REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11444764
Lourdes Maria Pereira De Sousa; Luana Souza Barcelos; Rafaela Augusta Chaves; Yasmin Macedo Guimarães; Orientador: Prof. Jonathan Leão de Souza Lima.
1 INTRODUÇÃO
A fístula oroantral (OAF) é uma conexão patológica anormal entre a cavidade oral e o seio maxilar. Esse evento desfavorável geralmente está associado a cirurgia de implante, extração dentária, infecção, sinusite, osteomielite, trauma e complicações iatrogênicas (YALÇIN et al., 2011). As comunicações buco-sinusais geralmente são causados pela extração dos dentes posteriores superiores. (ABUABARA et al., 2006). Lesões císticas e tumorais, bem como traumas locais também podem ser fatores etiológicos (FREITAS, 2003). Pela íntima relação com os dentes, o seio maxilar é a cavidade paranasal primeiramente afetada por afecções dentárias, podendo ocorrer acometimento das outras cavidades paranasais a partir daí. O fechamento da OAF é extenuante, sensível à técnica e desafiador (SHUKLA et al., 2021).
Uma fístula de tamanho de até 5 mm cicatriza espontaneamente, mas uma fístula maior requer intervenção cirúrgica (AWANG MN, 1988). A OAF de tamanho <5 mm também pode exigir fechamento cirúrgico se a infecção sinusal for evidente (NEZAFATI, 2011). A OAF causa dor excruciante, escape de fluidos do nariz, escape de ar da boca para o nariz, epistaxe, alteração na voz devido à ressonância, secreção purulenta em caso de OAF crônica, secreção pós-nasal, saída do pólipo antral para a cavidade oral e sinusite. Muitas fístulas buco-antrais, especialmente aquelas com tamanho inferior a 3 mm, cicatrizam espontaneamente, enquanto aqueles com mais de 3 a 5 mm de tamanho não cicatrizam sem reparo cirúrgico (MISHRA, 2016).
Vários métodos de fechamento da OAF têm sido propostos, incluindo retalhos de tecidos moles locais e distantes, enxertos ósseos autógenos, materiais alógenos e sintéticos, cada método com suas próprias vantagens e desvantagens (JAIN et al.,2012). As técnicas cirúrgicas para fechamento da OAF incluem enxerto autógeno de tecido mole e osso, aloenxerto, xenoenxerto, materiais de enxerto sintéticos e outras técnicas como transplante dentário. As técnicas de cirurgia de retalho podem ser categorizadas em retalhos locais e distantes, por exemplo, retalho de língua. Os mais utilizados são os procedimentos de retalhos locais; eles incluem retalho bucal, almofada de gordura bucal e retalho rotativo palatino (PARVINI,2019).
1.1 Descrição do tema
As comunicações bucosinusais consistem na formação de um trajeto direto entre a cavidade oral e o seio maxilar, onde ocorre o rompimento da membrana sinusal com perda de tecido mole e duro (FREITAS, 2003). As comunicações bucosinusais são em muitas das vezes, do tipo alveolar, decorrente de traumatismo durante procedimento de extração dentária de elementos na região posterior da maxila. O diagnóstico é feito através de exames clínicos, radiográficos e de endoscópio. O paciente com essa afecção pode apresentar fístula com secreção purulenta, formação de pólipo antral, regurgitação de alimento líquido para o nariz com secreção nasal e vazamento de ar pela fístula para a boca ao assoar o nariz, cefaleia e dor. O tratamento cirúrgico com uso de técnicas de retalho local, tais como retalho bucal, coxim adiposo bucal e retalho rotativo palatino são as mais utilizadas para fechamento desta afecção (SOUKAINA et al. 2022).
1.2 Justificativa
Segundo Ohtsukia et al.(2018), apesar da baixa incidência relatada (5%), a comunicação oroantral ocorre com muita frequência nos consultórios odontológicos, haja vista o grande percentual de exodontias que são realizadas. As comunicações buco-sinusais ou comunicação oroantrais são ocorrências comuns que acometem o seio maxilar, geralmente estão associadas a exodontias de elementos dentários superiores posteriores devido ao íntimo contato dos ápices radiculares com o assoalho do seio maxilar (ZENATTI et al., 2021). A comunicação oroantral (ACO) atua como via patológica para bactérias e pode causar infecção do antro, o que obstrui ainda mais o processo de cicatrização por ser uma comunicação não natural entre a cavidade oral e o seio maxilar (PARVINI et al., 2019). Muitas fístulas buco-antrais, especialmente aquelas com tamanho inferior a 3 mm, cicatrizam espontaneamente, enquanto aqueles com mais de 3 a 5 mm de tamanho não cicatrizam sem reparo cirúrgico (MISHRA, 2016). As técnicas cirúrgicas para fechamento da OAF incluem enxerto autógeno de tecido mole e osso, aloenxerto, xenoenxerto, materiais de enxerto sintéticos e outras técnicas como transplante dentário. As técnicas de cirurgia de retalho podem ser categorizadas em retalhos locais e distantes, por exemplo, retalho de língua. Os mais utilizados são os procedimentos de retalhos locais; eles incluem retalho bucal, almofada de gordura bucal e retalho rotativo palatino (PARVINI, 2019).
