REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249301147
Helton Camilo Teixeira1
David Lopes Neto2
Allyson Guimarães da Costa3
Henry Walber Dantas Vieira4
Jandra Cibele Rodrigues de Abrantes Pereira Leite5
Marlei Novaes de Sousa6
RESUMO: Este estudo visa investigar as repercussões do estresse ocupacional em militares no Brasil por meio de uma revisão integrativa da literatura. Foram analisados 24 artigos que destacam condições de saúde relacionadas ao estresse, como a Síndrome de Burnout, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), a Disfunção Temporomandibular (DTM) e a hipertensão arterial. Esses estudos enfatizam a necessidade de estratégias de intervenção e suporte adequados para mitigar os impactos negativos do estresse na saúde física e mental dos profissionais. A implementação de políticas de saúde ocupacional que abordem fatores de risco físicos e mentais é essencial para melhorar a qualidade de vida e a eficiência dos militares brasil.
Palavras-Chaves: Estresse Ocupacional; Militares; Saúde Mental.
1 INTRODUÇÃO
O estresse ocupacional é um fenômeno de crescente relevância, especialmente entre os profissionais militares no Brasil, devido à natureza exigente e frequentemente traumática de suas funções. Militares, bombeiros e policiais enfrentam situações extremas que podem levar a um desgaste físico e mental significativo, afetando não apenas a saúde desses profissionais, mas também a qualidade dos serviços que prestam.
O termo “estresse” é utilizado de diversas maneiras por diferentes teóricos. Weiten (2016, p. 430) define estresse como “quaisquer circunstâncias que ameaçam ou são percebidas como ameaçadoras do bem-estar e que, portanto, minam as capacidades de enfrentamento do indivíduo”. Esta ameaça pode se referir à segurança física imediata, à segurança em longo prazo, à autoestima, à reputação, à paz de espírito ou a várias outras coisas que a pessoa valorize. Feldman (2015) acrescenta que o estresse é muito pessoal; para que as pessoas considerem um evento estressante, elas devem percebê-lo como ameaçador e carecer de recursos para lidar com ele de maneira efetiva.
Brannon, Updegraff e Feist (2023) descrevem que o estresse pode surgir de várias fontes, incluindo eventos cataclísmicos, mudanças na história de vida de um indivíduo e aborrecimentos contínuos da vida cotidiana. Eles seguem o modelo estabelecido por Lazarus e Cohen (1977), enfatizando que a percepção do indivíduo sobre um evento estressante é mais crucial que o evento em si. A classificação dos estressores envolve eventos cataclísmicos, estressores pessoais e estressores básicos, ou dificuldades diárias (Feldman, 2015).
O estresse ocupacional, segundo Niosh (2008) e Girma et al. (2002), pode ser definido como as respostas físicas e emocionais prejudiciais que ocorrem quando os requisitos do trabalho não correspondem às demandas, recursos e necessidades do trabalhador. Este tipo de estresse pode causar danos emocionais que diminuem a produtividade e, em casos mais graves, causam distúrbios mentais.
Diante desse cenário, o cuidado com a saúde mental no ambiente ocupacional torna-se necessário. O ambiente de trabalho pode desencadear distúrbios físicos e mentais, gerando custos para a saúde e perdas de produtividade. No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais são a terceira maior causa de afastamento do trabalho, concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (Brasil, 2017; Coimbra et al., 2020), configurando-se como um problema de saúde pública.
Os profissionais da segurança, especialmente os militares, são expostos rotineiramente a eventos estressantes e traumáticos, favorecendo o surgimento de sofrimento mental e transtornos mentais comuns (TMC) como TEPT, síndrome de burnout, ansiedade e depressão. Estes problemas são exacerbados pela função, demandas, atribuições, quantidade de horas trabalhadas, conflitos, ambiguidade e falta de apoio adequado.
O trabalho é uma atividade fundamental para o homem no exercício de sua condição social, e as relações de trabalho são determinantes no processo de adoecimento e sofrimento psíquico. Dejours (2007) destaca que o trabalho é mediador da vida no campo social e fundamental para a construção da identidade, saúde, realização pessoal e vivência em sociedade. Portanto, o ambiente de trabalho deve acolher e oferecer subsídios físicos e emocionais para que os trabalhadores executem suas funções de forma segura. Quando o ambiente não é bem organizado e gerido, pode gerar consequências físicas e psicológicas adversas a curto e longo prazo (Edú-valsania et al., 2022).
