EXPERIENCE REPORT OF A UNIVERSITY EXTENSION PROJECT: BODY AWARENESS AND MOTOR COORDINATION – PROMOTING THE WELL-BEING OF THE ELDERLY WITH ADAPTED PILATES EXERCISES IN A UBS IN THE INTERIOR OF AMAZONAS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501131353
Auren Thaís Nogueira do Amaral1
Andreia Fernandes Barbosa1
Francisco Iarle Vasconcelos Oliveira1
Glauce Guedes Coutinho1
Larissa Cesar Viale1
Orientadora: Adria Vasconcelos Cortez2
Resumo
A partir do contexto dos idosos e da necessidade dos exercícios, este trabalho visa relatar a experiência de cinco estudantes de Medicina na implementação de uma atividade baseada no método Pilates adaptado, voltada para idosos, com o objetivo de avaliar seus efeitos na consciência corporal, na coordenação motora e na qualidade de vida, além de promover uma nova perspectiva sobre o envelhecimento e a saúde na comunidade. Trata-se de um relato de experiência inserido na pesquisa qualitativa de caráter descritivo, fundamentado na abordagem de pesquisa-ação de Kurt Lewin. A atividade foi realizada no âmbito da disciplina de Práticas Interdisciplinares de Extensão, Pesquisa e Ensino- PIEPE, pela Faculdade de Ciências Médicas (Afya) de Itacoatiara – AM, com participação de idosos engajados em sessões regulares de Pilates adaptado. A prática demonstrou benefícios significativos na mobilidade, no fortalecimento muscular e na coordenação motora dos idosos, contribuindo para a prevenção de quedas e para o desenvolvimento da consciência corporal. Os participantes relataram maior controle sobre seus movimentos, redução de dores e melhora na autoestima. A ação também ampliou a percepção dos estudantes sobre o impacto de atividades físicas adaptadas na promoção do envelhecimento ativo. Os resultados reforçam a importância de implementar atividades físicas regulares e adaptadas para idosos, contribuindo para o fortalecimento de políticas públicas voltadas ao envelhecimento saudável. A experiência também evidenciou a relevância da interdisciplinaridade e da colaboração entre profissionais de saúde no planejamento de ações comunitárias para a promoção da qualidade de vida.
Palavras-chave: Pilates adaptado. Idosos. Relato de experiência. Saúde comunitária.
ABSTRACT
From the context of the elderly and the need for exercises, this study aims to report the experience of five medical students in the implementation of an activity based on the adapted Pilates method, aimed at the elderly, with the objective of evaluating its effects on body awareness, motor coordination and quality of life, in addition to promoting a new perspective on aging and health in the community. It is an experience report inserted in qualitative research of a descriptive nature, based on Kurt Lewin’s action research approach. The activity was carried out within the scope of the discipline of Interdisciplinary Practices of Extension, Research and Teaching – PIEPE, by the Faculty of Medical Sciences (Afya) of Itacoatiara – AM, with the participation of elderly people engaged in regular sessions of adapted Pilates. The practice has shown significant benefits in mobility, muscle strengthening and motor coordination in the elderly, contributing to prevention of falls and for the development of body awareness. Participants reported greater control over their movements, reduced pain and improved self-esteem. The action also expanded students’ perception of the impact of adapted physical activities in promoting active aging. The results reinforce the importance of implementing regular and adapted physical activities for the elderly, contributing to the strengthening of public policies aimed at healthy aging. The experience also highlighted the relevance of interdisciplinarity and collaboration among health professionals in the planning of community actions to promote quality of life.
Keywords: Adapted Pilates. Elderly. Experience report. Community health.
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo natural e inevitável que afeta todos os seres humanos e, com o passar dos anos, ocorrem diversas alterações no organismo, tanto ao nível físico quanto cognitivo, o que pode resultar em problemas de saúde em idosos – incluindo dores articulares, fraturas e a perda de equilíbrio, aumentando o risco de quedas. Além disso, nessa fase, as pessoas estão mais suscetíveis a problemas psicológicos, haja vista um certo “acúmulo” de estresse, devido à diversos fatores da vida. Nesse sentido, Melo et al. (2020) sugerem que sejam elaborados mais ensaios clínicos controlados randomizados rigorosamente projetados para entender melhor está relação entre Pilates e saúde mental.
