RELATÓRIO AVALIATIVO DE COMPARAÇÃO DA DEMANDA E MODALIDADE TARIFÁRIA ELÉTRICA PARA ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10228019


Marden Simões Godinho


1 – INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo explanar as atividades desenvolvidas pelo acadêmico do curso técnico em eletrotécnica da Instituição do SENAI – Taft Alves Ferreira, supervisionado por Adailton Marques Costa – CREA/MG 217460/D, Supervisor de Campo.

O estágio foi realizado na Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA, empresa criada em julho de 1963, que tem como missão prover soluções em abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental.

Sua principal atividade é a prestação de serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário, compreendendo desde as atividades de planejamento e elaboração de projetos até sua execução, ampliação, remodelagem e exploração do serviço de saneamento. Atualmente a COPASA atende mais 14 milhões de clientes em todas as regiões de Minas Gerais.

1.1   – Princípios e Valores

A atuação da empresa é pautada por:

  • Diálogo permanente com poder concedente;
  • Responsabilidade socioambiental;
  • Alto nível de governança corporativa;
  • Valorização dos empregados;
  • Qualidade dos serviços prestados;
  • Crescimento sustentável;
  • Preservação dos recursos hídricos;
  • Atenção aos interesses dos acionistas;
  • Foco na satisfação do cliente;
  • Parceria no relacionamento com os fornecedores.

1.2   – Áreas de Atuação da COPASA

Abastecimento de água

  • Captação;
  • Adução;
  • Tratamento;
  • Preservação;
  • Distribuição.

Esgotamento sanitário

  • Coleta;
  • Transporte;
  • Tratamento;
  • Disposição final.

Cooperação técnica

  • Atendimento a clientes;
  • Controle da qualidade da água
  • Projetos e obras;
  • Operação e gestão de sistemas;
  • Assistência comunitária;
  • Assistência técnica;
  • Consultoria;
  • Educação sanitária e ambiental.

2 – AVALIAÇÕES DA DEMANDA E MODALIDADE TARIFÁRIA ONTRATADA – ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA CARVALHO LOPES

2.1 – OBJETIVO

O objetivo é realizar análise da unidade consumidora da COPASA – MG, denominada Elevatória de Água Tratada Carvalho Lopes, instalação de nº 3009013386, sob o ponto de vista da demanda e modalidade tarifária atualmente contratadas e propor a melhor opção em termos de economia na despesa com energia elétrica.

2.2 – DADOS DA UNIDADE CONSUMIDORA E METODOLOGIA DE ESTUDO

2.2.1 – Dados da Unidade Consumidora

As tabelas abaixo mostram os dados da unidade consumidora foco deste relatório.

2.2.2  – Metodologia de Estudo

A metodologia utilizada para o estudo consiste em extrair dados elétricos e financeiros do histórico de faturamento dos últimos meses, recalcular a despesa comparando-a nos diferentes cenários possíveis. Para a avaliação, foram coletados dados das faturas dos últimos 24 meses, no SICOE.

Serão avaliadas as grandezas elétricas e financeiras relacionadas a seguir:

  • Demanda registrada HFP (kW);
  • Demanda contratada HFP (kW);
  • Demanda faturada HFP (kW);
  • Valor demanda contratada HFP (R$);
  • Demanda registrada HP (kW);
  • Demanda contratada HP (kW);
  • Demanda faturada HP (kW);
  • Valor demanda contratada HP (R$);
  • Energia ativa faturada HFP (kWh);
  • Valor energia ativa faturada HFP (R$);
  • Energia ativa faturada HP (kWh);
  • Valor energia ativa faturada HP (R$);
  • Valor total da fatura (R$).

Com objetivo de evitar distorções devido a reajustes tarifários ocorridos neste período, os valores serão recalculados utilizando os valores de tarifas da Resolução Homologatória (REH) vigente na data de elaboração deste estudo, ou seja, a REH 2.396, publicada pela a ANEEL em 22 de maio de 2018.

Os valores serão calculados para as tarifas possíveis e comparados entre si com o objetivo de verificar qual a melhor opção tarifária e demanda para as atuais condições de funcionamento da unidade consumidora.

