REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412131748
Andreza Santini Pacheco(1)
Aroldo Arruda Cavalcante Neto(2)
Awa Magalhães Cândido Silva(3)
Eduarda Rodrigues da Silva(4)
Eduardo Coelho Ribeiro Leão(5)
Elisa Carlos de Amorim(6)
Jeovana Carolina Santiago da Paz Abreu(7)
Kauana Evangelista Silva(8)
Lara Pereira Leite(9)
Letícia Rabelo Vaz Monteiro(10)
Maria Clara Ferreira Barbosa(11)
Maria Clara Freitas de Andrade(12)
Maria Eduarda Nogueira Maia(13)
Renato Ramos de Melo Junior(14)
Sabrynna Silva Gomes(15)
Fabrícia Gonçalves Amaral Pontes(16)
A alimentação afetiva une a nutrição ao fortalecimento de vínculos emocionais, reconhecendo que o ambiente afetuoso durante as refeições é crucial para a formação de bons hábitos alimentares. Além disso, o projeto de extensão é destinado a conectar o conhecimento teórico com as demandas e realidades da comunidade. O presente trabalho foi executado por acadêmicos do 2º período de Medicina do ITPAC Porto em um centro de atividades extracurriculares em Porto Nacional-TO para cerca de 30 crianças entre 5 e 9 anos a fim de promover saúde e bem-estar emocional, integrando o componente afetivo à educação alimentar. Trata-se de uma intervenção educativa de caráter qualitativo. Portanto, os resultados incluem a melhoria dos hábitos alimentares das crianças e de suas famílias, o fortalecimento dos vínculos afetivos e a prevenção de distúrbios alimentares.
Palavras-chave: Alimentação Saudável; Extensão Comunitária; Nutrição Infantil.
INTRODUÇÃO
O trabalho de extensão universitária emerge como uma modalidade acadêmica essencial, destinada a articular o conhecimento teórico adquirido nas salas de aula com as demandas e realidades da comunidade (Silva, 2019). Essa integração não apenas promove o desenvolvimento social, cultural e científico, mas também estabelece um canal de diálogo e troca entre a universidade e a sociedade.
Desse modo, a participação em projetos de extensão é crucial na formação acadêmica, pois oferece aos alunos experiências práticas e interdisciplinares. Isso os prepara para os desafios do mercado de trabalho e desenvolve habilidades como trabalho em equipe, liderança e resolução de problemas (Da Silva, 2020). Assim, a extensão se torna um espaço de aprendizado e transformação, enriquecendo o saber acadêmico com as vivências da comunidade.
O projeto “Sabor de Afeto: Alimentação Saudável e Conexão Emocional para o Desenvolvimento Infantil” aborda a alimentação como um fator que vai além da nutrição, destacando sua importância emocional no desenvolvimento infantil. A alimentação afetiva une a nutrição ao fortalecimento de vínculos emocionais, reconhecendo que o ambiente afetuoso durante as refeições é crucial para a formação de hábitos alimentares.
Essa abordagem integra o cuidado emocional à alimentação saudável, promovendo um ambiente acolhedor que favorece o desenvolvimento integral da criança e incentiva uma relação positiva com a comida desde cedo, estabelecendo hábitos duradouros de saúde física e bem-estar emocional (Baptista,2021).
Portanto, esta intervenção não se limita apenas à promoção da nutrição adequada, mas também explora como o afeto e o cuidado durante as refeições podem impactar positivamente o comportamento e o bem-estar emocional das crianças. Nesse sentido, estudos mostram que o envolvimento afetivo dos cuidadores pode incentivar hábitos alimentares mais saudáveis e fortalecer os vínculos familiares (Rothes; Silva, 2016).
Neste cenário, o projeto buscou não apenas melhorar a qualidade de vida das crianças e suas famílias, mas também proporcionar uma formação interdisciplinar para estudantes de áreas como nutrição, psicologia e pedagogia, preparando-os para compreender de forma integrada o papel da alimentação no desenvolvimento infantil.
METODOLOGIA
A metodologia adotada pelo “Sabor de Afeto: Alimentação Saudável e Conexão Emocional para o Desenvolvimento Infantil” teve uma abordagem qualitativa, o que permitiu a avaliação dos resultados alcançados.
O projeto foi executado por acadêmicos do 2º período de Medicina do ITPAC Porto em um centro de atividades extracurriculares em Porto Nacional-TO, o qual oferece uma variedade de serviços para diferentes faixas etárias, como aulas de balé, tambores do Tocantins, capoeira e treinos funcionais. Assim, a integração do projeto junto ao cotidiano do centro não apenas potencializa o aprendizado das crianças, mas também promove um ambiente de socialização e cidadania, contribuindo para o fortalecimento da comunidade local.
Por meio dessa ação educativa, espera-se impactar positivamente a vida das crianças atendidas, estimulando o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sociais essenciais para a formação de indivíduos mais conscientes e participativos.