As dores articulares são muito comuns em idosos devido ao desgaste das articulações ao longo do tempo, o que limita a mobilidade e causa desconforto, interferindo na qualidade de vida. A osteoporose, por exemplo, é uma enfermidade frequente em pessoas idosas, tornando os ossos mais frágeis e susceptíveis a fraturas, principalmente em casos de quedas. A diminuição da força muscular, a redução da visão e até mesmo alterações no sistema vestibular e cerebelar são alguns dos fatores que resultam do processo natural de envelhecimento. De acordo com Silva et al. (2019), por exemplo, as mulheres na pós menopausa – devido à idade, ao sexo e aos fatores hormonais – sofrem mais ainda com as mudanças na densidade óssea, o que impacta significativamente em suas rotinas.
Somado a isso, o bem-estar mental, algo muitas vezes negligenciado na terceira idade, é um fator relevante haja vista que a solidão e o isolamento podem gerar problemas emocionais e psicológicos (Silva et al., 2022; Silva et al., 2021), afetando a saúde mental, sendo fundamental promover atividades de socialização e inclusão em locais adaptados às necessidades dessa população – a exemplo da UBS escolhida para este projeto de extensão. Somente assim será possível garantir um futuro mais justo e sustentável para todos, onde a saúde e o bem-estar sejam direitos assegurados a cada pessoa, indistintamente (Brasil, 2021).
A prática regular de exercícios físicos, particularmente aqueles que envolvem a consciência corporal, é uma estratégia promissora para melhorar não apenas a saúde física, mas também o bem-estar geral no que tange o controle do estresse dos indivíduos, principalmente a partir da fase adulta conforme já comprovado em alguns estudos recentes (Cavalcante, 2021). Nesse contexto, observou-se que o Pilates proporciona aos idosos uma base firme para se moverem com mais segurança e confiança, diminuindo o risco de quedas e lesões relacionadas. Assim, o método Pilates é uma forma de exercício que visa a fortalecer o corpo por meio do controle da respiração, concentração, alinhamento postural, flexibilidade e fortalecimento muscular. Esses princípios fundamentais são aplicados de forma holística, promovendo tanto o equilíbrio físico quanto mental (Martins, 2021).
Estudos e pesquisas têm demonstrado que a prática regular do Pilates ajuda a melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento, o qual já foi comprovado que os participantes que praticaram regularmente o Pilates relataram uma redução significativa da dor, ganho de flexibilidade e melhora no equilíbrio, o que consequentemente reduziu o risco de quedas (Ferreira; Ribeiro; Silva, 2021). Além disso, o fortalecimento muscular promovido contribuiu para a melhora da funcionalidade e independência dos participantes, bem como beneficiaram a capacidade pulmonar, o psicológico e físico dessa população (Andrade; Castro; Coelho, 2021).
Quando se trata da adaptação dos princípios do Pilates para os idosos, é importante levar em consideração suas particularidades físicas e cognitivas, pois muitos podem apresentar limitações na mobilidade ou condições médicas específicas que precisam ser consideradas durante a prática (Pereira et al., 2022). Profissionais qualificados são capazes de adaptar os exercícios conforme necessário, oferecendo opções de intensidade, modificando posições e fornecendo suporte adequado durante a realização dos movimentos de forma segura e eficaz.
Uma revisão sistemática realizada por Pereira et al. (2022) investigou os efeitos do Pilates em idosos e concluiu que a prática regular dessa atividade contribui para o aumento da força muscular, flexibilidade, equilíbrio e diminuição da dor em pacientes com osteoartrite. Outro estudo conduzido por Silva et al. (2019) avaliou os efeitos do Pilates em idosos com osteoporose e constatou melhora na densidade mineral óssea e no equilíbrio postural após um programa de 12 semanas de exercícios de Pilates. Esses resultados sugerem que a prática regular de Pilates pode ser benéfica na prevenção de fraturas em idosos osteoporóticos.