Desta forma, o estudo será dividido nos cenários apresentados a seguir:

I. Avaliação do histórico energético da unidade consumidora;

II. Simulação de tarifas e demandas contratadas;

III. Apresentação da solução mais economicamente viável.

A tabela abaixo apresenta as tarifas atualmente vigentes:

3 – AVALIAÇÃO DO HISTÓRICO ENERGÉTICO DA UNIDADE CONSUMIDORA

3.1 – Demanda Contratada e Utilizada

O histórico da instalação foi extraído do Programa SICOE, para os últimos 24 meses: de 01/2017 a 12/2018. Durante o período avaliado, a instalação apresentou demanda registrada abaixo da contratada, nos dois postos tarifários. Os gráficos abaixo apresentam a evolução da demanda registrada em função da contratada, nos postos tarifários.

Como a modalidade tarifária contratada para a instalação é a THS Verde, a demanda no horário de ponta não é cobrada, porém o consumo registrado mostra que a instalação está funcionando durante o horário de ponta.

De acordo com os gráficos apresentados abaixo, a demanda registrada está próxima à contratada, sendo que esta é mais estável no horário de ponta.

3.2   – Consumo de energia da instalação

A instalação apresenta consumo de energia elétrica tanto no horário de ponta, quanto no fora de ponta. Pelos valores registrados, é possível que este regime de funcionamento seja constante para todo o ciclo de faturamento. Para confirmação desta característica, seria necessário avaliar a memória de massa da instalação.

Uma vez que a tarifa contratada é a THS Verde, tal fato pode elevar em muito os custos com energia, visto que a tarifa de energia no horário de ponta é bem maior que no horário fora de ponta.

Os gráficos abaixo mostram o histórico de consumo por posto tarifário.

No período avaliado, foram gastos cerca de R$1.211.616,19, destes, R$ 986.976,19 no horário fora de ponta e R$ 224.640,00 no horário de ponta.

Nos últimos doze meses (01/2017 a 12/2018) a despesa com energia no horário fora de ponta foi de R$ 484.733,26 e R$ 225.507,48 no horário de ponta, totalizando em R$ 710.240,74 a despesa com energia.

4   – SIMULAÇÃO DE TARIFAS E DEMANDAS CONTRATADAS

A simulação baseia-se no princípio de que os consumos e demandas registrados nos últimos 24 meses se repetirão da mesma forma nos próximos dois anos e os resultados serão discriminados em duas partes denominadas como se segue:

  • Primeiro ano: parâmetros elétricos registrados e faturados de 01/2017 a 12/2017;
  • Segundo ano: parâmetros elétricos registrados e faturados de 01/2018 a 12/2018;

Entretanto, durante os 24 meses aconteceram reajustes de valores na tarifa. Por isso, antes de realizar a simulação, será preciso uniformizar a tarifa para todo o período de avaliação, considerando os valores atuais, ou seja, de acordo com a REH 2.396, publicada pela ANEEL em 22 de maio de 2018.

Após este procedimento, será possível comparar os valores entre diferentes modalidades tarifárias com mais facilidade para detectar a melhor opção, eliminando distorções em função dos reajustes anuais. Isto também facilita a compreensão dos resultados ao simular casos com demandas diferentes da contratada atualmente.

Os valores em R$ da fatura serão obtidos com a regra de cada modalidade tarifária e comparados entre si. As tarifas estão dispostas na Tabela 3.

Apesar da tarifa de baixa tensão ser utilizada na comparação entre tarifas, vale lembrar que nem sempre a distribuidora permitirá a opção por esta, dependendo da potência da subestação de entrada.

4.1   – Simulação tarifária

Para este caso a demanda contratada será mantida em 260 kW, valor atualmente contratado. Para a tarifa azul a demanda contratada no horário de ponta também será considerada 260 kW.

4.1.1   – Tarifa Verde

A THS Verde é a tarifa atualmente contratada para a unidade consumidora. Portanto, os valores serão atualizados de acordo com a última resolução homologatória que atualizou os valores da Cemig Distribuição, conforme Tabela 3.

A Tabela 4 mostra os resultados da simulação, caso a demanda seja mantida em 260 kW. Os valores são totalizados por ano.

4.1.2   – Tarifa Azul

A análise na THS Azul será realizada considerando a mesma demanda para os dois postos tarifários. Nesta modalidade, apesar da despesa com energia no horário de ponta ser menos, a demanda neste horário passa a ser faturada, e com valor maior que o faturado no horário fora de ponta. Os resultados estão apresentados na Tabela 5.

4.1.3- Baixa tensão B3 Convencional

Na tarifa de baixa tensão B3 Convencional não há faturamento de demanda, apenas de energia e não há diferenciação de cobrança por horário. A Tabela 6 mostra os resultados para a simulação.

