RELAÇÃO ENTRE OS TESTES DE UMA REPETIÇÃO MÁXIMA NO EXERCÍCIO AGACHAMENTO E A DISTÂNCIA DO SALTO VERTICAL E DO SALTO HORIZONTAL EM INDIVÍDUOS ADULTOS

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10248301456


 Maria Gabriela1
Dilmar Pinto Guedes Jr2
Vinicius Lauria3
Lucca Fazan4
Lucas Enjiu5
Krom Marsili Guedes6
Rodrigo Pereira da Silva7


RESUMO

Introdução: A força muscular é uma capacidade física fundamental para o desempenho físico e para a saúde da população em geral. Entre os tipos de força que podem ser mensuradas temos a força máxima e a potência muscular. Essas duas citadas sugerem-se analisar sistematicamente em todos os públicos, principalmente em indivíduos treinados e em atletas. Objetivo: Avaliar a relação entre os testes de uma repetição máxima no exercício agachamento e a distância do salto vertical e do salto horizontal em indivíduos adultos  Metodologia: Após a  aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade Metropolitana de Santos (número do parecer: 1.206.859) e  assinatura do TCLE foram selecionados 12 homens adultos de 18 a 33 anos em dois centros de treinamento da Baixada Santista, consideramos como critério de inclusão que esses indivíduos fossem fisicamente ativos que realizassem treinamento de força a mais de 12 meses, e que praticassem o exercício agachamento regularmente. Foi utilizado para avaliar a força máxima, o teste de 1RM no exercício agachamento e para avaliar a potência dos membros inferiores foi utilizado os saltos vertical e horizontal. Para análises estatísticas dos dados foi utilizado o programa Jasp. Após a confirmação de normalidade dos dados utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk, inicialmente descrevemos a amostra através da média e desvio padrão, posteriormente optou-se por correlacionar o teste de 1RM com os desempenhos dos saltos vertical e horizontal e com o coeficiente de correlação de Person. O nível de significância aceito foi de p≤ 0,05. Resultados: Os resultados surgidos nessa pesquisa correlacionados ao teste de 1RM foram de: salto horizontal p< 0.110, salto vertical p<0.998, potência do salto vertical p<0.236 considerado dessa forma correlação fraca. Mas foram encontradas correlações moderadas entre o salto vertical e o salto horizontal (p>0.032) Conclusão: Os dados obtidos não apresentaram diferenças significativas entre os protocolos, demonstrando não haver correlação entre o teste de 1RM e os saltos verticais e horizontais. Entretanto foi encontrada uma correlação moderada e significativa entre os saltos verticais e horizontais (p<0,032).

Palavra-Chave: Força muscular, potência, avaliação.

Introdução

A força muscular é a capacidade dos músculos de gerar tensão e realizar trabalho mecânico, como levantar, empurrar ou puxar objetos, já a potência física refere-se à capacidade de realizar trabalho de forma eficiente e rápida, combinando força e velocidade também utilizado para saltar, correr, golpear e chutar (Dias et al., 2005), essas capacidades são fundamentais para atividades físicas, esportes e tarefas do dia a dia (Dal Pupo et al., 2010; da Silva, et al., 2019).

Devido a utilização diária dessas capacidades alguns testes e protocolos de avaliações desempenham um papel fundamental tanto no contexto do desempenho físico quanto na saúde fornecendo informações valiosas que ajudam a desvendar assimetrias musculares, além de estabelecer metas e monitorar o progresso conforme os resultados dos testes, Fleck & Kraemer (2017). Para Baechle (2008) as avaliações são fundamentais para atletas, pessoas que buscam perder peso, ganhar músculos ou melhorar a aptidão geral.

Prochaska (1997) e Yusuf, et al. (2004) citam que afasta os fatores de riscos para doenças antes que se tornem crônicos, além de ajudar a criar planos personalizados considerando as necessidades individuais, mas não há um único “teste padrão” universal para ambos, pois a escolha do teste dependerá dos objetivos da avaliação, do grupo populacional e dos recursos disponíveis.