Dessa forma, os idosos devem realizar movimentos que sejam adequados para sua condição física e levem em consideração suas limitações. É importante que o profissional responsável pela atividade tenha conhecimento sobre anatomia, fisiologia e envelhecimento, a fim de orientar o participante de forma adequada. Nesse contexto, o fisioterapeuta ou educador físico especializado nessa área pode fornecer uma supervisão adequada, corrigir a postura, adaptar exercícios conforme necessário e monitorar os sinais vitais durante as atividades. Eles também são capazes de identificar possíveis riscos ou necessidades específicas de cada idoso.
A avaliação inicial, com a identificação dos problemas de saúde, histórico de lesões e objetivos individuais, é fundamental para a elaboração de um programa personalizado. A individualização dos programas, levando em consideração as necessidades e limitações de cada idoso, é importante para maximizar os benefícios e minimizar os riscos (Costa et al., 2022).
Considerando o contexto brasileiro, onde muitas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) enfrentam desafios estruturais e carecem de programas de atividade física adaptados, o projeto de extensão relatado neste estudo teve como objetivo implementar o Pilates adaptado para idosos. A iniciativa visou não apenas melhorar a consciência corporal e a coordenação motora dessa população, mas também promover uma mudança na abordagem ao envelhecimento, incentivando políticas públicas e práticas comunitárias mais inclusivas e eficazes.
2 METODOLOGIA
Este trabalho caracteriza-se como um relato de experiência inserido na pesquisa qualitativa de caráter descritivo, utilizando o método da pesquisa-ação. Essa abordagem foi escolhida pela sua capacidade de aliar teoria e prática, permitindo que os participantes sejam agentes ativos no processo investigativo. Segundo Marconi e Lakatos (2021), a metodologia qualitativa busca compreender fenômenos subjetivos, como motivações e crenças, aspectos fundamentais para o estudo do impacto do Pilates adaptado em idosos.
Nesse contexto, Kurt Lewin (Melo; Maia; Chaves, 2016), um dos pioneiros da pesquisa ação, defendia a ideia de que a pesquisa não deveria ser apenas um exercício teórico, mas sim um instrumento para transformar a realidade. Na educação em saúde, por exemplo, essa perspectiva se mostra particularmente relevante ao considerar um projeto de Pilates adaptado para idosos. Ao adotar a pesquisa-ação, é possível envolver os próprios idosos no processo de investigação, tornando-os não apenas sujeitos da pesquisa, mas também co-construtores do conhecimento. Dessa forma, o projeto se transforma em uma oportunidade para que os idosos reflitam sobre suas necessidades, participem da criação de atividades físicas adequadas e, consequentemente, promovam mudanças em seus hábitos e estilos de vida, pois considera as experiências e os saberes dos próprios participantes, fortalecendo o vínculo entre teoria e prática.
O projeto foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada no município de Itacoatiara, Amazonas, no âmbito da disciplina Práticas Interdisciplinares de Extensão, Pesquisa e Ensino – PIEPE III, da Faculdade de Ciências Médicas (Afya). Participaram cinco acadêmicos do terceiro período de Medicina e uma fisioterapeuta vinculada à UBS, que liderou a adaptação das atividades de Pilates. Os idosos atendidos pela UBS foram selecionados conforme critérios de disponibilidade e interesse em participar do programa.
A intervenção consistiu na adaptação do método Pilates para promover a consciência corporal e a coordenação motora dos idosos. O projeto foi estruturado em etapas:
2.1 Recepção dos Participantes:
Local: UBS Santo Antônio, bairro Santo Antônio, Itacoatiara, Amazonas.
Atividade: Oferecimento de um café da manhã saudável para acolher os idosos participantes.