4.1.4 – Comparação dos resultados

A comparação entre os resultados obtidos nos itens 4.1.1 – 4.1.2 – e 4.1.3 – será apresentada em termos de valores mensais, onde será possível a comparação mês a mês e a comparação dos valores acumulados, para que se possa obter a melhor opção a longo prazo. Esta última será apresentada de duas formas: para todo o período avaliado e para os últimos 12 meses.

O Gráfico 5 mostra que a tarifa de baixa tensão, se possível a contratação, é a pior de todas as opções, portanto não recomendada para este cenário. As tarifas THS Verde e THS Azul apresentam valores mais baixos que a tarifa de baixa tensão, além de estarem muito próximas entre si para a contratação atual.

Uma verificação mais precisa se dá por meio da observação dos valores acumulados, como mostram os gráficos abaixo.

A despesa acumulada, como mostra no Gráfico 6, é maior para a baixa tensão. Entretanto, é quase o mesmo para as tarifas Verde e Azul, com uma diferença de R$39.490,98, ou seja, uma diferença média mensal de R$1.645,46. O gráfico abaixo mostra a diferença para os últimos doze meses.

Nos últimos doze meses a diferença entre a despesa acumulada entre as tarifas Verde e Azul é de R$1.613,72 estando a THS Azul com o menor valor acumulado em um ano: R$691.962,75.

Quanto à alteração da modalidade tarifária, é recomendável esperar por mais alguns meses. Desta forma, a THS Verde ainda é a melhor alternativa com a manutenção da demanda atualmente contratada, caso não haja qualquer mudança nas condições de operação da instalação.

Os dados desta simulação estão disponíveis no ANEXO I.

5 – ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES

Nesta seção serão apresentados os resultados das simulações realizadas no capítulo anterior, de forma agrupada. Primeiramente, serão apresentados os resultados da simulação para todo o período. Em seguida, serão apresentados os resultados da simulação nos últimos doze meses. Esta última é mais importante, pois representa as condições atuais de funcionamento da instalação, desde que não estejam previstas alterações nestas condições.

De acordo com a Tabela 7, verifica-se que a THS Verde, é a melhor opção em relação ao custo, para os últimos 24 meses.

A tabela abaixo mostra a comparação entre os resultados da simulação para as diferentes modalidades tarifárias, considerando os últimos doze meses. É o período mais relevante, considerando que é a forma mais atual de operação da instalação, desde que não haja mudanças previstas.

Conforme a Tabela 8, a THS Azul é a melhor opção em relação ao custo, porém com uma diferença anual de apenas R$1.613,72.

Com base no Gráfico 7, o período em que a tarifa Azul realmente se mostrou mais vantajosa foi nos meses de junho a agosto de 2018, com uma diferença de R$3.554,13, R$3.280,56 e R$4.922,00, respectivamente. Caso a instalação, futuramente, funcione com as características semelhantes a este

período, a tarifa azul passa a ser viável. Observa-se que a linha de corte para viabilizar a THS Azul para a instalação ocorre próxima dos 10.000 kWh no horário de ponta. Caso o consumo no horário de ponta seja superior a este valor, mantendo o consumo médio atual do horário de ponta, a tarifa azul passa a ser vantagem.

Em contrapartida, os meses de setembro a dezembro de 2018 foram significativamente mais favoráveis à tarifa verde, com diferenças de R$4.926,62, R$5.747,34 e R$2.190,89, respectivamente.

6 – CONCLUSÃO

Com base nas simulações realizadas, recomenda-se manter a modalidade tarifária atual para os próximos meses, uma vez que houve uma pequena variação de valores e, nos últimos três meses a THS Verde apresentou o menor valor, com tendência de crescimento no mês de dez/2018.

Por isso, salienta que a unidade consumidora deve ser monitorada nos próximos meses para se confirmar a necessidade da mudança da modalidade tarifária. Porém, caso a instalação aumentar o seu consumo, principalmente no horário de ponta (com valores superiores a 10.000 kWh mensais), por longos períodos a THS Azul passará a ser a melhor opção.

Este estudo foi realizado considerando o histórico de funcionamento e faturamento da instalação, com ênfase nos doze últimos meses (01/2017 a 12/2018) e que não acontecerão modificações nas condições de funcionamento e na quantidade de carga elétrica operacional.

7  – ANEXOS/APÊNDICES

ANEXO I – HISTÓRICO DA UNIDADE CONSUMIDORA

8  – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

– Resolução Homologatória (REH) vigente na data de elaboração deste estudo, ou seja, a REH 2.396, publicada pela a ANEEL em 22 de maio de 2018.