REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249061557
Paula Akemi Fujishima1
Gilton José Ferreira da Silva2
RESUMO
Objetivo: Descrever a evolução clínica do paciente, abordando as estratégias de manejo adotadas durante a internação e as considerações sobre o tratamento a longo prazo. s para um paciente com bronquiectasial internado na Clínica Médica 2 no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à EBSERH. Relato de experiência: O paciente, de 72 anos, com histórico de tuberculose pulmonar na juventude e múltiplas pneumonias nos últimos anos, foi admitido com quadro de tosse produtiva, dispneia e febre. O diagnóstico de bronquiectasia foi confirmado por tomografia computadorizada de tórax, que revelou dilatação brônquica bilateral, espessamento da parede brônquica e presença de secreção purulenta nos brônquios. O tratamento incluiu antibioticoterapia direcionada, fisioterapia respiratória e medidas de suporte. O paciente apresentou melhora clínica significativa e foi orientado a seguir acompanhamento ambulatorial com foco na prevenção de exacerbações futuras. Considerações finais: Este caso ressalta a importância do diagnóstico precoce e da abordagem multidisciplinar no manejo da bronquiectasia.
Palavras-chave: Bronquiectasia; infecções respiratórias; tomografia computadorizada; fisioterapia respiratória.
INTRODUÇÃO
Bronquiectasia é uma condição pulmonar crônica caracterizada pela dilatação permanente dos brônquios, associada a inflamação crônica e infecções recorrentes (MAIA et al., 2022). Embora possa ser causada por uma variedade de fatores, incluindo infecções severas, doenças autoimunes, ou distúrbios genéticos como a fibrose cística, em muitos casos a etiologia permanece idiopática. Pacientes com bronquiectasia apresentam sintomas crônicos, como tosse produtiva, expectoração purulenta, dispneia e, em casos mais avançados, hemoptise (DE MIRANDA MOREIRA, 2024).
A prevalência da bronquiectasia tem aumentado, possivelmente devido ao envelhecimento da população e ao diagnóstico mais frequente por meio de técnicas de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) de alta resolução, que é o padrão-ouro para a confirmação diagnóstica (DE ASSIS REIS et al., 2024). A bronquiectasia tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, devido ao ciclo vicioso de infecção e inflamação que perpetua a destruição do tecido pulmonar (DO ROSÁRIO SAMPAIO et al., 2024). O manejo da bronquiectasia envolve o controle das infecções, a redução da inflamação, a promoção da drenagem de secreções brônquicas e a prevenção de complicações (DA SILVA ARAÚJO et al., 2024).
Este relato de caso descreve a apresentação clínica, o diagnóstico e o manejo terapêutico de um paciente idoso com bronquiectasia internado na Clínica Médica 2 do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à EBSERH, destacando a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento dessa condição complexa.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
O paciente, um homem de 72 anos, com histórico médico significativo de tuberculose pulmonar tratada na juventude e múltiplas pneumonias nos últimos cinco anos, foi admitido na Clínica Médica 2 do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à EBSERH apresentando tosse produtiva crônica, dispneia progressiva e febre alta há três dias. O paciente relatava expectoração espessa e amarelada, além de cansaço exacerbado nas últimas semanas.
Ao exame físico, o paciente estava em bom estado geral, mas apresentava estertores crepitantes difusos à ausculta pulmonar, principalmente nas bases. A saturação de oxigênio em ar ambiente era de 92%. Os exames laboratoriais mostraram leucocitose com desvio à esquerda, proteína C-reativa elevada (45 mg/L), e função renal dentro dos limites normais. Foi realizada uma tomografia computadorizada (TC) de tórax, que revelou dilatação brônquica bilateral, com espessamento da parede brônquica, bronquiectasias cilíndricas e varicosas, e presença de secreção purulenta em diversas regiões dos pulmões, confirmando o diagnóstico de bronquiectasia.
O paciente foi iniciado em antibioticoterapia intravenosa com ceftriaxona e claritromicina, baseando-se nos achados microbiológicos de uma cultura de escarro que identificou Haemophilus influenzae. Além disso, foi instituído um regime intensivo de fisioterapia respiratória para auxiliar na expectoração de secreções e melhorar a ventilação pulmonar. Durante a internação, o paciente apresentou melhora progressiva, com redução da tosse, melhora na dispneia, e normalização da temperatura corporal. A TC de controle, realizada após duas semanas de tratamento, mostrou uma diminuição significativa do espessamento brônquico e da quantidade de secreção retida.