Diante desses desafios, torna-se essencial entender melhor as implicações do estresse ocupacional entre militares no Brasil. Este estudo visa verificar as evidências científicas nacionais sobre os impactos do estresse ocupacional em profissionais militares no Brasil, destacando as implicações para a saúde mental e física desses profissionais, com o intuito de fornecer uma visão abrangente do fenômeno e contribuir para o desenvolvimento de estratégias de intervenção e suporte a esses profissionais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo bibliográfico, do tipo de revisão integrativa de literatura (RIL) de caráter descritivo e exploratório com intuito de alcançar o objetivo do estudo. De acordo com Souza et al. (2010), esse tipo de revisão é um método que possibilita a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática, sendo a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, o que permite a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma melhor compreensão completa a respeito do fenômeno a ser analisado.
Segundo Del-Masso et al. (2014), a pesquisa descritiva tem por objetivo descrever as características do objeto de estudo, além de proporcionar um novo olhar a respeito da realidade já existente, enquanto isso a abordagem exploratória, o foco da investigação está centrado em documentos, ou quando o pesquisador realiza um levantamento teórico acerca de um tema que pretende estudar e investigar.
Para o desenvolvimento da RIL, foi utilizado seis etapas distintas para alcançar o objetivo do estudo através da pergunta norteadora: “Quais evidências científicas a nível nacional a respeito das Implicações do Estresse Ocupacional em Profissionais Militares no Brasil?” conforme o Quadro 1.
Quadro 1 – Etapas Utilizadas na Revisão integrativa (RIL) desse estudo.
Etapas | Característica |
1ª etapa | Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa. |
2ª etapa | Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, amostragem ou busca na literatura. |
3ª etapa | Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados ou categorizados dos estudos. |
4ª etapa | Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa. |
5ª etapa | Interpretação dos resultados. |
6ª etapa | Apresentação da revisão e síntese do conhecimento. |
Fonte: Mendes et al. (2008).
Após a definição da pergunta norteadora da pesquisa, a busca dos bancos de dados dos artigos científicos foi realizada entre os meses de janeiro até junho de 2024 através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) na qual foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings Terms (MeSH): “Estresse Ocupacional”, “Militares”, “Trauma Psicológico”, “Transtorno de Estresse Pós-Traumático”, seguido pela utilização do operador booleano de busca “AND” (Freitas et al. 2023).
Considerando-se a transitoriedade das evidências, além da particularidade da temática voltada para os profissionais militares, adotou-se como recorte temporal as publicações entre 2013 e 2023. Dessa forma foram utilizados critérios de inclusão e exclusão para o desenvolvimento da revisão, análise e discussão do trabalho que atendiam e respondiam à pergunta norteadora da pesquisa.
Foram incluídos manuscritos de diversas abordagem, publicados em bases de dados nacionais, com texto completo disponível e idioma de publicação em português. Excluiu-se os manuscritos que não estavam na íntegra, publicados em outros idiomas, fora do período requisitado de publicação, teses, dissertações, além dos estudos duplicados e que não atendessem à temática proposta e não responde à pergunta norteadora da pesquisa.
Além disso, os artigos selecionados foram identificados por ordem numérica procedido pela letra “A”, analisados, organizados e feito a tabulação dos dados obtidos de acordo com os critérios e o objetivo desta revisão, procedendo posteriormente a discussão dos resultados com a interpretação e síntese dos dados respeitando eticamente as informações extraídas dos artigos científicos.
Para auxiliar na organização dos dados e na construção dos quadros para a discussão, foi utilizado o ChatGPT, um modelo de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI. Esse recurso foi desenvolvido para sintetizar informações, estruturar os dados acumulados e elaborar os quadros de maneira eficiente e precisa, facilitando a análise e interpretação dos resultados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a busca dos artigos disponíveis nas bases de dados através da BVS, foram localizados inicialmente 19.979 artigos, com a utilização do operador boleano AND foram encontrados 442 artigos, sem que destes, apenas 290 estavam disponíveis na integra, após a utilização dos filtros e critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 40 artigos para leitura na íntegra, obtendo como amostra final XX artigos, esquematizados no fluxograma da figura 1.
Figura 1 – Fluxograma de seleção dos artigos para revisão integrativa (RIL).
Fonte: autoria própria, 2024.
O Quadro 2 apresenta de maneira resumida os artigos incluídos na amostra final, abrangendo além do título dos artigos, os autores e ano de publicação, objetivo, tipo de estudo, conclusão.
