCE IN POLYCYSTIC OVARIAN SYNDROME: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411260731


Juliana Lopes de Moraes1;
Douglas José Angel2


RESUMO  

Introdução: A presente pesquisa aborda uma temática de grande relevância, uma patologia na qual muitas mulheres são acometidas, a Síndrome do Ovário Policístico, sendo importante mencionar que se trata de um distúrbio metabólico que incide nesse grupo de pessoas, o que propicia o desenvolvimento da resistência à insulina. Objetivo: apresentar a relação da síndrome do ovário policístico com a resistência à insulina, caracterizando ambas, para a melhor compreensão do que foi acentuado. Método: o método aplicado para a realização dessa pesquisa é uma revisão sistemática de literatura, na qual a autora por meio de leituras e estudos tendo como base artigos, revistas médicas e demais periódicos retirados das bases de dados Scielo, CAPES, BVS e Google Acadêmico, com a aplicação de descritores para o melhor embasamento teórico. Resultados: diante dos 7 (sete) artigos utilizados como referências para a sustentação deste, os resultados compactuaram com a resposta celular inadequada a insulina, acarretando com uma série de alterações fisiológicas e desenvolvendo outros sintomas. Conclusão: concluiu-se que a Síndrome do Ovário Policístico é uma doença que conta com tratamento, apesar de não ter cura, é necessário adotar uma série de cuidados e mecanismos, como o acompanhamento profissional com o intuito de proporcionar a melhor qualidade de vida as mulheres acometidas com a SOP. 

Palavras-chave: Insulina. Resistência à insulina. Síndrome do ovário policístico. SOP. 

ABSTRACT   

Introduction: This research addresses a topic of great relevance, highlighting a pathology to which many women are subjected, polycystic ovary syndrome, and it is important to mention that it is a metabolic disorder that affects this group of people, which favors the development of insulin resistance. Objective: to present the relationship between polycystic ovary syndrome and insulin resistance, characterizing both, for a better understanding of what has been attenuating. Method: the method applied to carry out this research is a systematic literature review, in which the author, through readings and studies based on articles, medical journals and other periodicals taken from the Scielo, CAPES, VHL and Google Scholar databases, with the application of descriptors for a better theoretical basis. Results: in view of the 7 (seven) articles used as references to support this, the results agreed with the inadequate cellular response to insulin, leading to a series of physiological changes and the development of other symptoms. Conclusion: it was concluded that polycystic ovary syndrome is a disease that requires treatment, despite not having a cure, it is necessary to adopt a series of care and mechanisms, such as professional monitoring in order to provide the best quality of life to women affected by PCOS.  

Keywords: Insulin. Insulin resistance. Polycystic ovary syndrome. PCOS. 

INTRODUÇÃO  

A Síndrome de Ovário Policístico (SOP) corresponde a uma das endocrinopatias3 mais comuns em mulheres, sendo constituída como uma patologia de condições clínicas variáveis e que se manifesta em decorrência de uma série de fatores como a disfunção menstrual e de hiperandrogenismo, que geralmente, inicia na fase da puberdade (SILVA; SILVA, 2021).  

De acordo com os estudos de Pereira (2015) a SOP corresponde a uma condição que ocorre em fase reprodutiva, com caracterizações próprias, tais como, os ciclos menstruais irregulares, a anuvolação crônica e ao hiperandrogenismo, no entanto, a sua etiologia ainda não é tão precisa, mas a maioria das pesquisas e literaturas apontam que as causas decorrem das alterações na produção de gonadotrofinas, liberação hipofisária dos hormônios luteinizantes e folículo estimulantes, e na maioria desses casos, engloba à resistência insulínica.  

Em tese, a resistência insulínica compete a uma condição que ocorrem quando as células dos músculos, gorduras e fígado não são complacentes a insulina, apresentando complexidade a absorção da glicose no sangue, o que consequentemente, pode acarretar com uma série de consequências (PEREIRA, 2015).  