Após estabilização clínica, o paciente foi liberado com prescrição de antibioticoterapia oral para completar o tratamento, bem como orientações sobre a continuidade da fisioterapia respiratória e acompanhamento ambulatorial regular com pneumologia. Foi discutida a importância de evitar novos episódios de infecção e de manter a função pulmonar através de exercícios respiratórios e imunização adequada.
DISCUSSÃO
A bronquiectasia é uma doença pulmonar crônica que, quando não manejada adequadamente, pode levar a deterioração progressiva da função pulmonar e à redução da qualidade de vida (SILVA, 2024). O diagnóstico precoce e o manejo adequado são cruciais para evitar complicações graves, como insuficiência respiratória crônica, hemoptise massiva e cor pulmonale (MATEUS et al., 2022).
A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) é fundamental no diagnóstico da bronquiectasia, permitindo a visualização detalhada da anatomia brônquica e a identificação de dilatações brônquicas, espessamento da parede brônquica e a presença de secreções, como observado no paciente descrito (DE MELLO JUNIOR, 2021). A identificação de Haemophilus influenzae na cultura de escarro também é comum, sendo um dos patógenos mais frequentemente associados a exacerbações infecciosas em pacientes com bronquiectasia (ALMEIDA, 2024).
O manejo da bronquiectasia envolve múltiplas abordagens terapêuticas, incluindo o uso de antibióticos para tratar infecções agudas e suprimir patógenos crônicos, fisioterapia respiratória para facilitar a eliminação de secreções e melhorar a ventilação pulmonar, e medidas preventivas como vacinação contra influenza e pneumococo (DO ROSÁRIO SAMPAIO et al., 2024). O tratamento do paciente descrito no presente relato foi bem-sucedido, com a antibioticoterapia adequada e a fisioterapia respiratória resultando em melhora clínica significativa(SANTOS et al., 2021).
Entretanto, a bronquiectasia é uma condição crônica e requer acompanhamento contínuo para monitorar a função pulmonar, prevenir exacerbações e manejar complicações. A educação do paciente e a adesão ao tratamento são essenciais para a manutenção da saúde pulmonar e a melhoria da qualidade de vida a longo prazo (DO ROSÁRIO SAMPAIO et al., 2024).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Fellipe Roberto Biagi de. Vivências do internato em urgência e emergência no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Foz do Iguaçu. 2024. Trabalho de Conclusão de Curso.
DA SILVA ARAÚJO, Haianne Stephany Maciel et al. Manejo nutricional de pacientes com doenças respiratórias crônicas. Editora Licuri, p. 50-62, 2024.
DE ASSIS REIS, Eduarda Santos et al. O uso do raio-x e da tomografia computadorizada para avaliação do prognóstico de pacientes com COVID-19. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 5, p. 3151-3161, 2024.
DE MELLO JUNIOR, Carlos Fernando. Radiolog a Básica. Thieme Revinter, 2021.
DE MIRANDA MOREIRA, Lucyana. Fisiopatologia das doenças metabólicas na infância e na adolescência. Editora Intersaberes, 2024.
DO ROSÁRIO SAMPAIO, Rafaella Souza et al. Bronquiectasia e saúde pública: Um estudo sobre a incidência de internações e suas ramificações. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 8, p. 3891-3901, 2024.
MAIA, Adryele Gomes et al. Análise da sobrevida em pacientes com DPOC após episódios recorrentes de exacerbação: estratégias de manejo e prevenção. Revista Coopex., v. 13, n. 2, p. 135-146, 2022.
MATEUS, Simone Paulo et al. Análise de sobrevida e fatores de risco para óbito em pacientes adultos com bronquiectasias não fibrocísticas acompanhados em um ambulatório especializado. 2022.
SANTOS, Juliano dos et al. Avaliação de técnicas para identificação de micobactérias não tuberculosas isoladas de amostras clínicas no estado de Santa Catarina. 2021.
SILVA, Ana Beatriz Gonçalves da. Fibrose cística–principais características clínicas e métodos de diagnóstico. 2024.
1 Hospital Universitário de Sergipe da Universidade Federal de Sergipe, vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Aracaju – SE. *E-mail: paula.fujishima@ebserh.gov.br.
2 Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão – SE.