Dentre as várias formas de avaliar a força muscular e potência, o dinamômetro isocinético é considerado o padrão ouro, pois avalia a relação agonista/antagonista, as assimetrias contralaterais e a força em diferentes velocidades angulares, amplamente reconhecido e utilizado em diversas áreas, como nos esportes, reabilitação e pesquisa. No entanto, essas avaliações podem ser consideradas como golden stand ou referências para diferentes propósitos. (Perrin 1993; Pereira et al. 2019).

Um outro dinamômetro muito utilizado nas pesquisas é o hidráulico, através da força de preensão manual isométrica mede a força máxima em uma posição estática, teste útil na reabilitação e na identificação de desequilíbrios musculares (Mathiowetz, 2002).

Dentre os testes mais abordados, o teste de carga máxima dinâmica (1RM), é amplamente reconhecido para avaliar a força máxima, ele determina o 100% da força que um indivíduo pode levantar em um exercício específico para uma repetição máxima, como por exemplo: supino reto, agachamento e levantamento terra (Kraemer & Ratamess, 2004).

Bosco (1983) afirma que a avaliação da potência muscular analisa a capacidade de um indivíduo de gerar força por unidade de tempo, nesse sentido o autor reforça que para analisar a capacidade utiliza-se a plataforma de saltos. Entretanto, como no dinamômetro isocinético, os custos e a acessibilidade impedem que academias e centros de treinamento consigam analisar os seus alunos e atletas sistematicamente, todavia é preciso encontrar outras formas viáveis e confiáveis, sob esse viés os testes indiretos são bem indicados, como o salto vertical e horizontal, lançamento de medicine ball e sprint.

De acordo com Lamas et al. (2008) o treinamento de força também parece ser eficiente para o desenvolvimento da potência muscular. Em seu estudo foi realizado uma comparação entre dois métodos de treinamento descritos quanto à eficiência em aumentar a força máxima e a potência, com a duração de 8 semanas (3x/semana), no fim da pesquisa percebeu-se que os voluntários tiveram tanto a força máxima quanto a potência, aumentadas de maneira semelhante. Kamonseki et al. (2019) compararam o desempenho de força e potência muscular de jogadores de futebol entre 10/15 anos, de diferentes posições em campo. [RP1] Para a avaliação de força dos membros inferiores utilizaram dinamômetro isométrico e salto vertical e concluíram que, durante os testes não foram encontrados resultados que indicassem diferenças entre força, potência muscular e perfil físico entre as posições em campo. O estudo de Moraes et al. (2007), correlaciona 1RM, saltos verticais padronizados, salto com contramovimento e salto a partir da posição agachada. O autor utilizou uma plataforma para avaliar os desempenhos dos saltos e o Leg Press 45 para o teste de 1RM e teve como resultados uma baixa correlação entre a força máxima e as variáveis da curva de força tempo. O indivíduo que é capaz de levantar uma carga mais pesada em 1RM, geralmente tem um elevado potencial quando submetido a mesma carga com uma alta velocidade.

Compreende-se que a relação entre os testes de 1RM e os de saltos verticais e horizontais está na produção de potência, que por sua vez sofre influência da força e da velocidade (Lamas et al. 2008).

Nesse sentido a literatura (Kraemer & Fleck, 2005; Haff & Travis, 2015) consideram que saber entender e avaliar essas capacidades pode influenciar diretamente no monitoramento de progresso, tornando mais fácil a identificação, o direcionamento  e o desenvolvimento de programas de treinamento específicos para melhorar os desempenhos individuais de cada pessoa, além de estabelecer metas e identificar fraquezas, todavia, é possível entender se um indivíduo que produz mais força é capaz de produzir mais potência.

