REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202502101947
Evelise Alves Vanzela¹; Katia Carabaja²; Daniela Kuromoto Nagai³; Deisi Tortelli⁴; Giovanna Nogueira Pedron⁵; Elizangela Gonçalves de Paula⁶; Amanda Bonfim Chotti⁷; Viviane Kayser Amora⁸.
Resumo
O estudo apresentado descreve o relato de experiência do acompanhamento do tratamento de uma ferida em nível ambulatorial, pelo enfermeiro aplicando a terapia por pressão negativa no curativo do paciente, realizado no período de 24/06/2019 até 13/11/2019 quando o paciente teve prescrição de alta. O paciente foi acompanhado nas consultas do enfermeiro prescrito e tratado com terapia por pressão negativa, que demonstrou a cicatrização da ferida por completo nesse período. No dia 24/06/2019 foi iniciado pela equipe da Unidade de Saúde com o tratamento em domicílio e instalação da TPN (terapia de pressão negativa) na deiscência abdominal. A primeira troca dos kits ocorreu três dias após a instalação. No total foram realizadas 6 trocas em intervalo semanal. A alta do TPN ocorreu no dia 16/08/2019, iniciando com curativo de cobertura de Hidrofibra com prata e cobertura secundária de curativo cirúrgico filme transparente com troca de em média duas vezes na semana até o mês de novembro com diminuição da lesão sem apresentar complicações secundárias.
Palavras-chave: Terapia de Pressão Negativa, Ferida, Enfermeiro
1 INTRODUÇÃO
Uma ferida é definida como a perda de cobertura da pele, representando uma ruptura na continuidade das estruturas e funções normais dos tecidos, podendo afetar não apenas a pele, mas também o tecido subcutâneo, músculos e ossos (LIMA et.al. 2023).
Em seu estudo, Figueira et.al., 2021 já descrevia que o tratamento de feridas tem evoluído e avançado, por meio de novos produtos e técnicas melhorando a assistência à saúde, tecnologia que é constantemente apresentada à equipe de saúde, em especial ao enfermeiro que está em contato direto com o paciente.
Faz parte da consulta do enfermeiro a prescrição de curativos especiais com base no conhecimento teórico, fisiopatológico da lesão, nas atribuições éticas e legais do profissional na qual ele define e prescreve a melhor indicação da tecnologia de acordo com as fases de cicatrização e do processo de tratamento (SILVA, 2021).
Um tipo de tecnologia feridas é terapia por pressão negativa que consiste no tratamento ativo da ferida que promove sua cicatrização em ambiente úmido, por meio de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada localmente, composta por um material de interface (espuma ou gaze), por meio do qual a pressão subatmosférica é aplicada e o exsudato é removido. Esse material fica em contato com o leito da ferida com objetivo de cobrir toda sua extensão, incluindo túneis e cavidades. O material de interface é coberto por uma película adesiva transparente que oclui totalmente a ferida em relação ao meio externo. Em seguida, um tubo de sucção é conectado a esse sistema e ao reservatório de exsudato, que é adaptado a um dispositivo computadorizado. Esse dispositivo pode permitir a programação de parâmetros para fornecer uma pressão subatmosférica no leito da ferida, possui alarme sonoro que indica eventual vazamento de ar pelo curativo e pode indicar a necessidade de troca do reservatório (LIMA, COLTRO, FARINA, 2017).
O objetivo deste estudo é relatar como ocorreu o acompanhamento do tratamento de uma ferida em nível ambulatorial, pelo enfermeiro aplicando a terapia por pressão negativa no curativo do paciente.
2 METODOLOGIA
Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de experiência sobre o acompanhamento do tratamento de uma ferida pelo enfermeiro em nível ambulatorial. Por se tratar de um relato de experiência, dispensou-se a apreciação do comitê de ética em pesquisas.
O acompanhamento durante as consultas do enfermeiro e visitas domiciliares constantes durante o período 24/06/2019 até 13/11/2019 quando o paciente teve prescrição de alta.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Paciente C.A.Z. 74 anos de idade, branca, do sexo feminino portador de diagnóstico médico de dislipidemia, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, sobrepeso, em tratamento medicamentoso para as comorbidades.