Diante dos estudos realizados pôde-se perceber que essas ocorrências não são notadas no momento da realização das exodontias, somente algum tempo depois através de sinais e sintomas apresentados pelos pacientes.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Os objetivos deste estudo é relatar as três técnicas mais utilizadas, descrever e avaliar a eficácia do fechamento das fistulas buco-sinusais utilizando o coxim adiposo de Bichat.
1.3.2 Objetivo específico
Definir a etiologia das fístulas buco-sinusais, apresentar propostas de tratamento cirúrgicos e não cirúrgicos para fechamento de comunicação oroantral e avaliar a eficácia do fechamento da fístula buco-sinusal com o uso do corpo adiposo de Bichat.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Em geral, o seio maxilar é o maior dos seios paranasais e relaciona-se com a órbita, a cavidade nasal, a fossa pterigopalatina, e inferiormente seu assoalho é formado pelo processo alveolar da maxila com estreita relação com os dentes. Começa a formar-se a partir da 12ª semana intrauterina, e ao nascimento apresenta forma arredondada com 3 a 4 mm de diâmetro, e por volta dos 13 anos de idade apresenta forma piramidal com base inferior, podendo aumentar de tamanho até os 18 (FREITAS, 2006). De acordo com Da Mota (2016) o seio maxilar é o seio paranasal mais relevante devido a sua grande extensão. No que se refere a uma pessoa adulta, as dimensões aproximadas do seio maxilar variam entre 25 e 35mm de largura, 38 e 45mm de comprimento, com um volume médio de 15ml, todavia, esses fenótipos podem variar de acordo com gênero, idade e raça.
Samman et al. (1999) descreve que o corpo adiposo bucal (CAB) é uma massa de tecido adiposo especializado que é distinto da gordura subcutânea. Cordero (2015) cita que o corpo adiposo bucal (CAB) foi descrito pela primeira vez em 1732 por Heister, mas deve seu nome à descrição feito em 1802 por Bichat. Contudo, não se tinha certeza até a publicação de Egyedi em 1977, que apresenta o corpo adiposo bucal como um retalho útil no fechamento destas afecções. Ferreira et al. (2011) relata que em 1983, Neder et al., foram os primeiros a descrever o uso do corpo adiposo bucal como enxerto livre para defeitos intrabucais e, em 1986, Tideman et al., publicaram o primeiro estudo compreensivo, descrevendo em detalhes a anatomia da técnica cirúrgica e resultados clínicos da utilização do corpo adiposo bucal para correção cirúrgica de defeitos da cavidade bucal, sendo este utilizado com enxerto pediculado.
Freitas (2006) relata que fístula oroantral é a comunicação entre a cavidade oral e o seio maxilar. As comunicações buco-sinusais ou comunicação oroantrais são ocorrências comuns que acometem o seio maxilar, geralmente estão associadas a exodontias de elementos dentários superiores posteriores devido ao íntimo contato dos ápices radiculares com o assoalho do seio maxilar (ZENATTI et al., 2021). No entanto, também pode ser causada por uma condição patológica como osteonecrose, cisto, tumor ou por procedimentos iatrogênicos como cirurgia de implante, enucleação de cisto e tumor, cirurgia ortognática. A comunicação oroantral (ACO) atua como via patológica para bactérias e pode causar infecção do antro, o que obstrui ainda mais o processo de cicatrização por ser uma comunicação não natural entre a cavidade oral e o seio maxilar (PARVINI et al., 2019). As observações radiológicas podem mostrar descontinuidade do assoalho sinusal, opacidade sinusal, atrofia alveolar focal e doença periodontal associada (BORGONOVO, 2012).