O público-alvo deste projeto corresponde à cerca de 30 crianças com faixa etária de 5 a 9 anos de idade, que são assistidas por essa instituição. Assim, definimos os objetivos específicos do projeto e realizamos uma reunião com as principais colaboradoras do local para alinhar as atividades e estratégias de implementação. Ademais, foi realizado um levantamento de dados para que fosse possível entender o conhecimento das crianças sobre a alimentação saudável.
Nesse sentido, o grupo foi capacitado por uma profissional nutricionista para desenvolver, no dia da ação, atividades de caráter lúdico/educativo acerca da alimentação saudável para o público-alvo. Após isso, foi iniciado o desenvolvimento das receitas, sendo estas de fácil preparo e adaptadas à faixa etária das crianças. Ademais, foi projetada a criação de uma cartilha com a receita saudável de modo visual e criativo e também, atividades lúdicas foram selecionadas a fim de corroborar com o projeto.
No dia da ação, primeiro foi feita a introdução ao tema com a Roda de Conversa: “Comida e Emoções”. Para isso, as crianças foram reunidas em formato de roda para discutir sobre as emoções relacionadas à comida: o que elas gostam de comer, como se sentem ao comer certos alimentos (felizes, confortáveis, amados). Em seguida, foi apresentada a “Cartilha Afetiva” com a receita que eles mesmos iriam produzir. Logo, com o auxílio do grupo de acadêmicos, as crianças produziram sua própria comida de forma lúdica. Algumas também tiveram a presença dos pais, o que culminou no alcance do objetivo buscado.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As preferências alimentares das crianças começam a se formar logo nos primeiros anos de vida e são profundamente moldadas pelas experiências e interações que elas têm com os alimentos. Na primeira infância, é comum que seus gostos e aversões se desenvolvam a partir do contato repetido com certos tipos de comida. A família atua como o principal ambiente de aprendizado para as crianças, desempenhando um papel crucial na formação de suas atitudes e comportamentos alimentares.
A alimentação afetiva se mostra como uma forma de garantir uma alimentação saudável ao público infantil, transformando o ato de se alimentar em um momento de conexão e fortalecimento do vínculo familiar. O projeto realizado possibilitou aos estudantes uma experiência prática sobre o tema, promovendo o entendimento dos benefícios desse tipo de abordagem para as crianças.
A partir dessa análise, a ação teve como objetivo promover transformações significativas tanto nos hábitos alimentares quanto nas relações pessoais das crianças, por meio da confecção de um lanche saudável em conjunto com as crianças e acadêmicos, e por fim, alguns pais que estiveram presentes. Um dos impactos esperados foi o aumento da consciência alimentar dessas crianças, reconhecendo os benefícios que alimentos frescos e naturais, como frutas, legumes e grãos integrais, podem trazer para a saúde física e emocional.
Nesse sentido, uma ferramenta importante para essa perpetuação no dia da ação foi a distribuição de cartilhas de receitas ilustradas de maneira acessível e interativa para os participantes, a fim de reforçar o aprendizado adquirido na oficina realizada pelos acadêmicos. Logo, a iniciativa encorajou o preparo de refeições em conjunto com os pais, permitindo a continuidade do projeto nos lares dessas crianças, criando momentos de convivência que reforçaram o vínculo entre familiares.
Dessa forma, é esperado que as famílias passem a ver o ato de cozinhar e comer juntas como uma oportunidade para conexão, transformando o momento das refeições em algo prazeroso e significativo, em vez de apenas uma rotina diária. Ademais, almeja-se que ocorra uma mudança gradual na rotina alimentar, como a redução no consumo de alimentos ultraprocessados, uma vez que, haverá o preparo de receitas caseiras.
Essa intervenção foi percebida como um incentivo para mudanças duradouras, motivando novos hábitos que continuarão a ser praticados mesmo após o fim do projeto. Em resumo, a ação não apenas contribuiu para melhorar a saúde física e emocional das crianças, mas também fortaleceu as conexões sociais, promovendo uma mudança na maneira como essas crianças e pais se relacionam com a alimentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implementação do projeto “Sabor de Afeto” apresenta-se como uma iniciativa inovadora e relevante para a promoção da saúde e do bem-estar emocional das crianças, integrando o componente afetivo à educação alimentar.
Diante disso, os resultados esperados incluem a melhoria dos hábitos alimentares das crianças e de suas famílias, o fortalecimento dos vínculos afetivos e a prevenção de distúrbios alimentares. Ao mesmo tempo, o projeto promove uma oportunidade de aprendizado interdisciplinar para estudantes de diversas áreas, favorecendo a formação de profissionais mais preparados para atuar em comunidades vulneráveis.
Sendo assim, a iniciativa contribui para a construção de uma base sólida para hábitos saudáveis, com potencial para gerar impactos positivos a longo prazo na saúde e no desenvolvimento emocional das crianças, além de promover um ambiente de cidadania e integração social na comunidade.
REFERÊNCIAS
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