2.2 Apresentação do Projeto:
Atividade: Realização de uma palestra ministrada pela fisioterapeuta Eugênia Frazão (CREFITO/12 105705-F), com apoio dos acadêmicos de Medicina. A apresentação teve como objetivos: Explicar o propósito do projeto e seus benefícios para a saúde dos idosos; Demonstrar os exercícios de Pilates por meio de exemplos práticos (imagens 1 e 2) e materiais complementares (imagem 3), como: Uma cartilha ilustrada em formato PDF com treze exercícios e um folder simplificado contendo sete exercícios adaptados, ambos baseados em referências confiáveis e na experiência da profissional e a promoção de uma roda de conversa interativa, na qual os idosos compartilharam suas percepções, experiências prévias e expectativas em relação ao Pilates e à prática de exercícios físicos (imagem 4). Dúvidas levantadas foram esclarecidas pela fisioterapeuta e pelos acadêmicos (imagem 5).
2.3 Prática dos Exercícios:
Atividade: Nesta etapa os idosos participaram de uma sessão prática com exercícios de Pilates adaptados, selecionados da cartilha distribuída. Durante a atividade, foram utilizados materiais acessíveis, como cabos de vassoura, cadeiras, latinhas e garrafas (improvisados como pesos). Os movimentos foram demonstrados pela fisioterapeuta, incluindo o uso de elásticos de resistência, que foram distribuídos aos participantes. Os exercícios foram adaptados para diferentes níveis de mobilidade, garantindo a segurança e o conforto de todos os envolvidos.
2.4 Dinâmicas e Entrega de Materiais:
Atividade: Realização de dinâmicas interativas, no qual foi realizado um bingo com diversas premiações e um sorteio de uma bola de Pilates pequena junto com um folder explicativo contendo exercícios adaptados para fazer com o objeto; distribuição do “kit Pilates” contendo materiais para a prática dos exercícios (elástico e toalhinha de rosto) e um folder com instruções detalhadas e recomendações para a prática segura dos exercícios em casa.
Imagem 1: alunos e participantes da ação
Fonte: Autores (2024)
Imagem 2: Alunos e professora orientadora com uma das idosas participantes do projeto.
Fonte: Autores (2024)
Imagem 3: capa da cartilha ilustrativa desenvolvida pelos autores.
Fonte: Autores (2024)
Imagem 4: participante do projeto demonstrando exercícios.
Fonte: Autores (2024)
Imagem 5: Fisioterapeuta retirando dúvidas e demonstrando exercícios de Pilates com elástico
Fonte: Autores (2024)
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O projeto resultou em um aumento significativo do conhecimento dos participantes sobre a importância da atividade física, especialmente do Pilates, como estratégia para o envelhecimento saudável. Os participantes afirmaram compreender melhor os benefícios dessa prática para a saúde física e mental, demonstrando maior conscientização sobre como ela pode contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida. Assim, a prática resultou em melhoria na mobilidade, no fortalecimento muscular e na coordenação motora dos idosos, o que contribui diretamente para a prevenção de quedas.
O desenvolvimento da consciência corporal e da coordenação motora permitiu que os idosos tenham maior controle sobre seus corpos e seus movimentos. Com esses avanços, os participantes alcançaram maior independência e autonomia nas atividades diárias, reduzindo a necessidade de ajuda externa e a distribuição da cartilha ilustrativa e dos elásticos proporcionou a continuação dos exercícios em casa, assegurando que os benefícios conquistados fossem mantidos. A continuidade do projeto pela fisioterapeuta da UBS também garantiu que mais idosos fossem atendidos, ampliando o alcance da iniciativa.