Frente a abordagem, quando refere a SOP, a maioria das mulheres apresentam a resistência, fazendo com que as células se tornem resistentes, aumentando a glicose no sangue e consequentemente, não será transportada para o interior das células, condicionando o acúmulo de glicose no sangue, e assim, o pâncreas entende como necessário a sintetização e produção de mais insulina, compactuando com a hiperinsulinemia (SOUZA; FURLAN JÚNIOR, 2018). 

Dessa forma, a insulina em excesso acomete a hiperinsulinemia, quais as consequências oriundas da resistência insulínica nas mulheres acometidas como Síndrome de Ovário Policístico? 

A importância de discorrer esse tema, ou seja, a justificativa da sua escolha, foi julgado com base nas informações, sobre a resistência à insulina que é bem presente em pacientes com SOP, atenuando uma condição metabólica pertinente, e consequentemente, condiciona as alterações fisiológicas que apresentam o potencial com gravidades, além da relação sintomática na insensibilidade hormonal, além da resistência com testes bioquímicos simplificados. 

O principal objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre a insulina e o desenvolvimento da SOP, pontuando as consequências e caracterizações condicionadas. 

1 METODOLOGIA  

Em relação aos dados complacentes com as técnicas e os procedimentos que foram utilizados para o levantamento e sustentação do conteúdo desta pesquisa, com o apontamento das caracterizações como base na pesquisa literária discorrida pela autora, desenvolvendo o tema e contribuindo com a sua magnificência contextual.  Trata-se de uma revisão de literatura, com o método aplicado no processo de conhecimento deste estudo corresponde ao dedutivo, pois com base em questões já elaboradas, foi levantado e formulado, com argumentos gerais condizentes como verdadeiro, respaldando a lógica entre as premissas gerais e os particulares, aderindo à conclusão com meios alternativos para aprimoramentos a serem aplicados.  

O estudo é de natureza básica por ter objetivos expressos com o intuito de gerar conhecimento e com utilidade dentro da temática, de forma breve e sucinta apresentar um estudo direto e com a aplicação na obtenção de um modelo que produz uma vertente já abordada, mas inovadora, com a praticidade de compreender o que está sendo relatado.  

Nesse segmento, a pesquisa aplica o conhecimento que já é sabido, isso indica que a autora por meio de seus estudos apresentará sua versão teórica sobre os fatores que contribuem para que a pessoa acometida com Síndrome de Ovário Policístico (SOP) tendo resistência à insulina, na busca de aumentar o saber deste assunto, que por meio de questionamentos foi sendo produzido, compactuando entre a comunidade científica junto a geral.  

O objetivo metodológico é uma pesquisa descritiva que visa apresentação do tema como uma análise sucinta com informações necessárias e essenciais que contribuem com o conhecimento do leitor, assim como a descrição de suas características e funções, registrando e interpretando os fatos com o levantamento literário.  

A coleta de dados contará com os seguintes critérios de inclusão e exclusão: Critérios de Inclusão: artigos disponíveis em textos completos, publicados em português, com espaço temporal delimitado de 2010 a 2023. Serão excluídos: teses, dissertações, monografias e artigos que não correspondam com os objetivos do estudo proposto e com a pergunta norteadora.  

Os materiais utilizados para a sustentação teórica dessa pesquisa, condiz com artigos e demais periódico retirados das bases de dados Scielo, BVS, Pubmed/Medline e LILACS, com a aplicação de descritores, como SOP, resistência à insulina, SOP insulina, Síndrome de Ovário Policístico que tenham ligação com a temática “Resistência insulínica na Síndrome de Ovário Policístico”. 

2 REVISÃO DE LITERATURA  

A partir de então, serão discorridos os principais pontos de forma bem sucinta acerca da temática sustentada, dando embasamento teórico para alcançar os objetivos propostos.  