O coxin adiposo de Bichat consiste em um corpo principal posicionado centralmente com quatro extensões, extensão bucal, pterigóide, temporal superficial e profunda. A extensão bucal encontra-se superficialmente dentro da bochecha, e as extensões pterigóide e temporal estão situadas mais profundamente (EGYEDI, 1977). O uso da PBF para reconstrução de defeitos intrabucais foi descrito pela primeira vez em 1977 por Egyedi. O PBF é um retalho que possui fácil acesso e rico suprimento sanguíneo, este compartimento de gordura é adequado para o fechamento de defeitos da maxila posterior até a região do palato duro e mole e a região retromolar da mandíbula (BAUMANN, A., EWERS, R., 2000). O uso do PBF como enxerto livre foi descrito por Neder em 1983 e como enxerto pediculado por Tideman três anos depois (SHUKLA et al., 2021).
Rehrmann introduziu em 1936, o uso do retalho bucal de avanço para tratamento cirúrgico da fístula oroantral. Este procedimento envolve a confecção de um retalho muco periosteal trapezoide de base ampla e sua colocação sobre o defeito seguido de suturas. Porém essa técnica apresenta uma desvantagem significativa para alguns autores. A principal desvantagem do retalho vestibular é a perda da altura vestibular bucal, e a do retalho palatino é que ele deixa uma área palatina desnudada que cicatriza por epitelização secundária (SHUKLA et al., 2021).
O uso do PBF é contraindicado em casos fechamento de fístula oroantral em que é necessária a reconstrução óssea para colocação e planejamento da reabilitação do implante dentário, onde há necessidade de tecido duro (MANNELLI et al., 2019). Uma desvantagem é uma leve redução da altura vestibular e uma baixa taxa de recorrência de fístulas, necessitando de uma segunda cirurgia para o fechamento (BORGONOVO et al., 2012). Outras possíveis complicações citadas na literatura são trismo, limitação temporal da abertura bucal, edema facial, hematoma, formação de abscesso e equimose na região bucal (NELKE et al., 2023). Em um estudo prospectivo, os autores concluíram que os pacientes estavam altamente satisfeitos em geral com o tratamento e com a fonética, estética e mastigação após o uso do PBF (Gonzalez et al., 2015). O uso do coxim adiposo de Bichat pode incluir não somente seu papel para o fechamento de defeitos maxilares e palatinais, como também seu uso na articulação temporomandibular, assoalho orbitário, osso alveolar, região zigomática, bucal, etc. (NELKE et al., 2023). Em contrapartida muitos autores não parecem apresentar muitas divergências de opiniões quando se trata do uso do coxim adiposo de Bichat.
RESUMO
O presente estudo descreve como identificar as comunicações bucosinusais, suas características e suas formas de tratamento. Os objetivos deste estudo foram relatar as três técnicas mais utilizadas, descrever e avaliar a eficácia do fechamento das fistulas bucosinusais utilizando o corpo adiposo de Bichat. Nesta revisão de literatura foram utilizadas as plataformas de pesquisa Pubmed, Scielo e Google Acadêmico. Diversas técnicas cirúrgicas são descritas durante o estudo para que se possa equiparar os resultados durante e pós-operatório de todas as técnicas. Porém muitas das vezes a sua dificuldade de execução, riscos posteriores de necroses e dificuldade de recuperação dos pacientes após o procedimento tem feito cada vez mais que profissionais optem por essa técnica. Portanto concluímos durante as pesquisas que quando há ocorrência de uma fístula bucosinusal com mais de 3mm de diâmetro, o padrão ouro para esse tratamento é o seu fechamento de forma cirúrgica utilizando o tecido adiposo de Bichat. Mediante a facilidade de se obter tal material e aos bons históricos de recuperação pós-operatório dos pacientes que se submeteram a esse tratamento a execução da técnica que tem se mostrado a solução mais eficaz e segura aos pacientes e também aos profissionais que a executam.
Palavras- chave: comunicação bucosinusal; bichat; técnicas cirúrgicas; tratamento de fístula bucosinusal
INTRODUÇÃO
A comunicação buco-sinusal pode ser definida como um espaço patológico entre a cavidade bucal e o seio maxilar (YALÇIN et al., 2010). As fístulas bucosinusais são caracterizadas pela presença de epitélio oriundo da mucosa oral e, ou da mucosa do seio antral, no qual se não removida, pode inibir a cicatrização espontânea (BORGONOVO et al., 2012). A fístula oroantral causa dor, escapes de ar da boca para nariz e escapes de fluídos do nariz, além de sangramento nasal, alteração na voz, secreção purulenta e secreção pós-nasal, saída do pólipo antral para a cavidade oral e sinusite (SHULKA et al., 2021).
