RELATO DE EXPERIÊNCIA: MANEJO DE TUBERCULOSE PULMONAR COM PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (HU-UFS) VINCULADO A REDE EBSERH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249071121


Paula Akemi Fujishima1
Gilton José Ferreira da Silva2


RESUMO

Objetivo: Descrever as estratégias de manejo e cuidados adotados para um paciente com tuberculose pulmonar internado na Clínica Médica 2 no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à EBSERH. Relato de experiência: O paciente, um homem de 45 anos, apresentava tosse persistente, perda de peso significativa, febre vespertina e sudorese noturna. Após confirmação do diagnóstico por baciloscopia e radiografia de tórax, foi iniciado tratamento com esquema terapêutico padrão para tuberculose (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol). O paciente respondeu bem ao tratamento, com melhora gradual dos sintomas e negativação da baciloscopia ao final do segundo mês de terapia. Considerações finais: Este relato de caso destaca a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para a cura da tuberculose pulmonar e a prevenção da disseminação da doença.

Palavras-chave: Tuberculose pulmonar; diagnóstico; tratamento; HU-UFS; manejo clínico.

INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas (DE ARAUJO SILVA; ANDRADE, 2023). É uma das principais causas de morte por doenças infecciosas no mundo, especialmente em países em desenvolvimento. O Brasil é considerado um dos 30 países com alta carga de tuberculose, o que torna a detecção precoce e o tratamento eficaz essencial para o controle da doença (SANTANA et al., 2022). A transmissão da TB ocorre principalmente por via aérea, através da inalação de partículas contendo o bacilo, liberadas por indivíduos com TB pulmonar ativa durante a tosse, espirro ou fala (MELLO et al., 2022).

Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a tuberculose ainda representa um desafio significativo para os sistemas de saúde, devido ao surgimento de formas resistentes ao tratamento e à coinfecção com o HIV, que complicam o manejo clínico (BONTEMPO et al., 2024). O diagnóstico da TB pulmonar é geralmente baseado em um conjunto de critérios clínicos, radiológicos e microbiológicos, sendo a baciloscopia e a cultura do escarro métodos fundamentais para a confirmação do diagnóstico (FERNANDES et al., 2022). Este artigo relata um caso de tuberculose pulmonar em um paciente internado na Clínica Médica 2 do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à EBSERH., abordando os desafios diagnósticos e as estratégias terapêuticas utilizadas com o objetivode descrever as estratégias de manejo e cuidados adotados para um paciente com tuberculose pulmonar

RELATO DE EXPERIÊNCIA

O paciente, um homem de 45 anos, trabalhador rural e residente na zona rural de Sergipe, internado na Clínica Médica 2 no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à Rede de Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, com história de tosse produtiva há mais de três meses, associada à perda de peso de aproximadamente 10 kg, febre vespertina e sudorese noturna. O paciente relatou que os sintomas começaram de forma insidiosa, com tosse seca, que posteriormente evoluiu para produtiva, com escarro amarelado e ocasional presença de sangue. Negou tabagismo ou comorbidades conhecidas, mas mencionou contato próximo com um tio que havia sido tratado para tuberculose alguns anos antes.

Ao exame físico, o paciente apresentava-se emagrecido, com sinais de desnutrição moderada, e estava afebril no momento da avaliação. A ausculta pulmonar revelou roncos e estertores finos em ambos os campos pulmonares, mais acentuados na região apical direita. Diante do quadro clínico sugestivo de tuberculose pulmonar, foi solicitado exame de escarro para baciloscopia, além de radiografia de tórax e exames laboratoriais completos.

A radiografia de tórax mostrou opacidades heterogêneas no lobo superior direito, com áreas de cavitação, sugestivas de tuberculose pulmonar cavitária. A baciloscopia do escarro foi positiva para bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), confirmando o diagnóstico de tuberculose pulmonar. O teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) também foi realizado, confirmando a presença do Mycobacterium tuberculosis e excluindo resistência à rifampicina.

Com o diagnóstico confirmado, foi iniciado o esquema terapêutico padrão para tuberculose, composto por rifampicina (600 mg/dia), isoniazida (300 mg/dia), pirazinamida (1.500 mg/dia) e etambutol (1.200 mg/dia), com suplementação de vitamina B6 (piridoxina) para prevenir neuropatia induzida pela isoniazida. O paciente foi internado em uma enfermaria de isolamento respiratório para monitoramento inicial do tratamento e manejo das condições associadas, como desnutrição e anemia leve.

Durante o período de internação, o paciente apresentou melhora clínica gradual, com redução da tosse, desaparecimento da febre e recuperação progressiva do peso. A baciloscopia de controle, realizada ao final do segundo mês de tratamento, mostrou negativação do BAAR, indicando boa resposta terapêutica. O paciente foi orientado a continuar o tratamento ambulatorial por mais quatro meses, conforme o protocolo nacional para tuberculose (NOBOA, 2023), e recebeu alta hospitalar após três semanas de internação.