2.1 SÍNDROME DE OVÁRIO POLICÍSTICO  

Os ovários correspondem as duas glândulas reprodutivas das mulheres, a Figura abaixo representa a sua caracterização, sendo localizados na pelve, um de cada lado do útero, sendo responsáveis pela produção dos óvulos, que são transportados pelas tubas uterinas, denominadas como trompas de Falópio, em que são fertilizados, e consequentemente, inicia o desenvolvimento do feto.  

Figura 1 – Útero/Ovários

Fonte: Ministério da Saúde (2023)  

Percebe-se que os ovários correspondem a dois órgãos, um de cada lado do útero, sendo responsável pela produção dos hormônios sexuais femininos. Em tese, a abordagem dessa pesquisa, voltada a síndrome do ovário policístico, sendo este, de acordo com o Ministério da Saúde (2023) o distúrbio hormonal que é bem comum, sendo caracterizado pela presença de cistos, que são pequenas bolsas contendo material líquido ou semissólido, podendo acarretar problemas comuns, tais como a irregularidade menstrual, surgimento de acne, ou casos mais graves, como a obesidade e até mesmo infertilidade.  

É importante mencionar que a síndrome de ovário policístico e o cisto no ovário são patologias diferentes, tanto em relação ao tamanho quanto a quantidade de cistos que surgem.  

Um estudo sustentado pela Febrasgo (2019) apresentou que a síndrome dos ovários policísticos é uma das condições clínicas mais ocorridas nas mulheres, dentre as disfunções endócrinos que afetam as mulheres em idade reprodutiva, a prevalência que varia entre 6% e 16%, o que depende da população estudada e de outros pressupostos, como o critério de diagnóstico utilizada em cada paciente.  

Nesse segmento, dentre as suas principais características, conforme já apresentado, a presença da hiperandrogenismo, com diferentes graus e manifestações clínicas, assim como a anovulação crônica. A Febrasgo (2019) descreve que a patologia foi descrita em 1935, sendo associada a amenorreia e a forma policística dos ovários, e desde então, outros estudos foram desenvolvidos, aprimorando os preceitos e condições dela.  

É necessário mencionar que a etiopatogenia da SOP é multifatorial e não tem conhecimentos precisos, podendo variar de outras doenças já existentes, com a presença de hiperandrogenismo podendo mimetizar o mesmo quadro clínico, tais como, os tumores que produzem o androgênio e outras disfunções endócrinas. Em relação ao fato de ser uma doença funcional, significa que tem uma série de disfunções nos sistemas endócrino, metabólico e reprodutivo, que condiciona o diagnóstico diferencial da doença orgânica (FEBRASGO, 2019).  

2.1.1 Causas e sintomas  

 Conforme vem sendo apresentado, não existem causas específicas que apontem o desenvolvimento ou surgimento da SOP, mas as pesquisas apontam que a metade das mulheres acometidas, têm problemas hormonais, tais como problemas glandulares (hipotálamo, hipófise e adrenais), produzindo a maior quantidade de hormônios masculinos, e ainda o excesso na produção da insulina pelo pâncreas, sendo este, o objeto de sustentação da temática (BRASIL, 2023).  

 De acordo com os estudos de Silva e Pardini (2006) a SOP engloba uma série de sinais e sintomas referentes a disfunção ovariana, sendo diagnosticada pelo método de exclusão de outras causas com a irregularidade menstrual e hiperandrogenismo e a presença de oligo e/ou anovulação, os níveis elevados de andrógenos e a morfologia policística dos ovários.  

 Para Gomes e Melo (2022) quanto aos sintomas poderão ser condizentes com as alterações menstruais, que geralmente, as menstruações são espaçadas, ou seja, quando a mulher menstrua apenas poucas vezes por ano, mas pode ocorrer os casos de maior intensidade ou a ausência da menstruação; o hirsutismo, que decorre do aumento dos pelos no rosto, seios e abdômen; a obesidade ou a tendência, sendo que o ganho de peso acarreta a síndrome; o surgimento de acne, infertilidade, queda de cabelos e até mesmo a depressão.  