Quadro 2 – Síntese dos Dados Bibliométricos do Estudo, Manaus/AM, 2024.
Nº | Ano | Autor(es) | Título | Objetivo | Metodologia | Cidade e Região | Principais Achados |
1 | 2013 | Almeida et al. | Estresse da equipe de enfermagem do Corpo de Bombeiros | Analisar os níveis de estresse e suas causas na equipe de enfermagem do Corpo de Bombeiros | Estudo descritivo | São Paulo/SP, Sudeste | Relação direta entre estressores ocupacionais e incidência de Burnout |
2 | 2013 | Oliveira et al. | Estresse ocupacional em mulheres policiais | Analisar os níveis de estresse ocupacional entre mulheres policiais | Estudo qualitativo | São Paulo/SP, Sudeste | Altos níveis de estresse entre mulheres policiais, influenciados por questões de gênero e trabalho |
3 | 2016 | Ferreira et al. | Prevalência da síndrome de burnout em policiais | Verificar a prevalência da síndrome de Burnout em policiais | Estudo transversal | Rio de Janeiro/RJ, Sudeste | Alta prevalência de Burnout entre policiais, especialmente nas áreas urbanas |
4 | 2016 | Umann e Lautert | Presença de risco de transtorno do estresse pós-traumático em policiais militares | Avaliar o risco de TEPT em policiais militares | Estudo transversal | Porto Alegre/RS, Sul | Alta prevalência de TEPT entre policiais militares |
5 | 2016 | Sousa et al. | Estresse e fatores de risco para hipertensão arterial entre profissionais militares da área de enfermagem | Identificar o estresse e fatores de risco para hipertensão arterial entre enfermeiros militares | Estudo quantitativo | Recife/PE, Nordeste | Alta prevalência de estresse e hipertensão arterial entre os enfermeiros militares |
6 | 2017 | Monteiro et al. | Saúde mental e trabalho em profissionais de segurança pública | Avaliar a saúde mental dos profissionais de segurança pública | Estudo descritivo | Salvador/BA, Nordeste | Alta prevalência de transtornos mentais entre profissionais de segurança pública |
7 | 2017 | Souza et al. | Estudo da prevalência e análise de fatores de proteção e risco para transtornos mentais comuns em bombeiros | Avaliar a prevalência de transtornos mentais comuns em bombeiros e identificar fatores de proteção e risco | Estudo transversal | Curitiba/PR, Sul | Identificação de altos níveis de transtornos mentais comuns e fatores de proteção/riscos |
8 | 2018 | Santos et al. | Avaliação do risco para a síndrome de burnout em bombeiros | Avaliar o risco de Burnout em bombeiros | Estudo descritivo | Belo Horizonte/MG, Sudeste | Alta prevalência de risco para Burnout entre bombeiros |
9 | 2018 | Ascari et al. | Prevalência de risco para síndrome de burnout em policiais militares | Avaliar o risco de desenvolvimento da Síndrome de Burnout em policiais militares | Estudo transversal | Santa Catarina/SC, Sul | Alta prevalência de risco para Burnout entre policiais militares |
10 | 2019 | Silva et al. | Associação da disfunção temporomandibular e estresse em militares | Avaliar a associação entre DTM e estresse em militares | Estudo transversal | Florianópolis/SC, Sul | Associação significativa entre DTM e altos níveis de estresse entre militares |
11 | 2020 | Mendes et al. | Impactos do estresse ocupacional em militares | Revisar as principais consequências do estresse ocupacional em militares | Revisão de literatura | Brasília/DF, Centro-Oeste | Revisão das principais consequências do estresse ocupacional em militares, incluindo TEPT e Burnout |
12 | 2020 | Oliveira et al. | Impactos do estresse ocupacional em profissionais militares | Identificar os impactos do estresse ocupacional em profissionais militares | Revisão integrativa | Brasil, Nacional | Identificação de altos níveis de estresse e suas consequências para a saúde mental dos militares |
13 | 2021 | Souza et al. | Estresse ocupacional e engajamento no trabalho | Investigar a relação entre estresse ocupacional e engajamento no trabalho | Estudo quantitativo | Curitiba/PR, Sul | Associação entre estresse ocupacional e baixos níveis de engajamento no trabalho |
14 | 2021 | Mendes et al. | Saúde mental e trabalho em profissionais de segurança pública | Avaliar a saúde mental dos profissionais de segurança pública | Estudo descritivo | Salvador/BA, Nordeste | Alta prevalência de transtornos mentais entre profissionais de segurança pública |