Além disso, a criatividade e a adaptação foram fundamentais para o sucesso do projeto de extensão. Com o auxílio da fisioterapeuta, os idosos aprenderam a utilizar objetos do cotidiano como recursos para a prática de Pilates, como cabos de vassoura para simular os movimentos com os acessórios tradicionais e garrafas de água como pesos para fortalecer os músculos. Essa adaptação permitiu que os participantes continuassem a praticar os exercícios mesmo fora do ambiente da UBS, tornando a atividade física mais acessível e prazerosa, a fim de que eventuais limitações financeiras e de transporte não sejam um obstáculo para a realização dos exercícios, pois os mesmos podem ser adaptados para fazer em casa e, com o progresso dos participantes, poderá ter sua continuidade no atendimento da fisioterapeuta.
Nesse cenário discutido, a prática do Pilates se tornou cada vez mais popular entre os idosos devido aos seus benefícios para a saúde, como melhora da flexibilidade, equilíbrio e força muscular. No entanto, é importante destacar a necessidade de cuidados e adaptações específicas para garantir a segurança durante essa atividade. Para começar, a seleção adequada dos exercícios é fundamental. Os idosos devem realizar movimentos que sejam adequados para sua condição física e levem em consideração suas limitações. É importante que o profissional responsável pela atividade tenha conhecimento sobre anatomia, fisiologia e envelhecimento, a fim de orientar o idoso de forma adequada (Santos et al., 2022).
Outra modificação importante é a redução da intensidade e carga dos exercícios. Idosos geralmente têm menor capacidade de suportar esforços intensos e levantar pesos, portanto, é necessário adaptar os exercícios para evitar lesões. Optar por exercícios de baixo impacto e usar cargas mais leves ou até mesmo apenas o peso do próprio corpo pode ser uma opção mais segura para essa população. O uso de equipamentos de suporte também é recomendado para garantir a estabilidade e segurança dos idosos durante a prática do Pilates. Exercícios realizados com o auxílio de faixas elásticas, bolas, tapetes antiderrapantes ou barras de apoio oferecem um suporte adicional e ajudam a evitar quedas ou lesões (Rossetti et al., 2023).
A periodicidade das sessões também deve ser adaptada para os idosos. Geralmente, recomenda -se uma frequência de 2 a 3 vezes por semana, com uma duração média de 30 a 45 minutos por sessão. Isso permite que o idoso se exercite de forma regular, sem sobrecarregar o corpo ou causar fadiga excessiva. A individualização dos programas de Pilates é essencial para a segurança e eficácia dessa prática. Cada idoso possui necessidades e limitações específicas, e é importante considerar esses aspectos ao planejar as atividades. A avaliação inicial, com a identificação dos problemas de saúde, histórico de lesões e objetivos individuais, é fundamental para a elaboração de um programa personalizado. A individualização dos programas, levando em consideração as necessidades e limitações de cada idoso, é importante para maximizar os benefícios e minimizar os riscos (Costa et al., 2022).
Por fim, é possível fazer uma correlação do projeto com as metas delineadas pelas organizações das Nações Unidas (ONU), conhecidas pela sigla ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) de extrema importância para guiar as ações dos países em direção a um futuro mais justo e igualitário. Dentre as 17 ODSs estabelecidas, destaca-se neste trabalho a terceira, que trata especificamente da saúde e do bem-estar. A ODS 3 visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. Para tanto, é essencial garantir o acesso universal aos serviços de saúde, bem como o fornecimento de medicamentos e vacinas de qualidade. Além disso, a ODS 3 busca também reduzir a mortalidade materna e infantil, combater doenças infecciosas e promover o bem-estar mental (Moreira et al., 2019).
No contexto brasileiro, a relação entre a ODS 3 e os idosos se faz necessária e relevante, pois este público vem crescendo consideravelmente no país, o que demanda a implementação de políticas específicas para garantir sua saúde e bem-estar, em conformidade com os princípios estabelecidos pela ODS 3 (Cruz et al., 2022). Os idosos são um grupo vulnerável, suscetível a doenças crônicas e degenerativas. Portanto, é necessário investir em ações que promovam a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dessas doenças. Além disso, é imprescindível garantir o acesso à saúde de qualidade e integrar os idosos de forma ativa e participativa nas políticas públicas de saúde (Brasil, 2021).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto demonstrou grande relevância na formação acadêmica de futuros profissionais da saúde, proporcionando uma vivência prática que vai além dos conhecimentos teóricos. O contato direto com a comunidade permitiu aos alunos compreenderem as dificuldades enfrentadas pelos idosos, promovendo o desenvolvimento de habilidades como empatia, comunicação e trabalho em equipe. Essas experiências reforçam a importância de integrar atividades práticas no currículo, preparando profissionais mais capacitados, humanizados e alinhados às necessidades reais da população.