Cabe mencionar que os sintomas são relacionados as possíveis complicações, relacionando com a resistência à insulina, que será mensurado com maior precisão, o risco de diabetes, as doenças cardiovasculares, a infertilidade, aborto, o câncer de endométrio, ou seja, a mulher não ovula, não tem progesterona para a estabilização, tornando secretor, consequentemente, esse fato, poderá acarretar com o risco de câncer do endométrio (PINKERTON, 2023).  

Além disso, ocorre que o paciente com SOP e que esteja em período de gravidez, existem um alto potencial para o risco de aborto, ou caso contrário, as dificuldades para engravidar ou para manter sua gestação.  

De acordo com Pinkerton (2023), os sintomas da síndrome do ovário policístico que geralmente começam na fase da puberdade e que vai se agravando no decorrer do tempo, geralmente, a disfunção do ovário, resulta em uma amenorreia primária, ou seja, fato que torna improvável que ocorre em caso de menstruação regular pelo tempo após a menarca.  

2.1.2 Diagnóstico e tratamento  

Existe uma série de métodos que implicam com a etiopatogenia da SOP, ocorrendo então, os fatores genéricos englobado, tais como, os fatores metabólicos, pré-natais, pósnatais, os distúrbios endócrinos hereditários, tais como a resistência à insulina e a predisposição ao diabetes mellitus tipo II, além disso, os fatores ambientais que poderão estar condicionados a síndrome discorrida (FEBRASGO, 2019).  

O diagnóstico da doença pode ser realizado com base no exame de ultrassom transvaginal, os exames de sangue para que seja realizada a dosagem dos hormônios e através da avaliação de sintomas que a pacientes descreve, ou seja, através da anamnese. Pinkerton (2023) relata que em relação aos exames na exclusão de outras doenças endocrinológicas, tais como a medição dos níveis séricos de testosterona, hormônio foliculoestimulante, prolactina e o hormônio estimulante da tiroide.  

Conforme mensurado, quando a mulher apresenta na anamnese, apresentando pelo menos dois sintomas, e assim, seja submetida aos exames mais precisos, sendo necessários atender a pelo menos dois dos três critérios, a seguir, como a disfunção ovulatória ocasionando a irregularidade menstrual, a evidência clínica ou laboratorial de hiperandrogenismo, menos de 10 (dez) folículos por ovário, que geralmente ocorre na periferia, o que é similar (em aparência) a um colar de pérolas (BRASIL, 2023).  

Pinkerton (2023) descreve que ao ser realizada a ultrassonografia transvaginal para a detecção dos ovários policísticos e a exclusão de outras possíveis causas que estejam originando os sintomas, além disso, não se faz esse tipo de exames em meninas no período da adolescente. Em continuidade, o diagnóstico não é dado apenas pela medição dos andrógenos séricos, mas em sua medição.  

No caso do diagnóstico em adolescentes, a situação é bem complexa, em decorrência das alterações fisiológicas no período da puberdade, em tese, a diferenciação quanto aos critérios não se tem o consenso plausível, mas se atendo as condições como, o padrão de sangramento uterino anormal e a evidência referente a hiperandrogenismo.  

Em linhas gerais, com a indicação da ultrassonografia pélvica que aponta os níveis séricos de androgênio ou no grau de virilização que apontam o surgimento ou a presença do tumor ovariano, e que este teste também não é indicado para as adolescentes.  

Por fim, o tratamento da SOP pode ocorrer através de uma série de cuidados, em caso de se ater as caracterizações de cada um dos pacientes, geralmente, os contraceptivos ou progestinas de estrogênios/progestina, além disso, a metformina ou de outros sensibilizadores na ação da insulina, o controle do hirsutismo, o tratamento de infertilidade (este apenas para as pacientes que manifestem interesse em ter uma futura gestação).  