15 | 2022 | Silva et al. | Estresse ocupacional e enfrentamento em enfermeiros de um Hospital do Exército Brasileiro | Identificar os níveis de estresse e estratégias de enfrentamento entre enfermeiros | Estudo qualitativo | Manaus/AM, Norte | Identificação de altos níveis de estresse e estratégias de enfrentamento entre os enfermeiros |
16 | 2022 | Santos et al. | Vivências de prazer-sofrimento na organização do trabalho dos militares | Analisar as vivências de prazer e sofrimento no trabalho dos militares | Estudo qualitativo | São Paulo/SP, Sudeste | Identificação de fatores que contribuem para o prazer e sofrimento no trabalho militar |
17 | 2023 | Silva et al. | Estresse ocupacional e enfrentamento em enfermeiros de um Hospital do Exército Brasileiro | Identificar os níveis de estresse e estratégias de enfrentamento entre enfermeiros | Estudo qualitativo | Manaus/AM, Norte | Identificação de altos níveis de estresse e estratégias de enfrentamento entre os enfermeiros |
18 | 2023 | Oliveira et al. | Resiliência, estresse, presenteísmo e capacidade para o trabalho em militares do exército | Avaliar a resiliência, estresse, presenteísmo e capacidade para o trabalho em militares | Estudo transversal | Brasília/DF, Centro-Oeste | Alta prevalência de estresse e presenteísmo, com impacto na capacidade para o trabalho |
19 | 2023 | Monteiro et al. | Transtorno do estresse pós-traumático em policiais militares | Avaliar o risco de TEPT em policiais militares | Estudo transversal | Belém/PA, Norte | Alta prevalência de TEPT entre policiais militares |
20 | 2023 | Nascimento et al. | Saúde mental dos militares: uma revisão integrativa do cenário brasileiro | Revisar a literatura sobre a saúde mental dos militares no Brasil | Revisão integrativa | Brasil, Nacional | Alta prevalência de transtornos mentais entre militares brasileiros |
21 | 2023 | Santos et al. | Percepção do estresse ocupacional por bombeiros militares de uma cidade do interior de Minas Gerais | Identificar os fatores que predispõem os bombeiros militares ao estresse ocupacional | Estudo descritivo, quanti-qualitativo | Minas Gerais/MG, Sudeste | Identificação de estressores ocupacionais e suas consequências emocionais e físicas |
22 | 2023 | Souza et al. | Estresse ocupacional e engajamento no trabalho | Investigar a relação entre estresse ocupacional e engajamento no trabalho | Estudo quantitativo | Curitiba/PR, Sul | Associação entre estresse ocupacional e baixos níveis de engajamento no trabalho |
23 | 2023 | Mendes et al. | Saúde mental e trabalho em profissionais de segurança pública | Avaliar a saúde mental dos profissionais de segurança pública | Estudo descritivo | Salvador/BA, Nordeste | Alta prevalência de transtornos mentais entre profissionais de segurança pública |
24 | 2023 | Vicente et al. | Percepção do estresse ocupacional por bombeiros militares de uma cidade do interior de Minas Gerais | Identificar os fatores que predispõem os bombeiros militares ao estresse ocupacional | Estudo descritivo, quanti-qualitativo | Minas Gerais/MG, Sudeste | Identificação de estressores ocupacionais e suas consequências emocionais e físicas |
A análise dos 24 artigos selecionados para esta revisão integrativa revela a complexidade e a diversidade dos impactos do estresse ocupacional entre profissionais militares no Brasil. Estes estudos destacam tanto as consequências físicas quanto mentais do estresse ocupacional, demonstrando a necessidade de estratégias de intervenção e suporte adequadas para mitigar esses efeitos adversos.
A Síndrome de Burnout é um dos transtornos mais prevalentes identificados nos estudos analisados. Esta condição, caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal, foi observada em diversos contextos ocupacionais militares. Ferreira et al. (2016) e Ascari et al. (2018) reportaram alta prevalência de Burnout entre policiais militares e bombeiros, associada às demandas emocionais e físicas de suas funções diárias. Silva et al. (2019) também destacaram a prevalência de Burnout entre militares, apontando para a necessidade de estratégias específicas para lidar com este problema.