DISCUSSÃO

A tuberculose pulmonar continua a ser uma das principais preocupações de saúde pública, especialmente em áreas com alta prevalência da doença. O caso relatado ilustra a importância do diagnóstico precoce e do início imediato do tratamento para prevenir a disseminação da doença e melhorar os desfechos clínicos (ARAUJO et al., 2024). A tosse crônica, a perda de peso, a febre vespertina e a sudorese noturna são sinais clássicos da TB pulmonar, mas pode ser confundido com outras doenças respiratórias crônicas, o que reforça a necessidade de uma investigação diagnóstica abrangente em pacientes com suspeita clínica (MACHADO et al., 2023).

O diagnóstico da tuberculose pulmonar é confirmado pela identificação do Mycobacterium tuberculosis no escarro, através da baciloscopia e da cultura, métodos que ainda são os mais amplamente utilizados em países de baixa e média renda (PIRES, 2020). A radiografia de tórax continua sendo uma ferramenta crucial no diagnóstico, especialmente em casos com suspeita de doença cavitária, como observado no paciente descrito (GEHLEN, 2024). O uso de testes moleculares rápidos, como o TRM-TB, tem facilitado a detecção rápida do bacilo e a identificação de resistência à rifampicina, permitindo a modificação precoce do tratamento quando necessário (SILVA et al., 2023).

O tratamento da tuberculose pulmonar envolve a combinação de múltiplos fármacos, administrados por um período de no mínimo seis meses, para garantir a erradicação completa do bacilo e prevenir o desenvolvimento de resistência (PORTELA, 2020). O sucesso do tratamento depende da adesão rigorosa ao regime terapêutico, da monitoração regular dos efeitos adversos e do suporte nutricional, como demonstrado no manejo do paciente deste caso.

Este relato de caso enfatiza a importância de um diagnóstico rápido e do tratamento adequado para a cura da tuberculose pulmonar, além de destacar a necessidade de programas eficazes de controle da tuberculose, que incluam a busca ativa de casos, o tratamento supervisionado e o suporte social para pacientes vulneráveis.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Antonio Amaro Lima et al. PREVALÊNCIA DAS INTERNAÇÕES POR DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO ESTADO DA PARAÍBA EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 18, n. 54, p. 122-139, 2024.

BONTEMPO, Amanda Mermejo et al. Mecanismos subjacentes à interação entre HIV e Tuberculose e como eles afetam a susceptibilidade, progressão da doença e o tratamento em indivíduos coinfectados: uma revisão sistemática. Brazilian Journal of Health Review, v. 7, n. 4, p. e71913-e71913, 2024.

DE ARAÚJO SILVA, Simone; ANDRADE, Leonardo Guimarães. LINHA HISTÓRICA DA TUBERCULOSE E O AVANÇO DE SEU TRATAMENTO ATÉ OS DIAS ATUAIS. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 4, p. 1864-1879, 2023.

FERNANDES, Camilo et al. Infecções por micobactérias não tuberculosas do Hospital Nereu Ramos, centro de referência em MNT em Santa Catarina. 2022.

GEHLEN, Mirela. Polimorfismo no gene codificador do fator inibidor da migração de macrófagos e sua associação com tuberculose pulmonar ativa. 2024.

MACHADO, Fernanda Morais et al. Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com tuberculose em Anápolis-GO no período de 2018 a 2021: análise retrospectiva. 2023.

MELLO, Danyele Costa de et al. Desenvolvimento de um kit baseado em amplificação isotérmica de DNA mediada por loop (LAMP-PCR) em único tubo para o diagnóstico da tuberculose pulmonar. 2022. Tese de Doutorado.

NOBOA, Raquel Fernandes de Barros et al. Questões éticas sobre o tratamento da tuberculose: o Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Brasil. 2023.

PIRES, Matheus de Matto. Associação do valor limiar do ciclo do teste mtb/rif com os desfechos do tratamento da tuberculose. 2020.

PORTELA, Alessandra Santos. Custo-utilidade do uso de esquemas encurtados para tratamento da tuberculose multidroga resistente. 2020.

SANTANA, Sonia Carvalho et al. Tuberculose e covid-19: potencialidade em atuações junto ao sintomático respiratório. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, v. 13, n. edespmulti, 2022.

SILVA, Rubens Signoretti Oliveira et al. Investigação da presença do bacilo Mycobacterium tuberculosis em amostras sugestivas de tuberculose oral. 2023.


1 Hospital Universitário de Sergipe da Universidade Federal de Sergipe, vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Aracaju – SE. *E-mail: paula.fujishima@ebserh.gov.br.

2 Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão – SE.