Existem outros métodos de tratamentos, como o caso dos fármacos hormonais que são utilizados para a provocação da descamação regularizada do endométrio e a amenização dos riscos de hiperplasia endometrial e o câncer, além disso, as mulheres, geralmente recebem a progestina intermitente ou uma combinação de contraceptivos orais.  

2.2 COMPREENDENDO A RESISTÊNCIA À INSULINA  

Após a apresentação e caracterização da síndrome de ovário policístico, antes de aprofundar a sua relação com a resistência à insulina, é necessária caracterizar esta também, ou seja, a insulina corresponde a um hormônio que é produzido pelo pâncreas, sendo responsável pelo auxílio a glicose no sangue, entrar nas células do músculo, da gordura e do fígado, em que é transformada em energia.  

De acordo com Spina (2023), a glicose no sangue decorre dos alimentos que o indivíduo ingere, pois, o fígado produz sempre que necessário, dessa forma, a atribuição da insulina condiz com a amenização da glicose no sangue, na estabilização em um nível plausivelmente comum. No entanto, a resistência à insulina, condiz com a ação do hormônio ser amenizada, consequentemente, a glicose é acumulada no sangue e causa a pré-diabetes ou a diabetes tipo 2.  

No caso, as causas que acarretam com a resistência à insulina podendo ser a predisposição ou até mesmo condições hereditárias, o excesso do peso, sedentarismo, aumento do volume abdominal, a má alimentação, e no caso das mulheres que apresentam as alterações hormonais, como a SOP, aumenta o risco a resistência, conforme vem sendo elucidado.  

2.3 RELAÇÃO DA RESISTÊNCIA À INSULINA COM A SOP  

 Wang (2019) em sua pesquisa descreve que a resistência à insulina é uma das principais manifestações da SOP, podendo ser compreendida como a situação de que o corpo humano utiliza a insulina em excesso, com o intuito de suprir as necessidades das atividades metabólicas e fisiológicas anormais, sendo que o desempenho metabólico, em que a insulina para o uso das ações mitóticas e reprodutivas.  

A resistência à insulina desempenha um papel crucial na síndrome do ovário policístico (SOP). Esta condição endócrina afeta principalmente as mulheres em idade reprodutiva, manifestando-se através de desequilíbrios hormonais e, frequentemente, pela formação de cistos nos ovários.   

A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo respondem inadequadamente à insulina, um hormônio que regula os níveis de glicose no sangue. No contexto da SOP, a resistência à insulina está interligada com o aumento da produção de insulina pelo pâncreas, desencadeando uma resposta em cadeia.   

Essa resistência à insulina contribui para um aumento nos níveis de andrógenos, hormônios masculinos, levando a desregulações no ciclo menstrual e ao desenvolvimento de características como hirsutismo e acne. Além disso, a resistência à insulina pode aumentar a produção de hormônios ovarianos, estimulando o crescimento de cistos nos ovários.   

O ciclo vicioso entre resistência à insulina e SOP é complexo. A resistência à insulina pode agravar a SOP, e a presença da síndrome pode, por sua vez, acentuar a resistência à insulina. Estes elementos combinados tornam a gestão da SOP multidimensional, envolvendo não apenas abordagens hormonais, mas também estratégias para melhorar a sensibilidade à insulina, como mudanças na dieta e estilo de vida.   

Compreender essa interconexão é crucial para abordar eficazmente a síndrome do ovário policístico, proporcionando uma base para estratégias de tratamento mais abrangentes e personalizados.  

2.3.1 Função da insulina no SOP 

 Diante ao que vem sendo abordado, no caso da SOP, a insulina atenua uma série de funções, sendo elas centralizadas e multifacetadas, ou seja, geralmente a resistência, ocorre quando as células do corpo têm uma resposta amenizada em decorrência aos efeitos da insulina, como resultado os níveis elevados do hormônio na corrente sanguínea.  