Objetivo

Avaliar a relação entre os testes de uma repetição máxima no exercício agachamento e a distância do salto vertical e do salto horizontal em indivíduos adultos

Metodologia

Após a aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade Metropolitana de Santos (número do parecer: 1.206.859) e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foram selecionados 12 participantes homens de 18 a 33 anos em dois centros de treinamentos, um na cidade do Guarujá-SP e o outro na cidade de Santos-SP. Foram considerados como critérios de inclusão: ter mais de 18 anos de idade, voluntários que fossem fisicamente ativos e que realizassem treinamento de força a mais de 12 meses, e que praticassem o exercício agachamento regularmente.

Foi utilizado para avaliar a força máxima, o teste de 1RM no exercício agachamento (Kraemer e Fleck, 2004).

O indivíduo realizou alongamentos leves dos músculos e das articulações que serão exigidos durante o teste e em seguida realizou um aquecimento composto por 10 a 12 repetições, com 40% do máximo percebido.

Após 1 minuto de repouso, aumentou a carga e realizar de 5 a 10 repetições, com 60%, após 1 minuto realizou a última série com 80% do percebido de 3 a 5 repetições.

Após 3 minutos de intervalo, acrescentamos uma pequena quantidade de carga e tentar a CMD (1RM).Se for bem-sucedido, respeitamos um repouso de 3 a 5 minutos e acrescentar uma nova carga.

Foram permitidas até quatro tentativas. Se a carga máxima não foi encontrada em até quatro tentativas, o teste foi ser encerrado e reiniciado em outro dia. Utilizamos também a força relativa no exercício agachamento, dividindo o peso do 1RM pela massa corporal total.

Após o intervalo de 72h para recuperação, foi realizado o teste para avaliar a potência dos membros inferiores, executando o salto vertical com a livre movimentação dos membros superiores de forma indireta, como foi citado por Bosco (1983).

Como parte inicial deste trabalho, aquecimento específico com duração de aproximadamente 10 minutos além da familiarização da técnica. Para a realização do salto foi necessário que o voluntario ficasse de lado em uma parede com fita métrica (trena) com o braço estendido mantendo os pés no chão, após alcançar a altura máxima com o braço estendido a ponta dos dedos é registrado. O indivíduo segurando um giz, demarca seu posicionamento durante o salto, para isso ele se afasta da parede, e salta o mais alto possível usando ambos os braços para impulsionamento, além de ajudar a projetar o corpo para cima com as pernas.

A diferença na distância entre a altura de pé com o braço elevado e a altura do salto demarcando sua posição, configuram a pontuação. A melhor das três tentativas é registrada. 

Em seguida após o intervalo de 10 minutos foi realizado o salto horizontal, com os pés paralelos no ponto de partida. O avaliado saltou no sentido horizontal com impulsão simultânea das pernas, objetivando atingir o ponto mais distante da fita métrica, é permitido a movimentação dos braços e troncos.

A pontuação foi medida pela posição do calcanhar mais próximo do ponto de partida, a melhor das duas tentativas é registrada.

E finalmente analisamos a potência muscular do salto vertical utilizando a equação proposta por Sayers et al (1999): (60,7 x distância) + 45,3 x peso corporal) – 2055.

Para análises estatísticas dos dados foi utilizado o programa Jasp. Após a confirmação de normalidade dos dados utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk, inicialmente descrevemos a amostra através da média e desvio padrão, posteriormente optou-se por correlacionar o teste de 1RM com os desempenhos dos saltos vertical e horizontal e com o coeficiente de correlação de Person. O nível de significância aceito foi de p≤ 0,05.