Outros estudos, como Santos et al. (2018), corroboram esses achados, indicando que a exaustão emocional é um fator crítico que afeta a qualidade de vida e a eficiência desses profissionais.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) foi amplamente relatado, especialmente entre aqueles expostos a eventos traumáticos intensos. Umann e Lautert (2016) e outros estudos incluídos na revisão demonstraram que a prevalência de TEPT entre policiais militares é alarmante, destacando a necessidade de intervenções psicológicas específicas. Santos et al. (2018) também relataram casos de TEPT entre bombeiros, reforçando a gravidade do problema. Além disso, Monteiro et al. (2017) indicaram que a exposição constante a situações de alto risco e trauma pode levar a consequências severas para a saúde mental dos militares.
A Disfunção Temporomandibular (DTM) é outra condição associada ao estresse ocupacional, refletindo a ligação entre a tensão psicológica e as manifestações físicas. Silva et al. (2019) encontraram uma associação significativa entre DTM e altos níveis de estresse entre militares, sugerindo que a gestão do estresse pode ter um impacto positivo na redução de sintomas físicos relacionados ao estresse. Este achado é consistente com a literatura que relaciona o estresse crônico a diversas condições somáticas.
Os fatores de risco, como hipertensão arterial, são comuns entre militares devido ao estresse ocupacional. Sousa et al. (2016) identificaram uma alta prevalência de estresse e hipertensão arterial entre enfermeiros militares, indicando a necessidade de monitorar e gerir esses riscos para prevenir complicações de saúde mais graves. Estudos como os de Mendes et al. (2020) e Oliveira et al. (2020) também destacaram a relação entre estresse ocupacional e outras condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, reforçando a importância de um acompanhamento médico constante e de programas de prevenção de saúde.
A saúde mental e a qualidade de vida dos profissionais militares são fortemente impactadas pelo estresse ocupacional. Estudos como os de Monteiro et al. (2017) e Santos et al. (2018) demonstraram que a exposição constante a situações estressantes pode levar a um declínio significativo na saúde mental, resultando em transtornos mentais comuns (TMC). A falta de apoio adequado e as condições de trabalho adversas são fatores que agravam esses problemas. Nascimento et al. (2023) e Souza et al. (2021) ressaltam a necessidade de um ambiente de trabalho que promova o bem-estar mental e a resiliência dos profissionais.
Diante dos desafios identificados, é crucial implementar estratégias de intervenção e suporte eficazes. Programas de resiliência, suporte psicológico contínuo e políticas de saúde ocupacional são recomendados para promover a saúde e o bem-estar dos profissionais militares. Mendes et al. (2008) e Souza et al. (2010) sugerem que intervenções devem ser personalizadas para atender às necessidades específicas dos diferentes grupos ocupacionais dentro das forças militares. Além disso, Silva et al. (2023) e Oliveira et al. (2023) destacam a importância de treinamento regular em técnicas de manejo do estresse e a disponibilização de recursos adequados para o apoio psicológico.
CONCLUSÃO
A revisão integrativa dde 24 artigos estudados evidenciou a alta prevalência e a gravidade dos impactos do estresse ocupacional entre os militares brasileiros, com destaque para condições como Síndrome de Burnout, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Disfunção Temporomandibular (DTM) e hipertensão arterial . Esses transtornos têm consequências tanto para a saúde mental quanto para a saúde física desses profissionais, afetando diretamente sua qualidade de vida e a eficiência no cumprimento de suas funções.
A implementação de políticas de saúde ocupacionais e estratégias de intervenção adequadas é fundamental para mitigar esses efeitos adversos. Intervenções externas ao manejo do estresse, apoio psicológico, programas contínuos de resiliência e capacitação de liderança para promover ambientes de trabalho mais saudáveis são essenciais. Além disso, há uma necessidade urgente de que as instituições militares adotem medidas preventivas e curativas que abranjam tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos do estresse ocupacional.
A integração de suporte institucional com políticas públicas focadas na promoção da saúde mental dos militares pode contribuir significativamente para a redução dos transtornos associados ao estresse ocupacional, melhorando não apenas a saúde dos profissionais, mas também a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. Portanto, esse estudo reforça a importância de um olhar mais atento e sensível à saúde mental no contexto militar brasileiro, visando à construção de estratégias eficazes e sustentáveis para o bem-estar desses profissionais
AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTO
Agradeço a Fundação de Amparo do Estado do Amazonas (FAPEAM) através da bolsa de aluno-pesquisador no programa de pós-graduação em enfermagem no contexto amazônico vinculado a Escola de Enfermagem de Manaus (EEM) conforme a RESOLUÇÃO N. 002/2023 e Edição 2023/2024.
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