Nesse viés, a insulina é crucial na SOP por várias razões, primeiramente, sua presença está intimamente ligada ao metabolismo da glicose. A resistência à insulina leva a uma menor eficácia do hormônio em facilitar a entrada de glicose nas células, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue, esse desequilíbrio pode desencadear um aumento na produção de insulina pelo pâncreas.  

 Outro ponto importante de ser mensurado é que a insulina influencia diretamente a produção de hormônios sexuais, como os andrógenos. Em mulheres com SOP e resistência à insulina, a hiperinsulinemia contribui para a elevação dos níveis de andrógenos, levando a manifestações clínicas características da síndrome, como irregularidades menstruais, acne e hirsutismo.   

A insulina também está implicada na regulação dos ovários, em mulheres com SOP, a resistência à insulina pode estimular os ovários a produzirem mais andrógenos e a desenvolverem múltiplos cistos. Essa relação entre a insulina e a fisiologia ovariana cria um ciclo auto perpetuante, onde a SOP pode aumentar a resistência à insulina, e vice-versa.   

Entender sobre a influência da insulina na SOP é primordial para abordar as causas subjacentes da condição, as estratégias de tratamento frequentemente incluem medidas para melhorar a sensibilidade à insulina, como modificações na dieta, exercícios físicos e, em alguns casos, medicamentos específicos. Ao enfatizar sobre a regulação da insulina, é possível abordar não apenas os sintomas visíveis da SOP, mas também os desequilíbrios hormonais subjacentes que caracterizam essa síndrome.   

2.3.2 A SOP como componente da síndrome metabólica 

A síndrome do ovário policístico (SOP) é reconhecida como um componente importante da síndrome metabólica, uma condição caracterizada por uma combinação de fatores de risco metabólicos que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Vamos explorar em detalhes a interconexão entre a SOP e a síndrome metabólica:   

Resistência à Insulina: a resistência à insulina é uma característica central tanto da SOP quanto da síndrome metabólica. Nas mulheres com SOP, as células do corpo respondem de maneira inadequada à insulina, levando a um aumento na produção desse hormônio pelo pâncreas. Essa resistência à insulina contribui para a disfunção metabólica associada à síndrome metabólica;  

Hiperinsulinemia: a resistência à insulina na SOP resulta em níveis elevados de insulina circulante, conhecida como hiperinsulinemia. Esse estado pode desencadear uma cascata de efeitos, incluindo o aumento da produção de andrógenos pelos ovários, o que, por sua vez, contribui para os sintomas clínicos da SOP, como irregularidades menstruais e hirsutismo;  

Obesidade e Distribuição de Gordura: a síndrome metabólica muitas vezes está associada à obesidade abdominal, onde a gordura se acumula na região abdominal. A obesidade abdominal, por sua vez, está relacionada à SOP. O tecido adiposo abdominal pode ser metabolicamente ativo, liberando substâncias químicas que influenciam a resistência à insulina;  

Dislipidemia: tanto a SOP quanto a síndrome metabólica estão associadas a padrões de lipídios anormais, incluindo níveis elevados de triglicerídeos e baixos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL). Essas anormalidades lipídicas são componentes importantes da síndrome metabólica e aumentam o risco de doenças cardiovasculares;  

Inflamação: a inflamação de baixo grau é um traço comum tanto na SOP quanto na síndrome metabólica. A resistência à insulina pode desencadear processos inflamatórios, contribuindo para complicações metabólicas e cardiovasculares;  

Risco Cardiovascular Aumentado: devido às inter-relações entre a SOP e a síndrome metabólica, as mulheres com SOP têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Essa associação destaca a importância de abordagens integradas no tratamento, visando não apenas os sintomas reprodutivos, mas também os fatores metabólicos subjacentes.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Para a sustentação teórica dessa pesquisa e com base na compreensão sobre o embasamento desenvolvido, serão apresentados os resultados das literaturas que foram selecionadas, corroborando com seus principais achados.   