Tabela 1. Análise descritiva do desempenho da força máxima e da potência muscular nos saltos horizontal e vertical.
 1RMMassaRelativaHorizontalVerticalPotência
Média139.286.11.63219.948.14772.2
Desv_Pad24.113.70.2624.211.1771.6
     p0.8740.1110.9730.6950.3600.585
Mínimo100.072.01.10186.034.03316.0
Máximo180.0110.02.05261.072.05849.0

Resultados

Teste de carga máxima (1RM); massa corporal em quilos (Massa); carga máxima/massa corporal (Relativa); salto horizontal em centímetros (Horizontal); salto vertical em centímetros (Vertical); desvio padrão (Desv_Pad); significância (p); potência em watts do salto vertical (Potência).

  Tabela 2. Correlação entre os testes de força máxima, força relativa e o desempenho nos saltos horizontal, vertical.  
Variable Teste 1RM(KG)Peso (Kg)Força Relativa (FR)Salto Horizontal (m)Salto Vertical (cm)Potência do salto (watts)
       
Salto Horizontal (cm)Pearson’s r-0.485-0.5740.065
p0.1100.0510.842  
Salto Vertical (cm)Pearson’s r-0,496-0.2870.2920.617
p0.9980.3660.3570.032 
Potência do salto (watts)Pearson’s r0.3700.553-0.0780.0760.640
p0.2360.0620.8100.8140.025

Teste de carga máxima (1RM); massa corporal em quilos (Massa); carga máxima/massa corporal (Relativa); salto horizontal em centímetros (Horizontal); salto vertical em centímetros (Vertical); desvio padrão (Desv_Pad); significância (p); potência em watts do salto vertical (Potência).

Na tabela 2 podemos observar que as correlações entre o teste de 1RM foram de: salto horizontal (SH) p< 0.110, salto vertical (SV) p<0.998, potência do salto vertical (PSV) p<0.236, esses resultados não apresentaram correlações significativas entre os testes relacionados ao 1RM.

Quando olhamos a correlação entre SV e SH podemos detectar relações significativas sendo de moderada a alta (p> 0.032)

A fim de analisar descritivamente cada teste foi utilizado tabelas de classificação, podendo assim avaliar os candidatos como; excelente, muito bom, bom, fraco e muito fraco.

Para avaliar a potência do salto vertical em homens foi utilizado o modelo proposto por Sayers et al. (1999).

Gráfico 1. Potência do salto vertical em watts.

Gráfico 2. Porcentagem da potência do salto vertical.

Observou-se que 33% (n=4) dos avaliados apresentaram uma classificação excelente, 25% (n=3) foram considerados muito bom, 25% (n=3) alcançaram o nível bom na classificação, já os 17% (n=2) tiverem um resultado fraco. Apesar de 58% da amostra ser classificado com níveis superiores, não encontramos relação com o teste de 1RM.

Para a classificação do teste de salto horizontal, foi utilizado a tabela de Rocha & Caldas (1978).

Gráfico 3. Salto horizontal em metros.

Gráfico 4. Porcentagem salto horizontal.

Para essa avaliação, 67% (n=8) foram classificados como fraco, enquanto 16% (n=2) foram regular. Já os 17% (n1= 2,61 m, e n2=2,58 m) dos candidatos tiveram resultados classificados como bom em distância.

            Foi realizado uma comparação entre o teste de 1RM X a força relativa, onde foram ranqueados os participantes.

   Gráfico 6. Resultados do teste 1RM

Gráfico 6. Força relativa da carga máxima no agachamento.

Em comparação aos gráficos 5 e 6 observou-se que que o candidato que ficou em 1º lugar no desempenho do teste de 1RM (180 kg) ficou em 6ª força relativa (1,6 vezes o seu peso corporal – 110 kg) comparado ao candidato que levantou 136 kg (Vt) no teste de 1RM foi o 7º melhor desempenho, e na força relativa ficou em 3º (1,9 vezes o seu peso corporal, 73 kg).  