Em 04/06/2019 foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com queixa de dor abdominal há mais de três semanas classificada como moderada a forte intensidade em flanco inferior esquerdo com piora aos esforços, associado a estufamento abdominal, mal estar, náuseas, vômito e hiporexia realizado diagnóstico médio de Fasceíte Necrozante em região abdominal, encaminhada para Hospital para procedimento cirúrgico para desbridamento da área necrosada, permaneceu em tratamento hospitalar de 06/06/2019 recebendo alta dia 24/06/2019. Iniciou acompanhamento ambulatorial com o enfermeiro em 24/06/2019. Apresentando ferida com deiscência transversa de abdômen, lesão medindo 40cmX10cmX7cm, com área de descolamento de 7cm em região superior e inferior da lesão. Apresentando tecido de granulação, alta quantidade de exsudato serosanguinolento, sem odor, conforme apresentado Figura 1.
Discutido com a família devido a complexidade da lesão e o tempo de tratamento e risco de infecção secundária a opção de outras formas de tratamento além das coberturas especiais.
A opção mais viável foi a TPN (terapia de pressão negativa).
Figura 1 – Ferida dia 24/06/2019
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No dia 26/06/2019 a equipe da Unidade de Saúde em conjunto com as enfermeiras da empresa fornecedora do equipamento foram até o domicílio para iniciar o tratamento com a TPN. Instalado o equipamento na deiscência abdominal conforme figura 2.
A primeira troca dos kits de sucção ocorreu três dias após a instalação do equipamento com drenagem em torno de 250ml/dia de secreção serosanguinolenta. No total foram realizadas 6 trocas em intervalo semanal.
Figura 2 – Ferida dia 26/06/2019
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A alta da TPN ocorreu no dia 16/08/2019, quando a lesão já se apresentava com 29x4cm, lesão plana com tecido de granulação em toda extensão, conforme figura 3, média quantidade de exsudato serosanguinolento.
Figura 3 – Ferida dia 20/08/2019
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Após a retirada da TPN, iniciado curativo com cobertura de Hidrofibra com prata e cobertura secundária de curativo cirúrgico filme transparente. As trocas eram realizadas em média duas vezes por semana de acordo com a saturação da Hidrofibra. Este período se estendeu até novembro de 2019 com diminuição gradativa das dimensões da lesão conforme figura 4 e sem complicações secundárias.
Figura 4 – Ferida dia 19/11/2019
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4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que a atuação do enfermeiro na avaliação para prescrever o melhor tratamento fez toda a diferença para que ocorresse uma cicatrização completa de uma ferida extensa em seis meses. A TPN se mostrou muito eficaz reduzindo consideravelmente o tempo de tratamento. Também foi considerado o conforto para a paciente que este tipo de curativo proporciona, reduzindo as trocas e diminuindo a dor.
REFERÊNCIAS
LIMA, A. D.; et al. Treatment of complex wounds with PVC prosthesis and autologous partial skin graft: Accelerated and low-cost third-intention healing protocol. Rev. Bras. Cir. Plást.2023;38(3):1-7
FIGUEIRA T.N. et.al. Produtos e tecnologias para o tratamento de pacientes com lesões por pressão baseadas em evidências. Revista Brasileira de Enfermagem. REBEN. Rio de Janeiro. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/FXqyd8BHjtk7pZR8rtxnCKc/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 07/01/2025.
SILVA B. F. et.al. Autonomia do enfermeiro no cuidado à pessoa com lesão crônica. Rev. bioét.(Impr.). Rio de Janeiro. 2021. [Internet]. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/revista_bioetica/article/view/2297 Acesso em 07/01/2025.
LIMA R.V.K.S.; COLTRO P. S.; FARINA J.A.; Terapia por pressão negativa no tratamento de feridas complexas. Rev. Col. Bras. Cir. 2017; 44(1): 081-093. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/W6qy4BFN9DkdTRsGy6jrfkk/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 07/01/2025.
¹Enfermeira. E-mail: eveperatz@gmail.com
²Enfermeira. E-mail: katiacarabaja@gmail.com
³Enfermeira. E-mail: daniela.nagai@gmail.com
⁴Enfermeira. E-mail: deisi.tortelli@yahoo.com.br
⁵Enfermeira. E-mail: giovannapedron027@gmail.com
⁶Técnica de enfermagem. E-mail: elizangela.jan@gmail.com
⁷Enfermeira. E-mail: amanda_chotti@hotmail.com
⁸Enfermeira. E-mail: viviane@aaba.com.br