O quadro abaixo compete a demonstração dos dados baseados em 7 (sete) artigos, seguindo com a título, o autor, ano e caracterizações. (Ver quadro 1)  

Quadro 1 – Filtragem dos artigos segundo combinações dos DeCS.

Fonte: Juliana Lopes de Moraes, 2024. 

Esses foram os principais achados diante a busca pelos descritores, julgados eficazes e complacentes com os objetivos que foram propostos, atenuando a parte literária da pesquisa.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Diante ao que foi apresentado nessa pesquisa, os objetivos propostos foram devidamente alcançados, em detrimento a contextualização, a SOP representa uma patologia que acomete um número significativo de mulheres, e a maioria jovens, com o alto potencial para o desenvolvimento de outras doenças, além disso, ocorre ainda, em muitos casos, a resistência à insulina, conforme descrito, uma condição que enseja cuidados e o tratamento adequado, de acordo com o quadro clínico de cada pessoa.  

Pode-se concluir a existência da relação entre a resistência à insulina com a Síndrome de Ovário Policístico, a situação na qual demonstra ser uma das mais perceptíveis e acarretando sintomas, como um conjunto de conturbações que poderão ser controladas, através de fármacos, de hábitos saudáveis, tornando-se necessário o acompanhamento com o profissional devidamente capacitado.  


3São as doenças acarretadas pela disfunção das glândulas endócrinas, ou seja, a disfunção responsável pela produção dos hormônios, em ressalva aos que atuam na indução da produção de substâncias primordiais para a espermatogênese e a maturação espermática.  

REFERÊNCIAS   

BRASIL, Ministério da Saúde. Síndrome dos ovários policísticos. BVS. 2023. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-dos-ovarios-policisticos/> Acessado em: 18 de nov. 2023.  

FEBRASGO. Conceito, epidemiologia e fisiopatologia aplicada à prática clínica.   In: Síndrome dos ovários policísticos. São Paulo: Federação Brasileira das  Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. Cap. 1. p. 1-15. (Série Orientações e Recomendações Febrasgo, nº 4, Comissão Nacional de Ginecologia Endócrina).  

GOMES, Gleicyanne Silva; MELO, João Vinícius de Oliveira. Correlação da resistência à insulina em portadoras da síndrome do ovário policístico. v. 3. n. 4. ISSN 2675-8008. Revista Multidisciplinar em Saúde. Artigo de Revisão. 2022.  

PINKERTON, Joann V. Síndrome dos ovários policísticos. Artigo de medicina. Revista de medicina. Manual MSD. University of Virginia Health System Revisado/Corrigido: jan 2023.  

SILVA, RC; PARDINI, DP. Síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica, risco cardiovascular e o papel dos agentes sensibilizadores da insulina. Scielo Brasil, Revista de endocrinologia metabólica. Brasil, 2005.  

SILVA, MN; SILVA, MLN. O papel da insulina na síndrome do ovário policístico. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761. DOI:10.34119/bjhrv4n1-106. São Paulo, 2021.  

SOUZA, Luana Tibes de; FURLAN JÚNIRO, Orozimbo. Síndrome do ovário policístico em pacientes com resistência a insulina. Artigo de revisão. UNIFACVESTE. 2018.  

SPINA, Luciana. Resistência à insulina: o que é, causas, sintomas e tratamento. Artigo Online, Bronstein. 2023. Disponível em: < https://bronstein.com.br/saude/resistenciaainsulina> Acessado em: 07 de nov. 2023.  


1Acadêmica do 11º período do Curso de Bacharelado em Medicina pelo Centro Universitário Uninorte.

2 Docente do Centro Universitário Uninorte.