            Os resultados sugerem que apesar da força absoluta (força independente do peso corporal e massa muscular) ser amplamente utilizada em protocolos de avaliação física, a força relativa (força correlacionada ao peso corporal e massa muscular) parece ser um indicador mais fidedigno para tal objetivo. Os voluntários mais pesados não necessariamente apresentaram os maiores níveis de força muscular quando avaliada a força relativa, sugerindo o importante papel influenciador da composição corporal nos resultados obtidos. O melhor desempenho na força relativa foi o do candidato que obteve score de 1,9, o que significa que o peso levantado corresponde a 1,9 vezes o peso corporal.

Discussão

O presente estudo não apresentou resultados significativos entre todas as correlações dos testes aplicados. Os resultados surgidos nessa pesquisa correlacionados ao teste de 1RM foram de: salto horizontal p< 0.110, salto vertical p<0.998, potência do salto vertical p<0.236 considerado dessa forma correlação fraca.

Percebeu-se que fatores como o tipo de salto, a população estudada e os protocolos de teste possuem influência direta sobre a realização das técnicas.

Ferreira et al (2017), analisaram o desenvolvimento de força em atletas de futsal através do teste de 1RM no banco extensor, na barra guiada e no de impulsão vertical sem auxílio dos braços. Realizaram uma avaliação pré-teste.  Após um programa de treinamento com duração de duas semanas com duas sessões, totalizando 4 avaliações realizaram pós teste e obtiveram resultados significativos para o ganho de força nos membros inferiores, mas quando analisado o salto vertical apesar do ganho geral, o quantitativo não apresentou diferença estatística. No presente estudo embora não encontradas correlações significativas entre os testes, pode-se observar que mesmo não havendo um programa de treinamento específico houve um bom desempenho no salto vertical quando comparado com o estudo supracitado.

Barker et al. (1993) avaliaram jogadores de futebol americano no teste de 1 RM no agachamento e no salto vertical, dividiram os mesmos em três grupos com níveis de força diferente. Os autores observaram que o grupo composto pelos atletas mais fortes registrou maiores índices de potência nos saltos verticais que os demais grupos.

Na amostra atual foi colocada classificações entre as idades para a potência do salto vertical (PSV), sendo elas; excelente, muito bom, bom e fraco.

Ao comparar o peso total levantado de cada indivíduo no teste de 1RM e associar as classificações da PSV foram encontradas maiores correlações, compreendendo que os sujeitos que demostraram maior força, tiveram a classificação para o salto excelente e muito bom, dessa maneira a pesquisa supracitada corrobora com a amostra atual.

Sabe-se que algumas modalidades são dependentes da potência muscular como; futebol, basquetebol, atletismo. Segundo GIL Saulo (2013) o futebol americano é totalmente dependente da potência muscular, e em seu estudo foi comparado os efeitos de um protocolo de exercícios específicos envolvendo sprints, deslocamento laterais, saltos e testes de 1 RM. Nesta amostra vinte e quatro sujeitos foram selecionados e distribuídos aleatoriamente em dois grupos experimentais e realizaram dez semanas de treinamento. Nas quatro primeiras semanas foi realizado um treinamento de força, após esse período foi criado um protocolo específico realizado sem e com aplicações de sobrecarga por mais seis semanas. Após o período de treinamento específico, ambos os grupos apresentaram aumentos no desempenho do salto horizontal (p,0,05).

Já no presente estudo não houve programas de treinamento específicos para o desenvolvimento de potência ou força muscular, quando avaliados através da tabela de classificação para o salto horizontal não obtiveram bons resultados sendo a maioria considerado fraco.

A força explosiva se faz presente em diversos esportes, incluindo nas ações motoras dos jogadores de tênis de campo. No estudo de Vretaros, Adriano (1990) verificaram os valores de impulsão horizontal nos jogadores de tênis, submetidos a um programa de 6 semanas de pliometria de contraste, onde foi utilizado testes de potência horizontal, 1RM. Na terceira semana foram recalculados os valores do teste de 1RM individual no agachamento. Já os de impulsão horizontal foram coletados na primeira semana antes do programa de treinamento e na última semana dele.