A incidência de comunicações oroantrais é de 5%, mas é frequentemente relatada nos consultórios odontológicos, devido ao grande percentual de exodontias que são realizadas (OHTSUKIA et al., 2018). Estas comunicações são ocorrências comuns que acometem o seio maxilar, e estão geralmente associadas a exodontias de elementos dentários superiores posteriores devido ao íntimo contato dos ápices radiculares com o assoalho do seio maxilar (ZENATTI et al., 2021). Ainda, podem ser causadas por infecção dentária, osteomielite, radioterapia e traumas após remoção de cistos ou tumores malignos (BORGONOVO et al., 2012).
A gordura de Bichat é uma massa de gordura encapsulada localizada na bochecha, ela é uma gordura especializada, na qual pode ser utilizada para enxertos pediculados e enxertos livres (NELKE et al., 2023). Foi descrito pela primeira vez por Egyedi, 1977, o uso do corpo adiposo de Bichat para fechamento de fístulas oroantrais (KWON et al., 2020). O coxim adiposo bucal para fechamento de comunicação buco-sinusais é eficaz pois está adjacente ao sítio cirúrgico, o que reduz o tempo cirúrgico, além de ser de fácil coleta, fácil de mobilizar e com excelente suprimento sanguíneo, causando mínima morbidade no local doador (SHUKLA et al., 2021).
O tratamento da OAF deve ser baseado no tempo e no tamanho do defeito, no qual defeitos menores que 2 mm podem cicatrizar espontaneamente, porém defeitos maiores que 3-4 mm e defeitos persistentes devem ser tratados cirurgicamente (CHEKARAOU, S.M; BENJELLOUN, L; HARTI, K.E., 2021). Os métodos de tratamentos para as fistulas buco-sinusais consistem em retalhos locais, sendo eles o retalho de avanço bucal e retalho rotacional palatino, e o retalho de almofada de gordura bucal (TEMISTOCLE et al., 2022).
Os objetivos deste estudo é relatar as três técnicas mais utilizadas, descrever e avaliar a eficácia do fechamento das fistulas buco-sinusais utilizando o corpo adiposo de Bichat.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram selecionados e analisados artigos, publicados na língua inglesa, portuguesa e espanhola, durante o período de 2016 a 2023 nas bases de dados: PubMed, Scielo e BVS Saúde. Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes de 2016, artigos que não eram na língua inglesa, espanhola e portuguesa. Os descritores utilizados foram: “fistula oroantral”, “corpo adiposo de bichat” e “comunicação bucosinusal”.
DISCUSSÃO
A fístula oral é uma comunicação não natural entre a cavidade oral e o seio maxilar, ela tem origem tanto em complicações iatrogênicas como em infecções dentárias, osteomielite, radioterapia ou trauma (BORGONOVO et al., 2012). O tratamento da comunicação bucosinusal deve considerar aspectos como, tempo de diagnóstico e se há presença de infecção sinusal. A recomendação, é que para que se evite complicações o fechamento deva ser feito dentro de 48 horas (KWON et al., 2020).
Nas últimas décadas, desenvolveu-se um extenso acervo bibliográfico referente ao fechamento cirúrgico da FAO. As técnicas de cirurgia de retalho podem ser categorizadas em retalhos locais e à distância. Os retalhos locais mais utilizados incluem retalho bucal, coxim adiposo bucal (PBF) e retalho rotatório de palato. Os retalhos à distância englobam o retalho lingual, a cartilagem auricular e o retalho do músculo temporal. Fístulas menores que 3mm fecham-se espontaneamente. (KWON et al., 2020). Foi descrito e comparado três casos onde os autores usaram as diferentes técnicas de retalhos locais para fechamento de uma fístula bucosinusal causados por falha no tratamento odontológico. Neste estudo os autores observaram que para fistulas pequenas e mesiais o uso do retalho bucal é recomendado, porém deve-se levar em consideração que poderá ser necessária cirurgia adicional para restabelecer a profundidade vestibular adequada. O retalho palatino mostrou-se uma opção viável para o reparo de OACs, principalmente para defeitos na área de pré-molares. Este procedimento é altamente recomendado quando um retalho de comprimento e largura ideal pode ser mantido. O retalho com uso do coxim adiposo de Bichat é recomendado para uso em fechamentos de fistulas grandes posteriores (BORGONOVO et al., 2012).