Ao relatar a experiência de uma extensão universitária voltada à promoção da saúde de idosos por meio do Pilates, este estudo evidenciou os benefícios dessa prática na qualidade de vida e autonomia dos participantes. Houve melhora significativa na mobilidade, força muscular e coordenação motora, além de um aumento no conhecimento sobre a importância da atividade física. Contudo, foi destacado que a prática do Pilates deve ser segura, personalizada e acompanhada por profissionais qualificados, respeitando as características individuais de cada idoso. A criatividade e a adaptação dos exercícios, com o uso de materiais acessíveis, tornaram o Pilates mais inclusivo e viável, especialmente em contextos de recursos limitados. A continuidade do projeto na UBS, agora sob supervisão da fisioterapeuta, garante o alcance de um número maior de idosos e reforça o impacto positivo da intervenção.
Os resultados também apontam para a necessidade de maior articulação com políticas públicas voltadas à saúde da população idosa, alinhadas aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e à meta de saúde e bem-estar estabelecida pela ODS 3 da Agenda 2030. A promoção de atividades físicas regulares, acessíveis e seguras deve ser prioridade em ações públicas para garantir o envelhecimento ativo e saudável.
No entanto, o estudo apresenta limitações importantes, como o tamanho reduzido da amostra e a curta duração do projeto, que restringem a generalização dos resultados. Para pesquisas futuras, recomenda-se ampliar o número de participantes e realizar acompanhamentos de longo prazo, visando avaliar os impactos da prática contínua do Pilates sobre a saúde física, mental e social dos idosos.
Por fim, as dinâmicas de grupo e a abordagem metodológica inspirada na teoria de Kurt Lewin mostraram-se fundamentais para fomentar a interação social, o empoderamento e a participação ativa dos idosos (Beleza; Soares, 2019). Essa perspectiva não apenas contribui para a saúde física, mas também para a inclusão social, promovendo transformações individuais e comunitárias. Ao valorizar a experiência e o conhecimento dos mais velhos, este projeto abre caminho para novas pesquisas e iniciativas que fortaleçam a interdisciplinaridade e a colaboração entre diferentes áreas da saúde.
Acredita-se, portanto, que o Pilates adaptado, associado a metodologias participativas e a políticas públicas consistentes, pode se tornar uma ferramenta poderosa para promover a saúde, a autonomia e o bem-estar dos idosos, contribuindo para uma sociedade mais justa, inclusiva e preparada para o desafio do envelhecimento populacional.
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1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade de Ciências Médicas (Afya) Campus de Itacoatiara – AM e-mail: aurenthaismed@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0008-0387-480X.
1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade de Ciências Médicas (Afya) Campus de Itacoatiara – AM e-mail: andreiafernandes2013@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0009 -0009-1183-1890.
1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade de Ciências Médicas (Afya) Campus de Itacoatiara – AM e-mail: iarlejbl@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009 -0007-1821-5404.
1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade de Ciências Médicas (Afya) Campus de Itacoatiara –AM e-mail: glauceguedescoutinho@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009 -0001-9603-9158.
1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade de Ciências Médicas (Afya) Campus de Itacoatiara – AM e-mail: Lary.silveira42@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009 -0007-7469-0816.
2Docente do Curso Superior de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara-AM. Mestra em Ciência e Tecnologia para Recursos Amazônicos (PPGCTRA) e-mail: adriacortez91@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9592-7754.