Observou-se uma evolução (média de + 0,07) em comparação pré- e pos-testes. Nos resultados para o salto horizontal utilizaram a tabela de classificação segundo Rocha e Caldas (1978), onde obtiveram uma classificação baixa para a média do grupo. Levou-se em consideração as idades dos atletas, que eram distintas e estavam em diferentes estágios de maturação, além de serem inexperientes com o treinamento de força e aos métodos de pliometria.

A amostra analisada neste experimento corrobora com os achados do experimento acima, levando-se em consideração que os sujeitos do estudo não foram submetidos a um programa de treinamento específico, mas por fatores de idades distintas e pouca experiencia com os testes de saltos e força.

Gheller et al (2010) realizaram um trabalho com o objetivo de investigar a correlação das variáveis antropométricas e capacidades físicas com o alcance vertical total em jogadores de voleibol. Foram selecionados 11 jogadores de voleibol de uma equipe universitária, onde realizaram testes como salto vertical e salto horizontal, além da coleta antropométrica, o grupo foi considerado heterogêneo, após a coleta utilizou-se análise de correlação de Pearson para estimar a relação entre as variáveis e regressão linear.  Nos resultados da correlação entre impulsão vertical e alcance vertical total tiveram moderada correlação e não houve diferença significativa. Levaram em conta que algumas variáveis antropométricas podem influenciar mais do que as variáveis das capacidades físicas no alcance vertical total e na impulsão vertical. Estes são fatores que tornam necessário um treinamento direcionado as peculiaridades de cada atleta. No presente estudo foram encontradas correlações moderadas entre os saltos verticais e horizontais, mas quando olhado minunciosamente através de tabelas percebemos que o salto horizontal teve a classificação fraca para maioria da amostra diferentemente do salto vertical que tiveram classificações excelentes e muito bom. Em comparação com o estudo citado acima pode-se considerar que algumas variáveis antropométricas podem influenciar nos resultados do salto, já que 67% dos candidatos pesavam em torno de 84 a 110kg e tiveram a classificação fraca, os que foram considerados bons pesavam em torno de 72,5kg.

Sigua et al (2023) realizaram um estudo com o objetivo de desenvolver força explosiva da parte inferior de jovens futebolistas através de um programa de exercícios. A amostra foi composta por 24 jogadores entre 15 a 17 anos de ambos os sexos, sendo 10 mulheres e 14 homens. Foram utilizados os testes de salto horizontal, o teste sargento e o teste de 1RM. Durante as primeiras 3 semanas foram aplicados exercícios de agachamento profundo com salto, utilizando cargas progressivas de acordo com o resultado do teste de 1RM, com frequência de 2 sessões por semana. As 4 semanas seguintes foram aplicados exercícios pliométricos com frequência de 3 sessões por semana. Totalizando 7 semanas de treinamento. Ao fazer uma comparação dos resultados do pós-teste, perceberam diferenças significativas em relação ao pré-teste, obtendo-se uma avaliação superior no seu desempenho.

Compreende-se que existe divergências entre os resultados obtidos no presente estudo em comparação ao dos estudos apresentados, o fato se deve, em parte, ao tipo de treinamento ao qual os atletas escolhidos foram submetidos, cujo objetivo era melhorar a força e o desenvolvimento de potência.

Conclusão

O presente estudo não apresentou correlação entre os testes de carga máxima dinâmica (1RM) no agachamento e os saltos vertical e horizontal. O teste de salto vertical apresentou correlação moderada e significativa com o teste de salto horizontal (p> 0,032). Sendo assim, de acordo com os resultados obtidos, tanto o salto vertical quanto o salto horizontal podem ser utilizados como uma, entre várias estratégias, para avaliar o desempenho de membros inferiores.

Os resultados sugerem que a escolha dos testes para avaliar a aptidão física devem respeitar o princípio da especificidade, considerando a amostra e os objetivos e variáveis a serem avaliados.

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juntar os paragrafos [RP1]