Em um estudo feito analisando dados médicos de 140 casos de pacientes diagnosticados com comunicação oroantral na Clínica Oral e Maxilo-Facial Targu Mures, entre os anos de 2013 e 2020, nos quais 72 foram tratados com retalho de avanço bucal, 49 com retalho de gordura de Bichat e 19 com retalho palatino. Os resultados obtidos foram que os 72 pacientes tratados com retalhos de avanço bucal, 25 apresentaram recidivas, ao contrário dos pacientes tratados com retalhos de gordura de Bichat que não apresentaram complicações, p < 0,05 (TEMISTOCLE et al., 2022). Em outro estudo retrospectivo feito avaliando pacientes que foram tratados para reparo de OAF, no qual incluiu 147 pacientes, 116 homens e 31 mulheres, nos quais a causa mais comum de OAF foi a extração dentária. Os método cirúrgicos que foram utilizados nos pacientes foram o retalho bucal em 59 (40,1%), coxim adiposo bucal em 42 (40,8%) e retalho palatino em 28 (19%) indivíduos. As taxas de sucesso com uso do retalho de corpo adiposo bucal (98,3%), seguido pelo retalho bucal (89,8%) e retalho palatino (85,7%) (GHEISARI, R., HOSEIN, Z.H., TAVANAFAR, 2019).
O uso do PBF é contraindicado em casos fechamento de fístula oroantral em que é necessária a reconstrução óssea para colocação e planejamento da reabilitação do implante dentário, onde há necessidade de tecido duro (MANNELLI et al., 2019). Uma desvantagem é uma leve redução da altura vestibular e uma baixa taxa de recorrência de fístulas, necessitando de uma segunda cirurgia para o fechamento (BORGONOVO et al., 2012). Outras possíveis complicações citadas na literatura são trismo, limitação temporal da abertura bucal, edema facial, hematoma, formação de abscesso e equimose na região bucal (NELKE et al., 2023). Em um estudo prospectivo, os autores concluíram que os pacientes estavam altamente satisfeitos em geral com o tratamento e com a fonética, estética e mastigação após o uso do PBF (Gonzalez et al., 2015). O uso do coxim adiposo de Bichat pode incluir não somente seu papel para o fechamento de defeitos maxilares e palatinais, como também seu uso na articulação temporomandibular, assoalho orbitário, osso alveolar, região zigomática, bucal, etc. (NELKE et al., 2023). Em contrapartida muitos autores não parecem apresentar muitas divergências de opiniões quando se trata do uso do coxim adiposo de Bichat.
YALÇIN et al., 2010 em seu estudo clínico, analisou 23 pacientes tratados com OAF crônica no Departamento de Cirurgia Oral e Maxilofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade de Istambul, entre os anos de 2002 a 2009, sendo estes 17 homens (74%) e 6 mulheres (26%). A etiologia das formação das fistulas em 20 pacientes foi extração dentária, enucleação de cisto em 1 paciente e em 2 pacientes, a causa foi o vazamento de arsênico para os tecidos da câmara pulpar de um dente tratado endodonticamente. As técnicas utilizadas foram retalho de ilha palatina (13) e retalho de avanço bucal (10), dos 23 pacientes, 22 cicatrizaram sem intercorrências e 1 paciente foi submetido ao procedimento de Caldwell-Luc e à técnica de retalho em ilha palatina. SHULKA et al., 2021 avaliou 20 pacientes tratados no departamento de cirurgia oral e maxilofacial, os pacientes foram distribuídos aletoriamente em dois grupos, no Grupo I os pacientes foram tratados com método de retalho de avanço bucal e no Grupo II os pacientes foram tratados com o uso do coxim adiposo de Bichat. Ao comparar os dois métodos observou-se muita dor e edema após o fechamento pelo BFP, mas essa quantidade de dor e inchaço não foi significativa. Por outro lado, o fechamento com retalho de avanço bucal pode levar à redução da altura vestibular, necessitando de outra cirurgia para sua correção posteriormente. Logo, o uso do compartimento adiposo de Bichat elimina a complicação da redução da profundidade vestibular e pode evitar um segundo procedimento cirúrgico subsequente (vestibuloplastia) antes da reabilitação dentária.
Conclusão
Diversas técnicas para fechamento de fístulas buco-sinusais são descritas. No entanto o que determina qual técnica a ser utilizada é o tamanho e a localização do trato fistuloso. Diante dos estudos concluímos que: o fechamento com uso do retalho bucal é recomendado quando se tem fístulas pequenas e mesiais, o retalho palatino é indicado para fechamento na área dos pré-molares, já o uso do coxim adiposo de Bichat é mais eficaz para tratamento das OAF, pois ele elimina complicações de redução de profundidade vestibular e na maioria dos casos elimina a necessidade de um segundo procedimento cirúrgico.
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